quarta-feira, 7 de junho de 2006

Um artigo de Maria José Nogueira Pinto, no DN

Educação:
insistir
num modelo
sem futuro?
Em Espanha, a propósito da alteração da Lei da Educação, os professores denunciaram os quatro mitos que consideram responsáveis pelo fracasso do sistema: - O mito de aprender fazendo; o mito da igualdade; o mito do professor amigo; o mito da educação sem memória. Declararam-se também, maioritariamente, simplesmente fartos: - Da falta de esforço; da falta de autoridade na aula; do excesso de especialização; da integração sem meios; da deterioração do ensino público. Interrogo-me se, em Portugal, os professores (não só os "pedagogos", não os teóricos, não os sindicatos) não dariam do sistema português, dos seus mitos e ameaças, uma imagem aproximada. Fiz toda a minha aprendizagem em escolas públicas. Descontando o muito que aprendi em minha casa, é-me hoje possível confirmar sem sombra de dúvida, o quê e o quanto me foi ensinado nessas salas de aula. A escola do Estado Novo veio a ser acusada de mil e um defeitos, descrita como soturna e repressiva. Porém a minha geração, oriunda das mais diversas classes sócio-económicas, aprendeu. E guarda desse tempo uma memória mais banhada em ternura e nostalgia que marcada pela frustração ou revolta. É certo que eram ainda muitos os que não chegavam lá. E se "chegarem todos lá" se tornou justamente um objectivo, a questão que se coloca é a factura a pagar por uma massificação sem qualidade e com os fracos resultados que conhecemos. Os meus filhos passaram todos pelo ensino público que continuei a mitificar como uma experiência indispensável num processo escolar. Deram-se bem. A última vez que fui a uma reunião de pais, o progenitor da pior aluna explicou-me que o facto de a minha filha ter boas notas se devia a nós termos uma biblioteca em casa e ele não. Pareceu-me uma justificação simplista mas elucidativa de um estado de espírito autojustificativo que marca, em grande parte, o conformismo dos pais em relação aos seus filhos estudantes. Nos últimos 30 anos, a educação tem sido campo de experiências sucessivas, com leis e meias reformas, tornando cada geração uma grande cobaia, na qual se testam teorias e teimosias. Simultaneamente caíram intramuros escolares novos e agudos problemas sociais que deviam ter resposta a montante e a jusante, mas não têm. A escola transformou-se num espaço multifunções, exigindo-se que faça tudo menos ensinar: intervenção social, psicologia, tratamento da pré-deliquência, substituição da rede familiar, prevenção da violência doméstica, remédio para o abandono, a subnutrição, a doença e ainda o esforço diário de contrariar uma cultura de irresponsabilidade e laxismo. A classe dos professores é tida como uma das mais relevantes socialmente e, paradoxalmente, é uma das mais desrespeitadas. Para o que se lhes pede, são escassos os instrumentos de que dispõem para, com autoridade e eficácia, responder aos problemas daquele quotidiano. Para quem, como eu, trabalha com os sistemas sociais no combate à reprodução geracional da pobreza e da exclusão, o qual só é possível num quadro de equidade no acesso a competências que permitam uma progressiva e efectiva autonomização pessoal, para que o filho de um pobre não seja fatalmente pobre, o filho de um imigrante cresça integrado, um filho da droga não se drogue, a filha de uma mãe adolescente não tenha um filho aos 14 anos, etc., etc., sabe bem que o sistema de educação é determinante. Mas o sistema de educação é determinante para educar, para dar competências, preparando para a vida e para a autonomia, no saber pensar e no saber fazer, as novas gerações. Não é determinante para substituir a família, o atendimento social, o centro de saúde, a ocupação dos tempos livres ou as comissões de protecção de menores. Tem sido assim. Os nossos indicadores são péssimos. Os resultados estão à vista, com bolsas de pobreza mais persistentes e um país no geral mal preparado para competir. Estão à vista na nossa economia e nas nossas finanças públicas, nas nossas estatísticas e na nossa falta de norte e de inovação. Porquê, então, insistir neste modelo sem futuro que compromete todos os dias o mesmíssimo futuro português?
: Fonte: DN de 2 de Junho

terça-feira, 6 de junho de 2006

Citação

"Não me ofende, pois, que pais avaliem professores. Sendo que, quem julga, tem de ter o cadastro limpo: os pais estariam dispostos a serem avaliados pelo produto (os miúdos) que entregam nas escolas?"
Ferreira Fernandes,
no Correio da Manhã, de ontem

Marcelo Rebelo de Sousa RTP

Cavaco Silva saiu de Belém, apresentou-se como um ouvidor pelo país real. E só ouviu elogios. O professor também o vai elogiar?
Elogio o facto de Cavaco Silva ter uma preocupação social. E por ter chamado a atenção dos portugueses para a exclusão. Em período de campanha eleitoral fala-se disso, mas não se fala de todas as formas de exclusão e de alguns dramas concretos. E ele começou por um de que se fala pouco, que é a exclusão no Interior. Porque o país que domina hoje Portugal eleitoralmente, a comunicação social e tal, é o Litoral: a Grande Lisboa, o Grande Porto, Braga, Leiria. E o Interior fica marginalizado.
Começar por aí foi bom, porque foi chamar a atenção das cidades para um problema que normalmente não faz notícia. Em terceiro lugar, o apelo à sociedade civil. Há coisas boas que se pode fazer, há voluntariado, há instituições de solidariedade social. Não é só o Estado nem são só as autarquias, são as pessoas. Os que não são excluídos têm uma obrigação em relação aos excluídos.
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Um artigo de Francisco Perestrello, na Ecclesia

Classificações em cinema
Nos muito velhos tempos, anteriores a 1932, os filmes exibidos em Portugal não eram sujeitos a qualquer informação quanto ao público alvo, circulando livremente desde que aprovados, com ou sem cortes, pela censura. Nasceu então a classificação do Secretariado do Cinema e da Rádio, subordinada à moral cristã e amplamente divulgada pela Rádio Renascença e pelo Jornal Novidades. Evoluindo claramente ao longo dos anos tal classificação ainda hoje se mantém, através dos critérios em vigor para os Secretariados da SIGNIS, recente sucessora da Organização Católica Internacional do Cinema (OCIC). Em meados dos anos 50 do século findo o Estado chamou a si a responsabilidade. Sem mútuas interferências em relação ao S.C.R., deste respigou as primeiras classificações para os muitos filmes já em circuito comercial, alargando a Comissão de Censura à função classificativa para as novas estreias. Quer a informação estatal, hoje a cargo da Comissão de Classificação de Espectáculos, quer a subordinada aos critérios SIGNIS, têm essencialmente uma função puramente informativa, o que não impede que a Lei estabeleça que os anúncios dos filmes sejam acompanhados da respectiva classificação estatal. Dá-se, no entanto, um fenómeno curioso. Enquanto os canais de televisão são severamente punidos quando apresentam um filme de violência antes das horas estabelecidas por Lei, os jornais diários publicam o cartaz de Cinema sem qualquer atenção às classificações atribuídas, generalizando "Maiores de 12 anos" para a maioria dos títulos apresentados, enquanto nas restantes classificações estarem certas ou não, é fruto de puro acaso. Pegando, aleatoriamente, num jornal diário recente, verificámos que em 56 títulos 38 eram acompanhados de classificação errada, o que corresponde a 68 por cento. Sabemos que os próprios exibidores muitas vezes não dão, à partida, uma informação correcta, mas esta, em lugar de ser corrigida tem vindo a ser agravada pela indiferença de quem divulga ao público uma informação que fica assim sem qualquer valor.
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Foto: Douro, Faina Fluvial

Igreja aposta no diálogo com a Cultura

"DO TEMPO LIVRE À LIBERTAÇÃO DO TEMPO"
A Comissão Episcopal para a Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais promove as II Jornadas da Pastoral da Cultura, nos dias 16 e 17 de Junho, no Seminário do Verbo Divino, em Fátima, com o tema "Do tempo livre à libertação do tempo." Um dos objectivos das Jornadas é a consolidação de uma rede de representantes das estruturas da Igreja activas no mundo da Cultura: Dioceses, Congregações e Ordens Religiosas, Movimentos e outras expressões eclesiais. "As redes são vínculos de uma comum pertença, potenciam a partilha, tornam visível a comunhão. E, ao mesmo tempo, derramam a seiva, acendem o entusiasmo, facilitam o novo", aponta o Pe. Tolentino Mendonça, director do Secretariando Nacional da Pastoral da Cultura. Este responsável refere que as Jornadas são "uma etapa importante deste trabalho, ainda de sementeira, que a todos nos envolve". "Estamos perante um ‘novo campo da acção pastoral’, com o que isso significa de auscultação concreta e paciente da realidade e de perspectivação corajosa de caminho", explica, citando o documento do Conselho Pontifício da Cultura "Para uma Pastoral da Cultura". Participar nas Jornadas da Pastoral da Cultura é, segundo o Pe. Tolentino Mendonça, "uma oportunidade para conhecer leituras aprofundadas da realidade, trazidas por especialistas de relevo na Sociedade e na Igreja Portuguesas". "Parece-nos ser, sobretudo, um tempo de troca e fortalecimento neste caminho conjunto, um espaço para cruzar iniciativas, para sondar possibilidades", acrescenta. O programa dos dois dias inclui uma conferência sobre o tema "As novas tecnologias de informação representam uma viragem cultural?", um painel dedicado à "Cultura, Entretenimento e Intervenção Pastoral", uma performance sobre Espiritualidade e Arte Contemporânea intitulada "Uma bolha na água". Cabe ainda um momento de diálogo com D. Manuel Clemente, presidente da Comissão Episcopal para a Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais. Durante as Jornadas será feito o anúncio do vencedor da segunda edição do "Prémio de Cultura Padre Manuel Antunes".
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Fonte: Ecclesia
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Foto: D. Manuel Clemente, presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais.

Reconhecimento de competências

Uma nova
oportunidade
para um milhão
de portugueses
Três em cada quatro traba-lhadores portugueses não têm o ensino secundário, um número que o Governo quer diminuir, tendo para isso lançado 122 novos Centros de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências.
Os centros RVCC destinam-se a reconhecer as aprendizagens que os adultos desenvolvem ao longo da vida nos vários contextos profissionais, permitindo-lhes complementar essa formação e obter habilitações reconhecidas equivalentes ao 9º e 12º ano de escolaridade.
A intenção de combater a escolaridade reduzida dos portugueses foi reafirmada pelo governo, durante a cerimónia de lançamento dos 122 novos centros que contou com a presença do primeiro-ministro, José Sócrates, e dos ministros da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, e do Trabalho e Solidariedade, Vieira da Silva.
Segundo a ministra da Educação, actualmente o sistema RVCC destina-se apenas a adultos sem o 4º, 6º ou 9º ano de escolaridade, pois os centros só dispõem de instrumentos técnicos para fazer a formação até ao 9º ano. O 12º ano estará abrangido nestes centros já a partir do próximo ano lectivo, afirmou a responsável. "Terminámos agora a fase de homologação para criar os instrumentos técnicos necessários para o 12º ano. Esperamos que antes do Verão estejam homologados e que no próximo ano estejamos em condições de arrancar", disse.
Dos 122 centros lançados, 43 vão abrir na região Norte, 25 no Centro, 31 em Lisboa e Vale do Tejo, 19 no Alentejo, dois no Algarve e dois na região Autónoma da Madeira.
O lançamento destes novos centros permitirá tornar operacionais até ao final deste ano 220 centros, uma vez que já se encontram 98 em funcionamento. Relativamente ao calendário de abertura dos 122 centros, 30 serão inaugurados no primeiro semestre deste ano, 50 até Setembro e os restantes 42 até ao final do ano.
Com este projecto, o executivo pretende até 2010 qualificar um milhão de pessoas em 500 "Centros Novas Oportunidades" (centros RVCC) e combater a baixa escolaridade da população activa portuguesa – 75 por cento com menos do que o 12º ano e metade com menos do que o 9º ano.
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Fonte: SOLIDARIEDADE
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Foto do meu arquivo

domingo, 4 de junho de 2006

Citação

“Terão as religiões algo a dizer a este mundo? Segundo Paul Ricoeur, ‘se as religiões devem mesmo sobreviver, deverão satisfazer numerosas exigências. Em primeiro lugar, será preciso renunciar a toda a espécie de poder que não seja o de uma palavra desarmada. Deverão, além disso, fazer prevalecer a compaixão sobre a rigidez doutrinal. Será preciso sobretudo – e é o mais difícil – procurar, no próprio fundo dos seus ensinamentos, o que vai além do que é dito e graças ao qual cada uma pode esperar encontrar as outras. Não é nas manifestações superficiais – que se revelam competitivas entre si – que se fazem as verdadeiras aproximações. Só nas profundezas se encurtam as distâncias’. O Pentecostes é a festa de que gosto. É a festa de todos os sonhos, do mundo inacabado e do que há para cumprir no melhor das religiões. É a festa de todas as fronteiras que é preciso transpor: físicas, culturais e religiosas. Não para dominar, mas para descobrir que todos os seres humanos existem para cuidar uns dos outros, para responder à pergunta de Deus: ‘Que fizeste do teu irmão.’ É a festa do primeiro e do último sonho da humanidade.”
Frei Bento Domingues,
no Público de hoje

Um artigo de Anselmo Borges, no DN

Secularização e secularismo A palavra secularização vem de saeculum, que, no latim clássico, significava "século" (período de cem anos) e também "idade", "época". No latim eclesiástico, adquiriu o significado de "o mundo", "a vida do mundo" e "o espírito do mundo", sendo por esta via que se chegou ao sentido da palavra "secularização".
O termo, utilizado já no século XVII, para referir o abandono do sacerdócio ou da vida religiosa - ainda hoje se diz que o padre tal se secularizou -, figura, no Tratado de Vestefália (1648), com o sentido jurídico de apropriação pelo "mundo" de bens pertencentes à Igreja. Luis González-Carvajal, que faz a História do termo, refere que no século XIX começou a assumir um significado cultural, designando "um processo de mundanização vivido pela sociedade no seu conjunto".
Ainda hoje continuam os debates acalorados, sobretudo no domínio teológico, sobre a secularização. Se não falta quem a condena, pois estaria na base do afastamento da religião, outros saúdam-na como condição da purificação religiosa, da liberdade e da paz.
Há vários sentidos de secularização: pode ser vista como "eclipse do sagrado", "autonomia do profano", "privatização da religião", "retrocesso das crenças e práticas religiosas", "mundanização das próprias Igrejas". Aqui, interessa-nos sobretudo o sentido de autonomia das realidades terrestres.
Na perspectiva bíblica, o Deus transcendente pessoal cria o mundo a partir do nada e por um acto de pura liberdade de amor. A criação assim entendida implica uma diferença qualitativa infinita entre Deus e a criatura e a real autonomia do mundo, que é mundano e não divino, e é o fundamento da aliança do Deus-Liberdade com homens e mulheres livres. Se Deus cria a partir do nada, por amor e não por necessidade, então não há rivalidade nem concorrência de interesses entre Deus e a criatura. Pelo contrário, a vontade de Deus é a realização plena do homem: quanto mais vivo e realizado o ser humano for mais Deus é glorificado.
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Citação

"Não conheço muita gente, gente da minha idade, que leia, apesar de uma educação tradicional. Porquê? Porque ler implica um esforço: de atenção, de inteligência, de memória. Ler é uma actividade e a nossa cultura é quase inteiramente passiva. A televisão, o DVD, a música popular ou a conversa de computador não exigem nada, deixam a pessoa num repouso imperturbado e bovino. Mudar isto equivale a mudar o mundo"
Vasco Pulido Valente,
no PÚBLICO de ontem

Gotas do Arco-Íris - 20

CAPITÃO
DE BOM PORTO Caríssimo/a: Vamos então até à Capitania levados pela mão do Professor Jaime Vilar: «Pausa. Silêncio profundo com esboço de sorrisos nalguns rostos. O Comandante rompeu a expectativa: – Quem foi que trouxe para aqui este homem? – Fui eu, Senhor Comandante, avançou o Cabo autuante e testemunha do delito. Apanhei-o a fisgar e apreendi-lhe a fisga... Seguiu-se breve diálogo entre o julgador e o réu: - O senhor não sabe que é proibido fisgar? Saiba Vossa Excelência que sim. Eu sou pobre. Não tenho família nem nada de meu. Engraxo e remendo calçado de pobres.Sou coxo e muito doente. Às vezes, falta trabalho. Tenho vergonha de pedir e não sei roubar... Preciso de comer. Como moro perto de uma ribeira, em alturas de aperto vou apanhar duas enguias para matar a fome. Depois, vim para aqui a pé por não ter dinheiro para o comboio e estou ainda em jejum. Não posso voltar para casa a pé.... São mais de 13 quilómetros... - Leve-me este homem, ordenou o Comandante, e dê-lhe de comer e cem escudos para a viagem. Isso tudo do seu bolso...Está encerrada a audiência. Na sala ficou um rasto de cheiro a farrapo podre e a catinga. Alguns presentes e o próprio Comandante levaram a mão ao nariz, enquanto o Abílio de peito cheio pelo triunfo sobre o Cabo-do-Mar, saíu da sala atrás do zeloso agente da autoridade marítima... O Cabo Madeira acompanhou-o até uma tasca próxima, rilhando em silêncio os ossos do ofício, porque não podia rilhar os ossos do Abílio... Afinal de contas, o condenado fora ele, cabo-do-mar. O Abílio comeu e bebeu bem e recebeu ainda cem escudos para o regresso... Na despedida, desenterrou de um esconderijo da véstia uma nota de cem escudos, dobrada em quatro, tomou-a entre o polegar e o indicador da mão direita, deu-a a cheirar ao cabo passando-lha três vezes pelo nariz, e, com um sorriso velhaco e sarcástico de homem vingado, desabafou: - Estavam aqui, mas não são p'ra ti. Voltam para casa. Querias lã e foste tosqueado. Por causa de umas tristes enguias mostraste que não passas de um grande pato... Daí em diante, procurava ostensivamente encontrar-se com o Madeira nas regulares rusgas que fazia por aquelas bandas, e, saboreando o gozo, desafiava-o com cínica zombaria: “Vou à fisga. Anda mais eu atrás de mim que eu digo-te p'ra onde vou. Depois leva-me à Capitania e tu pagas-me a viagem e enches-me a barriguinha...” O Abílio viveu em paz enquanto pôde. Morreu há anos num Asilo das redondezas. Mas as memórias das suas habilidades e proezas perdurará entre a gente marinhoa que o conheceu, e só se apagará quando na Ria acabarem as enguias.» Aqui está a minha homenagem ao professor Jaime Vilar e a minha gratidão pelo que fez pela Terra Marinhoa e pelas suas Gentes; aí fica a saudação amiga ao novo Capitão do Porto de Aveiro e a todos os seus colaboradores. Será que o Abílio da Pega ainda anda por aí? Manuel

Uma reflexão do padre João Gonçalves, pároco da Glória

Outra força
O Cristão tem uma tarefa permanente, que não lhe dá tréguas; podíamos dizer que, quem se entregou e decidiu viver segundo os critérios do Evangelho, está em permanente luta.
Jesus Cristo não está contra ninguém; mas a vida que anuncia e propõe choca, em muito, com critérios de vida que por aí andam, nem todos respeitadores dos verdadeiros direitos de Deus e das Pessoas. Por isso, o Cristão está em luta, pela defesa e proposta de valores em que acredita e que acha serem bons para toda a gente.
As correntes são fortes; todos os baptizados sabem que não podem vacilar na sua fé, e que sairão vencedores se não confiarem apenas em si próprios. A sua força vem-lhes do Espírito Santo, o mesmo que transformou os tímidos Apóstolos em corajosos evangelizadores.
Essa é a outra Força com que sempre temos de contar, e que nunca falta aos nossos gritos de ajuda, para que o anúncio do Evangelho, pela palavra e pela vida seja, para todos, ocasião de encontro, de esperança, de permanente renovação pessoal e comunitária.
É o Espírito Santo que sempre nos segreda: não tenhas medo. É na Sua força que a nossa força se renova e se torna robusta.
In"Diálogo", 1076 - PENTECOSTES- Ano B

PENTECOSTES

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VINDE, ESPÍRITO DIVINO

Vinde, Espírito Divino, Celeste Consolador, E realizai nas almas As obras do vosso amor. Vinde, Espírito Divino, Com o dom da Sapiência, Ensinar a distinguir A verdade da aparência. Vinde, Espírito Divino, Com o dom da Fortaleza, Fazer crescer nossa fé Com invencível firmeza. Vinde, Espírito Divino, Vinde ao nosso coração, A mostrar-nos o caminho Que conduz à salvação. Dai certeza aos nossos passos, Luz aos nossos pensamentos, Para que sejam conformes Com os vossos mandamentos. Para que todos unidos No fogo da caridade Sejamos irmãos, agora E por toda a eternidade. In “Livro das Horas”

sábado, 3 de junho de 2006

Papa pede obediência aos Movimentos

Novos Movimentos Eclesiais
com Bento XVI


O Papa tem hoje um encontro com cerca de 300 mil pessoas que integram os chamados novos movimentos eclesiais, três dias depois de os ter chamado à obediência. Na Praça de S. Pedro, no Vaticano, membros desses grupos oriundos de todo o mundo (incluindo algumas centenas de portugueses) celebrarão com Bento XVI a vigília do Pentecostes, uma das mais importantes festas da Igreja Católica. No encontro, estarão católicos que integram grupos como o Opus Dei, os Neocatecumenais, os Focolares, Comunhão e Libertação ou Renovamento Carismático Católico. Estes e outros movimentos são conhecidos por acentuarem a sua ligação ao Papa e por sublinharem aspectos como os princípios da moral tradicional católica.
Também participam na iniciativa grupos como a Comunidade de Santo Egídio, envolvida no processo de mediação da paz em Moçambique e que acentua a dimensão de acção social da Igreja e do apoio aos mais pobres (um directório publicado em Novembro de 2004 pelo Vaticano regista já 123 associações diferentes de carácter internacional).Apesar da importante ligação ao Papa - ou por causa dela -, têm surgido tensões entre alguns destes grupos e os bispos diocesanos um pouco por todo o mundo.
Em causa está, muitas vezes, o poder que alguns movimentos acabam por tomar nas paróquias e comunidades locais, marginalizando quem não faz parte do seu grupo. Texto de António Marujo, no Público
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Citação

Nunca te detenhas!
Tem sempre presente que a pele vai ficando enrugada, que o cabelo se torna branco, que os dias se vão convertendo em anos, mas o mais importante não muda! A tua força interior e as tuas convicções não têm idade. O teu espírito é o espanador de qualquer teia de aranha. Atrás de cada linha de chegada, há uma de partida. Atrás de cada trunfo, há outro desafio. Enquanto estiveres vivo, sente-te vivo. Se sentes saudades do que fazias, torna a fazê-lo.
Não vivas de fotografias amareladas. Continua, apesar de alguns esperarem que abandones. Não deixes que se enferruje o ferro que há em ti. Faz com que, em lugar de pena, as pessoas sintam respeito por ti. Quando, pelos anos, não consigas correr, trota. Quando não possas trotar, caminha. Quando não possas caminhar, usa a bengala. Mas nunca te detenhas!
Madre Teresa de Calcutá
(1910-1997)
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Fonte: Correio do Vouga

Um artigo de Francisco Sarsfield Cabral, no DN

A vida não é só trabalho e dinheiro
Há coisas mais importantes na vida do que ganhar dinheiro." A frase é banal, mas dita pelo actual líder dos conservadores britânicos, David Cameron, merece atenção.
Depois de Margaret Thatcher ter sido afastada do poder em 1990, o Partido Conservador teve sucessivos líderes. Todos falharam, permitindo a Tony Blair ser o primeiro trabalhista a ganhar três eleições gerais seguidas.
Agora, porém, o vento parece estar a mudar. Blair perdeu autoridade e o seu mais do que provável sucessor, Gordon Brown, não tem a mesma empatia com o eleitorado do centro.
Por outro lado, o Partido Conservador parece ter encontrado em David Cameron, finalmente, um político capaz de conquistar votos.Para reconciliar os britânicos com os conservadores, Cameron inflectiu o partido ao centro e demarcou-se da herança de Thatcher.
A dureza da "Dama de Ferro" não deixou boa memória em muitos eleitores. Por isso Cameron tenta construir a imagem de um partido atento aos problemas das pessoas.
Nessa linha, o chefe conservador traz novas ideias para o debate político (algo em que os nossos dirigentes do PSD e do CDS deveriam reparar).
A sua mais recente proposta parte do reconhecimento de que o bem-estar humano não pode ser medido apenas em termos de dinheiro ou de bens transaccionados no mercado. Cameron sugere uma mais saudável relação entre o trabalho e a vida pessoal.
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Igreja mais dialogante

:: Papa quer Igreja mais dialogante com a opinião pública
Bento XVI defendeu no Vaticano que a missão dos meios de comunicação da Igreja é “construir pontes de compreensão e comunicação entre a experiência eclesial e a opinião pública”. O Papa falava a mil e duzentos colaboradores (dirigentes, jornalistas e técnicos) de meios de comunicação que são propriedade da Conferência Episcopal Italiana – o quotidiano “Avvenire”, o canal televisivo SAT 2000, o circuito radiofónico InBlu e ainda a agência de notícias SIR. Aos jornalistas católicos, Bento XVI deixou o desafio de dar “testemunho luminoso de profunda vida cristã, permanecendo sempre tenazmente unidas a Cristo para poderem ver o mundo com os olhos dele”. “A fé cristã está aberta a tudo o que de verdadeiro, nobre, justo, puro, amável, honrado existe na cultura dos povos”, assegurou. O Papa sublinhou a importância da função que os jornalistas católicos desempenham, em continuidade – disse – com o empenho de todos os católicos para “levar o Evangelho de Cristo à vida do país”. Nesse sentido, Bento XVI convidou todos a reflectir sobre as “relações entre fé e cultura”, observando que “a cultura do Ocidente tem vindo a distanciar-se, de modo cada vez mais acelerado, dos seus fundamentos cristãos”. “Especialmente no período mais recente, a dissolução da família e do matrimónio, os atentados à vida humana e à sua dignidade, a redução da fé à experiência subjectiva e a consequente secularização da consciência pública mostram-nos com dramática clareza as consequências deste distanciamento”, apontou. Aos media católicos pediu capacidade de “apoiar e promover as novas experiências cristãs que vão nascendo, ajudando-as a amadurecer uma consciência cada vez mais clara do seu enraizamento eclesial e do papel que podem desenvolver na sociedade e na cultura”. Em conclusão, o Papa deixou votos de que os dirigentes, jornalistas e técnicos dos meios de comunicação social da Igreja sejam “protagonistas de uma comunicação não evasiva, mas amiga, ao serviço do homem de hoje”.
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Fonte: Ecclesia

Livro Religioso

Livro religioso em busca de novos leitores
Editores lamentam pouca procura nas Feiras
do Livro
O universo editorial português tem sido marcado por um recente dinamismo no que diz respeito ao “livro religioso”, vendo nascer – a par das edições da UCP e outras editoras católicas – algumas colecções de livros que se propõem reflectir temas teológicos e associados ao fenómeno da Religião. Num momento em que as cidades de Lisboa e do Porto se encontram a viver as suas Feiras do Livro, o programa ECCLESIA foi perceber de que tratam esses livros e a que público se destinam. O Pe. Tolentino Mendonça, director da revista Didaskalia - da Faculdade de Teologia da UCP –, defende que é necessário contrariar a ideia generalizada de que em Portugal se faz teologia, e teologia a sério”, em áreas tão diferentes como a bioética, a história da arte, a exegese bíblica ou a teologia fundamental. Alexandre Palma, teólogo e diácono do Patriarcado de Lisboa, apresentou no último número da Didaskalia, um levantamento sobre o dinamismo editorial na área da Teologia. Ao programa ECCLESIA explica que “o fenómeno religioso começa a despertar interesse para além dos ambientes mais tradicionais, de forma mais generalizada”. Sinal disso é o aparecimento de publicações em editoras não tradicionalmente ligadas ao “livro religioso”. Para Tolentino Mendonça, “o fenómeno religioso passou do vitral para a montra”, permitindo que a Teologia, enquanto ciência humana, possa sair de um “círculo restrito”. Neste contexto, assinala, é fundamental que os católicos correspondam ao desafio lançado pelas editoras e procurem as obras, até para encontrar respostas para “a formação da sua fé”. Alexandre Palma lembra que várias das publicações que chegaram nos últimos tempos ao mercado “voltam-se para um público muito vasto, que se interroga sobre a sua caminhada de fé ou a procura de Deus”.
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Foto: Padre Tolentino Mendonça (Foto de arquivo)
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Fonte: Ecclesia

sexta-feira, 2 de junho de 2006

Um artigo de Cardoso Ferreira, no Correio do Vouga

Aveiro presente no "IAP XX"
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Um aspecto da Universidade de Aveiro

O concelho de Aveiro está representado, com trinta imóveis ou conjuntos arquitectónicos, no “IAP XX – Inquérito à Arquitectura do Século XX em Portugal”, elaborado pela Ordem dos Arquitectos, em parceria com a Fundació Mies van Der Rohe e o Instituto das Artes, co-financiado pelo Interreg III – SUDDE.
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O IAP XX tem por objectivo identificar e efectuar o levantamento do património português edificado no século XX, criando as bases para o seu conhecimento, valorização e preservação.
O “Inquérito à Arquitectura do Século XX em Portugal” resulta de um trabalho conjunto, à escala nacional, realizado ao longo de mais de dois anos, no qual estiveram envolvidos numerosos participantes associados, instituições, peritos, consultores convidados e mais de uma centena de municípios. Seis equipas de trabalho de campo, com 35 elementos, visitaram 304 concelhos, percorreram 120.122 quilómetros, recolheram 82.328 imagens e produziram 6.112 fichas de identificação de obras arquitectónicas relevantes, que estão disponíveis ao público, gratuitamente, no site da Ordem dos Arquitectos.
Para cada imóvel inventariado foi criada uma ficha de identificação, onde constam, entre outros dados relevantes, a designação e localização do imóvel, data e autoria do projecto original (bem como de intervenções relevantes feitas posteriormente), data de início e conclusão das obras.
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Uma iniciativa do Movimento de Schoenstatt

"Nossa Senhora na História
da Nossa Vida" Com contos escritos por crianças, pais, educadores e catequistas foi lançado o livro "Nossa Senhora na História da Nossa Vida". Os direitos revertem a favor das Missionárias da Caridade. Tendo como editoras a Lucerna e Patris, a obra, prefaciada por João César das Neves, é coordenada por Mafalda de Mello e Castro e ilustrada de Maria Madalena Ogando. "Nossa Senhora na História da Nossa Vida" foi concebido pelo Movimento Apostólico de Schoenstatt, no âmbito do trabalho na área educativa com crianças de todas as classes sociais e credos religiosos. Na obra, dezenas de crianças, educadores e catequistas dão um contributo com o testemunho pessoal de fé a Nossa Senhora e como o exprimem na vida quotidiana. A obra é composta por 15 contos que, segundo as editoras, tem como público-alvo os jovem os pais comprometidos com a cultura cristã e abordam temas como as diferenças culturais na escola, a integração das crianças com problemas de desenvolvimento ou deficiência. Num registo mais espiritual, fala ainda sobre o valor da oração, a necessidade da fé e a importância do ser humano aos olhos de Deus. O lançamento público foi no Museu de Marinha, em Lisboa, e contou com a presença do Bispo auxiliar do Patriarcado de Lisboa, D. Manuel Clemente, e com João César das Neves, Henrique Mota, o editor da Lucerna, o editor da Patris e o director nacional do movimento de Schoenstatt.
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Fonte: RR

quinta-feira, 1 de junho de 2006

Agustina Bessa-Luís no CUFC

Quarta-feira, 7 de Junho, pelas 21.30 horas
:: Agustina Bessa-Luís no CUFC
A escritora Agustina Bessa-Luís, uma das mais importantes figuras da literatura portuguesa contemporânea, vai estar no CUFC (Centro Universitário Fé e Cultura), na próxima quarta-feira, 7 de Junho, pelas 21.30 horas, para falar sobre “A Vida, a Literatura, o Mundo…", em mais uma Conversa Aberta, do Fórum::UniverSal, seguida de diálogo. A moderação é de Dias da Silva. A presença da autora de “A Sibila”, “O comum dos mortais”, “Um cão que sonha”, “Contos impopulares” e “Doidos e Amantes”, entre muitas outras e diversificadas obras, é uma mais-valia para este projecto mensal, organizado pelo CUFC e pela Fundação João Jacinto de Magalhães/Editorial UA. A escritora estará no mesmo dia, no final da tarde, com jovens do Ensino Secundário, na Biblioteca Municipal de Aveiro. Entradas livres.

Citação

"Portugal tem feito muito por Timor e continuará a ter um papel muito importante. Pena é que alguns, após a independência, julguem que já não precisam dos portu-gueses"
D. Ximenes Belo,
no JN de ontem

Um artigo de D. António Marcelino

DOIS CASOS
CURIOSOS
DE PAÍSES
INSUSPEITOS O primeiro passou de raspão pela comunicação social, que depressa se calou. Do segundo, só me dei conta na imprensa estrangeira, pois não seria politicamente correcto ser sequer referenciado entre nós. Ambos são fruto de iniciativas e medidas de governos legítimos da União Europeia, a Inglaterra e a Alemanha, e coincidem com grandes preocupações de um e de outro país, no que se refere à educação escolar e ao resultado da mesma em relação ao presente a o futuro dos alunos que frequentam as escolas. O governo inglês levou ao Parlamento uma proposta de lei que foi aprovada, não obstante alguns votos contrários do partido que o sustenta, abrindo caminho para confiar a instituições particulares, (associações de pais, associações educativas, instituições religiosas, grupos organizados de professores e educadores…) as escolas estatais. A medida baseia-se na convicção de que as escolas particulares ou cooperativas, no conjunto do país, funcionam melhor e com melhores resultados que as oficiais. Certamente que haverá regras e exigências concretas para estas novas escolas. A mentalidade estatizante, partidária ou não, reagiu de imediato à proposta de lei e à aprovação da mesma. Mas o governo de Sua Majestade, consciente do que fazia e mesmo das críticas, manteve a decisão e vai dar-lhe seguimento. A sua preocupação, muito legítima, não é de ordem partidária ou ideológica, mas de serviço ao bem comum, às famílias e às novas gerações. O governo de Angela Merkel, ao apreciar a perda de valores éticos e morais da gente nova e a incapacidade de esta geração ser educada e enriquecida com valores indispensáveis à vida pessoal e em comunidade pelas escolas do Estado, propõe uma “Aliança para a Educação”, com a participação da Igreja Católica e da Igreja Evangélica, dado que estas são as grandes confissões religiosas do país. O argumento é claro: como dificilmente se podem adquirir valores consistentes na educação à margem dos valores religiosos, e se estes no país são, predominantemente, os valores do cristianismo, serão estas instituições que melhor poderão colaborar num processo educativo com futuro. Não se excluem outras confissões religiosas que, pela sua seriedade e consistência, possam também colaborar. A Ministra da Família, que apresentou e promove este projecto governamental, parte da experiência da sua própria família e do que deseja, como mãe, para os seus sete filhos. “As Igreja e suas associações, diz a ministra, são grandes aliados neste esforço comum por estabelecer em todo o país uma forte rede em ordem ao cuidado e à formação dos alunos, que se entrelaça e maneira muito particular com os direitos sociais e morais”. No mesmo contexto, diz ainda que “valores como respeito, fiabilidade, confiança e sinceridade são uma valia protectora que ajuda os nossos filhos a caminhar pelas sendas da sua vida” e explica que, “assim como se deve aprender bem a própria língua para depois poder aprender outras, é conveniente ter conhecimentos claros sobre a religião própria, para dialogar com outras confissões religiosas” e até, acrescento eu, com os que se dizem ateus ou agnósticos. Com uma forte decisão de proporcionar meios educativos válidos “num mundo cada vez mais inseguro e incontrolado, há duas coisas, diz Úrsula von der Leyen, a ministra, em que podemos influir pessoalmente que ganham cada vez mais importância: a família e a religião”. É curioso como alguns políticos e intelectuais, sempre prontos para comparar o que se passa em Portugal e nos países mais evoluídos da Europa, desconheçam ou calem o que, em aspectos fundamentais da vida aberta ao futuro, se procura e tenta nesses países. A destruição da família, o relegar da religião, o marasmo da educação não terão nada a aprender com estes dois casos paradigmáticos, por cá ignorados ou rejeitados?

Dia Mundial da Criança: Trabalho Infantil

:: HÁ CRIANÇAS
SEM TEMPO PARA BRINCAR
Por estes dias, voltou a falar-se do trabalho infantil. Não do trabalho em que cada adulto, em especial, e cada criança, em particular, têm de se envolver, segundo as suas idades e competências, mas do trabalho de homens e mulheres que os mais pequenos têm de fazer. Obrigados, está bem de ver, pelas famílias, que, decerto, vivem com gravíssimas dificuldades económicas, por razões de todos conhecidas e de solução complicada, eu sei. São crianças que não têm tempo de o ser, porque as circunstâncias da vida a isso as obrigam. Nasceram em enxergas ou berços paupérrimos e foram sobrevivendo em ambientes de pobreza, de fome, de miséria. E a sociedade, que tanto chora estas realidades e tanto jura combatê-las, não tem conseguido fazer muito do que seria desejável. São crianças que não vão à escola, que não têm tempo para brincar, que talvez nem saibam rir, nem conviver com outras da sua idade, que têm de trabalhar para ajudar no sustento da casa. As últimas notícias mostravam crianças dessas a trabalhar para uma multinacional da moda, que já prometeu investigar o caso, por motivos de estratégia publicitária ou humanitária, quem sabe? O que é importante é que as estruturas estatais e a sociedade saibam dar as mãos para resolver estes casos, com urgência. Não estou aqui a fazer a apologia do não-trabalho. Acho que todos, novos e velhos, têm a obrigação de trabalhar, até porque o trabalho educa. Mas cada um deve trabalhar tendo em conta as suas idades, capacidades e aptidões. As crianças também: depois das aulas e das obrigações escolares, depois da hora de brincar e do descanso, elas bem podem e devem ajudar os pais nas lidas caseiras, sem violência. Agora terem de trabalhar para ganhar a vida, como qualquer adulto, é que não. Que este Dia Mundial da Criança nos ajude a todos a enfrentar, com coragem e determinação, o drama das crianças que não têm tempo de o ser. Fernando Martins

Dia Mundial da Criança: Um poema de João de Deus

A menina está no berço Tendo a mãe de se ausentar Disse à filha mais velhinha: “Fica tu em meu lugar De guarda à nossa casinha; A menina está no berço, Embala-a suavemente. Entretendo a inocente Com esta cantiga em verso: Passarinhos, vinde em bando A ver anjinho tão lindo Que a mana está embalando Contente de o ver dormindo.”

FILARMONIA DAS BEIRAS ENCERRA ANO LECTIVO NA UA

Hoje, às 21.30 horas, no Auditório do Departamento de Comunicação e Arte
Concerto de Encerramento
do Ano Lectivo
pela Filarmonia das Beiras
O Concerto de Encerramento do Ano Lectivo de 2006 está agendado para esta Quinta-feira, 1 de Junho, às 21.30 horas, no Auditório do Departamento de Comunicação e Arte. A Orquestra Filarmonia das Beiras interpretará António Luís Miró, Fernando Lopes-Graça e Joaquin Rodrigo. A entrada é livre. A Orquestra Filarmonia das Beiras (OFB) apresenta um programa de música ibérica: Joaquin Rodrigo, o compositor espanhol mais importante da segunda metade do século XX; António Miró, compositor espanhol do século XIX, que fez carreira em Portugal; e Fernando Lopes-Graça que, este ano, tem vindo a ser celebrado pela OFB, já que se comemora os 100 anos do seu nascimento. Integrado no encerramento do ano lectivo da Universidade de Aveiro, o concerto está marcado para as 21.30, no Auditório do Departamento de Comunicação e Arte, e será apresentado, no dia seguinte, nas Jornadas de Música de Lavra – Matosinhos, também pelas 21.30 horas. A direcção será do maestro Rui Pinheiro, tendo como solistas o pianista Paulo Pacheco e os guitarristas Ivan Ivanovic e Michalis Kontaxakis.
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Fonte: Portal da UA