terça-feira, 3 de janeiro de 2006

Um artigo de António Rego

O regresso
Para muitos, o Natal também é a visita breve ao planeta da infância, da pequena terra, da casa à medida da primeira história pessoal e familiar. Esse retorno é muito mais que mítico ou fantástico. É uma viagem real ao que fomos e somos. Noutra dimensão, espaço e convivência. Trata-se duma verdadeira fuga ao quotidiano, à rotina, ao pão ganho com o suor do rosto, aos cálculos minuciosos na gestão dos dias e das horas, do que se tem e do que falta. É uma verdadeira viagem ao paraíso perdido por razões aparentemente óbvias mas realmente inexplicáveis.
E, todavia, para os sempre urbanos que “não têm terra para visitar no Natal” há uma nostalgia íntima que se não sabe explicitar mas que tem a ver com outro espaço, único porventura, que todo o ser humano precisa para se situar, referir, explicar, personalizar sob o signo do afecto pela terra, pelos sabores, horizontes, pela aproximações familiares aos objectos e recantos por onde a imaginação nunca deixou de vaguear. A peregrinação da vida tem a ver com o nosso passado e com o nosso futuro. Nunca teremos suficientemente clarificada a infinitude de razões que nos situam onde estamos e encorajam na viagem para onde queremos ir. Ficou-nos no coração a magia desta semente na caminhada para o infinito mais ou menos definido. Vamos passando por pequenas fontes, sempre convictos de que a sede voltará outra vez, até que um dia sejamos definitivamente saciados. A plenitude como desiderato é sempre um propulsor de recriação e conversão dos nossos pequenos e grandes passos.
Tudo isto a quê? À necessidade de ampliarmos as nossas experiências estreitas e breves para um Além que nos atrai irresistivelmente. O mistério do Natal ora vivido veio, com especial vitalidade de símbolos e vivências aparentemente insignificantes, projectar-nos numa área do infinito de Deus revelado na insignificância exterior do Seu Filho num presépio. Muitos dos nossos passos foram errantes e sequiosos duma Estrela como a que guiou os Magos até ao local onde Jesus nasceu. Regressamos ao quotidiano com a convicção interior de que há horizontes e experiências para além do colete de forças a que frequentemente nos sujeitamos.

Um artigo de Francisco Perestrello, na Ecclesia

O Cinema no Natal
Chegado o Natal é tempo de estreias relacionadas com a época. Como escasseia o Cinema europeu e o do Sul da Europa, é um contributo para o esquecimento das nossas tradições e comemorações do verdadeiro Natal, para nos rendermos à neve, ao pinheiro e ao Pai Natal, figura simpática de origem nórdica com uma certa inspiração em São Nicolau.
Vimos este ano «Um Milagre de Natal» e «Matança de Natal», este último uma comédia inócua de espírito bem pouco natalício mas relacionando-se sem dúvida com a época.
Mas importante, mais pelo tema que pelo tratamento cinematográfico, temos «Feliz Natal», uma co-produção europeia sobre um acontecimento da I Guerra Mundial. Partindo de uma situação real, mas com componentes fictícias, o filme tem um objectivo de denúncia da guerra, em si mesmo absurda. Tropas que se confrontam, se matam mutuamente, pertencendo, afinal, ao mesmo género humano.
Facto abafado pelas autoridades militares até ao limite que lhes foi possível, o Natal de 1914 foi marcado por tréguas em algumas zonas da frente. E o caso narrado, bem especial, centra-se na situação criada por uma simples canção tradicional mundialmente conhecida. Cessados os tiros ouviu-se o “Stille Nacht” na voz de um tenor da Ópera de Berlim. Escoceses e franceses, bem como os alemães, abandonaram os postos de combate e confraternizaram na terra de ninguém. Tal permitiu, na manhã seguinte, que se enterrassem os mortos e se disputasse depois uma amigável partida de futebol...
Mas a guerra tinha de continuar.
Os mesmos homens voltaram a matar-se mutuamente e foram vítimas de sanções disciplinares. O Natal venceu por pouco tempo, mas mostrou bem que na alma dos combatentes ainda restavam sentimentos mais fortes que o ódio ao inimigo.
Christian Carion adaptou os factos ao argumento cinematográfico e realizou o filme. Deu a conhecer ao mundo um facto que até à data tinha tido uma divulgação relativamente restrita.

domingo, 1 de janeiro de 2006

MENSAGEM DE ANO NOVO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Posted by Picasa Jorge Sampaio apela à participação nas próximas presidenciais
O Presidente da República, Jorge Sampaio, apelou hoje à participação dos portugueses nas eleições presidenciais do próximo dia 22, afirmando que o escrutínio será marcado por um forte consenso nacional sobre o papel do chefe de Estado. As palavras de Jorge Sampaio foram proferidas na sua última mensagem de Ano Novo enquanto Presidente da República, durante a qual considerou que 2005 ficou marcado por "dificuldades internas e externas" e "foi o pior ano da crise europeia".
"A próxima eleição presidencial vai ter lugar num quadro de estabilidade constitucional, marcado por um forte consenso nacional sobre o estatuto institucional do Presidente da República e sobre a função presidencial", declarou.
"Apelo aos portugueses a que participem nesta escolha tão importante para o nosso futuro", acrescentou o chefe de Estado que termina o mandato de dez anos (1996-2006) em Belém no dia 9 de Março.
Sublinhando a crise em que o país se encontra, Sampaio manifestou-se preocupado com os "muitos portugueses que enfrentam grandes dificuldades no seu emprego e na sua vida" e sublinhou a "urgência" de Portugal realizar "reformas políticas, económicas e orçamentais".
O Presidente defendeu que, ao dar maioria absoluta ao PS, os portugueses fortaleceram as condições de estabilidade "indispensáveis" para efectivar essas reformas, para as quais disse ter alertado os governos socialistas e PSD/CDS-PP.
"Todos eles puderam contar com a solidariedade institucional do Presidente da República e com o meu empenho constante em revelar toda a extensão dos problemas, de modo a poder mobilizar a vontade nacional para os resolver", adiantou.
(Para ler mais, clique PÚBLICO)

PATRIARCA DE LISBOA CONTRA INVESTIGAÇÃO DE EMBRIÕES

Posted by Picasa Cardeal Patriarca de Lisboa D. José Policarpo contra investigação em embriões excedentários
O cardeal patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, manifestou-se hoje, durante uma homilia em Lisboa, contra a investigação em embriões excedentários a propósito da preparação da legislação portuguesa sobre fecundação assistida. Para D. José Policarpo, a actual preparação da legislação que regule a procriação medicamente assistida em Portugal é "um exemplo preocupante" e "nem todas as descobertas da ciência, aplicadas sem o rigor ético de defesa da dignidade da pessoa humana, são factores de paz".
Quatro projectos de lei sobre a procriação medicamente assistida foram aprovados em Outubro na Assembleia da República e encontram-se em discussão na especialidade. Apesar de se praticar desde 1986, a procriação medicamente assistida nunca foi regulamentada em Portugal.
O cardeal patriarca de Lisboa defendeu que "a dignidade da procriação humana, ligada à família e ao amor, os direitos inalienáveis do nascituro, entre os quais sobressai o direito de ter uma família, com um pai e uma mãe, sobrepõe-se, do ponto de vista moral, ao entusiasmo de aplicar, ao sabor dos critérios individuais, todas as possibilidades que a ciência abriu".
Falando na Basílica doa Mártires, a propósito do Dia da Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus e do Dia Mundial da Paz, D. José Policarpo considerou que o processo técnico-científico devia evitar a existência de embriões excedentários (resultantes de tratamentos contra a infertilidade e que não foram implantados no útero).
Em nome da "dignidade do embrião humano", o cardeal patriarca manifestou-se contra "qualquer investigação, por mais promissora que seja".

Uma reflexão do padre João Gonçalves, pároco da Glória

Posted by Picasa Padre João Gonçalves
Guardar no coração Há por aí muitos cofres, onde se guardam as mais variadas coisas; há cofres para o ouro, para os documentos, para as recordações, para a história; há também coisas que vale a pena guardar e preservar, outras não. Mas há coisas que se guardam na memória e no coração.
Diz-se de Maria que Ela ia fixando e guardando no coração o que se dizia de Seu Filho, acabado de nascer. E tinha razões para isso. O que se diz de Jesus Cristo e, particularmente, o que Ele nos diz, é para ser guardado no mais íntimo de nós, de modo a mobilizar também o que há de mais profundo em nós: o coração e a consciência.
Cada Homem devia ser detentor de grandes valores: os da Paz, os da Caridade, os do Respeito, os da Partilha, os da Justiça, e tantos outros, de modo a poder ser sempre fonte de Bem; para si e para os outros; para os próximos e para os de longe.Maria deu-nos o maior Bem, porque se assumiu, livremente, como escrava, serva, disponível; e ensina, como Mãe, como se é Feliz e como se fazem Felizes os outros.
Aceitar a Vontade de Deus é aceitar viver e lutar por valores incontestáveis, a que o amor sempre conduz.
In "Diálogo", 1055 - DIA 1 de Janeiro - SANTA MARIA MÃE DE DEUS

Os médicos que vieram do frio

A maioria dos médicos vem da Ucrânia ou da Moldávia, mas há também imigrantes dos PALOP.
A média de idades ronda os 30 anos
A ideia partiu de uma dúvida. "Por que razão há em Portugal tantos imigrantes qualificados a fazer trabalho não qualificado?" A resposta chegou de uma certeza. "A maioria não tem dinheiro para pagar o reconhecimento da licenciatura." É desta forma simples que Luísa Vale, da Fundação Gulbenkian, explica como a instituição pôs mãos à obra e deu início a uma acção pioneira em Portugal ajudar médicos e enfermeiros a exercer a profissão no País.
O projecto começou em 2002. Três anos, 120 médicos e 59 enfermeiros depois, está para continuar, depois de ter permitido reforçar unidades de saúde de todo o País com mais de uma centena de clínicos. "Nunca pensámos ter uma taxa de sucesso tão elevada, esperávamos valores entre os 40 e os 50%.
Mas 105 dos 120 médicos já conseguiram a equivalência, o que representa 87%", explica Rosário Farmhouse, directora do Serviço Jesuíta aos Refugiados, a organização não governamental que fez a selecção dos candidatos.
(Para ler todo o texto, clique DN)

MILÃO: ENCONTRO EUROPEU DE TAIZÉ

50 mil passaram ano em oração no Encontro Europeu de Jovens
Como em todos os anos, os jovens participantes no Encontro Europeu de Taizé e as paróquias que os acolheram, em Milão, são convidados a entrar em 2006 de uma forma original. Em cada uma das paróquias de acolhimento terá lugar uma Vigília de Oração pela Paz, em comunhão com os povos que sofrem.Em fins de 2006, o Encontro Europeu de Jovens organizado pela Comunidade ecuménica de Taizé terá lugar em Zagreb, a capital da Croácia.
A notícia foi dada em Milão, local do Encontro de 2005, pelo Irmão Alois a cerca de 50 mil jovens, dos quais oitocentos são portugueses. O sucessor do Irmão Roger, fundador daquela comunidade religiosa em França, também anunciou a realização de um Encontro de Taizé na Índia, entre 5 e 9 de Outubro de 2006. “Os encontros europeus continuarão todos os anos.
O próximo terá lugar daqui a um ano, entre os dias 28 de Dezembro de 2006 e 1 de Janeiro de 2007, na Europa central. Ficaremos felizes por Zagreb acolhe em fins de 2006 o Encontro Europeu de Jovens sermos acolhidos na capital da Croácia, em Zagreb”, disse quarta-feira à noite o Irmão Alois. “Nestes últimos anos, jovens de diversos continentes vieram cada vez em maior número a Taizé. Também eles nos pedem para alargarmos a nossa peregrinação”, acrescentou.
O alargamento dos Encontros de Taizé a outros continentes é o resultado do “caminho que o Irmão Roger abriu”. “Para nos escutarmos uns aos outros e para apoiar uma esperança — anunciou o Irmão Alois —, teremos no próximo ano um encontro na Índia, entre 5 e 9 de Outubro de 2006. Reunirá jovens de toda a Índia, e também de outros países asiáticos e mesmo europeus.
Ele terá lugar em Calcutá”. As novidades não ficaram por aqui. “Nos anos seguintes – adiantou o líder da Comunidade de Taizé –, prepararemos encontros de jovens na América Latina, e depois na África. Para estes encontros – acrescentou –, apoiar-nos-emos uns aos outros. Eles serão um sinal muito humilde desta comunhão única que é a Igreja”.
Fonte: Ecclesia

Na verdade, a paz – esperança e compromisso

Manuela Silva, Presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz, sublinha que "a ausência de paz é uma infelicidade
O Papa Bento XVI acaba de dar a conhecer a sua Mensagem para a celebração do próximo Dia Mundial da Paz de 2006, dando assim continuidade à tradição dos seus predecessores Paulo VI e João Paulo II.A mensagem é apresentada com o título sugestivo: “Na Verdade, a Paz”.
A escolha do tema de reflexão proposto assenta numa convicção profunda que o Papa exprime nestes termos: “sempre que o homem se deixa iluminar pelo esplendor da verdade, empreende quase naturalmente o caminho da paz” .
Desejar, procurar e praticar a verdade, na nossa vida pessoal como nas nossas relações sociais ou nas múltiplas instituições cívicas e políticas com que se tece a vida colectiva nas nossas sociedades, é, assim, um primeiro desafio incontornável para quantos se dizem amantes da paz.E todos desejamos a paz, porque esse bem supremo está de algum modo inscrito no mais profundo do nosso ser; é seu elemento constitutivo. Se derivas existem – e tragicamente as conhecemos – sentimo-lo como mal, como ruptura de humanidade. A ausência de paz é uma infelicidade.
(Para ler toda a reflexão, clique aqui)

GOTAS DO ARCO-ÍRIS

Posted by Picasa QUAIS SÃO AS CORES DO ARCO-ÍRIS? Caríssimo:
A vida é um permanente desafio. Todos de acordo?
Bem, se assim é, e porque aqui estamos, vamos partir para uma conversa que, saindo da mesma vida, terá tanto de deslumbramento como de realismo…
Muitos de nós lemos um texto clássico do menino pobre que, vendo no céu um arco-íris com todo o seu esplendor, foi buscar a sua caixa de tintas e resolveu enchê-la com as cores que via no céu e tocavam na terra mesmo ali à frente. Correu, correu… Já conheceis o final da história… Pobre rapaz!
Mas que encerra magia…
A invernia tinha-se instalado e as garroas apanhavam os mais desprevenidos. É normal surgir um arco-íris… Mas que é isto: bem definidos projectam-se na esfera celeste quatro magníficos arcos coloridos, cada um no seu ponto cardeal!… O fascínio é total olhando para as águas da Ria!
O ar é de magia!…
… e todo o encanto do renascer…
O sorriso da Maria Inês, bem recortado, atravessa o arco-íris, de ponta a ponta. Bem no alto da curvatura, o Daniel deixa cair o seu xixi que se desdobra nas sete cores. A Francisca as recolhe e lança no espaço com a sua sonora gargalhada. Cá em baixo, o Manuel chuta a bola que ao pinar na base do arco faz com que ele se agite e bamboleie. Então a Sara mergulha e espreme as cores que ondeiam como se tocadas pela brisa. A Beatriz, que ensaiava o seu passo de dança e lançava os braços para longe do corpo, quase caía com tal agitação. Vem em seu auxílio a Mariana pedalando calmamente a sua bicicleta com as rodas na borda vermelha que se abaula pois o Tomás repuxa as costuras que unem as diversas cores…
O mundo é de fantasia… Também o André, a Margarida, a Íris, o Raphael, a Cassandra, o Ivan e tantos, tantos outros e outras aí têm o seu cantinho de guarida e de encantamento…
Saibamos nós recolher uma ou outra gota deste arco assombroso e que, pressentindo a nossa varinha de condão, se esfuma e nos deixa nos olhos a sede das cores…
Bom ano Manuel :: NB: Manuel é Manuel Olívio da Rocha, o novo colaborador dos domingos.

MENSAGEM DO PAPA PARA O DIA MUNDIAL DA PAZ

Posted by Picasa Papa Bento XVI «Na Verdade, a Paz»
1. Com a tradicional Mensagem para o Dia Mundial da Paz, ao início do ano novo, desejo fazer chegar afectuosos votos a todos os homens e mulheres da terra, e de modo particular a quantos sofrem por causa da violência e dos conflitos armados. São votos repletos de esperança por um mundo mais sereno, onde cresça o número daqueles que, individual ou comunitariamente, se empenham a percorrer os caminhos da justiça e da paz.
2. Desde já gostaria de prestar um sincero tributo de gratidão a meus predecessores, os grandes Pontífices Paulo VI e João Paulo II, clarividentes obreiros da paz. Animados pelo espírito das Bem-aventuranças, souberam ler, nos numerosos acontecimentos históricos que marcaram os respectivos pontificados, a intervenção providencial de Deus que jamais Se esquece da sorte do género humano. Repetidas vezes, como infatigáveis mensageiros do Evangelho, convidaram toda a pessoa a recomeçar de Deus para se conseguir promover uma convivência pacífica em todas as regiões da terra. É na esteira deste nobilíssimo ensinamento que se coloca a minha primeira Mensagem para o Dia Mundial da Paz: através dela, desejo uma vez mais reiterar a firme vontade da Santa Sé de continuar a servir a causa da paz. O próprio nome — Bento — que escolhi no dia da eleição para a Cátedra de Pedro, pretende indicar o meu convicto empenho a favor da paz. De facto, com ele quis fazer alusão seja ao Santo Patrono da Europa, inspirador de uma civilização pacificadora no Continente inteiro, seja ao Papa Bento XV, que condenou a I Guerra Mundial como um « inútil massacre » [1] empenhando-se para que fossem reconhecidas por todos as razões superiores da paz.
(Para ler toda a Mensagem, clique aqui)