quarta-feira, 18 de outubro de 2006

UM ARTIGO DE LAURINDA ALVES

O VERBO PERMANECER
É difícil permanecer livre perante nós mesmos e perante os outros. Aliás, o verbo permanecer é um dos mais árduos de conjugar. Permanecer livre, perma-necer fiel, permanecer atento ou permanecer firme numa decisão, são atitudes extraordinariamente exigentes e, daí, a importância do olhar dos outros. Permanecer no amor é, porventura, o maior desafio de todos, mas é, também, o que nos leva mais longe. Falo do amor no sentido total e não apenas do amor romântico, embora este desperte em nós sentimentos mais imediatos e urgentes, por assim dizer. E também falo do amor, porque o tema desta semana mostra claramente que tudo começa e acaba no amor. No capítulo do amor, vale a pena escrever só mais umas linhas para lembrar que, se nos amarmos mal a nós próprios, também não seremos capazes de amar bem os outros. Importa, por isso, determo-nos na qualidade do amor que trazemos em nós e focar melhor o olhar. Para dentro e para fora, quero dizer. Ver com olhos de ver implica desistir de nos procurarmos onde não estamos e de nos vermos como não somos. Complicado? Talvez nem tanto. Purificar a imagem que temos de nós próprios e dos que estão à nossa volta passa por limpar o olhar e isto só é possível com distância crítica e liberdade interior. O facto de termos tantas vezes um olhar distorcido sobre a realidade faz com que se multipliquem os equívocos. Como é dos equívocos que nasce muita intolerância, é grave persistir no erro de não tentar perceber o que mais nos distorce o olhar. Falo do que nos condiciona, de tudo o que limita e, em especial, das ideias pré-concebidas. Ter preconceitos é, porventura, a pior armadilha de todas. Olhar para nós, pegar naquilo que somos, tantas vezes caóticos e contraditórios e sermos capazes de assumir os nossos conflitos mais íntimos, tentando sair deles da maneira mais certa é um acto de grande coragem. A tentação comum, no entanto, é “passar ao lado” ou fingir que não temos todos estes dilemas interiores. O pior é que, sempre que olhamos para nós de maneira errada, também erramos mais em relação aos outros. E ficamos com menos margem de liberdade.
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Fonte: Correio do Vouga

Encontro das IPSS do Distrito de Aveiro

Em 28 de Outubro, sábado,
em Avelãs de Cima, Anadia
OS NOVOS DESAFIOS
DA SOLIDARIEDADE
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A UIPSS (União das Instituições Particulares de Solidariedade Social) de Aveiro leva a efeito, no próximo dia 28 de Outubro, com início às 9.30 horas, no Centro Social Cultural e Recreativo de Avelãs de Cima, Anadia, um encontro aberto às instituições de solidariedade social do distrito aveirense, tendo por tema “Os novos desafios da solidariedade”. O convite foi dirigido a 190 IPSS e os objectivos desta jornada têm a ver com qualidade dos serviços, redes de entreajuda e de cooperação, formação contínua e exercícios de solidariedade. Pretende-se, também, ajudar as instituições de solidariedade social a reflectir sobre a sua realidade, no sentido da descoberta de novas respostas para novos problemas sociais.
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Foto do meu arquivo

Um artigo de Alexandre Cruz

Nobel para
acabar com a pobreza
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1. Talvez, à primeira vista, poderia parecer que um cidadão banqueiro do Bangladesh nada poderia trazer de novo ao mundo, ou então que a sua entidade bancária – como estamos habituados - seria para enrique-cimento e lucro próprios, sugando o juro do seu pobre povo. Não é o caso e ainda bem que existem estes casos que merecem destaque pelo sinal que são em termos de urgente mudança de mentalidade. O Nobel da Paz 2006, atribuído há dias ao “missionário” criador do Microcrédito, em dias em que se lembra a “chegada à lua” desta geração, “sonho” este espelhado no Dia Mundial para a Erradicação da Pobreza (17 de Outubro), toda esta conjuntura quer despertar decisivamente uma boa parte do mundo distraído. Muhammad Yunus, no seu reconhecimento, nem que seja só por uns dias, quer simbolizar que é possível ir muito mais longe; mostra-nos que a pobreza não é uma fatalidade, que o mundo pobre é capaz de empreender para construir um futuro melhor para si e para as suas famílias e nação. Desta personalidade vemos a convicção de que é possível mudar, mas para lá chegar há que dar a vida pelas causas em que se acreditam, assumindo o doloroso valor base da “resistência” no ideal que se procura… Tão diferente, por vezes, da tão “frágil” existência ocidental de quem já nasce com as mãos cheias de tudo!... 2. O percurso do Nobel diz-nos que a autêntica “cooperação” exige mesmo o regresso à terra natal e aí saber semear esperança, visão, empreendimento; ou seja: do “nada” criar “tudo”! Muhammad Yunus, vale a pena apercebermo-nos, é banqueiro e economista doutorado por prestigiada universidade norte-americana. Tendo sido convidado para lá ficar comodamente a leccionar, deixa o mundo rico dos EUA e vem para a sua terra natal, o pobre Bangladesh. Aí é integrado em universidade local, ficando responsável pelo programa de economias rurais. Foi nesta qualidade que, em 1974, levou os alunos a uma visita de estudo às paupérrimas zonas rurais, onde espontaneamente emprestou dinheiro do próprio bolso (o equivalente a 21 Euros) a um grupo de artesãos de cestas de bambu na cidade de Jobra para que tivessem a oportunidade de expandir o negócio. Foi deste gesto tão simples, ele que depois manifestou a sua disponibilidade para a gestão de uma “empresa de aldeia”, que nasceu o que hoje se chama o Microcrédito que tem proporcionado ao longo de todos estes anos o apoio, “não dando o peixe mas ensinando a pescar”, a mais de 500 milhões de pessoas, sobretudo na Ásia, mas também já em Portugal. 3. O exemplo de Muhammad e todo o apoio pedagógico do seu Grameen Bank (pelo Microcrédito que concede empréstimos a pessoas muito pobres no valor médio de 247 Euros, sempre como estímulo ao empreendimento nomeadamente a pequenos negócios ligados à agricultura, comércio e serviços básicos), vem-nos sublinhar que é possível inverter o ciclo da história. Escusado será dizer ou contar os quantos milhões de pessoas que já foram “salvas para a sobrevivência” por esta modalidade que tem inspirado muitas instituições, no usar do Microcrédito, até que a própria ONU consagrou 2005 como o Ano Internacional do Microcrédito. Nesta atribuição do Nobel da Paz 2006 ao cidadão do mundo e do pobre Bangladesh, vem a academia sueca colocar a luta contra a pobreza, a redução das desigualdades e a promoção do desenvolvimento humano, como condições essenciais para a paz na humanidade. Será a 10 de Dezembro, Dia dos Direitos Humanos que todos os pobres falarão nas palavras do galardoado quando este receber o Nobel; será uma autêntica “lição” para a humanidade em nome de vidas que morrem à sede e à fome e que não têm voz; mas será muitíssimo mais que isto: diz-nos este Nobel que os países pobres têm capacidades de visão, empreendimento e frescura de espírito inovador, e que todos nós temos, acima de tudo, que mudar a nossa mentalidade… Aquela ideia do mundo rico que suga os recursos naturais dos países pobres e mantém a seu interesse a guerra nos países que explora, esta ideia péssima, tem, felizmente, os anos contados! 4. O Nobel da Paz deste ano dá a todos um impulso de energia e compromisso, também a nós (triste e desmotivado) Portugal que é o país da Europa com maior desigualdade entre ricos e pobres. Do comentário ao compromisso, do “nada” à invenção de “um projecto”, da ideia de que tudo está mal ao agarrar “cada dia” com energia e motivação, do conhecimento científico dos livros ao sempre mais serviço das populações, de uma economia teórica à economia social ao serviço das pessoas concretas… estas entre tantas outras “lições” recebemos deste testemunho de vida que mudou milhões de vidas. Poderemos, na nostalgia pessimista “agarrada” ao nosso ADN português, dizer, melancolicamente, que isso são os outros que são capazes pois eles têm a vida fácil (no Bangladesh?!), que está tudo mal (e que eu faço de bem?!), que somos sempre os piores… Nada disso! Será preciso passar da crítica de café (ou da “crisofilia” que nos fascina) ao compromisso de fazer tudo o possível por uma participada CULTURA DA VIDA e da dignidade humana para cada um e para todos! 5. Claro que há muitas realidades que estão mal… Aí é que estará o desafio para construir…a força e o poder dos cidadãos unidos e motivados é mais forte que parece. Todavia, antes de tudo, só com duas “pobrezas” resolvidas é que o barco andará para a frente, são elas: a “ignorância / insensibilidade” e a “indiferença”. Que estas não cresçam mais!... Se desaparecer esta pobreza de valores solidários (que dramaticamente agrava o fosso entre ricos e pobres), então, apostamos que haverá pão, água e dignidade de vida para todos!...

terça-feira, 17 de outubro de 2006

PRÓS E CONTRAS

DIÁLOGO DIFÍCIL:
GOVERNO E AUTARQUIAS
NÃO SE ENTENDEM
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Ontem senti que tinha a obrigação de assistir ao programa "Prós e Contras" que passou no primeiro canal da RTP. Era minha obrigação porque os problemas do País, em geral, e das autarquias, em particular, nos dizem directamente respeito. Mas não gostei muito, diga-se desde já, porque as questões sérias e importantes em debate caíram muitas vezes nos ataques pessoais e nos insultos gratuitos, prejudiciais para todos.
Fernando Ruas e Ribau Esteves, presidentes, respectivamente, das Câmaras de Viseu e de Ílhavo, representavam o poder autárquico. Do outro lado da contenda estavam o ministro António Costa e o fiscalista Saldanha Sanches. Este último, acérrimo defensor da ideia de que a corrupção domina as autarquias do nosso País. Moderou, como pôde, a jornalista Fátima Campos Ferreira.
A partir da intervenção de Saldanha Sanches, o debate aqueceu, sem nunca se provar a veracidade das acusações que tem dirigido aos autarcas. Uma coisa é certa: na política, como em todas as profissões, há gente honesta e gente menos honesta.
Sobre as políticas orçamentais que o Governo quer implementar, ficou por demonstar, quer de um lado quer de outro, quem tem razão. No fundo, talvez ambos tenham alguma dose de razões, mas a verdade é que é público o despesismo de muitas autarquias, que gastam sem quaisquer preocupações de evitar o endividamento. A ânsia de mostrar obra feita leva os nossos autarcas a gastarem o que não têm, cultivando a ideia de que quem vier depois que pague as contas.
O Governo deve, realmente, controlar o défice público, mas não pode, à custa disso, exigir o que não cumpre. O Estado gasta de mais e não paga atempadamente aos seus fornecedores. Agora, no esforço de dominar a situação que os Governos anteriores criaram, corta a direito, sem um diálogo consistente e credível que o poder autárquico possa apoiar. Depois, é o que se vê: greves por todos os lados, descontentamento na maioria das autarquias, protestos em todas as frentes.
Ontem, a discussão não conduziu a qualquer solução. Eu, pelo menos, fiquei com a ideia de que o Governo vai impor a seu programa, sem olhar a meios. Que castigue os infractores é aceitável; que promova a solidariedade nacional é importante. Mas também tem de continuar a procurar, pelo diálogo persistente, as melhores soluções para as autarquias poderem lutar pela melhor qualidade de vida das populações mais afastadas dos grandes centros urbanos de Portugal.
Fernando Martins

Um artigo de António Rego

A palavra Missão ganhou maior complexidade e, associada a outros factores de mudança, como que leva a pensar duas vezes antes de dar a vida por inteiro pela causa do Evangelho em terras e culturas longínquas
O passado não se repete
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A celebração do Dia Mundial das Missões como tempo de reflexão e oração traz sempre ressonâncias históricas de grande alcance ao longo destes 2000 anos. Não fora a chamada e a coragem na resposta, o cristianismo seria uma frustrada parábola de semeador com semente à beira do caminho ou entre espinhos.
Partir, romper fronteiras, anunciar a propósito e fora de propósito, arriscar a própria vida, cruzar culturas e religiões com a fé cristã, perceber os sinais e exigências de cada tempo, dar tudo pela causa do Evangelho, tudo isso foi acontecendo no correr dos séculos, até aos confins da terra onde se crê e celebra o Evangelho e se institui Igreja como lugar de encontro de Deus com os homens. Nada se fez sem perturbações e falhas mas nada se conseguiria sem uma fé inquebrantável e uma entrega radical. Por isso em cada nova celebração do Dia Mundial Missionário perguntamos pelo nosso tempo, pela nossa vez, pela Igreja que somos, pelas novas viagens, pelas nossas formas de anunciar a Boa Nova. Algumas vezes tudo parece refrescado pelo novo empenhamento de leigos que, nos mais variados carismas, vão respondendo com gestos de apoio ao desenvolvimento, educação, erradicação da pobreza, entrega generosa de tempos e competências em nome e consequência da fé cristã assumida de forma adulta.
Mas também se sente que os condicionamentos culturais, políticos e religiosos aliados à sensibilidade dos novos tempos, como que demo-veram muitos da viagem incerta ao outro lado do planeta onde Jesus Cristo não é conhecido.
A palavra Missão ganhou maior complexidade e, associada a outros factores de mudança, como que leva a pensar duas vezes antes de dar a vida por inteiro pela causa do Evangelho em terras e culturas longínquas. Não parece boa solução culpar o nosso tempo por todos os males como se já não houvesse entre os vivos um único fragmento de bondade e tudo se reduzisse às maldições que caem sobre a pós - modernidade.
Importa não ser primário nem redutor. O nosso tempo tem, como todos, sinais intensos do Espírito e carismas originais da história. Importa reflectir com os dados da nossa realidade, sublime e mesquinha como todas as épocas. E recolher humildemente sinais que os novos tempos nos oferecem como verdadeiros desafios à missão. Para que não fiquemos a soluçar a incapacidade de repetir o passado.
O passado não se repete. Recria-se.

Um poema de Silva Peixe

O MEU ELOGIO Música Velha d’outrora Tenho saudades de ti, Caminhas p’la vida fora, Mas não pertences aqui! Na rua, no arraial, Tinhas peças d’encantar. Foste a Banda musical, Que muito deu que falar! Tens muitos admiradores Dos tempos da velha guarda! Homens bons, respeitadores, Com amor à tua farda! Era mesmo uma alegria Quando a velhinha tocava. Se alguns despiques havia, Era a velha quem ganhava! Se por mim foste querida Com admiração tamanha, Que Deus te dê longa vida, Nessa Vila da Gafanha! :::

Nota: Hoje, ao mexer em papéis guardados já nem sabia onde, encontrei três poemas do poeta popular ilhavense Silva Peixe, um tanto esquecido, ao que julgo. Um deles foi-me dedicado e ficará para meu uso pessoal, como prova da generosidade e da sensibilidade de um amigo que não esqueço. Este que aqui fica vem mesmo a calhar, nesta altura em que a Filarmónica Gafanhense, a Música Velha de Ílhavo comemora os seus 170 anos de existência, em prol da cultura musical.

NO CUFC: EXPOSIÇÃO DA CERCIAV

CERCIAV - 30 ANOS 2ª Quinzena de Outubro (à semana), das 10 às 18 horas
ARTE E HORIZONTES
DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA
No âmbito do seminário come-morativo do 30º Aniversário da CERCIAV, sob a temática “Do Ser-Ninguém ao Ser-Pessoa – A evolução das respostas nos últimos 30 anos”, realizado na Universidade de Aveiro, em 13 do corrente mês, vai estar patente ao público, no CUFC (Centro Universitário Fé e Cultura), durante a 2ª quinzena de Outubro, uma exposição dos utentes daquela instituição. Trata-se, no fundo, de um expressivo eco da reflexão do seminário comemorativo dos 30 anos de existência da CERCIAV, tendo como objectivo uma caminhada de sensibilização aberta à comunidade. Está garantido, à partida, que as obras apresentadas mostram arte, vivências, realidades e horizontes da Pessoa com deficiência. Referências da Exposição: Data: 2ª Quinzena de Outubro (dias 16 a 31, à semana) Horário: das 10 às 18 horas Local: CUFC - Centro Universitário Fé e Cultura, no Campus Universitário de Aveiro

segunda-feira, 16 de outubro de 2006

POLÍTICA A SÉRIO, de José António Saraiva

Uma cultura da morte
A atracção pela morte é um dos sinais da decadência.Portugal deveria estar, neste momento, a discutir o quê?
Seguramente, o modo de combater o envelhecimento da população.Um país velho é um país mais doente.
Um país mais pessimista.
Um país menos alegre.
Um país menos produtivo.
Um país menos viável – porque aquilo que paga as pensões dos idosos são os impostos dos que trabalham.
Era esta, portanto, uma das questões que Portugal deveria estar a debater. E a tentar resolver.
Como?
Obviamente, promovendo os nascimentos.
Facilitando a vida às mães solteiras e às mães separadas.
Incentivando as empresas a apoiar as empregadas com filhos, concedendo facilidades e criando infantários.
Estabelecendo condições especiais para as famílias numerosas.
Difundindo a ideia de que o país precisa de crianças – e que as crianças são uma fonte de alegria, energia e optimismo.
Um sinal de saúde.
Em lugar disto, porém, discute-se o aborto.
Discutem-se os casamentos de homossexuais (por natureza estéreis).
Debate-se a eutanásia.
Promove-se uma cultura da morte. Dir-se-á, no caso do aborto, que está apenas em causa a rejeição dos julgamentos e das condenações de mulheres pela prática do aborto – e a possibilidade de as que querem abortar o poderem fazer em boas condições, em clínicas do Estado.
Só por hipocrisia se pode colocar a questão assim.
Todos já perceberam que o que está em causa é uma campanha.
O que está em curso é uma desculpabilização do aborto, para não dizer uma promoção do aborto.
Tal como há uma parada do ‘orgulho gay’, os militantes pró-aborto defendem o orgulho em abortar.
Quem já não viu mulheres exibindo triunfalmente t-shirts com a frase «Eu abortei»? Ora, dêem-se as voltas que se derem, toda a gente concorda numa coisa: o aborto, mesmo praticado em clínicas de luxo, é uma coisa má.
Que deixa traumas para toda a vida.
E que, sendo assim, deve ser evitada a todo o custo.
A posição do Estado não pode ser, pois, a de desculpabilizar e facilitar o aborto – tem de ser a oposta.
Não pode ser a de transmitir a ideia de que um aborto é uma coisa sem importância, que se pode fazer quase sem pensar – tem de ser a oposta.
O Estado não deve passar à sociedade a ideia de que se pode abortar à vontade, porque é mais fácil, mais cómodo e deixou de ser crime.
Levada pela ilusão de que a vulgarização do aborto é o futuro, e que a sua defesa corresponde a uma posição de esquerda, muita gente encara o tema com ligeireza e deixa-se ir na corrente.
Mas eu pergunto: será que a esquerda quer ficar associada a uma cultura da morte?
Será que a esquerda, ao defender o aborto, a adopção por homossexuais, a liberalização das drogas, a eutanásia, quer ficar ligada ao lado mais obscuro da vida?
No ponto em que o mundo ocidental e o país se encontram, com a população a envelhecer de ano para ano e o pessimismo a ganhar terreno, não seria mais normal que a esquerda se batesse pela vida, pelo apoio aos nascimentos e às mulheres sozinhas com filhos, pelo rejuvenescimento da sociedade, pelo optimismo, pela crença no futuro?
Não seria mais normal que a esquerda, em lugar de ajudar as mulheres e os casais que querem abortar, incentivasse aqueles que têm a coragem de decidir ter filhos?
:: Transcrição de "SOL"

domingo, 15 de outubro de 2006

EFEMÉRIDE

SANTA TERESA DE JESUS,
DOUTORA DA IGREJA
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Santa Teresa de Jesus nasceu no dia 28 de Março de 1515, na cidade de Ávila, Espanha, sendo seu nome de baptismo Teresa de Cepeda y de Ahumada. Entrou no Mosteiro Carmelita da Encarnação na sua cidade natal no ano de 1535. Iniciou a reforma do Carmelo Feminino em 1562 e juntamente com São João da Cruz, em 1568, iniciou a reforma no ramo masculino do Carmelo. É considerada um dos grandes mestres espirituais que a história da Igreja já conheceu, ocupando um lugar especial dentro da mística cristã. Santa Teresa morreu em Alba de Tormes na noite de 15 de Outubro de 1582 e em 1622 foi proclamada santa. O Papa Paulo VI, a 27 de Setembro de 1970, reconheceu-lhe o título de Doutora da Igreja. Foi a primeira mulher a ser declarada Doutora da Igreja.

Um minuto em pé, até às 11 horas de amanhã

Portugal adere à acção
"Levanta-te contra a Pobreza"
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Universidades, organizações juvenis e câmaras municipais portuguesas vão aderir a uma iniciativa mundial para assinalar o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza que consiste em conseguir com que milhares de pessoas se levantem contra este mal. Um quinto da população mundial sobrevive em condições de extrema pobreza, dispondo de menos de 0,85 euros por dia. Em Portugal um quinto dos cidadãos vive no limiar da pobreza. A iniciativa Levanta-te contra a Pobreza da campanha Pobreza Zero, visa levantar milhares de pessoas no mundo inteiro, durante um minuto, entre as 11h00 de hoje e as 11h00 de segunda-feira.Mais de 900 organizações internacionais em coordenação com organizações e movimentos sociais de base em mais de 100 países querem assim "promover a maior mobilização de sempre na história da luta contra a pobreza no mundo".
O número de participantes a nível mundial deverá ser contabilizado para divulgação terça-feira, Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza" e a grande inovação desta acção é o desafio proposto às pessoas para criarem o seu próprio evento "levanta-te", fazendo-o espontaneamente.
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Leia mais no "PÚBLICO"

"EXPRESSO" MOSTRA MUSEU DE AVEIRO

O "EXPRESSO" dedicou duas páginas do seu suplemento "ACTUAL", desta semana, ao Museu de Aveiro, com um trabalho de João Miguel Fernandes Jorge. Trata-se de mais um desafio, a juntar a muitos outros, que se dirige aos aveirenses, no sentido de os levar a visitar este museu, que é uma mais-valia do turismo da região. Aqui transcrevo apenas dois parágrafos desse escrito, por me parecer o suficiente, como elemento motivador para descartarmos a nossa comodidade e para passarmos pelo museu que se desenvolve em torno da Padroeira da Cidade e Diocese de Aveiro.
F.M.
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MUSEU DE AVEIRO:
Um desafio constante
a todos os aveirenses
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"O Museu de Aveiro cabe por inteiro entre os séculos XV e XVI11. Tem o espaço e o tempo exactos do dominicano Convento de Jesus. A sua validade, em termos de história e em termos de arte, declina-se através de um nome, o da Princesa Santa Joana (1452-1490). Princesa e não infanta, por­que até ao nascimento de seu irmão (D. João II, 1455-1495) foi considerada herdeira do trono. Beata e não santa, pois a sua canonização, que teve proces­so aprovado em 1756, nunca se concretizou. Di­zem-na, em termos de culto, “equipolentemente beatificada (o adjectivo equipolente quer dizer que tem igual valor, que é equivalente), e, por isso, Portugal, a Ordem Dominicana e, sobretudo, a cidade de Aveiro, que cresceu ao redor do seu nome, a conside­ram santa um pouco à semelhança de um sentido antigo e ortodoxo que elegia os seus próprios santos, dentro de um espírito comunitário que partilhou o testemunho de uma vida exemplar. O museu coinci­de, primeiro, com o tempo de vida da princesa, que é um pouco o seu tempo interno e subjectivo, para de seguida prosseguir a história da sua colecção dentro do tempo objectivo e futuro que o desenrolar de uma lenda e de uma memória souberam criar: extensa obra que nos aparece sob a produção de arquitectura, pintura, escultura, talha e azulejaria. Mas o que é o tempo deste e neste museu? Que representa? Inicia-se com os anos centrais da conquista portuguesa das praças marítimas do norte de África – ainda de um tardio e gótico poder senhorial – que corresponde ao reinado de Afonso V, o pai de Santa Joana. Sedimenta-se no reinado seguinte de João II. Apesar de a visão expansionista ter tomado a perspectiva de um mundo a descobrir sob o domínio de uma cientificidade nascente, esses anos que vão de 1452 a 1495 reclamam na arquitectura e nos objectivos do museu uma validade que vai muito além e que perdura, evocando e reflectindo a vida da princesa."

Um artigo de Anselmo Borges, no DN

Crise de Deus
e mística do quotidiano
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Não há dúvida de que hoje, concretamente na Europa, há uma crise da religião, que é sobretudo uma crise de Deus. Basta perguntar, de modo simples: para quantos é que Deus ainda conta realmente nas suas decisões vitais, tanto no domínio pessoal como colectivo?
As estatísticas mostram uma queda acentuada e constante da chamada prática religiosa, no sentido da frequência da missa ou dos serviços religiosos. Mas, como sublinha o teólogo Juan Martín Velasco, o centro da actual situação religiosa na Europa é a "crise de Deus": há cada vez mais áreas da vida pessoal e social a afastar-se da influência da religião, de tal modo que não falta quem se pergunte se não vivemos já num "exílio" cultural de Deus, que se tornou um estranho no nosso mundo.
Apesar dos novos movimentos religiosos nas suas variadíssimas manifestações, tudo parece passar-se como se Deus não existisse. As próprias Igrejas e os crentes foram contaminados pela dúvida e pela descrença, sobretudo na forma da indiferença.
Vive-se numa situação de "cultura da ausência de Deus" (J. Moingt), tendo o filósofo B. Welte podido escrever: "A experiência predominante neste contexto religioso é a experiência de não ter feito nenhuma experiência religiosa, isto é, não ter sido afectados, nem, muito menos, transformados por algo que possa ser denominado Deus."
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Leia todo o artigo em Diário de Notícias

GAFANHA DA NAZARÉ ANTIGA

NEVOEIRO NO FORTE DA BARRA
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O nevoeiro foi coisa de sempre nas Gafanhas. Mas também se sabe que "manhã de nevoeiro tarde de soalheiro". E assim nos fomos dando bem com o ditado, que é, por norma, sabedoria do povo tornada ciência certa. De tal modo, que o Ângelo Ribau não resistiu à ideia de registar, com a sua máquina, o nevoeiro no Forte da Barra, onde se pode ver o oásis que o Forte foi em tempos que já lá vão. Agora, com o Porto Comercial a dominá-lo, como fruto de um certo progresso, só podemos guardar estas imagens que a memória de muitos gafanhões não perdeu.

F.M.

Um poema de Eugénio de Andrade

NÃO SABEMOS Não sabemos nada, e o que temos é pouco: um nome, um nome em prosa correntia; tão pequeno que nem sequer alcança o ramo em flor de tília; menos ainda a estrela do pastor; um nome comum, Joaquim António João, bom para dizer quando o frio é mais duro; nome que bebe o orvalho nos olhos dos amigos mortos tão cedo; ou perdidos.

In “O Sal da Língua”

Gotas do Arco-Íris – 35

AI A COR, A COR!...


Caríssimo/a: Brincar, jogar, viver a vida e aproveitar tudo o que de bom a Natureza nos oferecia para crescer. Assim era quando a correr nos atirávamo à água com o nosso “barco”. Tudo nos servia para as nossas corridas e regatas: bacias, alguidares, gamelas, pneus de camionetas, grandes troncos. E como nós nos esticávamos da ponte da Cambeia à entrada do Esteiro Grande, se éramos dos grandes; porque os mais pequenotes contentavam-se com as águas mais calmas do Esteiro Pequeno. Com remos ou com as mãos, lá havia um que chegava à meta e muitos riam e folgavam com a água que os 'afundou'.
Quando apareceu uma 'jangada', a festa foi de arromba – agora, além dos mergulhos, ouviam-se os berros do “arrais-construtor” que via a sua obra desmantelar-se e também só lhe restava mergulhar e deixar-se ir com a corrente... Grande animação, muita sementeira de amizade e de saudade. Nesses tempos, outros barcos os homens governavam e dispunham ao longo da Ria, junto das secas. 
Paisagem de postal vivo e com pujança. Mudaram-se as correntes. Que é dos barcos? E dos homens que os governavam? Outros barcos vão surgindo; outros lemes traçam rotas alternativas; os sonhos vão e vêm... Porém, e foi destes que parti, outros há que levantam o ferro, recolhem as amarras, fazem-se aos ventos e às marés mas nunca encontram o farol; seja, talvez alguns dos barcos cheguem mas deixando, espalhados pelo sal das ondas do mar, os sonhos que os olhos povoavam na hora da despedida. E quantos acompanharam os restos dos barcos? E dos que conseguiram a bóia quantos saltaram para bom bordo? E o que dói, mas dói a valer, é vermos que a cor marca a diferença, tal como há quinhentos anos; ou há sessenta em que a raça traçava a fronteira da vida... 
Quase apetece perguntar ainda e uma outra vez: E tu Senhor a dormir e a permitir tal horror!? Não, não respondas, custa-nos voltar a ouvir: Tu, sim tu, que fizeste ao teu irmão? Onde está o Abel? 

Manuel

sábado, 14 de outubro de 2006

AS MINHAS REPORTAGENS

CENTRO PINTO DE CARVALHO, EM OLIVEIRA DE AZEMÉIS
'Quando a gente não diz
o que faz, os outros dizem
o que não fazemos'
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Quem chega ao Centro de Apoio Familiar Pinto de Carvalho (CAFPC) não pode deixar de ficar surpreendido pelo dinamismo que ali se vive e pelo ar moderno que se respira. Mais ainda: o respeito pelos fundadores e pelos beneméritos que ao longo de 150 anos deram corpo e apoiaram esta obra é marca bem visível em quantos a dirigem e nela trabalham, mas também, decerto, em muitíssimos que por ela passaram, e continuam a passar, durante século e meio.
Porque celebrar vida tão longa não acontece com frequência, ao nível das instituições sociais, o CAFPC recebeu a visita do Presidente da República, Cavaco Silva, durante a presidência aberta dedicada à inclusão. O facto está assinalado em lápida bem visível e a instituição, pela voz do professor António Magalhães, sentiu-se honrada com esse gesto do mais alto magistrado da Nação, até porque a comunicação social divulgou a acção social do Centro Pinto de Carvalho na área da família, abrangendo várias frentes, qual delas a mais importante.
“Nós não andamos pela praça pública a dizer o que fazemos, mas a visita do Presidente da República serviu para se falar de nós e do nosso trabalho”, afiança o primeiro responsável da instituição. E acrescentou: “Quando a gente não diz o que faz, os outros dizem o que não fazemos.”
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Foto: Professor António Magalhães
:: Pode ler a reportagem em SOLIDARIEDADE

sexta-feira, 13 de outubro de 2006

GAFANHA DA NAZARÉ ANTIGA

GAFANHA DE HÁ DÉCADAS
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Mesmo a preto e branco, dá para perceber que a Gafanha da Nazaré tem sofrido, nas últimas décadas, grandes transformações. Quem conhece a zona central da actual cidade, não pode deixar de reconhecer que a evolução urbana tem dado saltos significativos. Para os mais saudosistas, aqui fica uma foto antiga, cedida por Marcos Cirino e digitalizada por Ângelo Ribau, dois gafanhões muito interessados, desde sempre, pelas coisas da Gafanha da Nazaré.
A igreja matriz e o cemitério, rodeados de terra de cultivo, casario disperso, ruas sem trânsito visível e as sombras que povoam a memória dos mais velhos aí estão para recordar.
Aqui fica mais um desafio a quantos me lêem, para que me enviem fotos que nos digam como foi ou é esta terra que nos viu nascer. Já tenho algumas em arquivo que mostrarei regularmente.

EUTANÁSIA

O AMOR PODE AJUDAR
OS DOENTES TERMINAIS
A SENTIREM
UMA CERTA FELICIDADE
Há dias passou na SIC uma reportagem dramática. Uma doente terminal, mas aparen-temente lúcida, reclamava o direito de morrer. Melhor dizendo: o direito de provocar, voluntária e conscientemente, a morte; o direito de alguém lhe aplicar uma injecção letal. Alguns entrevistados alinharam pela mesma opinião, admitindo os direitos de morrer e de viver. Calculo que uma pessoa numa fase dessas terá muita dificuldade em lidar com o sofrimento e que deseje a morte. Mas também sei que, enquanto há vida, tem de haver esperança. E ainda sei que a medicina, hoje, tem recursos que não tinha há anos. Importa, a meu ver, que os serviços de saúde saibam apostar em ajudar os desanimados e os desesperados, aplicando-lhes os cuidados paliativos, de que tanto já se fala. Contudo, não devem ser só os serviços médicos a olhar com olhos mais atentos para quem tanto sofre, numa busca constante de lhes proporcionar o bem-estar possível, uma qualidade de vida digna, mesmo nos momentos mais dolorosos. Porque eu penso que a vida, por muito agreste que ela seja, por muito sofrimento que ela provoque, tem de ser vivida na esperança de que amanhã tudo pode melhorar. Aqui cabe, penso eu, um papel fundamental à família, próxima ou afastada, na perspectiva de ajudar os seus doentes em fase dolorosa, em especial na descoberta de um sentido para a vida, curta ou mais longa. Sendo certo que os crentes terão outras razões para enfrentar o sofrimento, enquanto caminho de purificação interior e de abertura à redenção oferecida por Cristo, não posso deixar de acreditar que os não crentes também na dor saberão encontrar razões para dignificar a vida até ao fim. Dignificar, neste caso, significa saber estar com a realidade, testemunhando com coragem o valor da vida, mesmo durante sofrimento atroz. Há sempre momentos de amor, de ternura, que podem ajudar doentes terminais a sentirem uma certa felicidade. Fernando Martins

Um artigo de Alexandre Cruz

Afirmações Nucleares
1. Parece que andamos para trás, que a história se repete ou que o panorama das afirmações dos países agora tem um nome, “afirmações nucleares”. Por outro lado parece que está a ficar na moda a afirmação das nações começar pelo incumprimento dos acordos da comunidade internacional, por “pisar o risco” da irreverência de distinção militar para fazer parar o mundo obrigando a reunir à mesa aflita das Nações Unidas os representantes dos povos. O ensaio nuclear realizado há dias atrás pela Coreia do Norte, as suas sublinhadas condenações e as incertas consequências de todo este processo delicado (mais um!), provam que a instabilidade é a regra e que vivemos num “barril de pólvora”. Como o mundo é global, então os significados e repercussões de mais esta afronta acabará por atingir a todos... Pelo andar da carruagem, neste despique nuclear de potências que (pela negativa) querem aparecer no mapa da importância estratégica, até onde irão os testes nucleares?!... 2. Vivemos tempos que aliam a distracção e o medo; a vida que corre todos os dias está aí, tantas vezes na sua pressa, não dando oportunidade para conhecer e compreender tudo o que acontece à nossa volta… Sabemos, sim, que o regime comunista da Coreia do Norte, com um milhão de militares escravos a “marchar” dentro de um sistema fechado… está a atemorizar a comunidade internacional. Todos condenaram o que parecia impensável de um dia para o outro; todos, as grandes potências também no mapa da gestão da sua importância, querem condenar pois caso não consigam fazer parar os testes nucleares pelos acordos da “não-proliferação nuclear” então acabam por ganhar argumento para também fazer os seus… Pyongyang (regime da Coreia do Norte) é agora a “palavra-chave nuclear”; motivo de orgulho nacional para um povo escravo que precisa de símbolos, Pyonyang é também razão de profunda inquietação para países vizinhos e Nações Unidas na gestão de mais esta situação. Todos, comunidade internacional, exigem resposta das Nações Unidas; mas às vezes parece que com um esquecimento de que, afinal, boa parte das potências nucleares pertence ao conselho de segurança da ONU. O poder das armas e as paradas de arsenais militares continuam, infelizmente, a ser o melhor BI de tantas nações e da gestão da sua importância; tudo tão diferente, e parece que cada vez mais longe, do ideal proclamado a meados do Século XX, no espírito da Declaração Universal dos Direitos Humanos. 3. Agora as energias, em vez de serem aplicadas para terminar com a fome e a sede no mundo, movem-se para a gestão estratégica das reacções ao histórico ensaio nuclear. Tão longe que andamos!... Se a Coreia do Norte proclamou a ridícula heroicidade do sucesso do ensaio nuclear subterrâneo, considerando “um grande salto em frente na edificação de uma nação poderosa e próspera”, já a Coreia do Sul no seu Instituto de Geo-Ciência detectou um tremor de terra com uma magnitude de 3,5 graus na escala de Richter. Diante de todas as reacções (“uma provocação”, EUA; “é imperdoável”, Japão), destaque-se a inquietação do director geral da Agência Internacional de Energia Atómica ao sublinhar que “este ensaio ameaça o regime de não-proliferação nuclear e representa um défice de segurança grave, não apenas para o Extremo Oriente, mas também para a comunidade internacional” (Mohamed El Baradei). Dos apelos à resposta em conformidade (a visão da generalidade chinesa), até à condenação mas no tomar consciência de que “devemos reunir-nos e analisar mais informação sobre o assunto com a cabeça fria” (Shinzo Abe, primeiro-ministro do Japão), todos os apelos e todas as esperanças estão voltadas para a ONU. 4. Como poderá responder uma entidade que representa os povos ora em incumprimento, ora a apontar o “dedo” ao incumpridor? Que capacidade, sem uma reestruturação efectiva e dinâmica que tarda, tem a ONU para estes novos “atentados” que precisamente usam as Nações Unidas para afirmações nacionalistas? Da parte da Coreia do Norte os dados parece que estão lançados; para além de tudo, quando da Coreia do Norte se diz que qualquer pressão americana será interpretada como “declaração de guerra”…está tudo dito! Da Coreia do Norte é a estratégia da “fuga para a frente” (num país débil em si mesmo) e a afirmação da ameaça de realizar um novo teste nuclear face às pressões… 5. Quem diria que este início de Século XXI, na era pós-11 de Setembro, iria ter já tantos filmes e jogos de guerra! Chegará o mundo ao Século seguinte? Talvez valha a pena ver o documentário ecológico “Uma verdade inconveniente” de Al Gore; se calhar umas chuvas seriam bem vindas para refrescar as ideias e apagar o fogo da intolerância que reina em muitas mentes sem senso! É que temos mesmo de aprender a “viver juntos”; caso assim não seja, então não haverá mesmo que viva! Nem as plantas do nosso jardim… Que bom seria que as nações se afirmassem pelas razões positivas!... Talvez as neuro-ciências aplicadas nos ajudem a entender os “porquês” destas “menoridades”… para assim conseguirmos construir pontes em vez de levantar mais muros!

quinta-feira, 12 de outubro de 2006

Um artigo de Manuel Oliveira de Sousa

Ponta de Lança
Corrupção?!
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E todos os portugueses começam a desconfiar que é muito provável ser verdade; corre-se sério risco de ver arruinada parte da nossa cultura, da arte (de desenrascar) nacional. Querem ver que é mesmo verdade, há corrupção em Portugal?! Não, não é possível! … Num país de costumes tão sérios!... Isto é algo de insofismável!?... Será o fim do império!?... Será que é mesmo verdade? Haverá corrupção em Portugal?
A sequência de acontecimentos é perturbadora.
Do Discurso do Presidente da República, no dia 5 de Outubro:
“São por isso de saudar todas as iniciativas que, de uma forma séria, contribuam para debelar o fenómeno da corrupção. (…) Existem sinais que nos obrigam a reflectir seriamente sobre se o combate a esse fenómeno tem sido travado de forma eficaz e satisfatória, seja no plano preventivo da instauração de uma cultura de dever e responsabilidade, seja no plano repressivo da perseguição criminal».
Do discurso de tomada de posse do novo Procurador-Geral da República (PGR), 9 de Outubro. De acordo com o substituto de Souto Moura, a corrupção é, «pela sua especial gravidade» e «enorme repercussão», um crime que necessita «de uma maior colaboração entre os vários órgãos do Estado».
Do discurso de tomada de posse de Hermínio Loureiro como Presidente da Liga de Clubes:
“No respeito institucional que a Procuradoria-Geral da República merece, aguardarei apenas alguns dias para que o novo Procurador tome também posse do cargo (para o qual desde já lhe desejo as maiores felicidades – o seu sucesso será, com toda a certeza, o sucesso do País) e nesse mesmo dia solicitarei, em nome da Liga, uma audiência. A Liga não vai eximir-se de nenhum dos seus direitos e deveres legais. Tem de ser um agente activo e, sobretudo, não pode permitir que constantemente se atire lama para uma ventoinha que a todos inunda de suspeição.”
Querem ver que há corruptos em Portugal?!
Não pode ser!
Desculpe, caro leitor, hoje ficamos por aqui; é necessário ir acudir a um pedido que nos fizeram para acelerar uma resposta… um pedido de um amigo, sabe… se não formos uns para os outros… nada se resolve! Mas…estamos todos perplexos!?
Corrupção! É lá possível!
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Nota: A burocracia, a inoperância e a desresponsabilização – nada se resolve sem o favor de pessoa amiga – são as principais causas dos favorezinhos, provavelmente fomentadores de corrupção passiva, que conduzem à corrupção activa e colossal!
Desportivamente… pelo desporto!
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Fonte: Correio do Vouga

JACINTA NO AVEIRENSE

UMA VOZ LUSITANA

QUE SE PROJECTA

PARA LARGOS VOOS

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A cantora de Jazz Jacinta, uma gafanhoa na senda da fama, actuou ontem no Aveirense, com casa cheia. Familiares, amigos e admiradores aplaudiram a artista de voz rara, uma voz lusitana que se projecta para largos voos.

Jacinta encheu o palco com a sua alegria, com a sua arte e com uma segurança enorme. Começou serenamente, como que para aquecer a voz, de timbre único e expressivo, e logo começou a crescer e a merecer os aplausos calorosos do público, sempre bem acompanhada pelos músicos que a completam nesta digressão pelo País. Músicos que estabelecem com a cantora um diálogo intenso, em desafios estimulantes que emprestaram ao concerto momentos únicos.

Foi um espectáculo para quem gosta de música, da boa música que nos enche a alma e nos conduz aos limites da beleza. A sua voz, perfeito instrumento musical, mostrou-se na sua plenitude e é um convite permanente para a termos connosco, nas nossas casas, em momentos de intimidade.

Hoje, voltarei a ouvi-la, graças à tecnologia que nos dá, no dia-a-dia, horas inesquecíveis de música, outrora apenas experimentadas nas salas dos concertos.

Jacinta é para se ouvir com frequência, numa busca constante da arte que a anima, na procura metódica das suas qualidades vocais, na apreciação da sensiblidade com que mostra famosos intérpretes, na leitura melódica do que canta.

F.M.

Um artigo de D. António Marcelino

O APAGAR DA MEMÓRIA


A memória, porque nela se guarda o repositório da história vivida, com êxitos e fracassos, fidelidade e desvios, é uma faculdade indispensável e do maior interesse em relação ao presente e futuro das pessoas e da sociedade. Os que, a pretexto de serem doutos e actuais, a baniram ou dispensaram no processo educativo ou mesmo no seu dia a dia, poderão ver o malogro em que caíram. 
A revolução de Abril, para além do que trouxe de bem, escreveu, também, pela acção imediata e impensada de alguns dos seus mentores e executores, uma página triste e lamentável, ao apagar a memória de séculos de história. Numa euforia emocional queimaram-se livros e documentos, apagaram-se sinais, implementaram-se projectos, exorcizaram-se factos. Assim se empobreceram os mais novos na sua formação e aos mais velhos se retiraram importantes referências. 
Recordo, como nos fins de 1975, numa escola primária que pude visitar na zona de Alcobaça, ao falar às crianças, por qualquer razão de momento, da importância da história, a professora interrompeu-me, com a autoridade de mestra sabedora, para dizer que isso de estudar história era uma perda de tempo. Agora só se falava, dizia ela, de coisas passadas há mais tempo se houvesse na região algum monumento famoso que o justificasse. Se não houvesse, não fazia falta e era perder tempo. Tal qual assim. Menos mal que alunos presentes viviam na zona de um grande monumento. Pena ser um mosteiro frades, mas era o que havia… 
Vejo agora, com interesse, que nasceu uma associação com nomes sonantes, empenhada em que não se apague a memória. Mas qual? A do fascismo salazarista, com todos os horrores das prisões, perseguições, pides, tarrafais e caxias… É preciso que as gerações jovens, de hoje e de amanhã, saibam o que durante quarenta anos de travas se passou em Portugal, para se prevenirem de desvios futuros. Tudo bem. Mas Portugal não começou como nação, nem como país, na década de trinta do século XX, nem em Abril de 1974. Parece, porém, não haver igual solicitude para defender a memória de uma história nacional, longa de séculos, com grandes portugueses como protagonistas e em que aconteceram muitas coisas boas e outras menos boas, que é preciso não esquecer. 
A história não é mestra da vida só quando nos traz factos do nosso agrado ou colados a uma ideologia que nos é querida e simpática. História é história e há que saber lê-la sem preconceitos, para que nos possa ensinar transmitir não apenas cultura, mas também valores e sentido para a vida. Ora vê-se um apagamento programado de valores e uma ignorância crassa de pessoas e de acontecimentos que nos empobrecem cada vez mais.. 
Assiste-se à destruição de instituições, como a família, que constituíram e constituem a fibra resistente do tecido social e humano. Assistimos ao esvaziamento humano e relacional da escola, espaço e tempo indispensáveis como alfobre das gerações que deram alma ao país. Ridiculariza-se o conceito de Pátria, destruindo laços de esperança e de compromisso social. Faz-se contraponto desafinado à acção secular da Igreja, que ainda ninguém igualou na sua diária e decisiva missão humanizadora e espiritual. 
Salvo melhor e mais justificada opinião, tudo isto comporta uma memória que não se pode apagar e é preciso avivar, para que a comunidade tenha alma e alargue os horizontes do saber e do viver. O apagamento da memória, tal como a memória curta, empobrece sempre. Normalmente andam atrelados a interesses que denunciam mais teimosia que sabedoria, e só persistem mais tempo se o vento da história sopra a favor. Mas, até o vento muda…

quarta-feira, 11 de outubro de 2006

UM POEMA DE ORLANDO FIGUEIREDO

SE MORRER Se morrer num dia de chuva cantai a chuva Se morrer num dia de sol cantai o sol cantai as nuvens as estrelas cantai cantai Se morrer e houver luar fazei do mundo uma planície verdejante com estrelas penduradas nas árvores todas as manhãs

PONTE DA GAFANHA

QUEM SE LEMBRA
DA ANTIGA PONTE?
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Quem se lembra da antiga ponte da Gafanha, que nos ligava a Aveiro? E do que a circundava? Quem se lembra de caminhar por ela, sentindo-a tremer toda com a passagem de um ou outro carro mais pesado? Quem se lembra de ter de sair do autocarro, passar a pé, para depois voltar a entrar no mesmo ou noutro autocarro, porque o peso de tudo era muito?
Quem se lembra do seu envelhecimento e do receio que havia com medo de ela cair? Quem se lembra da sua substituição por uma de pedra e cimento, e da alegria que isso trouxe ao povo? E quem se lembra de essa mesma, a de pedra e cimento, ter caído com o peso de um camião?
Coisas para recordar. Porque recordar é viver.
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Fernando Martins
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Foto cedida por Ângelo Ribau

ROTEIRO PARA A INCLUSÃO

Cavaco Silva
enaltece trabalho voluntário
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O Presidente da República, Cavaco Silva, iniciou o seu terceiro Roteiro para a Inclusão, percorrendo a cidade de Lisboa para realçar a im-portância do voluntariado e mostrar casos de exclusão entre idosos, prostitutas e sem-abrigo. O Roteiro, dedicado ao "Volun-tariado e Exclusão Social em Meio Urbano" e que se prolonga por três dias, arrancou com a visita a uma instituição sedeada em Alcântara - a Entreajuda - que apoia outras instituições ao nível da organização e gestão, com o objectivo de melhorar o seu desempenho e eficiência. Da "modernização" do voluntariado, o périplo prosseguiu com a exclusão social extrema quando o Chefe de Estado visitou o Centro de Apoio Social de São Bento, uma instituição da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa que se dedica à reinserção de sem-abrigo. Na Serafina, onde almoçou, o Chefe de Estado foi conhecer a actividade do Centro Social Paroquial de S. Vicente de Paulo, cujo presidente é o cónego Francisco Crespo, ex-líder da CNIS, e mostrar boas soluções práticas para melhorar a qualidade de vida em bairros sociais antigos que se foram degradando. À tarde, o Chefe de Estado visitou uma idosa com dificuldades de locomoção, que vive no último andar de um prédio degradado de Lisboa sem elevador. Na visita, com que pretende chamar a atenção para os casos de idosos isolados nas grandes cidades, Cavaco Silva é acompanhado por voluntários de uma associação, a Coração Amarelo. Ao terminar o primeiro dia do Roteiro presidencial, o Chefe de Estado desloca-se ao Intendente e Alto de São João para visitar instituições que prestam apoio a prostitutas - Lar da Associação O Ninho e Obra Social das Irmãs Oblatas. O Roteiro para a Inclusão teve início em Maio, no Algarve e Alentejo, e foi dedicado às "Regiões Periféricas, Envelhecimento e Exclusão". Em Julho, o roteiro percorreu os distritos de Porto e Aveiro, sob o tema "Crianças em Risco e Violência Doméstica". ::

Fonte: SOLIDARIEDADE