sexta-feira, 20 de junho de 2008

Igreja distingue Maria Helena da Rocha Pereira


Prémio homenageia percurso de vida e lembra importância dos Estudos Clássicos numa sociedade cada vez mais refém da tecnologia


A professora e investigadora de Estudos Clássicos Maria Helena da Rocha Pereira, catedrática da Universidade de Coimbra, recebeu esta Sexta-feira, em Fátima, o Prémio de Cultura Padre Manuel Antunes, na sua quarta edição.
Ao receber a distinção, a universitária de Coimbra revelou-se grata, em especial pelo destaque dado à “área contemplada”, que considera estar “nos alicerces da cultura europeia e de todas aquelas, tributárias destas, de outros continentes”.
“Podem muitos dos nosso contemporâneos esforçar-se por esbater ou ignorar esta relação (com o mundo greco-latino, ndr), mas a verdade é que tentar fazê-lo é renegar a história, desconhecer a necessidade de aprender”, acrescentou.
Maria Helena da Rocha Pereira realçou que o latim e o grego têm estruturas “propícias ao desenvolvimento do raciocínio” e que dessas línguas brotam a maioria dos termos da linguagem científica e técnica de que nos servimos.
O Prémio, instituído pelo Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura (SNPC), procura destacar anualmente um percurso ou uma obra, onde os valores do Humanismo e da Experiência Cristã se achem reflectidos. Para a Igreja, a distinção entregue a Maria Helena da Rocha Pereira visa também lembrar a importância dos Estudos Clássicos numa sociedade cada vez mais refém da tecnologia.
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As Novenas

"Se a promessa era cumprida numa igreja ou capela das redondezas da Gafanha da Nazaré, regressávamos a casa onde nos era servido um pequeno lanche à base de tremoços, pevides e um ou outro bolito. Para regar o que se comia, bebia-se água do poço e em casos especiais lembro-me bem de ter bebido um pirolito (gasosa em garrafinha com uma bola de vidro a servir de rolha, fixa no gargalo pela pressão do gás do próprio líquido). Se era longe, a merenda era mesmo ali, no largo da capela ou da igreja, numa sombra qualquer, que naquelas idades nem se sentia a sua falta. Contavam-se umas histórias, cantavam-se umas cantigas, algumas religiosas e ao gosto da “dona” da novena, olhávamos uns para outras, e vice-versa, brincávamos, corríamos e saltávamos, e a um sinal da chefe estávamos de volta a casa, com uma tarde vivida de forma bem diferente, que naqueles tempos não havia televisões nem rádios para passar o tempo."
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Há Verão este fim-de-semana


Há garantias de que temos Verão (duplo sentido) este fim-de-semana. Então aproveite e não deixe que a nossa Praia da Barra fique assim, deserta e sem gente. Vá e goze em pleno a maresia temperada pelo sol que aquece o corpo e a alma. Descanse e afugente o stresse para longe da vista e do coração. A vida tem de ser aproveitada. Bem aproveitada que se faz tarde! Mas se caírem uns pinguitos, não se aflija. Deve ser coisa passageira.

Dia Mundial do Refugiado



37,4 milhões de refugiados à espera de respostas humanitárias

Um dia para lembrar o drama por que actualmente 37,4 milhões de pessoas estão a passar. 20 de Junho é o Dia Mundial do Refugiado este ano sob o mote da protecção.
Todos os anos o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, presidido pelo português António Guterres, aborda este dia numa perspectiva diferente. “Trata-se de uma palavra que lança a atenção sobre o problema e que procura soluções duradouras para estas pessoas”, aponta à Agência ECCLESIA Mónica Frechaut, Assistente da Direcção de Informação Pública do Conselho Português para os Refugiados – CPR.

Portugal está murcho, mas com fé em novas vitórias

Portugal ficou murcho com a derrota frente à Alemanha. Ontem à noite ouvi muitas lamúrias de comentadores e de compatriotas mais ligados ao mundo do futebol. Também ouvi críticas contundentes, contra o seleccionador e alguns jogadores. A tristeza dominava. Até parece que convivemos mal com a derrota, sobretudo na área do futebol. Resultados menos bons em provas de outros sectores desportivos passam despercebidos. E acontece o mesmo, quase, quando alguns atletas ocupam um lugar no pódio. Mas no futebol, alto lá. Aí, porque nos convencemos de que somos os melhores, não se admitem deslizes. De qualquer forma, gostei de ouvir hoje de manhã o presidente da FPF, Gilberto Madail, sublinhar que somos, afinal, do grupo das oito melhores selecções da Europa. Já não é mau para um país como o nosso, onde não há muitos jogadores para escolher, embora tenhamos, de facto, dos mais completos do mundo. O Presidente da República, afirmando-se com pena de termos perdido, referiu que há mais vida e mais desafios para além do futebol. É verdade. Por isso, há que acreditar que outros campeonatos hão-de proporcionar-nos grandes vitórias. Se houver esforço, preparação, motivação e estímulos capazes de nos fazerem chegar mais alto e mais longe. Há que ter fé, também! FM

PONTES DE ENCONTRO


A Igreja Católica e o poder dos outros

“Marcelo Rebelo de Sousa defende que há falta de “vozes em defesa da doutrina social da Igreja”, porque os movimentos de leigos têm sido dominados pela direita.
Em declarações ao Expresso, o professor defendeu que “os movimentos de leigos com mais força actualmente, são de direita e apostam nas questões fracturantes, como o aborto, divórcio, eutanásia e casamento homossexual.”
Em contrapartida, “há que falar, também, contra as desigualdades sociais, a globalização meramente economicista e em defesa dos emigrantes”, matérias tradicionais dos movimentos de esquerda, que “continuam a existir, mas não têm o peso dos outros.” “É errado, porque a Igreja não é de esquerda nem de direita”, diz Marcelo Rebelo de Sousa”
Este texto faz parte de uma notícia publicada no jornal Expresso, do dia 13, do corrente mês, sobre uma Carta Pastoral, de dezasseis páginas, do Cardeal-Patriarca de Lisboa, de 18 de Maio de 2008, dirigida à Igreja de Lisboa, com o título “A Igreja no tempo e em cada tempo”, onde também é referida a diminuição de fiéis que tem tido lugar, em algumas paróquias de Lisboa, “nos últimos sete anos”.
Já li este documento pastoral e, se me é permitido, convido todos os católicos a lê-lo e a reflectir sobre a sua mensagem, sempre actual, para a vida da Igreja. Para os cristãos que não façam parte da Igreja do Patriarcado de Lisboa sugiro, se possível, que esta leitura e reflexão sejam feitas em comunidade eclesial. Por agora, fico-me pelas breves e importantes afirmações do Professor Marcelo Rebelo de Sousa. Será por ele ser um conhecido comentador político que não resistiu à tentação de dizer que na Igreja (só na de Lisboa ou noutras, também?) há como que uma aparente luta pelo poder, entre o que ele designou por “movimentos de leigos dominadas pela direita” e os de esquerda, “mas [estes] não têm o peso dos outros”?
Ele diz – e com isso não posso estar mais de acordo – que “a Igreja não é de esquerda nem de direita”, mas será que todos sabem ou querem saber disso para alguma coisa?
Se assim for, as probabilidades das igrejas, paróquias e comunidades cristãs viverem num ambiente de tensão e de desgaste, mais ou menos permanente, e a busca da marginalização ou afastamento do outro é enorme e torna-se insustentável a comunhão fraterna, pelo que as rupturas, pessoais ou de grupo, têm todo o caminho livre para acontecerem, das mais variadas formas, sem ninguém assumir responsabilidades por elas, porque, cada um, está de bem com a sua consciência, como é costume dizer-se.
A expressão de Tertuliano (155-122), na sua obra Apologia 39,9, “Vede como eles [os cristãos] se amam”, citada por D. José Policarpo, na sua Carta Pastoral, só nos pode fazer olhar para os cristãos dos primeiros séculos e para aqueles que, nos nossos dias, continuam a ter como único poder a Mensagem de Jesus Cristo e o testemunho que dão dela (cf.: Act 3,6) e deixar-nos corados de vergonha e cobardia.
Rebelo de Sousa não é ingénuo nem irresponsável e tocou, goste-se ou não, num ponto delicado na vida e no futuro da Igreja, enquanto “una, santa e apostólica”, e a quem os pecados dos seus membros não só a fazem sofrer, por caprichos, intolerâncias, vaidades, protagonismos, poder, invejas, calúnias ou projectos pessoais, sem se darem conta (?) que as suas fragilidades acabam por ser, também, as fragilidades da própria Igreja.
“A caridade é o grande desafio para a vida interna da Igreja. A sua primeira expressão é o amor a Deus e ao Seu filho Jesus Cristo, o que nos levará a amar todos os homens como nossos irmãos.” – refere D. José Policarpo. Assim, para o cristão, não é possível amar a Deus se não amar o seu irmão em Cristo, seja ele quem for. A Salvação, graça gratuita do amor de Deus, para que todos os homens se salvem, exige destes actos e acções concretas, de dimensão e expressão humana, no seio do próprio mundo, pelo que estes actos e estas acções não se podem opor àquilo que o próprio Deus nos convida, incessantemente, a fazer, através da Sua Igreja: amar o próximo, como a nós mesmos (cf.: Lc 10,25-37). Fora disto, por muito que nos custe, não há redenção!

Vítor Amorim

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Forte da Barra precisa de mais atenção

Texto enviado ao IPPAR


Há tempos mandei-vos um mail pedindo que me informassem como seria possível recuperar o edifício classificado de interesse publico designado por «Forte da Barra de Aveiro».... Já recebi uma resposta a dizer que alguém me iria responder..... e até agora nada.... Faço essa pergunta porque me lembro, quando era director de um museu em Coimbra, de o IPPAR ter apoiado a recuperação de algum património em Coimbra....
A situação de ruína em que se encontra o «Forte da Barra», e pelo menos dois edifício do Estado perto dele, é simplesmente vergonhosa e perigosa... E ainda é mais vergonhoso quando ao lado do Forte se fazem grandes obras no «Jardim Oudinot», se construiu no local uma réplica de uma vigia sem qualquer interesse histórico e se espera em Setembro uma visita de uma regata de grandes veleiros históricos....
Lembro que o Forte da Barra tem uma história longa no período das fortalezas pirobalísticas.... existindo já a indicação de uma guarnição na zona no século XVI para protecção e controlo dos navios que fundeavam no local..... situação confirmada por dois achados arqueológicos encontrados nas escavações do terminal norte do Porto de Aveiro, a algumas centenas de metros do local e por um livro de acordos de Aveiro da época...
Infelizmente o Forte da Barra é o que nos resta de outros fortes existentes no litoral de Aveiro e de diversas vigias ao longo da costa .... das quais destaco a torre da «Senhora de Vagos», do início da nacionalidade, já desaparecida, e da «Senhora das Areias», em S. Jacinto, ainda existente como capela...
Penso que devia ser destruído todo o casario em ruínas que colaram ao Forte...... mantivessem a bateria rasa ainda existente..... recuperassem a antiga linha defensiva da tenalha com a pedra retirada da demolição.... fosse mantido o Forte como era no tempo em que tinha função de defesa.... e limpos os subterrâneos, fazendo-se algum trabalho arqueológico.

António Angeja

NA LINHA DA UTOPIA

Gerar proximidade
1. Proximidade ou distância, depende do lado da vida em que nos colocamos. Se formos a apreciar a fundo a dignidade de cada pessoa humana, logo nos apercebemos que o mistério da vida, na sua riqueza da diversidade, manifesta-nos, acima de tudo, a radical comum pertença à humanidade. Por vezes, muitas das divisões e distâncias que as culturas, interesses ou políticas, foram ou vão gerando (e gerindo), precisam deste regresso à condição ancestral da comum dignidade humana. Talvez, em determinadas circunstâncias tenhamos mesmo de colocar a mente e os olhos que só sabem dividir diante dessa imagens fecundas do embrião e do bebé no ventre materno. Imagens estas que, do seu pressuposto rigor científico do milagre da vida, muito poderão sensibilizar e transformar afectiva e racionalmente muitos pensamentos. 2. Quantas divisões que existem no mundo (porque nas pessoas do mundo) que precisam desse respirar fundo e do justo apreciar do dom da vida comum a todos e cada um! O tempo sociológico que vivemos propõe-se reinterpretar todas as coisas. É a globalização na sua dinâmica impulsiva que, partindo das forças dos interesses das economias, coloca as diversidades mais próximas. Tal facto pode trazer o melhor quando se aprecia e integra, ou o pior quando se exclui quem pensa diferente. Saber cultivar a proximidade inclusiva das culturas, não como sobreposição ou anulação, será um dos grandes desafios do século XXI. A tecnologia põe-nos em contacto; mas serão os princípios, critérios e valores, que darão o tom a este novíssimo encontro. 3. O ano (2008) europeu para o diálogo intercultural testemunha e impulsiona a necessidade premente desta mesma reflexão, a ser levada até às últimas consequências. É neste contexto que a prestigiada Fundação Calouste Gulbenkian (http://www.gulbenkian.pt/) abriu um programa sugestivo: Distância e Proximidade. Para todos os cidadãos humanos do mundo e do Portugal actual, trata-se, este género de reflexão não de uma abordagem lateral que se possa prescindir, mas sim de um enfrentar as problemáticas de fundo das sociedades contemporâneas, a partir das mais pequenas coisas em que, no fundo, todos vivemos a mesma interacção de diferentes culturas, numa interdependência diária; até as crises sociais, como a recente dos combustíveis, nos demonstram isso mesmo: precisamos e só sobrevivemos uns-com-os-outros. 4. Para comissário da pertinente iniciativa da FCG foi convidado Arjun Appadurai, natural de Bombaim e residente actualmente em Nova Iorque (esperemos que regresse um dia à sua terra!), que é «uma das personalidades que mais tem reflectido sobre as questões da violência cultural, do reconhecimento da diferença cultural como valor da modernidade e sobre as consequências da globalização». Venha o tempo em que estas questões da proximidade das diversidades estarão todos os dias em cima da mesa como factor decisivo de desenvolvimento humano. Será por aqui!
Alexandre Cruz

REGATA 200 ANOS DA ABERTURA DA BARRA DE AVEIRO.

A Regata, integrada no programa das Comemorações do Bicentenário da Abertura da Barra de Aveiro, foi uma organização conjunta da Administração do Porto de Aveiro e do Clube de Vela Costa Nova. Decorreu nos dias 14 e 15 de Junho e ofereceu, a quem a presenciou, imagens inesquecíveis.

O LIVRO E OS LIVROS, OS CATÓLICOS E A BÍBLIA

A Bíblia


Zade Smith, uma inglesa de origem oriental, das mais respeitadas escritoras britânicas na actualidade, ao dar conta, em entrevista recente (Expresso 31.5, em Actual), da sua carência de educação religiosa, diz textualmente: “Eu cresci numa família sem filiação religiosa. Quando não se tem um grande Livro, é natural olhar para um data de livros pequenos”. Uma palavra de largo e ponderado sentido, que a vida ilustra em cada dia.
Para aos cristãos, o grande Livro é e será sempre a Bíblia. Sair dela ou prestar-lhe menos atenção é deixar sem alimento a fé pessoal e a fé comunitária sem fundamento sólido e inspirador.
Recentemente, uma sondagem feita na diocese de Lisboa, e da qual se deu notícia muito alargada, trouxe ao de cima a consciência de como há ainda muitos cristãos que não lêem, não meditam, nem rezam a Bíblia, mesmo quando a têm em suas casas e sabem o seu valor e importância para a vivência da fé e para a vida segundo Cristo.
Os cristãos da reforma protestante e outros que, ao longo do tempo, foram nascendo, separando-se das correntes iniciais, mantiveram sempre grande ligação à Bíblia. O mesmo fazem hoje as incontáveis seitas que vão proliferando por esse mundo fora, muitas vezes sem pejo de utilizarem e manipularem o Livro Sagrado para justificar opiniões e interesses.
Num contexto histórico conhecido, a Igreja Católica durante séculos, preocupada em defender a fé tradicional do povo, ameaçada por uma livre interpretação bíblica, deu prioridade, na sua acção, à catequese das crianças, apoiando-a no testemunho activo da família, primeiro espaço de transmissão e expressão da fé. A Bíblia, suporte doutrinário do catecismo, foi um Livro usado sobretudo pelo clero, a quem competia ensinar as verdades cristãs às crianças e motivar os pais para o seu dever de primeiros educadores da fé dos seus filhos. Muito tempo assim, tempo de mais dada a evolução das mentalidades e da sociedade. Maior preocupação em continuar a defender, sem garantia, a fé dos crentes, e menor em evangelizar e alimentar essa fé, cada vez mais débil. Mesmo nos seminários, o estudo da Escritura foi deficiente, por haver mais preocupação com os problemas exegéticos, que com a riqueza espiritual inesgotável da Palavra Revelada.
Já em pleno século XX a Bíblia, traduzida em português e com notas explicativas, tornou-se mais acessível aos católicos. Os padres capuchinhos tiveram grande mérito neste acordar bíblico com a pregação popular, os grupos paroquiais, as Semanas Bíblicas nacionais, a publicação contínua da Bíblia e a Revista Bíblica. Milhares de pessoas e muitas centenas de paróquias vêm beneficiando desta acção. O Vaticano II fez acerca da Palavra de Deus uma Constituição conciliar ainda pouco conhecida. Dá-se, agora, cada vez mais atenção à leitura espiritual da Bíblia, dita “Lectio Divina”, que leva à participação pessoal de quem escuta ou lê a Palavra. As celebrações litúrgicas, mormente a Eucaristia, dão lugar central à Palavra de Deus e ao ministério de leitor, ajudando a crescer o amor à Bíblia.
Nos últimos tempos faz-se a campanha “ Em cada casa uma Bíblia”. Vê-se, porém, que não chega colocar o Livro nos lares cristãos, se antes ou ao mesmo tempo, não se mete, com cuidado e persistência, no coração dos crentes, o amor à Palavra e a capacidade de a ler e meditar, com fruto espiritual e apostólico.
A preparação do próximo Sínodo dos Bispos sobre a Palavra de Deus, está acordando a Igreja das suas rotinas, omissões e demoras. Se evangelização, iniciação cristã, formação dos adultos e agentes pastorais são hoje urgências na Igreja, não se dará passo válido sem dar à Bíblia ou à Palavra de Deus o lugar indispensável que lhe compete.


António Marcelino