segunda-feira, 10 de abril de 2006

Quotas para o mérito

A jornalista Isabel Stilwell disse, no “Notícias Magazine”, que “O bom povo português agradecia uma lei a exigir a presença obrigatória de pelo menos um quarto de pessoas inteligentes nos partidos políticos. Independentemente do sexo. Mas essas quotas não as quiseram eles!”. E acrescentou que “Os homens bem podem começar é a pensar numa lei de quotas para eles, enquanto ainda os deixam assinar leis e diplomas”.
Ora aqui está uma ideia que merece uma oportuna reflexão, numa altura em que tanto se discute sobre quotas (humilhantes) para mulheres na política. Mais importante do que isso será, então, estabelecer quotas para o mérito. Aí, muitos políticos, homens, ficariam de fora. F.M.

Na antiga Capitania

“O sentido da vida: Que horizontes?” Até 23 de Abril, pode apreciar, na antiga Capitania, uma exposição colectiva de Artes Plásticas, subordinada ao tema “O sentido da vida: Que horizontes?”. Trata-se de uma iniciativa da Comissão Diocesana da Cultura, em parceria com a Câmara Municipal de Aveiro e com a associação AveiroArte. De terça a domingo, das 14 às 19.30 horas, o visitante pode debruçar-se sobre trabalhos de 48 artistas, procurando reflectir, com a ajuda de todos eles, sobre o sentido da vida. Uma exposição a não perder, até porque, na Quaresma, há razões mais do que suficientes para compreendermos que só uma vida com sentido pode projectar-se em todos os horizontes. F.M.

Na Loja do Cidadão

Fotografias na Loja
Na Loja do Cidadão, em Aveiro, os alunos de Fotojornalismo do ISCIA (Instituto Superior de Ciências de Informação e Administração) expõem fotografias captadas com arte e sensibilidade. A Vida num parque de Aveiro, Peixeiras e Rastos da Noite podem ser apreciados na Loja do Cidadão até ao próximo dia 29, de segunda a sexta-feira, das 8.30 às 19.30 horas, e aos sábados, entre as 9.30 e as 15 horas. F.M.

Citação

“É possível viver com o fracasso. Não se consegue é viver com os sonhos no armário” Bill Clinton, antigo Presidente dos EUA, in Jornal de Negócios

Um artigo de D. António Marcelino

PERGUNTAS FATAIS
PARA UM PROCESSO
EDUCATIVO VÁLIDO
Um pedagogo argentino, de nome consagrado, ao passar por Portugal, como orador num Curso de Verão sobre problemas da educação, deixou-nos esta reflexão final: “Interrogar-se acerca da formação da personalidade é, afinal, formular as perguntas fatais da educação: para quê e para onde queremos educar”. Um pouco atrás, fez outra pergunta, que ele mesmo classificou de fundamental: “ Como ensinar e promover as capacidades exigidas a um cidadão democrático?” Quem faz perguntas, procura respostas. Quem não se interroga não tem condições para progredir. Ouvir de outros e fazer perguntas a si mesmo pode ser incómodo, por isso as respostas ou não existem ou são tolas e desfasadas. Em educação as perguntas pertinentes podem determinar o processo educativo. O “para quê” e o “para onde” ou o “em que sentido” têm de iluminar e orientar toda acção educativa da família e da escola e, de modo igual, das diversas instâncias educativas. De outro modo, o esforço para educar será inútil e o tempo perdido. Não vai para parte nenhuma quem não sabe para onde vai, nem para onde quer ir. Não será, porventura, esta fatalidade, que explica fracassos e insucessos na educação? Num suplemento de fim-de-semana, que um dos jornais diários anexava há dias ao caderno principal, fazia-se a publicidade de um famoso grupo rock estrangeiro, nestes termos: “Para acabar de vez com as boas maneiras!”. O mesmo era dizer que não havia regras para apreciar ou para presenciar, e que destruir conceitos e preconceitos era a palavra de ordem. Na música e na vida. Muito aliciador, para gente sem peso nem norte. Como nessa semana o prato forte das minhas actividades andou à volta de encontros com professores e de reflexão sobre a educação e a escola que temos, vieram-me à memória as perguntas fatais e fundamentais, do mestre argentino. Educar é sempre construir com projecto e, por isso, precisa horizontes e regras. As regras geram constrangimento para quem julga que ser livre é fazer tudo quanto lhe apetece, e não aceitar qualquer intervenção de outrem na sua vida. Ora, educar é sempre um processo relacional que permite permuta e possibilita transmissão de saber já adquirido e de experiências de vida, torna livremente activo quem está em aprendizagem mais evidente, e não dispensa o horizonte do porquê, do para quê, do como e do para onde, para que haja motivação para aprender, desenvolver capacidades, ter opções com critérios, agir com discernimento e vontade, ter alegria de viver e de realizar, dispor, enfim, de um sentido na vida e para a vida. Um horizonte reduzido acaba por não apaixonar. Largo e a perder-se no longe do tempo, obriga a persistência, criatividade, necessidade de ajuda, vontade determinada, esperança e utopia. As desistências, os insucessos e os desvios condenáveis de um agir sem regras, maneiras e ética, mostram que as interrogações que motivam a agir da pessoa, não funcionaram. Há, por vezes, estrangulamentos no processo educativo, influências estranhas com poder, medos justificáveis de educadores, desinteresse ostensivo de educandos, leis patetas de técnicos e psicólogos sonhadores e ineptos, omissões graves de quem determina o processo, desconhecendo a realidade e a vida, instituições que andam à caça de fracassos nos espaços educativos dos outros, para desviar a atenção da noite que cobre os seus campos de acção, de teor idêntico. Os que querem, acabam por ser prejudicados pelos que não querem ou não sabem, passando o mal a ter história e o esforço do bem a ser esquecido, quando não mesmo vilipendiado. Admiro cada vez mais os educadores que não desistem e os jovens que prosseguem no caminho que traçaram, resistindo às influências que os rodeiam. Nenhuma sociedade tem futuro sem uma educação séria que não medo das interrogações fatais.

Gotas do Arco-Íris - 12

ARCO-ÍRIS, MODELO E MESTRE ... 

Caríssimo/a: Ouve-se, com frequência, que “a Primavera já não é o que era”... Não sei se concordo, mas, observando o meu pequeno mundo, nunca vi tantas flores nos nossos jardins (o «meu» jardim, os jardins do condomínio, os jardins dos bancos: os bcps, os bpis, os bes, eu sei lá..., e até de uma ou outra repartição pública, que também as há com as suas floreiras..., e vamos lá de alguns hospitais, e, sejamos justos, os jardins públicos...). 
Se antigamente Portugal era um jardim à beira mar plantado, hoje talvez o mar esteja plantado a ver o nosso jardim... E vem esta prosa tão pouco garrida, porque um canteiro me cativou... Vi-o de longe e admirei a sua mancha colorida... Logo me pus a lançar elogios para o ar dirigidos aos meus dois bons Amigos Manuel Casqueirita e João Matias; aquele da Marinha Velha e este de Vilar... 
Numa época em que a decoração de altares de Igreja era exclusivo das Mulheres e Raparigas das nossas aldeias, o ti Casqueirita e o João Matias ousaram e conquistaram um espaço que por todos era respeitado e hoje é saudado... Bem hajam! 
Ia assim divagando e aproximando-me, a pé, vagarosamente como as minhas pernas mo vão permitindo, olhando e reparando para o dito canteiro... E ali está, deitado, sonolento, nesta tarde chuvosa... Mas onde estão as flores? Os jardineiros foram ardilosos e de uma imaginação inimaginável: as manchas de cor foram conseguidas com ...couves e pedrinhas... Só o arco-íris pode ter sido o mestre de artistas tão requintados!... E por hoje, vamos com o nosso ramo, mais ou menos florido, saudar outro Mestre.

Manuel

Nota: Por motivo de ausência, só hoje posso introduzir no meu blogue a habitual colaboração do amigo Manuel.

Agradecimentos

Alguns leitores foram muito simpáticos, como veriquei, com e.mails, mensagens e telefonemas, preocupados com a minha ausência. Não foi por doença, graças a Deus, mas por necessidade de mudar de ares. O homem, mais do que os outros seres vivos, precisa, de quando em vez, de respirar noutros ambientes. Foi o que fiz.
Mesmo fora de casa, porém, aqui estou como prometi, ao sabor das portas que se abrem, o que, felizmente, se está a tornar mais fácil.
O meu muito obrigado pelos cuidados dos meus leitores.
Fernando Martins

quarta-feira, 5 de abril de 2006

Mais uma saída

Mais uma saída. Mais uma ausência. Quando puder, por cá passarei para a partilha do que penso e sinto com os meus amigos e habituais leitores.
Fernando Martins

terça-feira, 4 de abril de 2006

Um artigo de António Rego

A glória de João Paulo II
A celebração do primeiro aniversário da morte de João Paulo II seguiu, por inteiro, o dinamismo pessoal e pastoral de Karol Wojtyla: exposto ao mundo do primeiro ao último momento, tão visível nas horas de brilho e festa como nos momentos frágeis no aspecto, no andar, no falar, no encontro com os povos, com os governos, as Igrejas, e com esse universo incontável de interesseiros que não quiseram perder a oportunidade de serem fotografados com o Papa como peça de currículo. Bento XVI expressou bem todo o percurso, acentuando o seu despojamento progressivo: “Nos últimos anos, o Senhor foi a pouco e pouco privando-o de tudo, para que a Ele se lhe assemelhasse. A sua morte foi o cumprimento de um testemunho de fé que tocou o coração de tantos homens de boa vontade”. Esteve em pleno na sua imagem, depois apenas no gesto e na voz como aconteceu na última Via Sacra a que presidiu na sua Capela particular onde nem o seu rosto foi mostrado ao público. O mundo seguiu o drama e a festa da vida deste homem que sempre vibrou ao ritmo das comunidades a que presidiu e à Igreja Universal que, como pastor, confirmou vigorosamente na fé.
Dado o seu longo Pontificado, as últimas gerações já não se aperceberão inteiramente das mudanças e sobretudo do ritmo e estilo que ele imprimiu à Igreja no seu original pastoreio.
Tudo mudou. Se o essencial é o mesmo, a forma de o apreender, transmitir e aplicar, altera-se com o tempo, as revoluções culturais, políticas, técnicas e religiosas.
João Paulo II não é isento dos contextos da história na sua vida pessoal, nas perturbações da Polónia, da Europa, no choque da modernidade que ganhou uma explicitação e visibilidade nunca antes vistas, dos dramas de guerra e dos progressos de paz que nunca deixaram de acontecer.
Este todo teceu o seu Pontificado a que imprimiu uma tónica particular. É mais fácil a homenagem que a análise objectiva e pedagógica para a Igreja e para o mundo. Por isso o esfumar-se do tempo ajuda melhor à percepção distanciada da realidade.
Abre-se agora esse período. Da transição do afecto para a clareza dos factos. À frente dos quais está o próprio processo de beatificação que não é alheio a todo o itinerário do Papa Wojtyla.

A Gafanha vista por Júlio Dinis

"IMAGINEI-ME TRANSPORTADO À HOLANDA"
“Escrevo-te de Aveiro. São 7 horas da manhã do histórico dia de S. Miguel. Acabo de me levantar. Acordou-me o silvo da locomotiva. Abri de par em par as janelas a um sol desmaiado que me anuncia o Inverno. A primeira coisa que este sol alumiou para mim, foi a folha de papel em que te escrevo; aproveito-a, como vês, consagrando-te neste dia os meus primeiros pensamentos e o meu primeira quarto de hora. Aveiro causou-me uma impressão agradável ao sair da estação; menos agradável ao internar-me no coração da cidade, horrível vendo chover a cântaros na manhã de ontem, e imensas nuvens cor de chumbo a amontoarem-se sobre a minha cabeça, mas, sobretudo intensamente aprazível, quando, depois de estiar, subi pela margem do rio e atravessei a ponte da GAFANHA para visitar uma elegante propriedade rural que o primo, em casa de quem estou hospedado, teve o bom gosto de edificar ali. Imaginei-me transportado à Holanda, onde, como sabes, nunca fui, mas que suponho deve ser assim uma coisa nos sítios em que for bela. Proponho-me visitar hoje os túmulos de Santa Joana e o de José Estêvão, duas peregrinações que eu não podia deixar de fazer desde que vim aqui. A casa em que eu moro fica fronteira à que pertenceu ao José Estêvão. Há ainda vestígios das obras que ele projectava fazer-lhe e que, por sua morte, ficaram incompletas. Tudo isto se vendeu, e dizem que por uma ninharia. Chequei a Aveiro um pouco dominado pela apreensão de que talvez viesse ser infeccionado pelos eflúvios pantanosos da terra e cair atacado por sezões, circunstância que não obstante o colorido local que me havia de dar, nem por isso me havia de ser muito agradável. Nada porém de novo me tem por enquanto sucedido, e continuo passando bem, e, o que é mais, engordando”.
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Carta escrita em Aveiro,
em 28 de Setembro de 1864,
e dirigida ao seu amigo Custódio Passos

Visita à Costa Nova

COSTA NOVA, RENOVADA, À ESPERA DE VERANEANTES (Para ver melhor clique na foto)

MENSAGEM DE PÁSCOA DO BISPO DE VISEU

Páscoa, Festa da Vida A Páscoa acontece no tempo da primavera, quando a natureza desperta e a vida ressurge e refloresce como que por milagre. Neste contexto natural do ressurgir da vida, a Páscoa cristã celebra a vida ressuscitada de Cristo como explosão de vida nova para o mundo: é, ao mesmo tempo, a festa da vida de Deus em nós, a festa da vida humana renovada em Cristo, a festa da esperança mais forte do que a morte. Por isso, esta festa expande-se: sai das igrejas para as ruas, através da visita pascal, para levar o canto do Aleluia a todas as casas e a todos os corações; comunica-se com um sorriso e um gesto de amizade nas ruas, nos autocarros, no trabalho, na escola, na família, na paróquia, nos hospitais.
O canto pascal do Aleluia mostra que a voz humana não sabe apenas gritar, gemer, chorar, mas também cantar a vida e a sua beleza. Afirma que Jesus Cristo vive, que vale a pena viver e gritar a bondade e a beleza da vida humana, protegê-la, defendê-la e promovê-la em todas as circunstâncias.
A Páscoa propõe-nos pois um programa de vida que compete a cada um acolher e realizar. Anuncio-o e ofereço-o a todos vós, com os votos de que vos ajude a compreender e a viver a alegria da Vida em Cristo e a beleza de levar apoio fraterno a cada existência humana.
Feliz Páscoa em Cristo Ressuscitado! Aleluia!
D. António Marto,
Bispo de Viseu

segunda-feira, 3 de abril de 2006

As nossas paisagens

FAROL DA BARRA DE AVEIRO
Hoje, no meu passeio matinal, um pouco antes de o Sol se ver na sua plenitude, cruzei-me com amigos na Praia da Barra. Captei, na fotografia, o casamento entre o Farol e o Obelisco, cujas inscrições valem como lição de história.
Vi que muitos passavam a correr sem as ler e senti a falta de curiosidade que algumas pessoas ostentam. Acho que não podemos nem devemos andar sempre a correr. De quando em vez vale bem a pena parar e ler o que nos é oferecido, sem nada nos exigirem em troca. Aqui fica a sugestão.

ARTE SACRA: Restauros

RESTAUROS: Todo o cuidado é pouco
Há muitas histórias de restauros (?) de Arte Sacra que me deixam perplexo. Por ignorância de quem os encomenda e por incom-petência de quem os faz. Daí que se exija a uns e a outros que não brinquem com coisas sérias e que consultem quem sabe do assunto, para se evitarem erros que podem levar a perdas irreparáveis.
Portugal é rico em Arte Sacra, o que tem de levar a um redobrado cuidado para se não perder ou prejudicar um património de valor incalculável, normalmente na posse da Igreja Católica. A Arte Sacra exposta nos museus e que, em muitos casos, é património do Estado, está, em princípio, salvaguardada dos ataques de curiosos e de incompetentes. Mas a outra, a que ainda ornamente alguns templos, essa deve merecer de todas as comunidades e dos seus primeiros responsáveis um carinho muito especial e um esforço muito grande de preservação.
Quando for chegada a hora do restauro, que é uma forma de se evitar a morte lenta das peças artísticas, então que se siga a via da consulta a quem sabe, para que o trabalho seja executado com todo o rigor e apoiado em bases científicas.
F.M.

domingo, 2 de abril de 2006

Exposição na antiga Capitania: algumas imagens

"O sentido da vida: que horizontes?"

Exposição na antiga Capitania

A não perder, até 23 de Abril “O sentido da vida:
que horizontes?”
Ontem, ao fim da tarde, a antiga Capitania, um ex-libris de Aveiro, franqueou as suas portas para que os amigos das Artes Plásticas pudessem apreciar trabalhos de 48 artistas. Com predominância de pintura, fruto das mais diversas técnicas, os artistas que responderam à chamada da Comissão Diocesana da Cultura (CDC) e da AveiroArte, com o apoio da Câmara Municipal de Aveiro, disseram o que pensavam do tema que lhes foi proposto: “O sentido da vida: que horizontes?”. Esta iniciativa, nascida no seio da CDC, criada há menos de um ano por D. António Marcelino, Bispo de Aveiro, traduz-se num passo significativo de aproximação entre a Igreja Católica e os artistas da região aveirense, em especial, numa época em que se tem verificado um certo divórcio entre fé e cultura, em especial as artes. Já lá vai o tempo em que a Igreja se manteve como o grande mecenas dos artistas. Atestam-no os ainda hoje belíssimos templos de todos os Estilos arquitectónicos, as estátuas e estatuetas que os ornamentam, as pinturas e outros traços artísticos que os decoram, bem como os museus cheios de Arte Sacra que nem sempre recebem a atenção de muitos crentes e dos amantes da arte em geral. Esta mostra, que exibe sensibilidades para todos os gostos, que reflecte maneiras de pensar sobre o sentido da vida e sobre os horizontes em que essa mesma vida se pode projectar, merece mesmo uma visita. Até 23 de Abril, da parte da tarde, não deixe de passar pela antiga Capitania, um edifício que é coevo da Arte Nova. Fernando Martins
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Foto: Claudette Albino e Gaspar Albino, que orientaram uma visita à exposição, apresentam Maria Aurora, antiga professora de Matemática, que começou a pintar há 13 anos, apenas quando se aposentou.

Morte de João Paulo II: um ano depois

Um farol para muitos de nós
A morte de João Paulo II, há um ano, não passou despercebida a ninguém, crentes, não crentes e indiferentes. A sua personalidade forte e por isso carismática marcou o nosso tempo de forma indelével. Mas os crentes, esses, sentiram de forma diferente a sua vida e o seu testemunho de fé. Um ano depois da sua partida para o Pai, não posso deixar de partilhar com os meus leitores quanto admirei (e ainda admiro) o Papa com quem mais me relacionei como homem e como católico interessado em lutar por um mundo melhor. Ao ler as suas encíclicas e outros documentos, ao ouvir a sua palavra em sentido de escuta, ao fixar-me nos seus olhos e nas suas expressões, continuo a experimentar uma certa tranquilidade. O arauto de Deus, o mensageiro da Boa Nova de Jesus Cristo e o lutador por uma sociedade mais justa e mais fraterna mantém-se presente no meu dia-a-dia, nos meus sonhos e projectos, mas também na minha fé em tempos de mais fraternidade universal. Afinal, o Papa peregrino de tantos horizontes, do diálogo entre gerações e entre religiões, o Papa da paz e da aproximação entre as pessoas, O Papa da libertação dos oprimidos e dos mais pobres dos pobres, dos jovens e dos mais velhos, o Papa do sorriso terno e do gesto simples, aí está entre nós. É bom, pois, recordá-lo neste dia em que celebramos a sua entrada definitiva na história dos homens e mulheres do nosso tempo, na certeza de que, por muitos e muitos anos, a sua palavra, escrita ou dita, permanecerá como farol para muitos de nós. Fernando Martins

Um poema de Sophia

O poema
O poema me levará no tempo Quando eu não for a habitação do tempo E passarei sozinha Entre as mãos de quem lê O poema alguém o dirá Às searas Sua passagem se confundirá Com o rumor do mar com o passar do vento O poema habitará O espaço mais concreto e mais atento No ar claro nas tardes transparentes Suas sílabas redondas (Ó antigas ó longas Eternas tardes lisas) Mesmo que eu morra o poema encontrará Uma praia onde quebrar as suas ondas E entre quatro paredes densas De funda e devorada solidão Alguém seu próprio ser confundirá Com o poema no tempo In Livro Sexto :
Nota: Este poema foi publicado no sábado, na revista XIS, por Laurinda Alves, em jeito de homenagem à Primavera e ao Dia Mundial da Poesia, que se celebraram no dia 21 de Março. Diz Laurinda Alves, na apresentação do poema e de um texto muito poético de Sophia, com que abre a revista: “com infinita gratidão pela luz com que ela [Sophia] continua a iluminar a nossa vida”. Subscrevo, obviamente. F.M.

João Paulo II: Um ano depois da sua morte

João Paulo II recordado em todo o mundo
Fiéis de todo o mundo preparam-se para comemorar hoje o primeiro aniversário da morte de João Paulo II. Um pouco por todo o lado, esta data vai ser assinalada com numerosas celebrações, mas os olhares vão estar voltados, com toda a atenção, para a Praça de São Pedro, em Roma, lugar onde o Papa, à hora precisa do falecimento de João Paulo II (21:37H, hora local), irá dirigir-se aos cerca de 120 mil peregrinos esperados, a partir da janela, e recitar a oração do Terço em memória de seu predecessor.
Nesta vigília promovida pela Diocese de Roma, a Praça de São Pedro vai reviver, a partir das 20h30 (menos uma em Lisboa) o ambiente que precedeu o momento da morte do Papa polaco, começando com a actuação do Coro diocesano, que apresentará cânticos marianos e passagens de textos de Karol Wojtyla aos peregrinos.
Ao mesmo tempo, em Cracóvia e Varsóvia, na Polónia, centenas de milhar de polacos no decorrer de grandes missas campais erguerão ao céu velas acesas para recordar Karol Wojtyla. Já hoje ao final da tarde o antigo secretário pessoal de João Paulo II, o cardeal Stanislaw Dziwisz, actual arcebispo da cidade de Cracóvia, presidirá à celebração que marca o final dos trabalhos do tribunal rogatório para a causa de beatificação, sem que, no entanto, esteja concluída a fase diocesana deste processo.
Em Moscovo será celebrada uma missa solene na Catedral da Imaculada Conceição, na presença do corpo diplomático e de representantes de diferentes confissões. Do outro lado do Atlântico, nos Estados Unidos, o centro cultural João Paulo II, em Washington, organiza este domingo um dia de comemoração com missa, concerto e uma conferência sobre a herança do antigo papa.
Na Segunda feira, dia 3 de abril, pelas 17h30 locais, o Bento XVI presidirá a uma Missa de sufrágio por João Paulo II, no exterior da Basílica de São Pedro.
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Fonte: Ecclesia

Um artigo de Anselmo Borges, no DN

Diálogo
inter-religioso
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Uma religião não começa por ser uma doutrina, pois tem a sua raiz numa experiência: a experiência do Sagrado, do Mistério vivo, que traz salvação aos homens e dá Sentido último à existência.
No cristianismo, essa experiência do Sagrado dá-se pela mediação do encontro com Jesus Cristo, que revelou que Deus é amor. Essa experiência necessita também de uma tradução doutrinal e, sendo vivida comunitariamente, portanto, em Igreja, requer um mínimo de organização institucional.
Mas nunca se pode esquecer que o núcleo da Igreja é a experiência viva do Deus vivo, cuja outra face é o amor e o serviço da Humanidade. O Deus de Jesus não se revelou para que lhe prestemos culto, mas para que nos respeitemos e amemos uns aos outros. O interesse de Deus são mulheres e homens vivos. Portanto, a concentração na doutrina e na instituição pode levar a distorções da mensagem originária do Evangelho.
Aliás, no que se refere aos aspectos doutrinais e institucionais, não se deve esquecer a necessidade de atender às diferentes culturas, para se não cair na uniformidade. Há um só Evangelho, mas expresso em quatro evangelhos: segundo São Mateus, São Marcos, São Lucas e São João.
Que compreensão teríamos de Jesus se as primeiras comunidades cristãs, em vez de derivarem de Jerusalém para Atenas e Roma, tivessem caminhado para a Índia e para a China? O Evangelho é tão rico que exclui toda a tentativa de uniformização. Dirigindo-se a mulheres e homens concretos, que são constitutivamente seres culturais, tem de encarnar nas diferentes culturas.
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(Para ler todo o artigo, clique aqui)

GOTAS DO ARCO-ÍRIS - 11

E SE O ARCO-ÍRIS QUEBRASSE AS ROTINAS?
Caríssimo/a: Dizia-me um Amigo: “Olha, cá estamos de novo a recriar as nossas rotinas: uns a ir aos médicos, outros a fazer aquilo de que gostam.” E eu fiquei-me a pensar nesta das rotinas... Rotina... aquilo que se repete... e repete... e repete... até ao infinito... Dirão alguns: mas que seca! ... Mas o Lúcio, é dele que se trata (vós não o conheceis), acrescenta: outros a fazer aquilo de que gostam! Quer dizer que a rotina também nos pode dar prazer!... E à medida que vamos avançando, não será a rotina a maneira de nos tornar a vida mais fácil?! Bem, o certo é que aqui estou sentado dentro do carro, a ouvir música sinfónica, enquanto escrevo (outras vezes, leio), à espera dos netos que vão sair das aulas... Também já outros tiveram a sua rotina à nossa espera... De vez em quando é bom quebrar as rotinas, tal como o está fazendo o Arco-Íris que nos mimoseia com uma valente chuvada! Mas depois volta a sorrir, prazenteiro no seu colorido que, apesar de ser sempre o mesmo, até ao infinito, nos adverte perguntando: Será que já não gostas das minhas cores? Rotinando e saudando, Manuel
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Foto de um "site" brasileiro

sábado, 1 de abril de 2006

Um artigo de Francisco Sarsfield Cabral, no DN

Fazer melhor com menos dinheiro
Portugal atrasa-se no con-junto das economias euro-peias porque a produtividade portuguesa é inferior à da maioria dos nossos parceiros e não tem melhorado.
Dantes, desvalorizava-se o escudo para manter competitivas as exportações e o turismo. Desvalorizar significava ser preciso exportar mais para importar o mesmo. Era uma forma de empobrecimento nacional, mas dava jeito aos empresários, que assim não precisavam de se esforçar muito em melhorias de produtividade. Mas o euro acabou com a bengala da desvalorização da moeda.
Tudo isto é sabido, falta é aumentar a nossa produtividade. Aqui jogam inúmeras variáveis, desde a utilização de novas tecnologias aos factores culturais (como os nossos maus hábitos em matéria de pontualidade, aversão ao risco e sentido de organização, ou o baixo nível de formação dos gestores e dos trabalhadores). É difícil atacar todos esses factores e alguns deles, os culturais, demoram gerações a mudar. Ora há uma área onde poderemos obter substanciais subidas directas e indirectas de produtividade em tempo relativamente curto: o Estado, que gasta quase metade do PIB português.
É certo que cerca de um terço da despesa pública são meras transferências (pensões, subsídios de desemprego, etc.).
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(Para ler todo o artigo clique aqui)

António Guterres recebe Prémio Personalidade do Ano 2005

"Já é prémio suficiente o que estou a fazer"
António Guterres aceitou ontem o Prémio Personalidade do Ano 2005, atribuído pela Associação de Imprensa Estrangeira em Portugal (AIEP) com agrado evidente. Confessou-se "surpreendido" pela honra, tanto mais que "é já prémio suficiente estar a fazer aquilo que estou a fazer, que era exactamente aquilo que queria nesta fase da minha vida", sustenta. Uma missão de serviço público que procurou, e à qual se candidatou, a recolher agora os frutos mais visíveis.
O facto de Kofi Annan ter escolhido o seu nome para o Alto-Comissariado facilitou a tarefa à Associação de Imprensa Estrangeira em Portugal. Os membros foram unânimes na decisão de lhe atribuírem o galardão, ninguém hesitou na resposta final.
"Os últimos meses do ano costumam ser tensos para nós, muitas vezes as preocupações chegam mesmo a ameaçar-nos o Natal. Mas este ano não, foi tudo muito fácil e um enorme prazer. Não tivemos problemas existenciais", brincou o presidente da AIEP, Ramón Font, na cerimónia de entrega que animou a noite de quinta-feira no Casino Estoril, apoiada pela RTP.
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(Para ler todo o texto, clique DN)

Ruy Belo: A chegada dos dias grandes


A chegada dos dias grandes 

Da luva lentamente aliviada
a minha mão procura a primavera
Nas pétalas não poisa já geada
e o dia é já maior que ontem era

Não temo mesmo aquilo que temera
se antes viesse: chuva ou trovoada
é este o Deus que o meu peito venera
Sinto-me ser eu que não era nada

A primavera é o meu país
Saio à rua sento-me no chão
e abro os braços e deito raiz

E dá flores até a minha mão
Sei que foi isto que sem querer quis
e reconheço a minha condição.


 

AVEIRO: paisagens aveirenses