quinta-feira, 19 de março de 2009

Reflexão serena sobre a mulher com as luzes e sombras

Há poucos dias celebrou-se o Dia Mundial da Mulher. Multiplicaram-se as entrevistas e reportagens nos meios de comunicação social, não faltaram artigos a falar do tema, ouviram-se opiniões de psicanalistas, sociólogos e juristas, mulheres das mais diversas condições foram ouvidas, tanto na rua, como nos estúdios, outras escreveram sobre as suas vidas.
Nunca se diz tudo, é certo. Mas, quando se segue, com alguma atenção, um acontecimento como este, e se analisam ecos vindos de todo o lado, fica-se com a sensação fria de que se falou muito, mas se disse pouco, e se passou ao lado de problemas sérios e importantes, perdendo-se, talvez, a ocasião de reflectir com a preocupação de ver na globalidade e de tocar o essencial do tema em causa.
Também na Igreja, embora esta tenha sido e seja, historicamente, o espaço onde a mulher mais tem sido defendida e dignificada, o problema não está por completo resolvido, se é que há problemas humanos com resolução definitiva. Não se trata apenas de ver o que falta outorgar-lhes como serviço ou tarefa e, de fora, se atirar pedras, por razões que nem sempre se explicam por uma verdadeira compreensão do que é a Igreja e a sua missão nas diversas culturas onde se professa a mesma fé. Também, por esta razão, o problema não se resolve uma vez por todas, nem à base de leis ou de opiniões superiores, muito menos de grupos de pressão. Já é bom que se aceite que o problema da mulher não está por completo resolvido, embora o tempo não aceite muitas delongas.
Porém, o problema da mulher é mais grave na sociedade ocidental e em diversas culturas do mundo, suficientemente conhecidas. Como nos toca mais o que melhor conhecemos, olhemos para o nosso espaço geográfico e reflictamos a partir daí.
Ninguém pode negar que muitos passos se deram e estão dando a favor de um estatuto mais humano e justo da mulher. Estão à vista, se confrontados com séculos atrás. Porém, a visão redutora de uns, a pressão ideológica de outros, a deficiente leitura dos fenómenos sociais, a emancipação sociológica sem limites humanos, naturais e sociais, vêm provocando novos problemas e não ajudando a uma equilibrada solução dos antigos. Hoje, para os que se julgam pioneiros da inovação social, há duas classes de mulheres: as que deitam abaixo todas a barreiras, e essas são louvadas e apoiadas, e as que mantêm princípios e valores, teimam em ser interiormente livres ante as pressões de uma sociedade acrítica, e essas são julgadas como retrógradas e consideradas obstáculo à modernidade e seus postulados.
Não vi ninguém falar das esposas e mães que não abdicam de ser uma coisa e outra; das mulheres fecundas, espiritual e socialmente, dedicadas a causas a que dão vida; das jovens que, para viverem um ideal em que acreditam e poderem dar sentido à sua vida, têm de entrar na clandestinidade pessoal, porque, neste país democrático, professores, colegas e até familiares, põem a ridículo as suas legítimas opções e fazem tudo para desvirtuar os seus propósitos; das mulheres, transformadas em objectos diários de prazer de um machismo irresponsável, de gente importante ou que se julga tal; das que deixam tudo e partem para serem mães e irmãs em terras e missões difíceis onde o amor escasseia; das vítimas de leis que lhes tiram a palavra para a darem a prepotentes, que fazem da sua influência e dos seus interesses pessoais a sua força; das que são, pela sua oração e radicalidade de entrega a valores permanentes que não perdem cotação, os permanentes pára-raios de uma sociedade progressivamente extraviada…
E todas estas são mulheres. O Dia Mundial também lhes dizia respeito. Se as mulheres perdem a dimensão e a referência espiritual das suas vidas, a sociedade fica mais pobre, na família, no trabalho, na convivência… Quem as ajuda a ser mulheres, sempre e só mulheres.
António Marcelino

COMO OS HOMENS "VERTICAIS"


Cai não cai é o que muitos pensam. Até agora não caiu e já a conheço há muito. Não cai porque tem as raízes bem presas à terra. É como os homens "verticais". A idade e o cansaço da vida podem obrigá-los a ficar inclinados, mas mantêm-se sempre de pé, como as árvores!

Dia do Pai

Homenagem
“As árvores morrem de pé!” Poder-se-ia aplicar com toda a propriedade a esta criatura, pela sua postura, pelo seu modelo de vida,! O seu porte erecto, a sua verticalidade em todos os campos de actuação, a sua dignidade, não envelhecida pelo contágio das cãs que lhe emolduram o rosto, despertam a admiração que nutre por este homem, a sua orgulhosa descendente. Reúne toda a sabedoria que as suas quase nove décadas de existência, atravessando dois séculos, lhe consentem. Detentor de uma cultura e intelectualidade anacrónicas na época em que nasceu e cresceu, passeia-se na vida com a mesma frontalidade, com que sempre viveu. Soube respeitar os seus semelhantes, cumpriu até à exaustão os deveres familiares, sociais e políticos de que foi acometido. Pontualidade, dignidade, integridade, constituíram um valioso património humano que legou à sua prole. Recordo ainda, com muita vivacidade, a forma sábia, pragmática, com que resolvia problemas do quotidiano, que se lhe deparavam e que atestam os seus profundos conhecimentos de psicologia. De formação académica, possui apenas (!?) o exame da 4ª classe feito com distinção e rivalizava, em competência e aplicação, com a sua malograda companheira, que assinaladamente o abandonou, a 11 de Setembro do ano que ora terminou. O seu maior sonho fora o prosseguimento de estudos, numa instituição de ensino técnico, para alargar os horizontes e pôr a render os talentos com que a Providência o dotou. E… foram tantos! As suas responsabilidades laborais, desempenhadas por turnos, a sua jovem família rapidamente acrescida e o desejo veemente de que nada lhe faltasse impediram-no de concretizar esse sonho. Ostenta, ainda hoje, na panóplia de documentos que preenche a sua carteira, um cartão de matrícula na E. Comercial e I. de Aveiro, que exibe, num misto de nostalgia e orgulho. Tivesse Salazar dado a oportunidade, nos tempos que já lá vão, a algumas cabeças dotadas e outro galo cantaria! Se, na altura, existisse já a escolaridade obrigatória dos nossos dias, esta criatura teria ido longe. Foi-o mesmo assim, nos valores, na formação humana que transmitiu aos seus descendentes, aliados à oportunidade que lhes deu de singrar na vida, cada qual, à sua maneira. Todos venceram, para gáudio do progenitor! Recordo, ainda, a forma sábia, inteligente, como reagia e dava resposta a quem o interpelava. Quando me debatia com dificuldades e o desânimo se apoderava de mim, e devo confessar que muitas vezes esse violador de donzelas incautas, me possuiu... o pai, serenamente, numa atitude inteligente de dissuasão, respondeu imperturbável: - Deixa lá, minha filha! Não ficas sem trabalho! Tenho muitas terras para cavar! Nos estudos, que fazia na Faculdade de Letras, sentia esse desânimo quando me obrigavam a “imiscuir-me”, naquele maldito Fausto… em que a figura do Mefistófeles me dava voltas à cabeça. Aí, apetecia-me mesmo pôr-me a cavar e ir ter com o meu pai, à terra do tio Sam! Agora, à distância, tenho que agradecer, a Goethe, o seu precioso contributo, na decisão de acabar o curso! Tinha chegado a manifestar a intenção de desistir! Uff! Ouvi, engoli em seco e hoje, quem quer ver-me a cavar, no sentido literal do termo, é pelo amor à terra, à Natureza, ao bucolismo que a vida do campo me proporciona! Deambular pela horta, passear-me pelo ar quente e simultaneamente fresco e limpo, do pinhal adjacente, são a melhor terapia que posso ter encontrado para refrigério do meu cansaço intelectual... vulgo, stress!
Mexer nas plantas, na terra É p’ra mim um doce alívio! E com a verdade se encerra Eu gosto deste convívio!
E… o meu pai… não pretendeu mostrar a ninguém, muito menos à filha universitária, que era latifundiário!!! Na Gafanha, não os há! É uma realidade alheia ao povo das gafanhas!
M.ª Donzília Almeida

quarta-feira, 18 de março de 2009

Forte da Barra não está esquecido

Porto de Aveiro e Câmara de Ílhavo apostam em recuperar o Forte de Barra
O antigo Forte da Barra, edifício de interesse público em estado bastante degradado, vai ser recuperado no âmbito de um protocolo assinado entre o Porto de Aveiro e a Câmara Municipal de Ílhavo (CMI). Tratando-se de uma propriedade do Estado, aqueles duas entidades souberam dar as mãos para lhe devolver a dignidade a que tem direito. Dentro de um ano, reza o acordo, o estudo para a requalificação ficará concluído, definindo-se, simultaneamente, o programa da implementação do que for viável e necessário. Para o presidente da CMI, Ribau Esteves, já existem “três ou quatro privados interessados” em aderir ao projecto de restauro, pelo que é de prever que tudo decorra com a celeridade possível. Entretanto, aquelas entidades também formalizaram um conjunto de intervenções em cooperação, algumas das quais já aplicadas, nomeadamente, a requalificação do Jardim Oudinot, as obras de ligação da ferrovia e a execução da terceira via de cintura portuária. José Luís Cacho, director da APA (Administração do Porto de Aveiro) adianta que “a Câmara de Ílhavo é nossa parceria estratégica, com quem temos uma excelente cooperação”, lamentando apenas que o grande investimento actualmente em curso no crescimento portuário não permita usar mais recursos financeiros, no “cumprimento de responsabilidades sociais”.

O Alentejo na Memória de Júlio Resende

Centro Cultural de Ílhavo: terça-feira, 24, 18 horas
No dia em que o Centro Cultural de Ílhavo comemora o seu primeiro aniversário, terça-feira, 24 de Fevereiro, é inaugurada, pelas 18 horas, uma bela exposição do mestre Júlio Resende, com obras do espólio do "Lugar do Desenho - Fundação Júlio Resende". Deu-se preferência à fase alentejana do artista, explorando as temáticas e técnicas do desenho, desenvolvidas durante este período de produção do pintor.

ARTES de João Ricardo e José Luís Ribeiro no CAE

(Clicar para ampliar)
Arte para recordar e para meditar
Na Sala Zé Penicheiro, no CAE (Centro de Artes e Espectáculos) da Figueira da Foz, está patente ao público uma exposição conjunta de João Ricardo e José Luís Ribeiro, até 5 de Abril. Pintura do primeiro artista e escultura do segundo mostram bom gosto e sensibilidade que merecem uma visita atenta. João Ricardo de Carvalho Pinho da Cruz expôs pela primeira vez em 1975, em Maputo, cidade onde nasceu. Presentemente, está representado em Lisboa, Porto, Aveiro, Coimbra, Setúbal, Viseu e Figueira da Foz, entre outras localidades do nosso País e do estrangeiro. Recebeu o 1.º Prémio do Concurso de Pintura ao Ar Livre da Câmara Municipal de Vouzela. Gostei dos quadros que apresentou, ontem, na Figueira da Foz, com reflexos de recantos que nos são familiares e que ocupam um lugar especial nas nossas memórias. José Luís Gomes dos Santos Ribeiro apresenta escultura em madeira e cerâmica. Natural de Angola, expôs pela primeira vez em 1984. Nos primeiros anos, explorou a madeira como suporte de múltiplos entrançados de algas, cartilagens, pedras e sementes. Posteriormente envereda para o barro. Por último, tem procurado interpretar contextos de culturas envelhecidas, que procuram lançar raízes na modernidade. Os meus olhares fixaram-se, para reflectir, sobre trabalhos que desafiam o nosso o imaginário. Vale a pena uma visita. FM

Com a Poesia por tema

21 de Março - um dia com o Grupo Poético de Aveiro

O objectivo destas actividades consiste em intervir com a palavra dita em vários espaços, procurando chegar a um maior número possível de pessoas.

Aveiro - Inauguração da Livraria Buchholz - Praça Marquês de Pombal - 16h00 Ílhavo - Colaboração com a Confraria Camoniana - 15h30m - Biblioteca Municipal de Ílhavo Comboio Urbano - Aveiro/Estarreja- Estarreja/Aveiro Partida de Aveiro às 15h19 Partida de Estarreja às 15h58
Biblioteca Municipal de Aveiro -17h00 Aveiro - Café Cafeína - 18h00 Todos podem participar. Venha ler o seu poema preferido com o Grupo Poético de Aveiro.

Ares da Primavera

Prelúdio...
Florinhas Miudinhas, De repente...... Apareceram Naquela árvore Em frente! Encheram De Alegria A aula, Na manhã Fria..... E toda a classe Reparou....... Que a Primavera Chegou!
Mª Donzília Almeida Maia 1995

terça-feira, 17 de março de 2009

Para estimular o gosto da leitura entre os jovens

A jornalista de assuntos científicos, Ana Gerschenfeld, diz hoje no Público, num pequeno texto do 2.º Caderno, que “Uma boa maneira de estimular o gosto da leitura entre os jovens poderá ser … pagar-lhes para fazerem a leitura em voz alta a pessoas idosas. Essa foi pelo menos a ideia que levou dois irmãos, os britânicos Heneage e William Stevenson, a criar o site eldertainment.co.uk. Para distrair as pessoas mais velhas; promover a transferência de saber e a interacção entre gerações; e para dar aos estudantes o apoio financeiro de que tanto precisam”. Ainda sublinha que “Há quem ache (…) que é triste ter-se chegado ao ponto em que as pessoas idosas têm de pagar para isso. Mas o esquema pode ter varias declinações: que tal um novo serviço público?" A ideia aqui fica. Não há nada como experimentar. FM

Abracemos África com o Papa Bento XVI

"Começa hoje nos Camarões e prossegue Sexta-feira em Angola a primeira visita apostólica do papa Bento XVI ao continente africano. Como deu a conhecer na oração do Angelus, na Praça de São Pedro, no passado Domingo, em Yaoundé, capital dos Camarões, Bento XVI confiará aos bispos africanos o "Instrumento de trabalho" da II Assembleia especial para África do Sínodo dos Bispos, a realizar em Outubro, no Vaticano, seguindo depois para Angola, onde permanecerá por ocasião da feliz memória celebrativa da evangelização do País."

segunda-feira, 16 de março de 2009

Ares da Primavera

A Primavera ainda não chegou?
Ela está
nos sorrisos
e nas flores que brotam
por todos os cantos
espelhando-se
no céu azul
que inunda a vida
de sonhos

Bares no Jardim Oudinot

Jardim Oudinot
A Câmara de Ílhavo pôs a concurso a concessão de dois bares no Jardim Oudinot. Um junto à praia e outro próximo do ancoradouro. Segundo Ribau Esteves, presidente da autarquia, pretende-se proporcionar às pessoas a oportunidade de tirarem o máximo proveito do maior parque ribeirinho da Ria de Aveiro. Trata-se de uma mais-valia para quem gosta de passear pelo Jardim. Vamos esperar que no Verão, que está a caminho, já possamos tomar por ali um café ou um refresco.

Breve História do Café

Originário da Etiópia, o Café deverá a sua descoberta a Kaldi, um pastor que, por volta de 850 a.C., reparou na excitação do seu rebanho, após os animais mascarem bagas vermelhas.
O português Francisco Palheta, ao serviço do Imperador, terá plantado pela primeira vez Café no Brasil. Conta a história que furtou as sementes de um ramo de flores oferecido pela esposa ao governador de Guiana Francesa.
O Café Arábico desenvolve-se entre os 600 e os 2000 metros de altitude. Este café oferece uma bebida de qualidade superior, com aroma e sabor mais intensos, de amargor e acidez balanceados.
O Café Robusta desenvolve-se desde o nível das águas do mar até aos 600 metros de altitude. Oferece uma bebida mais amarga, com notas que lembram cereais, sendo mais indicado para fazer o café solúvel.
NOTA: Estes curtos apontamentos copiei-os de uma ementa que, no Bar-Café do Centro de Artes e Espectáculos da Figueira da Foz, promovia junto dos clientes as ofertas da casa. Notas de sabor pedagógico dão sempre jeito a quem chega.

Um poema de Donzília Almeida

Conversa amena...
Meu caro Doutor! .................................. Poesia Não é só rimar... É ver as coisas Com outro olhar... .................................. Uma andorinha A fazer o ninho Num beiral, ................................. É Poesia! .................................... Quando observa A árvore em frente... A vestir-se de Outono E não fica indiferente, ................................... Isto é Poesia! ..................................... Quando desce A Circunvalação E os plátanos Atapetam o chão... E o sussurro das folhas Emerge da confusão Do tráfego e da poluição! .............................................. Não lhe cheira a Poesia? ............................................... Quando vê uma flor A desabrochar Na Primavera... E uma borboleta polícroma A ’adejar sobre ela. E contempla esta aguarela!... .................................................. Não lhe toca a Poesia? ................................................... Quando na sua profissão, No meio da dor E tanto sofrimento, Leva a dádiva dum sorriso E o afago da sua mão, ............................................ Já sentiu a Poesia! ................................................ Quando mãos longas, robustas, Em gestos delicados E bem estudados, Constroem beleza, Em corpos desfigurados, ..................................................... Já lhe tocou a Poesia! ..................................................... Quando em vez Da resignação, Comiseração, Lamentação, Se sente Admiração Veneração, Exaltação, ...................................... Não será isto Poesia? ..................................... E assim, ó Doutor, Sem saber, Vive a Poesia Sem querer!
Ao Dr Laranja Pontes, Em 20 de Novembro de 2002 M.ª Donzília Almeida

domingo, 15 de março de 2009

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS – 122

BACALHAU EM DATAS - 12

1580- INÍCIO DE LONGA CRISE

Caríssimo/a:
1580 - «Esta data – 1580 – marca o início de uma longa e profundíssima crise nas nossas pescas, do seu quase desaparecimento, crise a que nem a recuperação da nacionalidade em 1640 deu qualquer alento de revitalização. Ao longo de cerca de trezentos e cinquenta anos serão feitas várias tentativas de ressurgimento, fruto da iniciativa particular, em que a recordação do passado era um apelo permanente, mas tentativas tão desapoiadas pelo escol governante que nenhuma logrou vingar, ser bem sucedida, no desejo inquebrantável de ligar o presente sombrio ao passado heróico. Teríamos de esperar até ao segundo quartel do século XX para que a pesca do bacalhau entre nós ressurgisse das cinzas e se desenvolvesse a alturas que nos permitiu ser novamente lembrados como nação por excelência de marinheiros.» [HDGTM, 27/29] «... o período da ocupação Filipina, ... viria a ter consequências extremamente graves sobre este sector da economia portuguesa. Quando Filipe II de Espanha mandou organizar a chamada Armada Invencível, requisitou todas as embarcações que tivessem um mínimo de condições para as novas tarefas de guerra que lhes seriam atribuídas. A frota da pesca do bacalhau foi rudemente tocada por esta medida. Como é sabido o desmantelamento da Armada Invencível pelos ingleses e pelo mau tempo acabou por reduzir o número de embarcações portuguesas, de forma que, pelo menos em 1624, ainda não havia nenhum barco nos portos de Aveiro e Viana que pescassem na Terra Nova.» [HPB, 22] 1583 - «Gielbert Raleigh ocupou a Terra Nova. Drake aprisionou vários navios portugueses carregados de peixe. [vd. tb HPB, 22] [...] Entretanto Portugal e a Espanha são governados pelo mesmo soberano, as relações entre Portugal e a Inglaterra deterioram-se. Após a Restauração da Independência, a Marinha Portuguesa foi usada para libertar os territórios onde Portugal já exercia uma ocupação efectiva. Este facto, aliado ao crescimento da Inglaterra como potência marítima, que se instalou na América do Norte, conduziu a um menor interesse por aquelas regiões por parte dos portugueses. A frota que era usada no bacalhau ressentiu-se desta situação, que se manteve ao longo dos séculos XVII e XVIII. Em finais do século XIX a pesca do bacalhau ainda se encontrava bastante longe daquilo que seria desejável, sendo Portugal obrigado a importar enormes quantidades desse peixe para consumo interno.» [Oc45, 77] 1585 - «As razões do fim da pesca do bacalhau parecem prender-se, segundo diversos autores, com o ocaso do poderio ibérico nesses mares [do Norte], nomeadamente na Terra Nova, após 1585.» [Oc45, 78] 1598 - «Marques Gomes parece testemunhar o declínio da pesca do bacalhau, no final de Quinhentos, embora o número de embarcações ainda fosse muito significativo, e não adianta qualquer data para o abandono da pesca do bacalhau. “Em 1598 [...] empregavam-se ainda 50 navios na mesma pescaria.”» [Oc45, 78] 1600 - [Sebastião Francisco Mendo Trigoso, 1813] «afirma que, por volta de 1600, Aveiro “era uma das povoações marítimas de Portugal, proporcionalmente mais rica em gente [c. de 2500 fogos], comércio e indústria; senhora de uma barra magnífica pelo fundo, extensão e segurança e de muitas e grandes marinhas”. Acrescentava que “saía todos os anos do seu porto um grande número de embarcações, que proviam de sal as províncias da Beira, Minho e Trás-os-Montes, muitas das nossas ilhas e os portos da Galiza”. Por isso, depois que ali chegou a notícia dos descobrimentos dos Corte-Reais [...], alguns negociantes, tanto daquela vila, como de Viana, então igualmente opulenta e industriosa, determinaram aproveitar-se das circunstâncias, que lhes abriam uma nova fonte de riquezas, e eram capazes de fazer subir o seu comércio a um ponto incalculável... [...]» [Oc45, 77] Século XVI - «No século XVI, também os pescadores de Aveiro, segundo alguns autores, “não curavam o peixe nas praias vizinhas ao lugar da pesca, como outros, conservavam-no a bordo e depois vinham curá-lo e secá-lo aqui.” Esse processo demorou algum tempo a generalizar-se. A Noruega, por exemplo, só o adoptou após 1640.» [Oc45, 67]
Período de longa e difícil crise. Souberam os Portugueses reagir e vencê-la. Assim agora aplicássemos o capital acumulado há quatro séculos!
Manuel

sábado, 14 de março de 2009

TAIZÉ: Comunhão com Deus gera a fraternidade

Diácono Joaquim Simões A ORAÇÃO NÃO TEM FRONTEIRAS
Há vivências que não posso calar. Nem sempre as publico neste meu espaço aberto ao mundo, mas delas falo aos mais próximos. Um dia destes ouvi um amigo, diácono Joaquim Simões, contar a sua experiência de uma visita recente, acompanhando alunos da escola onde é professor de Educação Moral e Religiosa Católica, a Taizé, comunidade ecuménica de espiritualidade e de procura do encontro com Deus. Também para que cada visitante se encontre consigo próprio, com os outros e com a natureza. Depois de me descrever, com riqueza de pormenores, a sobriedade do templo, com um Crucifixo e Nossa Senhora de Taizé a sobressaírem na decoração simples, de cores quentes e aconchegantes, que reflectem a humildade que ali se recria, Joaquim Simões não deixou de referir que tudo convida à meditação propiciadora da busca do transcendente. Sublinhou a simplicidade que envolve quantos ali chegam, os sorrisos de acolhimento partilhados, as refeições frugais tomadas com uma simples colher, sem garfo nem faca, a ausência de bebidas alcoólicas, dando lugar a água e chá, e o espírito de contemplação que tudo domina. “Às 8.15, 12.20 e 20.30 horas, quando o carrilhão avisa que são chegados os tempos de oração, toda a aldeia se associa ao silêncio; jovens e menos jovens aderem ao convite e o mundo fica à espera”, garantiu-me o meu amigo. Naquele espaço não há lugar para futilidades, para comodismos, para barulhos, disse. À entrada do templo, 90 por cento dos peregrinos “descalçam-se em sinal de humildade e de desprendimento; como não há bancos, sentam-se no chão; e é curioso verificar que os jovens - segundo me confirmou – até vão mais cedo para meditar, respeitando um silêncio absoluto e penetrante; alguns escrevem, decerto, sobre impressões marcantes desta experiência”, salientou. Nos três períodos de oração (cerca de cinco horas por dia), alguns alunos, que dificilmente se mantêm calados nas aulas, conseguem uma “serenidade impressionante, que cativa, que interpela”, bem ajudados pelos “belíssimos cânticos”, onde os refrãos simples e cadenciados convidam à reflexão, semeando emoções e abrindo o espírito dos peregrinos a novos horizontes de fraternidade e de paz. Vi tudo isso na expressão do rosto e das palavras do meu amigo, um dia destes, de sol brilhante, com o nosso mar por cenário. Taizé é uma pequena aldeia da Borgonha, em França. Apenas cinco famílias ali vivem e na comunidade ecuménica, fundada pelo Irmão Roger, assassinado em 16 de Agosto de 2005, enquanto rezava, por uma senhora mentalmente desequilibrada, oram e laboram Irmãos de várias confissões religiosas cristãs e de diversas nacionalidades. Levam à prática um ecumenismo exemplar, mostrando que a oração não tem fronteiras nem barreiras que impeçam a comunhão possível e necessária com todas as religiões que o cristianismo gerou, e não só.
Fernando Martins

NO CENTENÁRIO DE D. HÉLDER CÂMARA

D. Hélder Câmara
Se fosse vivo, D. Hélder Câmara, um dos profetas maiores do século XX, teria feito 100 anos no passado dia 7 de Fevereiro. Nasceu em 1909, em Fortaleza. Foi bispo auxiliar do Rio de Janeiro e arcebispo de Recife e Olinda. Morreu no dia 27 de Agosto de 1999. Conhecido no Brasil e em todo o mundo pela sua militância a favor dos direitos humanos, foi perseguido por causa da denúncia destemida da tortura e da miséria, chegando a ser acusado de comunista. Costumava dizer: "Se dou comida a um pobre, chamam-me santo; mas, se pergunto porque é pobre, chamam-me comunista." Esteve na base da fundação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e da criação do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM), bem como da Teologia da Libertação. Percorreu o mundo com conferências que contagiavam multidões. Queria uma Igreja pobre, ao serviço dos pobres. Ele próprio deu o exemplo: no Recife, viveu 21 anos numa casa pequena e modesta, aberta a todos. Conheci-o pessoalmente em Roma, em Outubro de 1974, por ocasião do III Sínodo dos Bispos. Foi uma conversa longa, publicada num caderno (esgotado) com o título Evangelho e Libertação Humana, donde retiro algumas declarações. A Igreja precisa de renovação constante. "Tudo o que for sobrecarga, laço, prisão, criados pelos homens, tudo o que for tabu, tudo isso pode e deve ser raspado, como quem raspa o fundo de um barco. Quando penso na Igreja, eu me lembro da barca, não apenas de Pedro, porque a barca é do Cristo. Precisamos de raspar periodicamente o limo que se vai juntando no fundo do barco e inclusive substituir de vez em quando alguma tábua que apodrece." Essa renovação embate com enormes dificuldades. "Eu cheguei como arcebispo a Recife, uma cidade do Nordeste brasileiro, uma das áreas subdesenvolvidas do país. Mesmo assim, eu recebi como casa uma casa já velha, mas enorme, com o nome de palácio. E dentro dele havia duas salas de trono: uma, mais solene, para as grandes recepções, e outra para o diário. Para receber todas as pessoas era um trono!... Pois bem! Eu levei seis meses para poder livrar-me da primeira sala e ano e meio para livrar-me da segunda!... Então, que cada um olhe em volta de si e veja como ainda está preso, por exemplo, pela sociedade de consumo. Como nós somos escravos da sociedade de consumo! Como é difícil arrancar-nos das estruturas!" Para a transformação do mundo, acreditava em minorias conscientes e críticas que, a partir da subversão e conversão interior, lutassem, mediante a não violência activa, por um mundo justo e fraterno. "Estas minorias já existem. Precisamos de unir estas minorias que desejam um mundo mais respirável, mais humano, uni-las dentro de uma mesma cidade, de uma região, de um país, de país a país, porque hoje, sobretudo com as multinacionais, com todo o complexo de poder económico, utilizando técnicas, meios de comunicação social, se infiltrando nos Governos, utilizando não raro militares, diante dessa força imensa, é impossível a um país sozinho construir uma sociedade mais humana." Estávamos longe da queda do muro de Berlim. Mas, animado pela utopia da libertação, pensava que "um socialismo humano", cujo caminho "estamos tentando descobrir", era a via para a justiça. "Eu sei que há tentativas aqui e acolá, mas ainda se não chegou a um socialismo verdadeiramente humano que, longe de esmagar a pessoa, pelo contrário, de facto nos arranque das estruturas capitalistas, da engrenagem capitalista, mas não para meter-nos em novas engrenagens". Foi um dos principais animadores do "Pacto das Catacumbas" -- assinado por 40 Padres Conciliares, pouco antes do encerramento do Concílio Vaticano II, nas catacumbas de Roma. Nele, sublinha-se a pobreza evangélica da Igreja, sem títulos honoríficos nem ostentações mundanas. Como Povo de Deus, o seu governo assenta na colegialidade e co-responsabilidade. Insiste-se na abertura ao mundo, na transformação social e no acolhimento fraterno. De certeza não teria excomungado, como fez há dias um sucessor, os responsáveis por aborto em menina de 9 anos, abusada pelo padrasto. Anselmo Borges

sexta-feira, 13 de março de 2009

Crónica de um Professor

Arbusto humanizado
...Jardinagem
A malta da jardinagem Bom trabalho anda a fazer! Em boa camaradagem Usando a compostagem, Obra digna de se ver!
Com boa orientação, Do seu activo Professor Que sem ser por profissão Desempenha esta missão:
Jardineiro amador!
Corta aqui, planta acolá, Cava, monda, reestrutura! Com enxada, foice ou pá, “Mexe-te, anda lá!” Diz o mestre, com ternura!
Com a Primavera a chegar E com ela mais calor, A temperatura a aumentar E a seiva a latejar Será uma explosão de cor!
E todos vão admirar A beleza do jardim. Na Escola até vão ficar Algum tempo a contemplar! Quando o dia chegar ao fim!
M.ª Donzília Almeida 013.03.09

quinta-feira, 12 de março de 2009

Artesanato e outras artes na Gafanha da Nazaré

Madalena Ferreira junto dos seus trabalhos
Na Gafanha da Nazaré, mais concretamente na rua Gil Vicente, Madalena Ferreira inaugurou, recentemente, uma Galeria de Artesanato, junto ao Café Calisto. Trata-se de um espaço, não muito amplo, que aposta em mostrar artistas da terra, e não só, onde é possível apreciar e adquirir trabalhos de várias técnicas e expressões, desde o artesanato à pintura a óleo, passando por escultura e arranjos florais. Madalena Ferreira, que cultiva há muito o gosto pelos "trabalhos de agulha", não se contentou em expor as suas criações artísticas, que "o artesanato também é arte", como nos sublinhou, mas abriu as portas a outros artistas, das mais diversificadas áreas. Ainda convidou instituições, para que a acompanhem neste desafio, mas até agora só o CASCI respondeu. Em resposta à nossa pergunta sobre a reacção das pessoas, garantiu-nos que tem sido a melhor possível. Pudemos confirmar isso mesmo, durante a visita que fizemos à galeria, vendo gente que chega, aprecia, pergunta e troca impressões sobre o que está exposto. Madalena Ferreira utiliza trapilho, onde o colorido de restos de tecidos, bem combinados, sobressai em sacos e outras peças de várias formas e tamanhos, com venda garantida. "Só preciso de mais tempo para mais coisas fazer, até porque já tenho uma lista de encomendas", afirmou. Como nota de realce, é preciso dizer que, neste espaço, o visitante pode dar-se conta de que na Gafanha da Nazaré há muitas pessoas vivem para a arte, nem todas suficientemente conhecidas. Apreciámos trabalhos de Xipó, Filipe Ribau, Isabel, Madalena Oliveira, José Calisto, Carlos Ferreira, Benilde Santos, Paula Ribau, Paula Cravo, Isa, Paulo Figueiras e da própria Madalena Ferreira, entre outros. Entretanto, a Galeria de Artesanato abriu inscrições para cursos, a ministrar por Paula Ribau e Carla Figueiredo, tendo por base técnicas variadas, como pintura sobre tecido e em marfinites, massa de modelar e, ainda, a técnica do guardanapo, aplicada em materiais diversos. Os cursos vão funcionar com turmas de seis alunos. FM

Cáritas: pedir para dar

Está a decorrer, até domingo, o peditório nacional organizado pela Cáritas. A receita servirá para esta organização, a vários níveis, poder ajudar quem tem mais necessidade. Importa agora que ninguém fique indiferente, na certeza de que as nossas contribuições vão direitinhas para pessoas carentes do essencial para viver. Garantiram-me, há dias, que a afluência de voluntários para este peditório não foi muito expressiva. Num país, como o nosso, cheio de reconhecidas generosidades, estranho esta indiferença. Talvez o excesso de trabalho e de preocupações tenham contribuído para isso. Mas se assim é, vamos agora responder com as nossas dádivas. Todos sabemos que a crise afecta sobretudo os desempregados e as suas famílias. E são eles que, muitas vezes de forma envergonhada, recorrem à Cáritas. Por isso, paralelamente, podemos e devemos olhar para quem vive ao nosso lado, para descobrirmos quem passa fome. Esta será uma boa forma de colaborar com quem se preocupa com a pobreza no nosso país.

IDOSOS, TEMA E REALIDADE HOJE MAIS ACTUAIS

O número de idosos aumenta na nossa sociedade e cresce a preocupação de realçar o seu valor e o seu contributo social. Chega-se mais depressa à aposentação, vive-se mais tempo, existem melhores condições para defender a saúde, multiplicam-se iniciativas estimulantes que fomentam o interesse pela aprendizagem e aumento da cultura, proporcionam-se tempos de lazer que antes eram impensáveis, conta-se com a gente mais idosa para muitas actividades de voluntariado, os avós voltaram a ocupar um lugar na família que parecia esquecido, publicam-se livros e artigos em revistas sobre eles. De figuras antes quase anónimas, os idosos passaram à ribalta das muitas atenções e preocupam-se com eles os políticos, as autarquias, as paróquias, o mundo da publicidade. Por razões diversas, é certo, mas a verdade é que se fala e se escreve sobre os idosos como nunca se havia feito. Há culturas onde os idosos são a expressão viva do património mais válido e mais significativo, os mestres por excelência, dado que, por vezes, mais se aprende com pessoas experientes e sábias, do que em livros eruditos. Há um mundo numeroso de idosos internados em lares. Embora estes tenham cada vez melhores condições para os acolher, a verdade é que escasseia, frequentemente, a presença da família e o carinho dos filhos, a que têm direito e que ninguém compensa. O ideal "Viver mais e melhor", título de um livro publicado há dois anos pela Editorial Presença, com o sub título "Uma longevidade activa na sociedade actual", ajuda a ver, a nível do corpo, do espírito e da sociedade, o caminho a seguir para que a vida dos idosos tenha mais sentido e qualidade. Muitas paróquias, que vão na vanguarda das soluções sociais, parece não terem ainda sentido a necessidade de uma pastoral concreta com os idosos e para eles, que os ajude a crescer espiritualmente, lhes dê dimensão apostólica, os integre na comunidade com a riqueza da sua experiência, a sabedoria dos anos vividos e das dificuldades superadas. Nasceu há décadas em França, e hoje está espalhado pelo mundo e que chegou já a diversas dioceses de Portugal, o "Movimento Vida Ascendente", que também se chama "Movimento Cristão de Reformados". O seu tripé é realista e aponta horizontes novos: Amizade, Espiritualidade, Apostolado. A estrutura não é complicada e adapta-se, sem dificuldade, à idade e à mentalidade dos seus membros. O realismo das comunidades cristãs não deixa que se menospreze ninguém que delas faz parte. Nem a atenção dos responsáveis lhes permite privilegiar apenas as crianças, os jovens ou os adultos, em fase de compromisso familiar ou profissional. Na Igreja, como na sociedade, os idosos são, também eles, protagonistas da sua história e da história do grupo ou da comunidade humana e cristã onde vivem e se inserem. Têm direito a serem ouvidos, a iniciativas que lhe dizem respeito, ao crescimento diário da sua vida e à participação nas actividades compatíveis da paróquia. Não escondo o incómodo ao ver nas festas de Natal e de Carnaval, os idosos como se fossem crianças, quando levados a participar, em palco, nas brincadeiras próprias do tempo. O que vestem e o modo como falam e representam não é o deles. Uma reflexão séria sobre o seu mundo e o mundo das suas possibilidades, levá-los-ia, por certo, a outros modos mais consentâneos e respeitadores de participar. O facto de haver hoje mais idosos, válidos, experientes e lúcidos, com capacidades, por todos reconhecidas, é um "sinal dos tempos" que necessita de leitura adequada e consequente. Se a Igreja acordar, ajudará outros a acordar também.
António Marcelino

quarta-feira, 11 de março de 2009

SPORTING sofre pesada derrota

Desporto: Saber ganhar e saber perder
O Sporting sofreu ontem uma pesada derrota. Foi a segunda grande derrota seguida com o mesmo clube alemão. Alguns adeptos, furiosos, protestaram veementemente contra os jogadores, equipa técnica e dirigentes. Houve insultos intoleráveis numa sociedade civilizada. Sempre aprendi que saber ganhar e saber perder faz parte das regras do jogo. Mas nem todos entendem isto. Julgo que temos de nos habituar a aceitar o jogo com todas as suas contingências. E os dirigentes, técnicos e jogadores como homens, sujeitos a errar, mas gente honesta. Dão aquilo que sabem e podem, mas não podem fazer milagres. A equipa do Sporting deu o que pôde dar. E a mais não é obrigado. Tenho visto, a nível do desporto, e não só, a "cultura" de que somos os melhores do mundo. A comunicação social não deixa de dar a sua ajuda. E depois, o povo, que vai nesta onda, acredita. Mas não somos, de facto, dos melhores. Somos bons em algumas coisas, mas também somos maus noutras. É assim em todo o mundo. As equipas portuguesas de futebol estão muito atrás das equipas espanholas, italianas, alemãs e inglesas, por exemplo. Nos campeonatos de futebol desses países, as nossas equipas, quando muito, teriam lugar numa divisão de honra, que não na Liga de topo. Os nossos clubes são o que são à medida das nossas realidades. Na passada semana foi dito que os três grandes (Sporting, Benfica e Porto) apresentaram défices astronómicos, que só as constantes negociações com empresários e a complacência dos bancos permite manterem-se vivos. Mesmo assim, há clubes que não pagam, com regularidade, aos seus técnicos, jogadores e demais funcionários. O Sporting está numa situação difícil. Muitos dos melhores jogadores deste país passaram pelo clube, mas, quando começam a dar a vistas, são comprados por quem mais lhes pode pagar. Está, por isso, a reformular a equipa, ano após ano. Isto gera uma enorme instabilidade, bem visível nas notícias que nos chegam. Não é possível fazer mais nestas condições de incerteza e de insegurança. Os bons resultados não podem nascer num clima destes. E como não podem, há que ter calma, na esperança de que o futuro próximo comece a melhorar. Mas com guerras, insultos e provocações não se vai a lugar nenhum.
Fernando Martins

A dor irmana as pessoas

Não se olha a distâncias para estar ao lado de quem sofre
A morte de uma pessoa aproxima, inevitavelmente, os familiares e amigos. Foi assim na segunda-feira, no funeral de uma amiga, a Manuela. Os familiares vieram dos EUA e os seus amigos acompanharam-na à sua última morada terrena. Quem tem fé, acredita que depois da morte física outra vida virá, no seio de Deus. Na dor, todos se sentem irmanados e não se olha a distâncias para estar ao lado de quem sofre. É um sentimento nobre e muito humano, que podemos e devemos cultivar. Nestes momentos, há sempre a possibilidade de encontrar quem já não vemos há muito. Sentimos a efemeridade da vida, ouvimos desabafos e deixamos falar as nossas emoções. Na dor, afinal, ainda nos podemos ajudar mutuamente a reencontrar amizades e a sugerir caminhos de envolvimento que compensem as horas menos boas que a solidão da reforma profissional pode trazer. O Jacinto, emigrante nos EUA e irmão da Manuela, não quis deixar de me dizer quanto aprecia, longe da Gafanha da Nazaré, as notícias desta terra que o viu nascer, através do meu blogue, que visita com frequência. Gostei de saber, de viva voz, o que por e-mail tenho recebido de tantos outros migrantes. E por isso, por cá continuarei a dar o que posso e sei. Um abraço para todos. FM

terça-feira, 10 de março de 2009

Ano Internacional da Astronomia

Galileu
COMO VAI O CÉU
Este é o Ano Internacional da Astronomia. No crepúsculo do dia 30 de Novembro de 1609, Galileu apontou pela primeira vez um telescópio (por ele próprio construído) em direcção a um objecto não terrestre: por muitas horas, sem saber bem se era um cientista meticuloso ou apenas uma criança deslumbrada, observou uma Lua crescente. A sua observação metódica permitiu-lhe descrever aquele corpo celeste de uma forma espantosamente diferente para a sua época. Os conceitos correntes eram ainda, em grande medida, os herdados da Antiguidade. A Lua era explicada como um espelho cósmico que reflectia a terra; ou como esfera de cristal luminosa; ou uma massa de fogo. Outros projectavam nela uma espécie de cópia do ambiente terrestre, com montanhas, mares, grandes planícies. Um requisito religioso dessas concepções era que, ao contrário do nosso planeta, todos os objectos do céu tinham uma natureza divina: só podiam ser, por isso, imutáveis e perfeitos. Outro ponto teológico inalienável era a centralidade da Terra no universo, consequência lógica de toda a criação dever convergir necessariamente para o Homem. As observações de Galileu vão abrir um longo e duro debate entre Fé e Ciência, transferindo para o Céu um conflito de hermenêuticas. Pena não se ter dado ouvidos, nesse tempo, à sentença prudente do Cardeal Cesar Baronius, que o próprio Galileu parafraseou: «a Bíblia mostra como se vai para o Céu, e não como vai o Céu». Essa mesma frase foi recuperada por João Paulo II, em 1981, o ano em que constituiu a comissão para rever o caso Galileu. É nessa esteira que se criou o clima que permitiu recentemente a D. Gianfranco Ravasi, Presidente do Conselho Pontifício para a Cultura, declarar: «Galileu foi o primeiro homem que olhou com um telescópio para o céu. Abriu para a humanidade um mundo até então pouco conhecido, ampliando os confins de nosso conhecimento e obrigando a reler o livro da natureza com um novo olhar. A Igreja deseja honrar a figura de Galileu, genial e inovador filho da Igreja». José Tolentino Mendonça

Taizé: Para sentir a força do nascer de novo

"Taizé é um lugar de reflexão, partilha, é sentir a força do nascer de novo. Todos os dias têm sentido para fortalecer a minha ligação com Deus e todos aqueles que dão sentido à minha vida. Acordo com o murmurar da manhã e adormeço no silêncio da noite. (...) Aqui em Taizé aprendi a dar valor às coisas simples e pequenas da vida, com muito pouco para ser feliz. O que encontrei aqui foi uma paz interior enorme, foi como se o tempo tivesse parado, passei a viver não só no meu mundo mas também no mundo do meu e do outro. O que levo? Levo uma força enorme de acreditar e querer. Posso afirmar que esta sem dúvida foi a melhor viagem da minha vida. Passo a passo acredito que irei continuar a traçar um trilho e a deixar as minhas pegadas."
Daniela Lima
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