sexta-feira, 21 de março de 2008

No CUFC: Jornada de Reflexão sobre a Prostituição


No próximo dia 25 de Março, vai ter lugar no CUFC uma Jornada de Reflexão sobre a Prostituição, a partir das 9.30 horas, com organização das Cáritas Diocesanas de Aveiro, Coimbra, Guarda, Lamego, Leiria-Fátima, Viseu e Cáritas Portuguesa.
“Prioridades na abordagem à problemática da prostituição, hoje”, “Prostituição e globalização que intervenção?” e “Prostituição feminina em regiões de fronteira: o caso do Norte de Portugal” são os principais temas em debate.
Com esta acção, pretende-se fazer uma aproximação à realidade, conhecendo e desenvolvendo estratégias adequadas de intervenção nesta área.
A jornada é aberta a todos os interessados por estas questões. Contudo, por uma questão de organização, agradece-se contacto pelo telefone (234 377 260), fax (234 377 266) ou e.mail (caritasaveiro@dreamlab.pt)

Carlos Borrego fala ao Correio do Vouga

Como pode o cristianismo ser mais verde?

A Fé em Jesus Cristo, que se definiu a Si mesmo como o “caminho, a verdade e a vida”, exige aos cristãos o esforço de se empenharem mais decididamente na construção de uma cultura humanista, inspirada no Evangelho, que reponha o património de valores e conteúdos católicos. É esta Fé que se pede aos cristãos na defesa do Ambiente, nos pequenos e grandes gestos do dia a dia, como veremos ao longo das conversas que vamos ter nos 3 dias do Ciclo de Conferências.

Leia mais no Correio do Vouga

FEIRA DE MARÇO PARA ALEGRIA DO POVO


A Feira de Março, o multi-secular certame que renasce todos os anos, aí está para alegria do povo, de todas as condições sociais. No Parque de Exposições de Aveiro, as diversões para miúdos e graúdos, mais as bugigangas e o comércio a retalho, mais as exposições da indústria, mais as barracas de comes e bebes, mais o artesanato, de tudo um pouco haverá no amplo, arejado e funcional recinto.
Espera-se este ano que os visitantes ultrapassem o meio milhão. Se lá não se chegar, não haverá problemas. A Feira de Março continuará no próximo ano, para atingir, então, um número certo: 575.ª Feira de Março. Bonita idade!
Já me esquecia de dizer que passarei por lá. Nem que seja só para comer uma fartura quentinha.

DIA MUNDIAL DA POESIA


Ainda ontem pensava que não era
mais do que um fragmento trémulo sem ritmo
na esfera da vida.
Hoje sei que sou eu a esfera,
e a vida inteira em fragmentos rítmicos move-se em mim.

Eles dizem-me no seu despertar:
"Tu e o mundo em que vives não passais de um grão de areia
sobre a margem infinita
de um mar infinito."

E no meu sonho eu respondo-lhes:
"Eu sou o mar infinito,
e todos os mundos não passam de grãos de areia
sobre a minha margem."

Só uma vez fiquei mudo.
Foi quando um homem me perguntou:
"Quem és tu?"

Kahlil Gibran
Areia e Espuma
Coisas de Ler

VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS

Não é verdade que a maçã podre contamina as maçãs sadias?
Vi hoje, no telejornal, a brutalidade de alunos de uma turma contra um professora. Não eram crianças, mas jovens com idade para terem juízo. À falta de juízo, tinham em dobro os sinais da má educação que receberam, ou espelharam, pura e simplesmente, o mundo em que vivem. Um mundo sem princípios, sem regras e sem respeito pelos mais velhos e pelos professores. Neste caso, por uma professora indefesa. Tem-se falado muito em educação para a democracia e para a liberdade, mas os resultados estão à vista, com milhares de registos de violência nas escolas, durante o último ano lectivo. Que eu saiba, pouco ou nada se fez de positivo, não obstante o Procurador-Geral da República já ter dito que estes crimes não podem ficar impunes. Sou do tempo em que o professor era respeitado como um pai. Bem me recordo de ser educado no sentido de cumprir certos rituais com os professores: quando ele entrava na sala, todos se levantavam e em silêncio esperavam sinal para se sentarem; na rua, se estávamos sentados, à passagem do professor todos se levantavam… e por aí adiante. Podem dizer-me que tais atitudes seriam exageradas, mas a verdade é que incutiam em nós hábitos de respeito por quem ensinava. Com todas as liberdades que se têm dado, liberdades sem peso nem medida, temos jovens (alguns apenas, certamente) capazes de agredir os professores, verbal e fisicamente. Afinal, que sociedade estamos a construir? De liberdades ou de libertinagens? De gente educada ou malcriada? De pessoas respeitadores de valores ou de insurrectos insensíveis ao bem e à verdade? De pessoas de bem ou de diabos à solta? De alunos disciplinados ou indisciplinados? Eu sei que a maioria dos nossos jovens são alunos educados, cumpridores e respeitadores. Mas também sei que, se não houver medidas que cerceiem a má educação de alguns energúmenos, as escolas poderão transformar-se em antros de violentos e de criminosos. Não é verdade que a maçã podre contamina as maçãs sadias? FM

quinta-feira, 20 de março de 2008

Boa pergunta!


As comemorações dos 200 anos da chegada da família real ao Rio de Janeiro, para manter a soberania nacional, face às invasões francesas, muito se disse pró e contra essa decisão. No fundo, fixei uma observação que defendia a vantagem e a importância da mudança da familia real para o Brasil. Essa observação lembrava, a meu ver com razão, que o estabelecimento da corte na então colónia portuguesa, contribuiu, fortemente, para a unidade das várias regiões do Brasil, ajudando a construir o sentido de nação, o que facilitou a independência.
E a boa pergunta?
Lembra a "Visão" que um estudante brasileiro interpelou o embaixador português, Francisco Seixas da Costa, para lhe dizer que o Brasil seria melhor se tivesse tido outros colonizadores, os holandeses, por exemplo.
O embaixador, depois de o aconselhar a debruçar-se sobre a história do seu país, disse-lhe com a desarmante naturalidade brasileira: “Queria ver você cantar "Garota do Ipanema" em holandês?!”

AVEIRO ATRAI TURISTAS ESPANHÓIS



Aveiro atrai turistas espanhóis e outros. Quem sai à rua nesta quadra pascal sente isso, tão explícitos são os linguajares que se cruzam connosco. É bom que isto aconteça, porque Aveiro e sua região bem o merecem. Há cartazes que justificam esta preferência. Tradições, cultura, monumentos, ambiente, natureza e a simpatia das gentes aveirenses.
Há muitos anos que a Rota da Luz tem investido na “venda” da nossa região turística, chamando a atenção para o muito que há para ver e admirar. E também para comer e saborear.
Sei que muitos desconhecem esta realidade e este esforço da Rota da Luz e das autarquias que lhe estão associadas. Mas é preciso que nos habituemos à ideia de que é importante corresponder aos desafios que daí advêm. Temos de cooperar com todas as entidades envolvidas pelo turismo, pela razão simples de que este sector, de importância económica, cultural e social, é fundamental para o nosso desenvolvimento.
Paisagens, património histórico, cultural e monumental, tradições, gastronomia, artesanato, artes e o espírito de partilha e de acolhimento, tudo precisa de ser divulgado e experimentado. E se isso fizermos, já será muito bom.

FM

DEPOIS DA TRISTEZA DA QUARESMA A ALEGRIA DA PÁSCOA



Publiquei neste meu espaço diversos temas ligados à Quaresma e à Páscoa. O meu blogue, não sendo um blogue católico, não deixa de ser um blogue feito por um católico. Aqui se procura reflectir e ler a vida com olhares marcados pelos ideais lançados há dois mil anos por Jesus Cristo. Sem sectarismos, mas com a coerência de quem acredita que a Boa Nova então anunciada se mantém actual e a necessitar de ser mais divulgada e vivida.
Sempre vi a Páscoa como sinal indelével de ressurreição e de vida nova. Por isso tantas vezes a ilustro com flores e árvores floridas, sinal de renascimento e de início de florescente caminhada, rumo à verdade por que todos ansiamos. Porque é a essência de um mundo muito melhor.
Aos meus amigos aqui deixo a promessa de que esse também será o meu caminho, de preferência de mãos dadas com toda a gente, crente ou não crente. Sem esse princípio, a vida, para mim, não terá sentido. E a todos convido a partilharmos, nesta quadra, um bom folar, com ovos a enfeitá-lo e a desafiar-nos.
Boa Páscoa para todos.

FM

Da comunicação faz-se Igreja




À medida que aquele canto ecoava por aquelas serranias, onde o vento já se fazia sentir com mais intensidade, dirigi-me, de imediato, para junto do tal grupo de jovens que tinha visto tempos antes, pois eram eles que entoavam este cântico de anúncio, de compromisso e de construção. Não servem as pedras para construir uma Igreja?
O estabelecimento da comunicação entre nós foi rápido, dando a impressão de que nos conhecíamos desde há muito tempo. E porque não? Não somos, todos, filhos do mesmo Pai? Não temos uma fé comum? Não estaríamos, todos, em “treino” espiritual?
Em brevíssimas palavras, direi que o Grupo era constituído por quatro raparigas e três rapazes, todos estudantes universitários. Eram de Vale de Cambra e estão inseridos em várias actividades eclesiais.
A dada altura da conversa, uma das jovens diz-me: “Vimos, para estas bandas da serra, para nos reencontrarmos com Jesus Cristo. E, depois de termos a certeza de que o reencontro foi feito, descemos a serra e Ele vem connosco.”
Por momentos, fiquei sem saber o que dizer, tal era a força da fé e a convicção que via na expressão daquele rosto. Recordei-me, mais uma vez, das palavras do Padre Tolentino Mendonça: ”Vamos ao deserto não para nos instalarmos nele, mas para fazermos dele um caminho para essa novidade pascal. Para grande alegria de Cristo, Homem novo.”
Eu que tinha ido até às bandas da Serra da Freita, para o meu “treino” espiritual, tinha acabado de experimentar que o silêncio pode ser aquilo que a gente quiser que ele seja, desde que tenhamos a possibilidade de o saborear no seu sentido autêntico da vida, através da nossa relação pessoal com Deus e com os homens.
Perante a fé firme daquela jovem, comparada ao granito que pisávamos, senti que “o silêncio não é uma ausência. É a presença plena, inteira e intacta do mundo.”
Muito ou pouco, nós éramos, ali e naquele momento, presença viva de Deus e do seu mundo.
O silêncio que procurávamos tinha dado o seu espaço a um “lugar de comunicação”. Comunicação essa que terá a sua plenitude quando anunciarmos e cantarmos, em alegria, que o Senhor Ressuscitou e está vivo!
Pouco depois, regressámos aos nossos lares, com algum frio e fome à mistura, mas com a certeza de que éramos, pelo menos, mais Igreja!

Vítor Amorim
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quarta-feira, 19 de março de 2008

Da Páscoa à Profecia


Em horas de alegria e de festa ou em momentos de passos magoados pelo longo caminho do deserto, o povo de Israel recordava. Aí se afirmava o sentido da viagem e se confirmava o horizonte da terra da promessa.
Na longa viagem da vida, da cultura e da história deste povo, a presença e a intervenção de Deus são permanentemente lembradas através da voz dos profetas e dos acontecimentos da história.
Foi mais fácil para o povo de Israel abraçar a liberdade do que escolher a santidade e assumir a fidelidade.
Estava próxima a celebração desta festa da páscoa quando Jesus sentiu aproximar-se a Sua Hora. No horizonte ainda toldado pela iminência do sofrimento e pela certeza da morte desenhava-se já a profecia do tempo novo, da aliança eterna e da Páscoa definitiva.
É esta Páscoa que nos revisita e se revive agora.
Assim como os Israelitas liam a história do seu povo à luz da páscoa, da libertação e da aliança, igualmente os contemporâneos de Jesus só compreenderam o drama de uma condenação inocente e o valor profético das palavras do centurião romano iluminados pelo mistério e pelo milagre da ressurreição de Jesus: “ Na verdade este homem é o Filho de Deus”.
O povo de Israel parava para reunir a família à volta da mesa e da história; para evocar o que Deus fizera pelos seus antepassados; para fazer memória da liberdade e para saborear a passagem de um país de escravidão a uma terra de liberdade.
A pressa com que hoje se percorre a viagem humana, que é a vida de cada um de nós, das famílias, do trabalho e da convivência social, quase não nos deixa tempo para parar, para fazer evocação, para celebrar memória, para reviver, vivendo e contemplando.
É necessário parar demoradamente nesta Semana, maior do que o tempo todo; por isso a chamamos Maior. Aqui a pressa não tem lugar.
É imperioso parar: para acolhermos e agradecermos a vida; para nos colocarmos em atitude de presença e em gestos de veneração ao lado dos pobres, dos doentes e dos idosos; para experimentarmos o encanto do silêncio contemplativo diante do mistério da paixão, morte e ressurreição de Jesus.
No murmúrio dos silêncios calados e na atenção dada às palavras de Jesus no Calvário ouve-se a alma de todos os que vivem, sente-se o coração de todos os que sofrem e percebe-se que Deus está por perto de todos. Aí começa a Páscoa. A Páscoa da vida, da esperança e da ressurreição.
A Páscoa é a profecia dos tempos novos. Destes tempos em que a vida reencontra sentido e dignidade e recupera valor sagrado; em que o pecado humano é redimido; em que a humanidade é salva dos seus medos, inseguranças e atropelos da justiça, da verdade e da paz.
O mundo precisa desta Páscoa, que nos traz Deus, de novo, em Jesus Cristo, vivo e ressuscitado.
Uma das missões primeiras da Igreja é trazer a alegria e a certeza da Páscoa ao mundo, porque em Cristo ressuscitado encontramos a esperança que salva, a força que redime, a palavra que ilumina e o alimento espiritual que fortalece. Este é o memorial da Páscoa, sempre revivido e renovado em cada Eucaristia que celebramos.
Propusemo-nos como caminhada Quaresma-Páscoa, na Diocese de Aveiro, tudo fazer para que em Cristo ressuscitado haja vida nova para todos. Desejo esta vida nova, de alegria, de esperança e de fé, às pessoas e às famílias, aos movimentos apostólicos e às comunidades cristãs, em experiências criativas de fraternidade e de comunhão, e em serviço cuidado aos mais pobres para que a todos se revele a verdade da Páscoa que celebramos.
Que esta Páscoa seja uma contínua profecia de um admirável tempo novo, onde a audácia e a beleza do anúncio do Evangelho se unem à coerência e à coragem do testemunho cristão, para que mesmo aqueles que não se revêem na Igreja ou não acreditam em Deus se interpelem sobre as razões da nossa esperança e as certezas da nossa fé.
É no testemunho de alegria, de fé e de vida de toda a Igreja diocesana, bispo, sacerdotes, diáconos, consagrados e leigos de Aveiro, que esta mensagem assume o seu sentido mais belo e o seu autêntico valor pascal.
O anseio de um admirável mundo novo, que foi lema da Jornada Diocesana da Juventude de Aveiro, será sempre um dom nascido da Páscoa, que todos, na comunhão da Igreja que somos, incessantemente procuramos.
Santa e Feliz Páscoa.
António Francisco dos Santos,
bispo de Aveiro