terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

VIAGEM ÚNICA

Tem razão quem diz que os homens são o contrário das montanhas. Ao longe parecem grandes. Próximos, nota-se a sua pequenês. Ao contrário das montanhas. O nosso próximo é mesmo um problema. Próximo, no lugar e no tempo. De tal modo que muitas análises sociais, políticas, culturais e religiosas consideram sempre melhor o que está longe no tempo e no espaço. Assim se descrevem as maravilhas do passado. Nas famílias, nas escolas, nas canções, na Igreja, na vida política e nessa espécie de praga democrática que é a intervenção telefónica em fóruns de rádio e televisão. Se não se fala do passado evoca-se o distante: para lá muito a Norte ou muito a Sul. Mas distante, inacessível, burilado pela imaginação ou pelo indemonstrável. Para facilitar, diz-se “lá fora, no estrangeiro”. Enfim, tudo o que não é aqui ou agora. Esse é o problema: fugir ao que está ao nosso alcance e ocupa o nosso quotidiano, as nossas conversas, as anedotas que contamos, as preocupações que revelamos, aquilo para que a língua está sempre afiada, distanciando-nos da responsabilidade, do compromisso, do interesse mínimo em oferecer o nosso contributo para a resolução. Divertindo-nos com o enigmas para nos esquivarmos ao compromisso e acção concreta. Esta é uma questão essencial no lugar e no momento que atravessamos. O lugar é muito mais que o pequeno rectângulo a que temos relutância, em certos momentos, de chamar pátria, húmus donde provimos e donde queremos um dia partir. Dizemos que é “este país”para que nos não atinja nem comprometa, nem sequer envolva. Vamos resolvendo o nosso imediato e gerindo o resto de sorte que nos toca, de não estarmos sem abrigo e termos sobre a mesa, ainda que não muito abundante ou mesmo um pouco embolorado, o pão de cada dia. A decisão é exactamente esta: a nível individual e colectivo assumirmos que este é o nosso tempo e o nosso lugar, onde estamos “inscritos” na história e onde o nosso remo não pode ser entregue a mais ninguém. Esta é a nossa onda, o nosso mar e a nossa única viagem antes do eterno. Quem somos nós para nos colocarmos numa varanda imaginária a ver passar um cortejo a que queremos ser alheios? O nosso lugar, a nossa vocação cristã é aqui e agora. António Rego

O NOSSO MAR EM DIA DE SOL

Uma réstia de sol levou-me ontem a ver o mar. O mesmo mar que me fascinou desde tenra idade. Bravio ou calmo, mais sombrio ou iluminado, é sempre o mar que de noite me embala o adormecer. Ontem, com ondas altas e agrestes, não deixou de exibir aqui a e ali manchas prateadas que reflectiam os sonhos de quem o olhava. Bem rugia, o mar, bem se atirava, agreste, contra as pedras. Mas, lá bem no seu íntimo, não deixava de seduzir quem o visitava. Num dia de sol. O frio viria depois. FM

AVE MARIA para começar o dia

Pedro Paquete canta Ave Maria

O João Marçal teve a gentileza de me enviar esta sugestão, com um comentário, que transcrevo:"Este cantor é um amigo meu, açoriano, de São Miguel, que já cantou na Gafanha da Nazaré, na nossa igreja, onde foi lindamente acompanhado ao órgão pelo nosso conterrâneo João Ramos. Aqui é acompanhado ao piano por um colega da Orquestra Ligeira dos Açores." Obrigado, João. Afinal, para começar o dia, nada melhor do esta Ave Maria, de Gounot, para nos aquecer.

NOTA: Da Alda, nossa conterrânea radicada no Açores, recebi algumas achegas, que aqui reproduzo, com os meus agradecimentos: "Esses dois músicos, tocam, não na orquestra ligeira dos Açores, mas sim na Orquestra Ligeira de Ponta Delgada, da qual sou também vocalista a par do excelente cantor, Pedro Paquete. Nos Açores, há inúmeras Orquestras ligeiras, sendo que só em São Miguel, atingiu-se no ano passado o número de uma por cada concelho, ou seja, 5 no seu total. Só para que conste, o organista chama-se Pedro Hilário e é também um extraordinário músico.Saudações insulares."

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Ainda a remodelação do Centro Cultural da Gafanha da Nazaré

Na sua reunião de hoje, o Executivo Municipal aprovou a adjudicação da obra de “Ampliação e Remodelação do Centro Cultural da Gafanha da Nazaré”, pelo valor de €2.148.755,73 mais IVA. O prazo de execução é de seis meses. Posso adiantar que, segundo informação da autarquia, as obras contemplam um auditório para 400 pessoas, com as condições técnicas exigidas a uma boa sala de espectáculos, ao nível da acústica, do controlo ambiental e do conforto, para quem assiste e para quem trabalha. Será criada uma galeria de exposições, com cerca de 400 metros quadrados, em dois pisos e com acesso autónomo. O Centro Cultural ficará ainda com uma sala de conferências com 72 lugares. Estas obras implicam algumas reformulações dos espaços adjacentes.

Centro Cultural da Gafanha da Nazaré vai ser requalificado

Segundo a Rádio Terra Nova, a Câmara de Ílhavo vai adjudicar hoje a requalificação do Centro Cultural da Gafanha da Nazaré. Trata-se de uma obra reclamada há muito, esperando-se, agora, que as obras avancem com a celeridade desejada. Também se espera que logo a seguir o Centro Cultural tenha a animação que o povo merece e precisa.

A MARINA DA BARRA nem acta nem desata

Ribau Esteves: “Tenho a maior reserva que
haja dinheiro” para a Marina da Barra
Com uma situação financeira “equilibrada”, a autarquia tem vários projectos em carteira. A Marina da Barra, uma das grandes bandeiras de Ribau Esteves, parece mergulhada num impasse. Não tenho motivo nenhum para não confiar. O que eu quero muito é que de uma vez por todas os interlocutores se sentem à mesa para que possamos discutir e tomar decisões. A nossa região precisa de uma marina. O turismo náutico é um dos eixos prioritários da nova entidade regional do turismo e do país, temos um património extraordinário que é a ria, temos o quinto porto nacional… Leia no Diário de Aveiro de hoje

COLHERES DO TITANIC...

No Marintimidades, Ana Maria Lopes veio este fim-de-semana com uma história bastante curiosa, à volta de umas colheres que terão sobrevivido ao drama do Titanic. E o mais interessante é que, para alimentar a nossa curiosidade, adia o final da história para daqui a uns dias. É certo e sabido que a partir de hoje me vai obrigar, sem custo, aliás, a visitar o seu blogue, dia a dia, na esperança de saber, ao certo, se as colheres vieram, realmente, de célebre paquete.
Não é muito frequente termos à mão um blogue temático, tão rico de pormenores e tão cheio de memórias ligadas às nossas tradições. Pois o Marintimidades aí está, regularmente, com assuntos da Ria e do Mar, que Ana Maria Lopes domina com muita sensibilidade e saber. Não terá ela elementos, mais do que suficientes, para uma exposição no nosso Museu Marítimo de Ílhavo? Julgo que sim. Haja quem a estimule a dar passos nesse sentido. Para já, temos o seu blogue, que é, sem dúvida, uma exposição permanente de vivências que tanto nos ajudam a seguir-lhe os passos, embora timidamente.
FM

domingo, 1 de fevereiro de 2009

SOLIDARIEDADE

(Clique na imagem para ver melhor)

Sinal +

1. Os arautos da desgraça continuam a agitar a bandeira da bancarrota, da ingovernabilidade de Portugal, do fim da Nação. A multissecular Pátria portuguesa até parece que caiu ou está para cair nas ruas da amargura, sem políticos à altura de aguentar a barca no cimo das ondas. A barca, pelos vistos, está a meter água por todos os lados. Clama-se por justiça, mas ela não surge, ou surge tardiamente; clama-se por verdade, mas os mentirosos amarfanham a sociedade; clama-se por uma educação sadia, mas não faltam os promíscuos em cada esquina; clama-se por paz, mas não falta quem alimente guerras. E por aí adiante… O nepotismo, o compadrio, as negociatas, a mentira, o ódio, a injustiça, o desespero, o desemprego, a miséria, a falta de sentido para a vida e a ausência de horizontes dignos de um futuro de progresso solidário parece que estão a implantar-se entre nós. Mas tudo isto será razão para admitir o fim de Portugal como Estado e como Nação? Julgo que não. O nosso País e os portugueses já enfrentaram inúmeras desgraças, mas continuam a existir. Mais uma crise não será motivo para desânimos. Havemos de sair dela. Temos de conseguir caminhar em frente, rumo a um futuro mais risonho.
2. Celebra-se hoje o Dia do Consagrado na Igreja Católica. Homens e mulheres que, por amor a Deus, deixam o mundo, com todas as suas seduções, para viverem em exclusivo a causa de uma sociedade mais fraterna, onde a paz seja uma aposta de todos os momentos. Penso que a acção dos consagrados e das consagradas, no dia-a-dia de um labor ao serviço do mundo, onde a espiritualidade nunca perde o seu lugar, carece de ser mais conhecida e mais amada. Porque não é fácil deixar família, amigos e propostas profissionais aliciantes para viver o desafio de construir o Reino de Deus neste tempo de tantas contradições. Sei que muitos sentem na carne e na alma o desgaste da solidão, a incompreensão da sua entrega generosa, a arrogância dos instalados nos prazeres fúteis. Mas também sei que aos consagrados e consagradas nunca faltará, nas encruzilhadas de outras vidas, a alegria do encontro diário com Jesus Cristo, que é caminho, verdade e vida. Fernando Martins

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS – 116

BACALHAU EM DATAS - 6 ;

Santa Maria Manuela

CARTAS... E COLÓNIAS
Caríssimo/a:
Depois de termos lido o que escreveu o nosso amigo capitão Valdemar sobre a pesca do bacalhau nesses recuados tempos, iremos constatar que nem só de pesca se tratava e que, pelos vistos, muito mais estava em jogo. Afinal a ciência estava sempre presente e era uma constante nas navegações dos Portugueses...
1500 - «Por volta de 1500, no hemisfério norte, [os Portugueses] terão provavelmente chegado à Gronelândia, ao Labrador e à Terra Nova. Na década de 1520, tentaram estabelecer uma colónia na ilha de Cape Breton e, em meados do século XVI, na Nova Escócia.» [in Um Mundo em Movimento- Os Portugueses na África, Ásia e América (1415-1808), de A. J. R. Russell-Wood, DIFEL- Difusão Editorial, S.A., Lisboa, 1998, pp. 19-20]
1502 - «O planisfério dito de Cantino, de 1502, “é a primeira carta a dar uma incipiente representação da Terra Nova, sob a designação de Terra del Rey de Portugal!”» [Oc45, 77] «O que assinalamos como importante na viagem de Gaspar Corte Real foi o facto de a partir dela se ter elaborado o planisfério de Cantino pelo qual se divulgava um primeiro mapa menos fantasioso dessas regiões...» [HPB, 20]
1504 - «Carta de Pedro Reinel que representa a Ocidente, no Atlântico Norte, a região da Terra Nova e regiões próximas. Os autores de cartografia defendem que esta carta foi o resultado da viagem de Miguel Corte Real em 1502 e outra que se seguiu em 1503, em busca deste navegador e de seu irmão Gaspar Corte Real, viagens em vão quanto ao objectivo primordial, mas que mantiveram o reconhecimento sistemático da orla marítima oriental da Terra Nova e regiões vizinhas, a norte e a sul, portanto muito importantes como fontes adequadas para os cartógrafos e para a história da geografia.» [Oc45, 32] «Os primeiros empreendedores quiseram associar-se com alguns da Ilha Terceira, e assim combinados fizeram partir uma colónia para se estabelecer na Terra Nova, e isto com tanta brevidade que quando os Bretões e os Normandos ali chegaram, em 1504, já acharam, segundo J. Verazanni [na relação da viagem que fez à Terra Nova ao serviço da França, publicada em 1525], os portugueses de posse de uma parte da costa; o que os fez contentar com o reconhecimento da outra porção, tanto para Norte como para Sul da que os nossos já ocupavam, e aonde faziam as suas pescarias.» [Oc45, 77 ] Manuel