sábado, 3 de fevereiro de 2007

FAINA MAIOR


UM LIVRO DE ALAN VILLIERS:




“A CAMPANHA DO ARGUS”


“A CAMPANHA DO ARGUS”, no dizer do "PÚBLICO", “É um livro fascinante… de horizontes largos, de pescarias embriagantes”. Lê-se, tal qual, na capa desta obra que fez história, recentemente reeditada pela “cavalo de ferro”, com o apoio, penso que fundamental, da Câmara de Ílhavo e do Museu Marítimo de Ílhavo, num esforço digno de louvor. Digno de louvor porque ali está bem retratada a “Faina Maior” da nossa gente.
Li-o há décadas, quando a obra foi lançada. Fazia parte da biblioteca de uma escola por onde passei. Esta e uma outra, a que já fiz referência, “Nos mares do fim do mundo”, de Bernardo Santareno. Nunca mais esqueci estes livros, ou não fosse o meu pai um pescador do bacalhau, desde menino, com apenas 14 anos, e mais tarde contra-mestre do “Santo André”, que agora é navio-museu, com muito mérito. Nunca mais saíram da minha memória e foi com muito prazer que os reli agora, tantos anos depois.
Claro que não vou hoje, com este curto escrito, debruçar-me sobre “A CAMPANHA DO ARGUS”, pois pretendo tão-só chamar a atenção dos meus conterrâneos para a importância e oportunidade da sua leitura, num bom fim-de-semana, para ficarem a conhecer um pouco da vida dura dos nossos antepassados bem próximos.
À laia de quem pretende sensibilizar alguém, sempre digo que esta edição tem como mais-valia um bom estudo de introdução de Álvaro Garrido, director do Museu de Ílhavo e historiador, que muito ajuda a compreender o porquê do convite que o Governo de Salazar fez a Alan Villiers, para que escrevesse este livro, um clássico da história da pesca do bacalhau à linha. Aliás, Álvaro Garrido sublinha com a autoridade que lhe vem da sua qualidade de historiador destes temas e de docente da Universidade de Coimbra, que “A Campanha do Argus, de Alan Villiers, é um clássico da literatura marítima mundial. 

Numa escrita límpida e envolvente, este oficial da Armada australiana, presença assídua nas páginas do National Geographic Magazine do segundo pós-guerra como repórter das ‘coisas do mar’, escreveu uma narrativa de viagem de um dos mais belos veleiros da frota bacalhoeira portuguesa, o Argus”.
Um livro a não perder, sobretudo pelos ílhavos, e não só.

Fernando Martins

GOSTEI DE LER


ELEJA A SUA CAUSA
PREFERIDA E DÊ



Nem todos têm de dar a mesma coisa,
mas todos temos alguma coisa para dar.
Eleja a sua causa preferida e dê.
O seu tempo,
o seu dinheiro,
o seu esforço,
a sua companhia.
Tem muito por onde espalhar
a sua boa-vontade voluntária.
Não se deixe afundar
na rotina do Inverno:
“acorde”
convidando alguém para aprender
qualquer coisa que nunca fizeram:
patinar,
ter uma aula de equitação,
fazer surf,
fazer um curso de cozinha japonesa,
aprender russo…
Nunca mais tenha um minuto
de aborrecimento nesta vida!


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In Agenda ’07 do EXPRESSO

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

DIA DO CONSAGRADO


OS QUE SE DÃO
SEM NADA PEDIREM
EM TROCA

A Igreja Católica celebra hoje o Dia do Consagrado. Esta é uma boa razão para reflectirmos um pouco sobre a vida de tantos que deixam tudo para viver para os outros. Desde o Papa aos diáconos, passando por padres e bispos. Desde freiras e frades até simples leigos, que os há e houve desde sempre, vivendo em pleno uma doação sem limites.
Uma doação total, radical se quisermos, significa uma entrega absoluta à construção de um mundo mais fraterno, porque assente na Boa Nova de Jesus Cristo. Doação que implica abdicar da família, da carreira profissional, das comodidades que a sociedade proporciona, de luxos e vaidades, de prazeres mundanos, de sucesso social, de honras e privilégios.
Os Consagrados vivem para Deus e para os irmãos na fé, para os indiferentes e para os que nunca ouviram falar de Jesus Cristo, para os que estão privados de bens terrenos, para os carentes de amor, para os que estão sós e para os ignorados pelas nossas comunidades.
Os Consagrados, quantas vezes também eles em solidão, sabem que têm sempre Deus por companhia, como fonte inspiradora do bem, da verdade, da justiça, da liberdade, da paz e do amor.
Os Consagrados estão no mundo para servir e não para serem servidos, mais para escutar do que para falar, mais para unir do que para dividir, mais para se darem do que para dar, mais para testemunhar do que para ditar leis.
Os Consagrados aí estão como homens e mulheres de Deus no mundo dos homens e mulheres que nem sempre os vêem.
Que ao menos hoje saibamos olhar para eles com amizade e com reconhecimento pelo muito que eles nos dão, sem nada pedirem em troca. São os meus votos.

GRANDES AVEIRENSES


JOSÉ ESTÊVÃO


José Estêvão, grande orador parlamentar, foi, sem dúvida, pela sua inter-venção cívica e política, um arauto dos interesses de Aveiro e sua região. Pelo dinamismo que sempre pôs em tudo o que fez, pela visão com que levou o Estado a abrir caminhos de progresso entre nós, pelo exemplo de envolvimento na coisa pública, ainda hoje a sua coragem e a sua acção são recordadas em Aveiro.

CIGARRO MATA



Por cada cigarro que se fuma
perdem-se 11 minutos de vida


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A doença cardíaca coronária mata mais de sete milhões de pessoas por ano. O cardiologista Sandeep Gupta, indiano instalado em Londres, teme pelo fosso entre pobres e ricos e apela à responsabilidade de cada um na prevenção da doença. Tão importante como reverter a aterosclerose, diz, é inverter comportamentos de risco.
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PÚBLICO - Com os novos tratamentos da aterosclerose que abrem a possibilidade de regressão da doença não se corre o risco de vermos as pessoas a comer e beber à vontade, porque sabem que terão a droga para corrigir os males desse comportamento?
SANDEEP GUPTA - Isso é uma interessante psicologia. É a história da polipill mágica [a proposta de criar um comprimido que junte seis medicamentos: estatina, aspirina, três drogas para a tensão arterial e vitaminas]. Há investigadores que defendem que se dermos este comprimido a todas as pessoas com mais de 55 anos com factores de risco será possível eliminar cerca de 80 por cento dos ataques cardíacos e enfartes. Perante isto, pode-se argumentar que mais vale aproveitar o hambúrguer, os cigarros, etc...
Mas não funciona assim. Quem tem doenças de coração tem de assumir responsabilidades. Fazer mais exercício, pensar sobre os cigarros e as refeições gordas. E não temos de esperar que as pessoas se tornem doentes. Por que não procuramos o pré-paciente?
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Leia mais no PÚBLICO on-line
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Um trabalho da jornalista Andrea Cunha Freitas, no PÚBLICO

UM ARTIGO DE D. ANTÓNIO MARCELINO



AO ARREPIO DO AMOR E DA VIDA,
PARA ONDE CAMINHA O PAÍS?



Sem ser profeta da desgraça, nunca foi esse o meu jeito, estou convicto de que, ou se muda de rumo ou nos espera uma sociedade sempre mais desumanizada.
Ninguém pode viver sem amor. Porém, o amor que é fonte de vida, de doação generosa, de respeito mútuo, de serviço aos outros, de partilha de dons, de convivência sadia, de compromissos permanentes, de gratuidade nas relações pessoais, de espaço de voluntariado social, de estímulo a ir sempre mais longe no bem, vai-se tornando coisa rara. Quem teima em andar por esse caminho é, frequentemente, ridicularizado.
A vida é o mais essencial dos donsrecebidos. Porém, ela hoje troca-se e despreza-se por caprichos pessoais, afirmações discutíveis e aberrantes de liberdade, fuga à justa humilhação por actos cometidos, razões sem razão, confusões premeditadas, interesses inconfessáveis, vinganças inconsistentes, promessas eleitorais… Muitos dos que lutam pela vida gerada, sua educação, reconhecida nos seus direitos e enriquecida na sua aceitação e convivência, são agora apelidados de gente menor, escrava do religioso, enfeudada a instituições de somenos e alheia ao sentir do mundo moderno.
O exemplo estimulante de outros países, por aí propalado, é aqui aceite de modo acrítico. Aí se vê, também eles em crise, que não basta o nível de bem-estar material, para que haja felicidade, riqueza de sentido, convivência sadia e liberdade construtiva.
Amor é mais que emoção. As emoções abundam consoante os incentivos e dão, facilmente, em desamor e até em ódio. Amor é a riqueza de um coração lavado e sereno. Não se dispensa quando se gera vida, ela se educa, se acolhe, se respeita e estimula.
Quem trata com pessoas e no interesse delas, como pais, educadores ou professores, fazedores de leis, executores e juízes das infracções, jornalistas dos jornais e revistas, gente das televisões, rádios e espectáculos, industriais e comerciantes, a todos se pede coração, para saberem o que ajuda as pessoas a serem pessoas e agirem como tal. De contrário, não resta senão o horizonte curto, por vezes rasteiro, dos interesses pessoais e dos de grupos e facções. Sem amor que é vida, os pais viram egoístas, os educadores em meros funcionários, os agentes públicos em servidores de si ou do seu partido, a gente da comunicação social em escrava das audiências e a gente dos negócios fixam-se no lucro desejado, sem olhar a meios para o conseguir. Vamos ficando indefesos na sociedade, se nela rarearem pessoas com valores morais e éticos, princípios orientadores sãos, sentido dos outros, capacidade de amar e de acolher a vida como valor sagrado
Como se chegou ao desprezo pela vida já gerada, à corrupção que por aí se estende, à inversão do sentido da liberdade pessoal e pública, à rampa legal de destruição de famílias estáveis, ao aumento incontrolado da pobreza material e moral, às múltiplas formas de exclusão social, à multidão de filhos sem pais e de pais que se negam à responsabilidade de os ter gerado, à insegurança corrente e à desconfiança nunca vista?
Onde fenece o amor, empobrece a sociedade, a vida perde lugar, torna-se mais difícil, por vezes insuportável. Os fautores de uma sociedade a seu modo, rejeitam nela toda a influência do religioso e do sagrado, sem advertirem que pelo caminho de um laicismo, cego e serôdio, secam as raízes fecundas do humano que somos. A fé dá sempre sentido e segurança à vida, e capacidade inesgotável de um voluntariado social gratuito.
É urgente lançar pedradas neste charco, inquinado e pútrido, em que se vai tornando o país. De outro modo, ele o estará sempre mais. O meu “não” consciente, como cidadão responsável, à proposta do aborto, é o modo que tenho agora e não vou desperdiçar, de denunciar o rumo que o país leva, e de continuar a clamar, enquanto a voz me dure, que, ao arrepio do amor e da vida, que a fé no Deus do Amor, Senhor da vida, alimenta e defende, só nos resta uma sociedade anestesiada, a caminhar para uma nova barbárie.

GOSTEI DE LER



SOIS VÓS


Quando no meu corpo (e muito mais no meu espírito)
começar a notar-se o desgaste da idade,
quando se precipitar sobre mim, de fora,
ou nascer em mim, por dentro,
o mal que apouca ou aniquila,
no momento doloroso em que subitamente
tomar consciência de que estou doente ou estou velho,
nesse momento derradeiro sobretudo em que
eu sentir que escapo a mim mesmo,
absolutamente passivo nas mãos
das grandes forças desconhecidas que me formaram,
em todas essas horas sombrias,
dai-me, meu Deus, o compreender que sois Vós
(contanto que a minha fé seja assaz grande)
que afastais dolorosamente as fibras do meu ser,
para penetrardes até à medula da minha substância,
para me levardes para Vós.


Teilhard de Chardin

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In Correio do Vouga

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

GRANDES AVEIRENSES



D. JOÃO EVANGELISTA
DE LIMA VIDAL

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D. João Evangelista de Lima Vidal, primeiro bispo da restaurada Diocese de Aveiro, depois de muitos anos ao serviço da Igreja e do País. Foi, para mim e para muitos, de uma importância crucial na restauração da Igreja Aveirense. Como Bispo da Diocese de Aveiro, soube abrir caminhos para uma sociedade mais cristã e, por isso mesmo, mais fraterna. Mostrando grande amor à Igreja e aos aveirenses, soube intervir na sociedade, com oportunidade e poesia, falando e escrevendo com rara sensibilidade sobre as nossas gentes e coisas.
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Nota: Solicitaram-me, há dias, que indicasse cinco Grandes Aveirenses.
Os que escolhi, de entre um rol que dificilmente terá fim, vão ser aqui apresentados, na certeza de que poderia ter optado por outros. Mas foram estes.
De qualquer forma, aqui deixo o desafio aos meus leitores, para que não deixem de me indicar as suas escolhas. Terão de ser homens e mulheres já falecidos, aveirenses de qualquer quadrante ideológico e de qualquer época.
F.M.

PODER LOCAL DESCONSIDERADO

GAFANHA DA NAZARÉ:
GNR JÁ OCUPA
NOVO QUARTEL
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Há atitudes que não se compreendem. Ainda não há muitos dias, o presidente da Câmara Municipal de Ílhavo, Ribal Esteves, anunciava que estaria para breve, em data que não conhecia, a transferência da GNR para o novo quartel. Hoje, no Diário de Aveiro, é anunciado que, afinal, a GNR já mudou para as moderrnas e amplas instalações, ao lado da via rápida que liga Aveiro às Praias da Barra e Costa Nova.
Pelo que se vê, o Poder Local foi desconsiderado. Nem sequer por uma simples nota, pelo que se deduz da notícia, foi a autarquia avisada. Não sabemos as razões, mas há falhas que não se compreendem nem são de admitir.
Numa democracia como a nossa, em que o Poder Local foi amplamente dignificado, penso que ainda temos muito que andar para se atingir um elevado grau de responsabilidade e de respeito pelos outros. Por que razão os responsáveis pela GNR quiseram desconsiderar as autarquias ilhavenses?
Custa-me aceitar que na base desta atitude estejam motivos políticos. Estarei enganado?
Fernando Martins

CARLOS BORREGO EM ENTREVISTA AO DA

O aquecimento global e as alterações climáticas são questões incontestáveis, como refere o professor Carlos Borrego. Nesta entrevista, o investigador da Universidade de Aveiro aponta medidas que deveriam ser tomadas na região de Aveiro



Carlos Borrego:
Alteração climática
«é uma realidade
incontestável»




As alterações climáticas já são uma realidade?
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Neste momento, todos nós já demos conta de uma série de mudanças em termos do que era o clima normal. Portanto, se havia algumas dúvidas no cidadão comum, hoje parece-me que se dissiparam. Cientificamente, já não há dúvida nenhuma. Desde o início da década de 1990, foram provocadas mudanças climáticas que não têm só a ver com a componente natural, já que, nas alterações que entretanto se produziram, houve, sem dúvida nenhuma, a introdução de factores antropogénicos que deram origem a um aumento da velocidade no que causa essas alterações. Não estamos a dizer que não haja alterações naturais, podem acontecer perfeitamente, e se calhar estamos numa situação em que estão a evoluir, mas nós, com a nossa intervenção, viemos acelerá-las. Portanto, a alteração climática é uma realidade incontestável.


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Leia mais no Diário de Aveiro