segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Tempo de Profecia Evangélica

"Num tempo de crescente globalização, importa acreditar que os jovens migrantes cristãos querem e devem ser protagonistas da esperança vivida e proclamada nos caminhos difíceis da solidariedade, da justiça e da paz! Os conflitos de fronteiras entre os povos, as vicissitudes de autonomias inconsolidadas, as dificuldades sentidas no respeito pela diferença, o desinteresse manifestado face ao sofrimento alheio, a insensibilidade diante da pobreza, da dor e da exclusão são desafios incessantes a um urgente protagonismo da esperança e a um tempo de profecia evangélica."
Da homilia do Bispo de Aveiro na eucaristia da ordenação do presbítero Johony Freire Loureiro, na Sé de Aveiro, no passado domingo.

Homenagem ao Capitão Francisco Marques

O Navio-Museu Santo André vai ser palco, no dia 22 de Agosto, pelas 18.30 horas, de mais uma merecida homenagem ao Capitão Francisco Marques, com a projecção do filme “A Faina Maior do Capitão Francisco Marques”. Leia mais em Ponto de Encontro
Nota: Foto de Ponto de Encontro

FÉRIAS: Notas do Meu Diário

PALMAS PARA A HOMILIA
A missa dominical foi na igreja de Nossa Senhora da Conceição, de portal gótico. Por dentro, nada de anormal. Templo sóbrio, de três corpos. Com bancos quase para toda a gente que vive a missa dominical, esteja onde estiver. De férias, era o caso. Nas paredes laterais, diversas ventoinhas ajudavam a tornar o ar respirável. Percebia-se que havia muitos turistas. Alguns ingleses e de outras nacionalidades, estes em menor número. Coral constituído por gente local e tudo bem ordenado. O celebrante era uma padre já idoso, brasileiro. De inédito, coisa nunca presenciada por mim, ao longo de toda a minha vida de católico, os aplausos para a homilia. Por ser erudita? Com preocupações de altas teologias? Destinada a gente culturalmente elevada, sob o ponto de vista académico? Por ser doutrinalmente consistente? Por ser feita a partir de frases bem concebidas? Nada disso. Apenas porque foi muito simples, de forma a que todos entendessem a mensagem. O celebrante foi sobretudo um homem simples. E disse: a eucaristia tem de continuar na vida; o milagre da multiplicação dos peixes e do pão tem de ser feito, hoje, por cada um de nós, respondendo aos que passam fome ao nosso lado; temos de partilhar, em espírito de caridade e de justiça social, com os que mais precisam. Depois lembrou que a Igreja é a Casa do Pai, que a todos tem de acolher e com todos tem de repartir e ajudar a repartir… E mais… num estilo próximo, como quem conversa com os amigos. No fim, o Povo de Deus aplaudiu, para meu espanto, porque nunca tinha assistido a tal coisa. Já que falei das homilias, ocorre-me dizer que, por vezes, fico cansado quando ouço certos padres. Eu sei que as homilias não são fáceis de fazer. Exigem preparação, muita preparação, e alguns dons. Um padre, que foi catedrático na Universidade de Aveiro, disse-me, um dia, que levava uma boa hora a preparar uma aula e duas a preparar a homilia. Pensei que fosse o contrário, mas foi assim que ele me disse. De modo que, quando ouço algumas, sinto logo que não foram preparadas. Dá a impressão que alguns celebrantes se convencem de que, quando abrem a boca, para transmitir a mensagem evangélica, adaptada aos nossos dias, é o Espírito Santo quem fala através deles. Puro engano. O Espírito Santo não pode ajudar quem não assume a obrigação de preparar a prédica da eucaristia. Muito menos substituir celebrantes. Penso eu! 3 de Agosto
FM

Jardim Oudinot Renovado e Convidativo

 


Parabéns! Esta é a palavra mais justa para quantos idealizaram e avançaram com esta prenda para os amantes da natureza e do prazer da vida ao ar livre. Para os nossos autarca e APA (Administração do Porto de Aveiro), mas também para quantos, ao longo de décadas, lutaram para que as obras dos portos não eliminassem, pura e simplesmente, o Jardim Oudinot, que os nossos pais e avós usufruíram, em horas festivas ou de descanso. 
Não pude estar presente, como gostaria, mas soube, à distância, da inauguração. Hoje fui lá e gostei. Gostei bastante de ver muita gente a passear e a apreciar o que foi feito. O bom gosto impera e o povo saberá gostar desta prenda, merecida, que lhe deram. A Gafanha da Nazaré e todo o concelho de Ílhavo têm, agora, um espaço condigno que estará aberto a quem o desejar. Todos quantos gostam da Ria, da vida sã, da maresia e da tranquilidade que as águas mansinhas da laguna inspiram. 
As árvores e arbustos plantados, mais a relva verdinha que já desponta, com a ajuda da rega automática, são motivos para nos atraírem para ali. 
Quem gostar de caminhar, quem precisar de exercícios de manutenção física e mental, quem gostar de meditar olhando a água e as aves que cirandam por ao sabor do aragem que o céu azul emoldura, quem necessitar de afugentar o stresse e quem apreciar a calma que um ambiente sadio proporciona têm agora um parque de lazer, para todas as idades e para todos os apetites. 
Passei hoje pelo renovado Jardim Oudinot, mas voltarei muitas vezes. Os meus parabéns para todos nós. 

F. M.

MULHER DE GRANDE FÉ

A relação humana está sempre condicionada pela identidade do masculino e do feminino e pela reciprocidade de ambos. É uma constante que brota da natureza e se educa pela cultura e pela religião. Homem e mulher, entre si, não são apenas complementos ou sobreposições, nem estão “condenados” à competitividade ou anulação. Pelo contrário, estão chamados a realizar em comum a missão recebida de cuidar da terra e da vida, manifestando o rosto benigno de Deus presente e actuante nas atitudes de cada um. Também no campo religioso.
O episódio da cananeia é uma preciosidade do Evangelho sobre a relação de Jesus com a mulher e, nesta forma de relacionamento, uma novidade em todo o universo religioso. A cena tem como protagonistas principais: A mãe aflita pela doença da filha, os discípulos e Jesus. O fio condutor passa pelo diálogo – por vezes desconcertante – entre eles, mas em que sobressai a mulher-mãe.
Jesus actua em contracena ao que se esperava: silêncio perante o pedido feito, resposta “seca” aos discípulos que se haviam interposto, sentença desconcertante face à insistência da mãe aflita e, finalmente, assentimento e concessão do bem desejado.
É verdadeiramente em contracena pois o seu modo de agir com as mulheres caracteriza-se pelo maior respeito: nunca feriu a sensibilidade feminina, por palavras ou atitudes; nunca evocou o estatuto de inferioridade social a que estavam votadas; nunca desvalorizou a missão da mulher. Pelo contrário, relaciona-se com normalidade, acolhe as que o procuram, enaltece as suas capacidades, aceita a sua companhia na “obra” da missão e encarrega algumas de funções muito específicas.
À luz do proceder normal de Jesus, e apesar do muito que já se andou no reconhecimento e na aceitação do “papel” da mulher na Igreja, quanto é preciso progredir para destrinçar as “capas” culturais das verdadeiras razões bíblicas e teológicas. Destrinçar e agir em conformidade.
Mas a heroína é a mulher-mãe. Apenas uma preocupação a domina: a cura da sua filha que sofria horrivelmente. Nada pede para si. Nada teme enfrentar: nem o desprezo, o ridículo ou a ironia. Está decidida a tudo. Entra em sintonia com Jesus. Aceita migalhas em vez de pão, pois estas também são dadas aos cachorrinhos. O importante é que a sua filha seja liberta do mal.
E Jesus “aprende” com a atitude desta mulher estrangeira. Abre-se a outros horizontes da missão. Liberta-se do reduto judaico. Antevê horizontes mais vastos: Também os “gentios” são chamados para a mesa do Senhor, a comer do seu pão, a beber do seu vinho.
O diálogo da cananeia com Jesus é admirável. Ela, uma mulher simples, revela as suas capacidades persuasivas para alcançar o que deseja, deixa-se guiar pelo coração inteligente e pela vontade decidida, tal o amor à filha e a certeza na eficácia da autoridade de Jesus. A sua confiança e paciência, a sua humildade e insistência provocam “uma brecha” na reserva de Jesus, tocando as fibras mais sensíveis do seu ser e as prioridades do seu agir missionário. E ela, que soube fazer da necessidade a sua maior virtude, obtém não apenas a cura da filha, mas o elogio mais rasgado da sua fé.
Georgino Rocha

domingo, 17 de agosto de 2008

FÉRIAS: Notas do Meu Diário

FORA DO MUNDO, NO MUNDO
Parti para férias, a 2 de Agosto, liberto de compromissos e de olhos postos no Portugal mais quente. Para trás, ficou o meu quotidiano de muita ocupação, às vezes de nadas. Senti que era importante repensar atitudes e alterar comportamentos, numa perspectiva de encher a vida de coisas mais úteis, quiçá de substratos mais consistentes e mais enriquecedores. Deixei computador, jornais, revistas, televisão e rádio. Tudo o que psicologicamente me envolvesse plenamente. Apenas a ideia de ler uns livros, se possível, mas com calma. Deixei em casa a necessidade de abrir, em qualquer sítio, as caixas do correio electrónico. Deixei o hábito de estar a par, via Net, do que se passava no mundo. Deixei passar para a terra que pisava as cargas electromagnéticas que me alimentavam o stresse. Abri o espírito a horizontes mais azuis e a temperaturas mais quentes que o nosso País oferece a quem ali, no Algarve, procura encontrar-se consigo próprio, com os outros (os mais íntimos, sobretudo) e com Deus. A viagem, sob forte calor, tornou-se cansativa para a minha débil resistência. Almoço em Évora, no restaurante Cozinha da Santo Humberto, já conhecido de outras andanças por aquelas bandas. Embora inapropriado para o dia quentíssimo, apostei no ensopado de borrego. Os pratos típicos sempre nos dão sabores agradáveis. Foi o caso. Na casa que nos esperava, no aldeamento Pedras da Rainha, iniciei o meu período de férias deste ano. A alma estava cheia de tranquilidade. E do prazer de estar fora do mundo, no mundo. 2 de Agosto FM

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 90

MÉTODOS
Caríssima/o: E como se ensinava nos idos de quarenta e de cinquenta dos últimos século e milénio, com todas as limitações com que se deparavam professores e alunos? Ou melhor: como aprendíamos? Logo à partida, a voz do professor e o quadro. Tudo o professor explicava, exemplificava, demonstrava com a voz; se fosse caso disso e oportuno, um esquema ou desenho no quadro. Depois o aluno lia, relia, praticava, memorizava: a aprendizagem seria tanto melhor quanto mais se aproximasse do modelo apresentado pelo professor. A base experimental fornecia-no-la a vida em família e no campo, onde já tinha sido observado e experienciado muito do que era lido e decorado. As crianças então passavam os seus tempos livres em contacto directo com a natureza – nas sementeiras e nas colheitas, a cuidar dos animais ( desde a alimentação, ao fazer da cama, o colher dos ovos, o mungir as vacas e as ovelhas, a matança do porco...). Também as compras na loja, com os respectivos pagamentos e trocos, eram tarefas dos pequenos – e ai se faltava um tostão! Apregoa-se que todo o ensino tinha por base a memória e que o trabalho do aluno se baseava na repetição. Porém, pelo que fica dito acima, dá ideia de que não seria bem assim... Mesmo aceitando esse apriorismo, não podemos esquecer o treino da vontade, da disciplina e do trabalho... Veremos mais tarde que, adquiridas as noções básicas (tabuadas, conjugações dos verbos, ...) e as automatizações, muito se treinava o cálculo mental e se apelava à inteligência na resolução de problemas aritméticos (que aprenderíamos depois a resolver nas regras de três simples, nas equações e nos sistemas de duas equações). Chegando a altura de fazer um estudo comparativo de metodologias e processologias, bom será que se equacionem todas as premissas e componentes, partindo do aluno, passando pelo professor e indo até ao social e enquadramento natural. Manuel

AGITAÇÃO PARALISANTE E PARALISIA AGITANTE

A questão que o Homem é para si mesmo mostra-se paradoxal. Por um lado, é inevitável: o abismo insuperável entre o que espera e quer ser e o que realmente alcança obriga-o a perguntar: o que sou? Que ser é este entre ser e não ser e que nunca é plenamente? Por outro lado, a questão é insolúvel, porque, para conhecer--se, o Homem precisava de saltar para fora de si em ordem a poder ver-se de fora, objectivamente. Ora, precisamente este salto é impossível.
Depois, o Homem vive-se a si mesmo em processo e em tensão. E são muitas as suas tensões. Lá está sempre a pulsão e a lógica, a afectividade e o pensamento, o inconsciente e o consciente, a emoção e o cálculo, o impulso e a razão. Aliás, essa tensão inscreve-se numa base neurofisiológica - há o cérebro que funciona holisticamente, mas com três níveis: o paleocérebro, o cérebro arcaico, reptiliano, o mesocéfalo, o cérebro da afectividade, e o córtex com o neocórtex, em conexão com as capacidades lógico-racionais. Não é sabido, até por experiência própria, que muitas vezes as respostas emocionais escapam ao controlo racional por causa do chamado "atalho neuronal" e do "sequestro emocional", como mostrou Paul D. Mac Lean? De repente, demos uma resposta a alguém de que depois nos arrependemos, a pulsão sobrepôs-se à razão...
É verdadeiramente paradoxal a constituição humana. Somos constituídos e vamo-nos constituindo a partir de uma herança genética e de uma história, numa determinada cultura. É próprio do Homem não ter uma natureza fixa e imóvel, porque é histórico e cultural. Somos afectivos e racionais. Ninguém começa com a inquirição racional do mundo. Primeiro, o ser humano sentiu o mundo e foi afectado por ele, positiva ou negativamente. É muito lentamente que a razão se vai erguendo no seu uso teórico-prático.
Anselmo Borges
Leia todo o texto em DN

sábado, 2 de agosto de 2008

FÉRIAS

***
Nos próximos 15 dias, estarei de férias, algures onde possa respirar um ar diferente, para conviver com familiares e com os meus sonhos. No regresso, estarei rejuvenescido e pronto para outro ano de trabalho, ao sabor das minhas capacidades e obrigações. Também com presença assídua no mundo da blogosfera. Boas férias para todos os meus amigos.
Fernando Martins

QUARENTA ANOS DEPOIS: A 'HUMANAE VITAE'

"Ano das decisões" chama Hans Küng, no segundo volume das suas "memórias", ao ano de 1968: um ano de ruptura na Europa e na América do Norte, também porque foi o ano da explosão do movimento da revolta estudantil. Nesse ano, aconteceu Maio de 68, Martin Luther King foi assassinado, Moscovo esmagou a "Primavera de Praga". Ficou sobretudo a revolução cultural, com a utopia, a crítica social, o fim das convenções, a autonomia e a auto--realização, a procura de estilos alternativos sob o slogan: "Make love, not war." Neste contexto e com a data de 25 de Julho de 1968, Paulo VI publicou a Humanae Vitae, proibindo, contra a maioria da Comissão papal, constituída por teólogos e peritos de diferentes especialidades, a contracepção artificial - em linguagem corrente, a encíclica contra a pílula. Indo contra todas as expectativas, foi uma enorme decepção. Lembro-me de que me encontrava então na Holanda e como o cardeal Alfrink, arcebispo de Utreque, foi à televisão acalmar os ânimos, dizendo que esta não era a última palavra. Por todo o mundo, bispos, teólogos e padres, perante a descredibilização da Igreja, tentaram o mesmo: conter o abalo. Por causa da encíclica, Hans Küng enfrentou a infalibilidade papal num livro célebre: Unfehlbar? (Infalível?), substituindo a infalibilidade pela indefectibilidade: "a Igreja manter-se-á na verdade do Evangelho, apesar dos erros (não sem erros), sempre possíveis." Paulo VI era um homem inteligente, culto, democrata e reformador. Depois da morte de João XXIII, ousou continuar o Concílio, publicou encíclicas históricas, como a Populorum Progressio, foi à ONU defender os direitos humanos, assumiu a responsabilidade histórica de aplicar o Concílio, estava na disposição de acabar com a lei do celibato obrigatório, se os bispos num Sínodo tivessem votado favoravelmente - quem sabe disto? Mas era também um homem tímido e hesitante e, face ao vendaval da aplicação conciliar e à revolução sexual em curso, receou uma hecatombe. À distância de 40 anos, julgo que a mensagem essencial da Humanae Vitae era: no domínio sexual, não vale tudo. Nos seus recentes Jerusalemer Nachtgespräche (Conversas nocturnas em Jerusalém), o cardeal Carlo Martini reconhece que o facto de Paulo VI ter subtraído o tema aos Padres conciliares, para assumir "a solidão da decisão" de modo totalmente pessoal, "não foi um bom pressuposto". À distância de 40 anos e face aos aspectos positivos da encíclica, mas também aos seus "estragos", poderíamos ter "uma nova perspectiva". "Estou firmemente convencido de que a direcção da Igreja pode mostrar um caminho melhor. A Igreja recuperará credibilidade e competência." "É um sinal de grandeza e autoconsciência alguém confessar os seus erros e a sua visão estreita de ontem." Assim, embora não seja provável que o Papa revogue a encíclica, o cardeal espera que possa escrever uma nova, que vá mais longe: "É legítimo o desejo de que o Magistério diga algo de positivo sobre a sexualidade." O equívoco da encíclica é a sua concepção de uma natureza fixa e imóvel, centrada na biologia. Ora, por um lado, a sexualidade humana não se reduz à biologia, pois tem de integrar múltiplas dimensões - a biologia, a afectividade, a ternura, o amor, o espírito - e, por outro, a ética não tem um fundamento naturalista e biologista. Depois, é próprio da natureza do Homem ser histórico e cultural e intervir artificialmente, com responsabilidade, na natureza. Há quem insinue - sem razão? - que o mal-estar da Igreja em relação ao sexo provém do medo do poder contra o prazer. Mas a Igreja tem de reconciliar-se com o corpo, a mulher e a sexualidade. Não confessa o cristianismo que Deus mesmo em Cristo assumiu a humanidade em corpo? O Papa não pode continuar, nas suas visitas pastorais, a ter de pedir constantemente desculpa pelos padres pedófilos. A pedofilia é um crime e é incompatível com o sacerdócio. A Igreja tem de ser uma instituição fiável, mas há quem pense que, neste domínio, enquanto se mantiver a lei do celibato obrigatório, ela estará sob o fogo da suspeita.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 89

HORÁRIO ESCOLAR Caríssima/o: Vão sendo horas de voltarmos para dentro da sala que a brincadeira não pode durar sempre. O ano vai avançando e se não aproveitamos o tempo acontece-nos como o outro ... sabes com certeza a história melhor do que eu e é sempre bom não facilitarmos. Como era então o nosso horário? Tanto quanto me lembro, pela manhã, entrávamos todos à mesma hora. Não havia campainhas, sinos ou sinetas; quando a professora ou o professor chegava, abria a porta e entrava-se... Não sabíamos as horas; nenhum usava relógio; será que a professora o tinha? Devia ter, porque a meio da manhã fazíamos um intervalo. Comia-se a tal côdea de boroa esquecida no bolso e corria-se, pulava-se ou jogava-se ao que a estação pedia. Umas palmas batidas e retomava-se a tarefa que se prolongava até ao meio-dia. Intervalo para o jantar que era preenchido com o mesmo ritmo do outro, mas com mais tempo para brincadeira já que o prato de caldo era engolido quase sem mastigar. Sempre havia mais vagar para a jogatina. Quando se ouviam as palmas, parava a algazarra, arrumavam-se os apetrechos debaixo daquele arbusto ou no buraco do muro e entrava-se para nova sessão de trabalhos, agora mais leve e que algumas vezes metia lápis de cor. Para os mais pequenos, mesmo para os da terceira classe, as lições não se prolongavam para além das três da tarde; contudo para os da quarta, principalmente depois do Carnaval, as aulas iam até ao pôr-do-sol que o treino tinha de ser forte e intensivo. É fácil de fazer as contas às horas que estas crianças trabalhavam se pensarmos que na preparação para a admissão entrava-se às nove, havia os tais intervalos e as actividades prolongavam-se, em Julho e Agosto, até à noitinha... Lembro-me que a minha Professora da terceira classe, com um problema de saúde, vivia na praia da Barra, onde tinha uma barraca montada. Parece que o nosso horário era só de tarde. Logo que os dias foram crescendo e aquecendo, íamos todos os dias de manhã, punha-nos à sua volta na barraca e treinávamos os problemas e os ditados! À tarde era até de noite, mas já na escola. Estou certo que não preciso de esclarecer que falo nisto apenas como ilustração de uma época, aquela em que nos foi dado crescer, e nunca com sentido comparativo ou de pôr em evidência o muito ou o pouco de uns e de outros. Manuel
NOTA: Por motivo das minhas férias, que se iniciam amanhã, publico antecipadamente o texto do meu colaborador e amigo Manuel, a quem desejo boas férias, na companhia de todos os seus familiares.
FM

Férias

Costa Nova, que tem a romaria da Senhora da Saúde em Setembro
(...Em Setembro há romaria Hei-de comprar uma flor Hei-de cantar noite e dia À porta do meu amor
E quando a festa acabar E voltarmos para a cidade Havemos ambos de rezar Um rosário de saudade...)
Prof. Guilhermino
NOTA: Obrigado, Maria, pelo teu contributo. És, como sempre, uma mulher atenta e uma amiga solícita e amável. Boas férias, também, para ti e para todos os teus. As quadras que me enviaste, atribuídas ao Prof. Guilhermino, merecem, bem, publicação e divulgação. Há tantos poetas tão esquecidos!... FM

PONTES DE ENCONTRO

Sobre o sentido humano das férias
“Depois de haver aplicado a um trabalho o seu tempo e as suas forças, de uma maneira conscienciosa, todos devem gozar de um tempo de repouso e de descanso suficiente para se dedicarem à vida familiar, cultural, social e religiosa” (Gaudium et Spes, 67). À excepção daqueles – que os há – para quem ter um período de férias nada diz ou representa, na medida em que se tornaram escravos do trabalho e do tempo e já não sabem viver, no seu dia-a-dia, sem este comportamento, não há ninguém que diga que é mau ter férias e é com expectativa que aguardam por elas, tal como uma criança espera por um presente que pediu e muito deseja, não vendo a hora de ele chegar. É bom e necessário ter férias, sobretudo quando passamos, cada vez mais, a vida a correr contra o tempo e as contrariedades que estão sempre à nossa espreita. Por outro lado, lamentamo-nos, frequentemente e com razão, que não temos tempo para tudo e o cansaço torna-se numa presença constante, retirando, quantas vezes, qualidade de vida e prazer em usufrui-la da melhor forma, por cada um de nós. Deste modo, falar de férias é ir muito mais além de um determinado período de repouso ou de mudança de hábitos ou da simples interrupção das idas diárias para o trabalho, em que o relógio é dono e o senhor implacável do nosso ritmo de vida. As férias têm, pois, um profundo sentido humano e humanizante que não só radica na justiça em as ter, mas que se entrelaça, directa e profundamente, com tudo aquilo que as envolve, antes e depois destas serem gozadas, ou seja, nem as férias devem ser vistas como um escape às justas responsabilidades individuais de cada um nem o trabalho como um castigo para quem o tem. Parece-me, no entanto, que este sentido humano e humanizante das férias nem sempre é tido em conta, a começar pelo esquecimento a que são sujeitos a larga maioria dos portugueses, que não podem, injustamente, usufruir de um merecido tempo de repouso e descanso laboral, o que acaba por aumentar as desigualdades e a insensibilidade social ao sofrimento e à injustiça dos outros. A tudo isto, há que recordar os doentes, os idosos, os presos, os que são vítimas de situações de exploração no trabalho ou os abandonados. Às famílias com mais posses financeiras pede-se, quando for caso disso, que integrem os seus membros mais carenciados nos seus projectos de férias. Às autarquias, entidades estatais e eclesiais, exige-se que tenham presente este sentido humano que as férias contêm em si mesmo e tudo façam para dar um pouco de dignidade a tantos que se contentam com tão pouco. É fácil, para quem o pode fazer, marcar rotas, destinos e projectos e partir em busca de novas paragens e experiências. O difícil é saber valorizar, muitas das vezes, o próprio tempo e, por via de razão, o tempo dos outros. Por último, recordo algumas palavras de João Paulo II sobre as férias: “Quantas vezes se sofre devido ao cerrado ritmo de trabalho (…) Quantas vezes é difícil encontrar o clima sereno e a atmosfera tranquila para viver a intimidade, dialogar e fazer emergir as exigências e os projectos de cada um! Então, eis que as férias são propícias, antes de mais, para colmatar estas lacunas, por assim dizer, de “humanidade”, de paz e convivência. Daqui a exigência de as férias serem efectivamente um período de renovação humana em que, longe do habitual ambiente de vida, é possível encontrar-se a si mesmo e aos outros, numa dimensão mais equilibrada e serena.” Comecei este texto com uma citação da Constituição Gaudium et Spes e é com uma outra citação deste Documento da Igreja que vou terminar: “Por fim, o trabalho deve ser remunerado de tal modo que permita ao homem e à família levar uma vida digna, tanto material ou social, como cultural ou espiritual, tendo em conta as funções e a produtividade de cada um, e o bem comum” (GS, 67). Contudo, a crueldade, a ganância e o egoísmo do homem vão-se encarregando de separar (desumanizar) e, até, fazer esquecer estas duas dimensões da vida humana. Procurar uni-las é um desafio permanente, para os que acreditam que o valor e o significado das férias está para além do legítimo passear ou descansar, para se situar na relação de cada um consigo mesmo, com os outros e com o mundo. Para todos os leitores, se for caso disso, umas excelentes férias e, sobretudo, que tenham uma vida feliz e de realizações partilhadas. Com férias ou sem elas! Vítor Amorim

Mar Agosto 2008 - Festas do Município de Ílhavo

Praia da Barra Costa Nova
O MAR POR TRADIÇÃO
O mês de Agosto vai ser, no concelho de Ílhavo, um período alargado de festas. São as Festas do Município, denominadas “Mar Agosto”, ou não tivesse o nosso concelho “O Mar por Tradição”. O programa está recheado de diversas iniciativas, para todas as idades e para todos os gostos, proporcionando mais animação e mais vida para toda a região. Se é ilhavense ou gafanhão, se é de perto ou de longe, se é habitual frequentador das nossas praias ou dos nossos espaços turísticos, se apenas vem por aqui de passagem, não se esqueça de que os nossos autarcas lhe prepararam uma recepção condigna, na esperança de o cativar e de lhe garantir uma estada à medida dos seus desejos. Apesar de a programação se apresentar variada, acredito que nem tudo possa agradar a todos. Mas haverá sempre algo que justifica uma visita às terras dos ílhavos e dos gafanhões. Veja o programa na agenda Viver em...

Parque de Campismo da Gafanha da Nazaré

Se quiser saber como nasceu, na Gafanha da Nazaré, o Parque de Campismo, que está integrado no Complexo Desportivo, clique aqui.

Imagens de Aveiro

Aveiro: Pirâmides, década de 30 do século passado
Sempre me soube bem mexer e remexer nas gavetas. É que, de vez em quando, lá vêm, com esse mexer e remexer, recordações de tempos que já lá vão, há muito!

A Nossa Gente

Para conhecer mais Gente nossa e, ainda, a história da Filarmónica Gafanhense, clique aqui e aqui.

PONTES DE ENCONTRO

A realidade da Terra e os caprichos siderais de alguns
Que o mundo anda a múltiplas velocidades e que, em muitos casos, a inércia, instalada pelo homem é de tal ordem que as soluções para os problemas, graves e injustos, que afectam a maioria dos seus habitantes, em detrimento de uma minoria, tardam em chegar já todos nós sabemos desde há muito. O próprio Mahatma Gandhi (1869-1948) dizia, frequentemente, que “O mundo é suficientemente rico para satisfazer as necessidades de todos, mas não a avidez de alguns”. Tudo isto não impede o cidadão comum de olhar para todos os lados e cantos do mundo e ver o que de bom e de mau se vai fazendo nele, até porque é uma das melhores maneiras de confrontar a sua consciência crítica, de intervir e procurar modificar o que de inaceitável existe, do ponto de vista dos valores naturais e universais de cada pessoa. É neste olhar global que tomei conhecimento de que, muito provavelmente a partir do ano de 2010, o turismo espacial vai ser possível e a sua generalização – à tal minoria privilegiada – uma realidade. Confesso que, desde pequeno, me fascinou a conquista do espaço e recordo, muito bem, o longo tempo que passei a ouvir, na antiga Emissora Nacional, os comentários e reportagens das viagens espaciais – sobretudo as do Projecto Apolo – através da voz e do grande saber e rigor científico do seu saudoso comentador Eurico da Fonseca. É dentro de todo este contexto, que li a notícia de que, no passado dia 28 de Julho, o multimilionário britânico, Sir Richard Branson, e a sua firma, Virgin Galactic, apresentaram no Deserto de Mojave, a norte de Los Angeles, nos EUA, o avião a jacto, “Cavaleiro Branco – 2”, que servirá de plataforma ao lançamento da nave espacial que colocará os seus seis passageiros (turistas) e os seus dois pilotos a uma altura suborbital de cerca de 110 quilómetros acima da Terra, internacionalmente reconhecida como a fronteira do espaço. O avião a jacto “Cavaleiro Branco-2” tem quatro motores e uma envergadura (maior distância entre as pontas das asas) de 43 metros e levará acoplada a nave espacial, de nome “Eve”, até uma altura de 15 quilómetros, após a qual esta é separada do avião a jacto e lançada, com foguetes próprios, a uma velocidade três vezes superior à velocidade do som, até atingir a distância suborbital. Estes voos espaciais, de ida e volta, sem circularem à volta da terra, incluem 5 minutos de “gravidade zero” e o tempo total da viagem, desde a descolagem do jacto até à aterragem da nave, demorarão à volta de duas horas e trinta minutos. Até agora, já estão inscritas mais de 250 pessoas nestas viagens e a Virgin Galactic espera que, no primeiro ano, sejam transportadas cerca de 500 pessoas, o que corresponde, aproximadamente, ao número de pessoas que foram enviadas ao espaço, desde que, em 12 de Abril de 1961, o cosmonauta russo Yuri Gagarin (1934-1968), se tornou o primeiro homem a ir ao espaço, a bordo da nave Vostok I. O custo, por pessoa, é de duzentos mil dólares, o que corresponde a 127 mil euros. De novo com os pés na terra, estas e outras notícias dão-nos a dimensão dos contrastes e das desigualdades que persistem neste nosso planeta azul, onde milhares de pessoas têm que percorrer, a pé e diariamente, dezenas de quilómetros para irem buscar alguns litros de água para a sua alimentação, situação em que a África é o exemplo mais gritante. É certo que a investigação científica deve estar ao serviço do desenvolvimento integral do ser humano, sobretudo daqueles que mais sofrem e são vítimas de injustiças. São estes que não têm como prioridade de vida andarem pelo espaço, mas apenas querem ter a possibilidade – em regra, negada – de poderem ser felizes na Terra, para, a partir dela, contemplarem a beleza do Universo e do seu Criador. Isto lhes basta!
Vítor Amorim

quinta-feira, 31 de julho de 2008

GAFANHA DA NAZARÉ: Desporto

CONTRIBUTOS PARA A HISTÓRIA DO FUTEBOL

Em finais da década de 40 e início da década de 50, existiram três clubes de futebol não federado, na Gafanha da Nazaré e um na Gafanha da Encarnação. Mais tarde, já em meados da década de 50, surgiu na Cale da Vila implementado por um grupo de estudantes, o “INDEPENDIENTE”, que pretendia ser uma réplica da Académica de Coimbra. Também era de estudantes e também equipava todo de negro. Não sei qual dos três clubes seria o mais antigo, já que eu era ainda muito criança, mas sei que havia na altura uma grande rivalidade entre eles e também com o “Estrela da Gafanha da Encarnação”. Outros tempos… os mesmos sentimentos, as mesmas paixões pelo futebol!...

Armando Cravo

Clique aqui para ler mais
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NOTA: Agradeço ao meu amigo Armando Cravo a disponibilidade com que acedeu ao convite para colaborar neste meu blogue, com o único objectivo de nos ajudar a reviver tempos idos. É com estes contributos que é possível deixar aos vindouros as marcas indeléveis do nosso passado, de que tanto nos orgulhamos. Assim outros se juntem a nós…
FM

A velha Guarita

A velha Guarita

Há dias referi, neste meu blogue,  a réplica da Guarita que fica enquadrada pelo arranjo urbanístico do Jardim Oudinot. E hoje, ao manusear fotografias antigas, que as tenho por aqui, dei com uma foto da velha Guarita, julgo que na sua localização original. Velha e abandonada, diz-se que serviu de refúgio a um mendigo destes sítios, durante muito tempo. Seria um sem-abrigo dos tempos da minha meninice. Aqui fica para recordação dos que ainda alimentam recordações, boas ou menos boas, doutros tempos. Dos tempo em que, muitos gafanhões (mais gafanhoas e filhotes), à volta da Guarita, apanhavam recebolo para alimento dos suínos.

FM

DAR VOZ AOS POBRES

PARA FOMENTAR UMA CULTURA DE JUSTIÇA,
DE SOLIDARIEDADE E DE COESÃO SOCIAL
Dar Voz aos Pobres é um blogue que vai merecer, com toda a certeza, a nossa melhor atenção. Fica a morar, também, aqui ao lado, em Afinidades, para a todo o momento ficarmos a par dos projectos que hão-de vir, com a finalidade de erradicar a pobreza entre nós, agora que ela foi considerada uma violação dos Direitos Humanos. Na apresentação, ficam claros os objectivos, que aqui transcrevo: “Persistem na nossa sociedade alguns estereótipos que entravam qualquer acção decisiva na superação da pobreza e das suas causas que só uma melhor escuta dos pobres poderá ajudar a dissipar. Por outro lado, da parte dos pobres têm faltado oportunidades para poderem expressar as suas vivências, dificuldades, aspirações e potencialidades e ganharem visibilidade como sujeitos de direitos e deveres de cidadania. Ao promover esta audição pública, a CNJP pretende convocar pobres e não-pobres para uma reflexão conjunta com vista à desconstrução dos preconceitos acerca da pobreza e, por essa via, contribuir para fomentar uma cultura de justiça, de solidariedade e de coesão social. É nossa intenção reunir na mesma mesa as pessoas que vivem ou viveram situações de pobreza e os responsáveis pelas políticas públicas e pelas organizações de solidariedade social, investigadores, e gente da cultura e da comunicação social.”

GAFANHA DA NAZARÉ: Desporto

Complexo Desportivo da Gafanha em construção, na Colónia Agrícola
As rivalidades entre os clubes da Gafanha da Nazaré
As rivalidades próprias de qualquer desporto também naqueles tempos se viveram com alguma paixão. Os jogos não eram oficiais, já que se tratava de clubes não filiados em qualquer Associação, excepção feita para o Atlético que, segundo na altura foi amplamente divulgado, chegou a ser clube oficial, porém sem qualquer proveito desportivo. E a paixão dos seus dirigentes, por pressão logicamente psicológica dos respectivos adeptos, chegava ao ponto de procurarem e convidarem jogadores famosos, expressamente para cada jogo, pertencessem eles aos clubes rivais da terra, a outros clubes amadores da região ou ao Beira-Mar que já era instituição de respeito na altura. O importante era ganhar, custasse o que custasse. E, tal como hoje, também naquela época as vitórias ou derrotas eram comentadas com fervor clubista e com promessas de “vingança” para a próxima vez, que podia ser no domingo seguinte.
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FÉRIAS

HÁ TEMPO PARA TUDO Tudo neste mundo tem seu tempo; cada coisa tem sua ocasião. Há um tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de arrancar; tempo de matar e tempo de curar; tempo de derrubar e tempo de construir. Há tempo de ficar triste e tempo de se alegrar; tempo de chorar e tempo de dançar; tempo de espalhar pedras e tempo de as juntar; tempo de abraçar e tempo de afastar. Há tempo de procurar e tempo de perder; tempo de economizar e tempo de desperdiçar; tempo de rasgar e tempo de remendar; tempo de ficar calado e tempo de falar. Há tempo de amar e tempo de odiar; tempo de guerra e tempo de paz. Ecle. 3, 1-8

FÉRIAS

Serra do Caramulo
Para pessoas vivas não há tempos mortos
Os tempos mortos são os que se gastam sem objectivos, os que se vivem sem que ..co-muniquem vida. Para muita gente são assim os dias de férias. Não fazer nada, não pensar em nada, nada que preocupe. Só descansar, só gozar, só matar o tempo com prazer. Pois se a vida cansou tanto, porque não agora descansar sempre sem preocupações? A verdade, porém, é que, ao longo do ano, muitas coisas se deixaram para férias, altura, diz-se, em que se está mais livre e se pode fazer o que não foi possível fazer então. Nestes afazeres adiados, pensa-se em tempo para estar com os filhos, tempo para o casal partilhar com serenidade a sua vida a dois, tempo para ler, descansar, reflectir e contemplar, tempo para reconquistar a atenção para coisas fundamentais que se foram esfumando e perdendo o sentido. Férias, mais tempo para si e para os outros, sem obsessões, sem sacrifícios forçados, sem escusas injustificadas, sem lamento de impossibilidades. Nem toda a gente pode beneficiar de uns dias de férias, também estas bem merecidas e necessárias. Então, que quem as pode usufruir as torne úteis, como expressão de vida e de enriquecimento pessoal e familiar. Uma boa oportunidade nunca se pode perder. Para os cristãos, se já descobriram o valor verdadeiro do tempo, que não é apenas o do relógio, as férias têm ainda um valor e um sentido acrescido. Constituem, em muitos casos, uma ocasião de testemunho de vida, de valorização pessoal pela prática da solidariedade, de enriquecimento relacional que pode proporcionar experiências apostólicas, válidas e únicas, em comunidades de acolhimento, em lugares de veraneio, em tarefas partilhadas, em comunicação recíproca de caminhos andados, em amizades iniciadas ou reforçadas. Tenho encontrado nas minhas férias muita gente com preocupações diversificadas, mas com o mesmo objectivo de não deixar que as férias sejam tempo sem sentido ou de sentido reduzido e meramente utilitário. É, também, sempre um toque positivo para muitas pessoas, ver como há jovens universitários que partem nas suas férias para regiões pobres, como voluntários em campos diversos de apostolado, cultura e ensino, trabalho diverso, actividades de ordem social. Como toca profundamente ver a alegria com que partem, a atitude generosa que lhes enche o coração e já a antecipada certeza do bem que receberão, por via do bem que foram dispostos e determinados em fazer em favor de outros. No fundo, jovens de hoje estão a dizer a todos que as férias também são para fazer bem aos outros e que nesse sentido são igualmente férias úteis e libertadoras para quem opta por esse caminho. É verdade que o consumismo e os jogos de mercado que o servem tornam difíceis as férias de muita gente, vítima de barulho até altas horas que não deixa descansar, ou envolvida por uma publicidade sofisticada de propostas a que é difícil resistir, porque há sempre na família quem tombe e faça força que arrasta outros para o lado do mais agradável. A liberdade, também em férias, está sempre na capacidade de escolher com critérios, porque se tudo é permitido, nem tudo tem valor. A opção é esta: ou nós comandamos o nosso tempo e temos tempo para tudo, ou nos tornamos escravos dele, a ponto que chegamos a dizer que não temos tempo para nada, e, de facto, cada vez teremos menos tempo para o que devemos fazer. António Marcelino

PONTES DE ENCONTRO

Petróleo e euforia? Não, obrigado!
Ainda há poucas semanas, o preço do barril do petróleo andava na casa dos 149 dólares para se situar, nesta altura, no valor de 126 dólares. Sem dúvida que é uma descida significativa e bem vinda, mas não mais do que isso, muito menos é uma evolução, como já ouvi dizer a várias pessoas, que nos possa levar a concluir que a crise já passou e que, agora, vai voltar tudo ao normal. Por diversas vezes, tivemos a oportunidade de escrever, aqui, no Pela Positiva, sobre os preços elevados do petróleo, sem que tal se justificasse, sobre o ponto de vista de custos exploração, refinação e distribuição, pelo que só factores especulativos, políticos, ideológicos, entre outros (mas sempre obscuros e, por isso, não controláveis), poderiam justificar as subidas vertiginosas que, quase diariamente, se fizeram sentir nos mercados mundiais, neste último ano. Ultimamente, responsáveis da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) têm dito que é provável que o barril do petróleo possa descer até aos 82 dólares. Esta afirmação vale o que vale, na medida em que o negócio mundial do petróleo não se resume apenas à OPEP, por muito boas intenções que possa ter e de que eu, pessoalmente, duvido. De qualquer modo, há que ter em conta – e isto é fundamental – que estas descidas começaram a surgir quando já era notório uma desaceleração acentuada da economia mundial, pelo que o consumo do petróleo iria, necessariamente, diminuir. Quer isto dizer que esta descida do valor do petróleo surge pelas piores razões e se não forem eliminadas as variáveis obscuras e não controláveis, acima referidas, não passa de uma descida conjectural, ou seja, temporária e sem significado. Admitindo, no entanto, que a descida veio para ficar e continuar (o que, repito, duvido), mesmo que a economia mundial retome o seu crescimento, há lições muito sérias que se devem retirar de toda esta crise petrolífera que se tem vivido. Primeiro, a sociedade mundial não pode estar dependente nem estruturada – como ainda está, e vai estar, durante largos anos – à volta de uma única fonte de energia. Segundo, todos os cidadãos devem aprender a alterar, profundamente, os seus hábitos diários de vida, a começar pelo uso que dão ao seu automóvel, que deve ser reduzido ao máximo, apostando mais nos transportes públicos. Terceiro, nas suas habitações, as pessoas devem preocupar-se em terem sistemas e hábitos eficazes de poupança de energia, a começar pelo seu aquecimento e iluminação. Muitas das vezes, um ligeiro investimento inicial, na moradia, traduz-se em ganhos, posteriores, nos gastos energéticos. Quarto, vai ter que continuar, e até reforçar-se, a investigação em energias alternativas ao petróleo e as novas habitações devem estar preparadas para produzirem a sua própria energia, pelo que só líderes políticos loucos e irresponsáveis é que podem não ter isto em linha de conta. Quinto, admitindo que vai continuar a descer o preço do petróleo, este não é eterno e quanto mais tarde se fizer a transição para uma sociedade pós-petróleo, maiores são os custos e as convulsões sociais que surgem. Sexto, a volatilidade das políticas e a desregulação do negócio petrolífero é por demais evidente, já que nem governos nem especialistas desta área energética eram capazes de prever o que se iria passar nas horas seguintes. Sétimo, muitos governos tiveram que subsidiar vários sectores da actividade económica dos seus países – caso das pescas e dos transportes, em Portugal – com o dinheiro de todos os contribuintes, que podia ser canalizado para outros fins. Se a descida se mantiver, qual é o Governo que tem a coragem de retirar, agora, estes subsídios? Oitavo, esta crise deu para perceber que em Portugal não há concorrência séria neste mercado e estas recentes descidas da GALP, BP e Repsol provaram-no, mais uma vez. Muitas outras razões poderiam ser invocadas, mas estas devem ser as suficientes para que não se passe para um estado de euforia injustificada e perigosa ou para a ideia que tudo volta a ser com dantes, como já tive a ocasião de ouvir um pouco por aí.
Vítor Amorim

quarta-feira, 30 de julho de 2008

ORBIS - Cooperação e Desenvolvimento

A ORBIS - Cooperação e Desenvolvimento é uma ONG (Organização Não Governamental) com sede em Aveiro e com projectos destinados à construção de um mundo mais justo e mais fraterno. Os seus objectivos direccionam-se para os que mais precisam, estejam eles onde estiverem. Acabo de receber a sua primeira newsletter, para anunciar, a quantos estão interessados em cooperar, o que faz e o que pretende fazer, numa perspectiva de nos envolver como agentes activos, pelas formas que estiverem ao nosso alcance. E sublinha:
"Para aqueles que hoje no mundo, exactamente neste momento, fazem fila num campo de refugiados depois de fugirem de uma guerra que não sabem de onde veio nem porquê...
Para aqueles que hoje no mundo, exactamente neste momento, são crianças com sorte porque têm um professor, uma árvore que dá sombra e um chão de terra onde dá para escrever, quando muitos outros nem sonham em saber escrever ou ler...
Para aqueles que hoje no mundo, exactamente neste momento, são mulheres mutiladas, mulheres que não têm voz política, social ou cívica na sua comunidade, no seu mundo...
Para aqueles que hoje no mundo, são mulheres que sepultaram um filho bebé ou criança demasiado frágil para aguentar uma doença porque não pôde receber medicamentos preventivos de valor menos que um euro...
Para aqueles que hoje no mundo, exactamente neste momento, são pessoas em fila para se deitaram na cama de um hospital feito de pano, sobrelotado que sofrem de HIV/SIDA, malária e outras doenças contagiosas que facilmente se podiam prevenir..."
Precisamos de estar atentos à ORBIS

FÉRIAS

Na Praia da Barra, a minha praia desde a infância, há sempre motivos de interesse. Por esta e por aquela razão. Por este e por aquele estado de alma. Hoje olhei, com outros olhos, para as pedras que assumem a defesa do paredão, mais conhecido por Molhe Sul. Não se julgue, porém, que as pedras estão por ali a pesar no ambiente. Nada disso, são decorativas e, até, podem tornar-se um desafio para treinar o equilíbrio, de quem anda habituado a caminhar sobre pisos lisos e planos. Boas férias para todos.

PONTES DE ENCONTRO

De crise em crise até à (in)justiça final?
No passado dia 25, de Julho, escrevi algumas linhas sobre a reunião da FAO, que decorreu na cidade de Roma, entre 3 e 5 de Junho, com o suposto intuito de se encontrarem soluções para a falta e o aumento do custo dos alimentos, à escala mundial. Estiveram presentes 181 países, mas nada de concreto saiu deste fórum internacional. Para isso, muito contribuiu os diferentes interesses em jogo, sobretudo da parte dos EUA e da UE. Decorrido cerca de um mês – mais concretamente entre os dias 7 e 9 de Julho – o chamado grupo do G8 (Alemanha, Canadá, EUA, França, Grã-Bretanha, Itália, Japão e Rússia) reuniram-se no Japão, para discutirem, entre outros assuntos, as crises alimentar, energética e climática. As medidas anunciadas pelos líderes destes oito países, após a cimeira, foram vagas e superficiais e, de concreto, os seus efeitos, para a resolução futura dos vários problemas que afectam o mundo, deixam muito a desejar. Exemplo disso está na intenção de reduzir, em mais de 50%, a emissão dos gases que contribuem para o efeito estufa, até ao ano 2050, o que significa que estaremos a mais de 40 anos da sua possível concretização, e onde os EUA têm a prerrogativa de traçarem as suas próprias datas e limites! De resto, os líderes do G8 apelaram ao aumento da produção petrolífera, sem terem concretizado nada no que respeita à eficácia energética ou à diversificação das fontes de energia. Relativamente a medidas que possam contribuir para ultrapassar a crise alimentar que vivemos, foram tratadas pela rama, traduzindo-se, mais uma vez, num conjunto difuso de boas intenções. Dias antes desta cimeira do G8 (dia 2 de Julho), o arcebispo D. Celestino Migliore, observador permanente da Santa Sé junto das Nações Unidas, em Nova Iorque, proferiu um discurso no Conselho Económico e Social das Nações Unidas, onde, a dado passo, refere: “ É difícil pensar que num mundo, no qual se gasta 1,3 triliões de dólares, por ano, em armamentos, não se disponha dos fundos necessários para cobrir as necessidades básicas das pessoas. Não há razões para não actuar, e um sincero desejo em actuar deve ser acompanhado das acções necessárias, mais do que palavras e de boas intenções.” Reuniões, conferências ou debates não faltam, um pouco por todo o lado, supostamente para debelar as crises que, desde há muito, se vêm abatendo sobre o mundo, mas, de concreto, nada sai delas. De tudo isto, fica a reconfirmação de que a manutenção da pobreza, entre outros exemplos, interessa a muita gente poderosa, para que o mundo continue a ser o que tem sido até aqui. Recentemente, o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-Moon, dizia que 15 a 20 mil milhões de dólares, anuais, era o valor necessário para combater os efeitos da crise alimentar. Ora, segundo o Gabinete do Orçamento do Congresso dos EUA e outros especialistas, a guerra do Iraque custará entre 1 a 2 milhões de milhões de dólares, ou seja, cerca de 50 vezes mais do que o necessário para matar a fome a todos os esfomeados do mundo. Pelo que se vê e se sabe desde há muito, a questão da erradicação da fome não é feita por falta de dinheiro, mas sim devido aos interesses e prioridades estabelecidas e os fins a atingir pelas nações que vão dominando o mundo a seu belo prazer. Definitivamente, a dignidade da pessoa humana não é, ao contrário do que se quer fazer querer, uma prioridade ou um valor a defender. Por isso, na reunião da FAO, em Roma, o Papa Bento XVI enviou uma carta aos conferencistas, onde dizia: “…a fome e a desnutrição são inaceitáveis, num mundo que, na realidade, dispõe de níveis de produção, de recursos e de conhecimento suficientes para acabar com estes dramas e as suas consequências…”. Homens de boa vontade (não há cristãos autênticos sem serem, primeiro, homens de boa vontade), temos que ter a exacta noção de que nada se pode fazer sem a conversão genuína de cada um em querer fazer o bem e, a partir daqui, assumir, como sua afirmação e seu compromisso individual, que em cada ser humano que sofre está Cristo (cf.: Mt 25,37-40) e alguém que tem o direito, natural, à sua dignidade, princípios em que se apoia todo o edifício dos direitos humanos, bem como a sua universalidade.
Vítor Amorim

terça-feira, 29 de julho de 2008

Gafanha da Nazaré: Novo Prior

Padre Francisco Melo
Por nomeação do Bispo de Aveiro, D. António Francisco dos Santos, o ..Padre Francisco José Rodrigues de Melo será o novo Pároco da Gafanha da Nazaré, no Arciprestado de Ílhavo. O Padre Francisco Melo tem desempenhado as funções de pároco de Vale Maior e de Ribeira de Fráguas, no Arciprestado de Albergaria-a-Velha. Para o substituir, foi nomeado o Padre Luís Filipe da Costa Dias (M.C.C.J.), com a anuência do Superior Provincial do Instituto dos Missionários Combonianos. A tomada de posse do novo Prior da Gafanha da Nazaré será anunciada em tempo oportuno.
Aproveito esta oportunidade para desejar ao novo prior os maiores êxitos pastorais, alimentados, decerto, pelo seu espírito de serviço, de diálogo fraterno, de pro-ximidade serena e tolerante, de amor ao Povo de Deus que lhe foi confiado.
Ver outras nomeações em Diocese de Aveiro.
FM
Nota: Foto cedida pelo Correio do Vouga

GAFANHA DA NAZARÉ: Desporto

"Lembramos, e com que saudades!, antigos clubes que .há mais de seis ..déca-das por aqui congregavam a juventude da Gafanha da Nazaré. E faziam-no com tal garra que ainda sentimos o entusiasmo com que os jogos eram aguardados e disputados. Referimo-nos, concretamente, à Associação Desportiva Gafanhense que tinha o seu quartel-general na Cale da Vila, à União Desportiva Gafanhense que cantava de galo na Cambeia, e ao Atlético Clube da Marinha Velha que, como o nome indica, se impunha no lugar que o baptizou. Mas não se julgue que só o Futebol foi rei nesse tempo. Também o Basquetebol e a Natação, mais sob a responsabilidade da Associação, por aqui se praticavam nessa data já um pouco distante da nossa meninice."
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Pobreza e Cidadania

A POBREZA É UMA VIOLAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS
A presidente da CNJP (Comissão Nacional Justiça e Paz), Manuela Silva, assinala que Portugal pode orgulhar-se de ser um dos primeiros países a considerar a pobreza como uma violação de direitos humanos. Este orgulho, alicerçado na tomada de consciência de que temos um grave problema em Portugal para resolver, pode alimentar a esperança de que algo de positivo venha a fazer-se para erradicar a pobreza do seio das nossas sociedades. Nessa linha, a economista Manuela Silva adianta: “É, pois, com confiança que encaramos a nova etapa – sem dúvida a mais difícil e complexa - que é a de passar à prática as deliberações consagradas por este instrumento político e conseguir que, num horizonte tão curto quanto possível (dois, três anos), possamos dizer que vencemos a pobreza, ao menos nas suas expressões mais severas.” Urge, contudo, assumir que a luta contra a pobreza não é desafio apenas para o Governo, mas para todos nós, a partir dos cantinhos em que nos movemos. Clique aqui para ler mais.

Um poema de Fernando Pessoa

LIBERDADE Ai que prazer Não cumprir um dever, Ter um livro para ler E não o fazer!
Ler é maçada, Estudar é nada. O sol doira Sem literatura. O rio corre, bem ou mal, Sem edição original.
E a brisa, essa, De tão naturalmente matinal, Como tem tempo não tem pressa...
Livros são papéis pintados com tinta. Estudar é uma coisa em que está indistinta A distinção entre nada e coisa nenhuma.
Quanto é melhor, quanto há bruma, Esperar por D. Sebastião, Quer venha ou não!
Grande é a poesia, a bondade e as danças... Mas o melhor do mundo são as crianças, Flores, música, o luar, e o sol, que peca Só quando, em vez de criar, seca.
O mais que isto É Jesus Cristo, Que não sabia nada de finanças Nem consta que tivesse biblioteca...
Fernando Pessoa
Por sugestão de Marieke

FÉRIAS

Encontrar-se em férias
"Entre muitos outros, este Verão oferece também encontros com a liberdade. Nomeadamente os que decorrem da realização dos Jogos Olímpicos num País que por ela espera, sobretudo a liberdade religiosa. E porque as conquistas do pódio acontecem com a fortaleza do esforço, do treino contínuo e do respeito por todos os concorrentes, também a organização das sociedades não podem permitir sinais de fraqueza que se fundamentam na proibição, no controle absoluto, na escravatura a qualquer preço. Nem por desporto!"
Paulo Rocha

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Jardim Oudinot renovado


O Jardim Oudinot vai ser inaugurado em 10 de Agosto, com a oferta de diversas valências à população, que são outras tantas zonas de convívio. Como disse o presidente da Câmara Municipal de Ílhavo, Ribau Esteves, à Rádio Terra Nova, foi possível criar “um espaço mais agradável, que proporcione uma melhor vivência no jardim”. Vamos esperar que assim seja, para bem de todos, sobretudo dos que, por estas bandas, não dispensam os ares da nossa ria, com Farol e Forte à vista. Integrada no arranjo do jardim está agora uma réplica da Guarita, que eu bem conheci em miúdo, completamente abandonada. Dizem, e é verdade, que não tem interesse histórico nem arquitectónico, mas está no imaginário de todos os povos da beira-ria. Será, neste caso, um elemento decorativo que não pode ser menosprezado. Desejo que no Jardim Oudinot haja regularmente animação, no sentido de levar as populações a criarem hábitos de frequência naquele recanto alargado e modernizado, já que dele foram privadas desde que começaram as obras, indispensáveis, do Porto de Aveiro. FM

ANO PAULINO

De 28 de Junho de 2008 a 29 de Junho de 2009
Bento XVI proclamou um especial Ano Jubilar dedicado a São Paulo, de 28 de Junho de 2008 a 29 de Junho de 2009, para celebrar os dois mil anos do seu nascimento. Porque estamos em férias, ou em atitudes disso, permitam-me que sugira, aos cristãos, em especial, mas também aos não crentes, uma atenção particular a esta celebração. Posso até adiantar que, para além dos livros e doutros textos que não faltarão, durante o ano, esta efeméride pode muito bem levar cada um de nós a ler as Cartas que o Apóstolo escreveu às comunidades a que estava ligado, por imperativo evangélico e por razões afectivas. Também podemos consultar, periodicamente, o “site” da responsabilidade da PAULUS Editora.

A Nossa Gente


Maria da Luz Rocha e Rosa Bela Vieira

são dos tais casos que não podem ficar esquecidos. Pelo seu testemunho de vida e pela sua entrega aos outros, aos que mais sofrem, há mais de meio século. Decerto como muitos outros das nossas comunidades, de quem ninguém fala, mas que encarnam vidas exemplares.
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PONTES DE ENCONTRO

Olimpíadas de Pequim: batota antes dos jogos!
A realização de um evento desportivo como os Jogos Olímpicos, independentemente do local onde estes tenham lugar, é uma oportunidade de excelência para a projecção e prestígio do país organizador e um estímulo à sua afirmação (ou reafirmação) no seio da comunidade internacional, tanto do ponto de vista económico, como político, cultural e social. Para além desta dimensão externa que uma tal organização tem como sua componente intrínseca, há que não esquecer, nem desvalorizar, igualmente, a componente interna, através das profundas alterações e dinâmicas que decorrerem no interior do país acolhedor dos jogos e como estas se traduzem, ou não, na qualidade de vida dos seus cidadãos. Neste ano de 2008, a XXIX Olimpíada da Era Moderna vai decorrer, como se sabe, na República Popular da China, entre os dias 8 a 24 de Agosto, tendo como cenário a sua capital, a cidade de Pequim Na altura da escolha da China como país organizador deste certame, muitas foram as vozes que se levantaram, por todo mundo, contra esta decisão do COI, sobretudo pela sistemática falta de respeito que os responsáveis do país têm demonstrado pelos direitos humanos e pela inexistência de liberdade e pluralismo político do seu regime. Outros, entretanto, achavam que dar à China a organização destes jogos era uma oportunidade excelente desta se motivar e integrar-se dentro dos valores comportamentais dos países de matriz democrática e uma forma de a incentivar a fazer as suas próprias reformas internas, rumo a tal objectivo. A poucos dias do início dos jogos, quase nada se conseguiu, em termos da expectável e legítima abertura política, em que alguns (ingénuos?) depositaram tantas esperanças, neste últimos anos. Quando muito, está-se a assistir, presentemente, a uma acalmia, concertada e pontual, por parte das autoridades chinesas, para que a sua imagem, durante os jogos, saia o menos prejudicada possível. Mesmo assim, já não conseguem fazer esquecer as atribulações por que passou o transporte da chama olímpica, devido à questão do Tibete, onde a repressão se faz sentir, diariamente, facto que é reconhecido pela própria comunidade internacional. No princípio do mês de Maio, do corrente ano, o Padre Bernardo Cervellera, sacerdote do Pontifício Instituto para as Missões Exteriores, da Santa Sé, jornalista da Agência Asianews e missionário, durante anos, na China, publicou um livro, com o título “A outra face das medalhas”, no qual denuncia os abusos e a exploração a que os líderes chineses têm sujeitado parte da sua população, obrigando-a a trabalhar em condições de semi-escravatura, nos trabalhos de construção das estruturas olímpicas, afirmando que os verdadeiros heróis destas Olimpíadas são “os milhões de emigrantes – camponeses pobres – que fogem dos campos, numa situação de degradação, fome e pobreza, para buscar fortuna nas grandes cidades e nas aglomerações industriais da costa.” São estes camponeses, transformados em operários, sem horário de trabalho, com salários irrisórios, quando lhes pagam, sem assistência à saúde e alojados em barracas ruinosas que têm contribuído para que este acontecimento desportivo seja possível. O mesmo sacerdote, denuncia que os desequilíbrios sociais são cada vez mais uma evidência, em que frente a 200 milhões de ricos, cada vez mais ricos, se opõem 350 milhões de pobres, cada vez mais pobres. O autor explicou, durante a apresentação do livro, que muitos habitantes de Pequim viram as suas casas demolidas, para dar lugar a estruturas desportivas, estradas, hotéis, edifícios e que as indemnizações dadas não permitem a estes comprar novas casas para habitarem. A China, país comunista e emergente, com um desenvolvimento económico sem precedentes, está a copiar, à sua maneira e medida, tudo quanto de mau se faz, sobretudo socialmente, nos países ocidentais. Mais uma vez, os interesses económicos sobrepuseram-se aos direitos humanos e muita gente, fora da China, é cúmplice desta traição. O povo chinês vai continuar, decerto, a ser perseguido e reprimido, na esperança que a liberdade, que lhe pertence, e que os seus dirigentes teimam em usurpar, lhe seja devolvida, mais tarde ou mais cedo.
Vítor Amorim

domingo, 27 de julho de 2008

Um artista ilhavense

João Carlos Celestino Gomes
"João Carlos desenhou com requintes de minúcia quase caprichosa, sem fugir a dificuldades e tirando partido dos mais pequenos pormenores: uma tapeçaria do chão, um damasco da parede, a talha dum móvel, o pano dum vestido, a renda duma gola, tudo era rigorosamente anotado para caracterizar o ambiente onde as figuras humanas se mostravam ou se moviam. (…) Mas quando o seu lápis e o seu pincel eram tocados de poesia, era quando ondulava o tronco duma peixeira de Ílhavo, quando individualizava a musculatura dum pescador da Costa Nova, quando catava motivos decorativos na proa dum moliceiro, quando se auto-retratava, ainda menino, com a opa vermelha da Irmandade do Senhor, ao lado de seu avô, ou quando aparecia com um moinho de papel da romaria da Senhora da Saúde." Frederico de Moura
NOTA: No Centro Cultural de Ílhavo, pode visitar uma exposição, até 28 de Setembro, dedicada a dois grandes artistas ilhavenses: João Carlos Celestino Gomes e Cândido Teles.

Efeméride aveirense

CERCIAV
No dia 27 de Julho de 1977, foi constituída democraticamente a Cooperativa para a Educação e Reabilitação de Crianças Inadaptadas, com sede em Aveiro, ficando a ser conhecida por CERCIAV. Recordo o facto em jeito de homenagem, singela, a uma instituição a quem todos muito devemos, pelo seu esforço, desde essa data, em prol de quem precisa de ajuda, especializada, para a sua plena integração na sociedade. Os meus parabéns. FM

Um poema de Fernando Pessoa

AUTOPSICOGRAFIA O poeta é um fingidor Finge tão completamente Que chega a fingir que é dor A dor que deveras sente. E os que lêem o que escreve, Na dor lida sentem bem, Não as duas que ele teve, Mas só as que eles não têm. E assim nas calhas da roda Gira, a entreter a razão, Esse comboio de corda Que se chama o coração. Fernando Pessoa

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 88

AS ENGUIAS
Caríssima/o: Abril, frio e chuva. Também nesse ano o tempo estava de invernia, com chuva atravessada e vento que assobiava nas frinchas da porta. Houve mesmo inundações e algumas estradas eram lagoas. Um dos rapazes, mais afortunado, andava calçado e, numa destas ocasiões, tivemos que o passar para o terreno seco às costas. (O que vale é que estávamos treinados a jogar o eixo...) Foi um bom ano para as nossas experiências com os vapores de papel, de casqueira, de pau e de cortiça... Íamos explorando os “cursos de água”, começando pelas poças e terminando nas valetas. O curso de náutica ia evoluindo e muitas vezes fazíamos incursões pela pescaria. O teu sorriso não engana ninguém. Na tua queres dizer que os girinos, a que nós chamávamos 'peixes-sapos', eram a nossa caldeirada! Enganas-te, porque conhecedores da fauna piscícola e anfíbia éramos nós. Certo é que chegados às valetas atrás dos barcos logo os nossos olhos eram atraídos por umas linhas que ziguezagueavam ali mesmo à mão de apanhar. Não nos fazíamos rogados e uma fantástica caldeirada de enguias era agora toda a nossa delícia. Quase fazíamos campeonato a contá-las e o campeão atingia mais um motivo de inchar o peito. Algumas até tinham perto da grossura do mendinho! Toca a correr para casa que a mãe devia ficar contente com o 'governo'. Como não estivesse ninguém, as enguias ficaram dentro duma bacia em água a nadar, vivinhas. E nós fomos continuar a corrida dos veleiros. À tardinha, brincadeira terminada, aos chamamentos acudíamos que a ceia esperava-nos. Íamos lestos com o sorriso da boa colheita. De repente que vemos? O malvado do gato a trincar as nossas ricas enguias! Pedrada e grito atirado contra ele. - Que fazes? Deixa o animal, fui eu que lhas dei; só espero que não se esgane... Manuel

Ainda a Humanae Vitae

Entrevista com Dr. Thomas Hilgers

SE NÃO FOSSE A HUMANAE VITAE...

Por Robert Conkling
Se não fosse pela «Humanae Vitae», boa parte da medicina reprodutiva natural e da luta contra a infertilidade praticada hoje não teria existido, afirma o pioneiro das tecnologias naturais procriativas (Natural Procreative Technologies, NaPro). O Dr. Thomas Hilgers é o co-fundador do Instituto Paulo VI, de Omaha, Nebraska (Estados Unidos). Também desenvolveu o Creighton Model Fertility Care System e é autor de «The Medical and Surgical Applications of NaProTechnology» (Aplicações médicas e cirúrgicas de NaProTechnologia). Por ocasião do 40º aniversário da publicação da encíclica «Humanae Vitae» (25 de Julho de 1968), a Academia Americana de Profissionais de Fertilidade teve seu encontro anual no mês passado, em Roma. Nesta entrevista concedida à Zenit, Hilgers dos primeiros efeitos que a «Humanae Vitae» teve em sua carreira profissional. Clique aqui para ler a entrevista

sábado, 26 de julho de 2008

Marcas dos nossos antepassados

Castelo de Montemor-o-Velho



Embora não seja pessoa muito viajada, gosto bastante de passear com destino traçado. Chama-se a isto programar as visitas que faço, para, no fundo, procurar ver o que deve ser visto. Felizmente, hoje não falta informação sobre destinos turísticos dentro do nosso País. Os jornais e revistas, mas também as televisões e rádios, são férteis nessa área, sugerindo-nos, até, terras famosas ou mais ou menos desconhecidas, onde há algo de importante para ver. Perto ou longe do lugar em que vivemos. 
Nas últimas férias grandes, fiz isso mesmo. Tracei o itinerário e fui ver, com calma, algumas jóias da nossa arquitectura e da nossa história. Castelo de Montemor, Batalha e Alcobaça, lidos e vistos sem pressa, foram motivo de grande satisfação interior, para além de me encherem o vazio de interioridade de quem vive, como eu, à beira-mar e à beira-ria. É essa, portanto, a minha proposta para quem gosta das marcas bem visíveis dos nossos antepassados, mesmo para aqueles que, nas férias, só se sentem bem com mar à vista. 

FM

A RIA DE AVEIRO

(...) Ria sonhadora e esquiva Que o Mar não sabe entender É ele quem lhe dá vida No Mar ela vai morrer (...)
Prof. Guilhermino Ramalheira
NOTA: Quadra enviada pela Marieke

CONFERÊNCIA INTERNACIONAL PARA O DIÁLOGO

1. Realizou-se em Madrid, na semana passada, com a presença de muçulmanos, cristãos (o cardeal J.-L. Tauran representou o Vaticano), judeus, budistas, hindus e membros de outras religiões, uma conferência sobre o diálogo inter-religioso. Inédito: a iniciativa partiu do rei da Arábia Saudita, Abdullah bin Abdulaziz Al Saud, guardião dos lugares santos do islão em Meca e Medina, após um encontro, também ele inédito, com Bento XVI no Vaticano. Na sessão de abertura, o rei Abdullah apelou ao diálogo para fazer frente à "perda de valores" e "confusão de conceitos", frutos, no seu entender, do "vazio espiritual". O islão "é a religião da moderação, da ponderação e da tolerância". Para o monarca saudita, a diversidade de religiões há- -de ser um meio para a "felicidade" dos humanos, porque se Deus tivesse querido outra coisa, "teria imposto uma só religião à Humanidade". "As tragédias vividas não foram causadas pelas religiões, mas pelos extremismos adoptados por alguns dos seus seguidores e pelas crenças políticas." Também o rei de Espanha, Juan Carlos, defendeu o diálogo inter-religioso e intercultural, fazendo votos para que a Conferência contribua para um mundo "mais justo, mais próspero e solidário" e "que acabe com a inaceitável barbárie terrorista, lute contra a fome, a doença e a pobreza, respeite os direitos do ser humano e promova a defesa do meio ambiente". A Conferência concluiu com uma Declaração, que afirma que "as mensagens divinas rejeitam o extremismo, o fanatismo e o terrorismo" e recomenda que "se promova uma cultura de tolerância e compreensão". Para isso, convida a Assembleia Geral das Nações Unidas a "impulsionar o diálogo entre os seguidores de todas as religiões, civilizações e culturas, organizando uma sessão especial para o diálogo".
Anselmo Borges
Leia todo o artigo em DN

ENQUANTO CADA UM OLHAR PARA O SEU UMBIGO...

Enquanto cada um olhar apenas para o seu umbigo, não haverá resistência que valha a pena.
João Marçal
Primeiro levaram os negros Mas não me importei com isso Eu não era negro Em seguida levaram alguns operários Mas não me importei com isso Eu também não era operário Depois prenderam os miseráveis Mas não me importei com isso Porque eu não sou miserável Depois agarraram uns desempregados Mas como tenho meu emprego Também não me importei Agora estão-me levando Mas já é tarde Como eu não me importei com ninguém Ninguém se importa comigo
Bertold Brecht (1898-1956)
Nota: Enviado pelo João Marçal

PONTES DE ENCONTRO

Língua portuguesa: casa comum para um projecto de todos!
A frase de Fernando Pessoa (1888-1935) “a minha pátria é a língua portuguesa” é por demais conhecida e traduz bem o que a língua de qualquer país pode representar para cada um dos seus cidadãos. A língua pátria é como uma segunda mãe que não é só nossa pertença, mas algo de real a quem também pertencemos. Algo que nos identifica nas mais variadas dimensões que à vida de cada ser humano dizem respeito e nos situa, singularmente, na comunidade das nações. Ao contrário de que se possa pensar, a língua não só está associada a todos os domínios da actividade humana, como até lhes dá sentido, corpo e alma. Um destes domínios é o da cultura, no sentido geral do termo. Cultura enquanto expressão de tudo o que é e foi criado pelo homem, mulher ou criança, nas suas relações, recíprocas, com tudo o que os envolve, através do falar comum e da natureza real e simbólica com que se relacionam. Deste modo, ao falar uma língua, uma pessoa não utiliza apenas um código abstracto de sons ou sinais. As palavras e as frases referem-se a algo mais; significam alguma coisa que existe. Só por si, não podiam subsistir no vazio. Significam e representam imagens de uma realidade de partilha, independentemente do lugar onde se esteja. Quando profiro uma determinada palavra, quem me ouve não ouve apenas um som. Também visualiza na sua mente uma determinada imagem viva daquilo que eu digo. De qualquer modo, como dizia Pessoa, o mundo a que se referem as palavras é mais importante do que elas, daí que falar em palavra nos introduza na realidade matricial de uma pátria linguística que nos une e também fala por cada um de nós. Dos portugueses diz-se, em regra, que são um povo com baixa auto-estima, pessimistas e medíocres. Não me vou debruçar sobre estes e outros epítetos de como somos tratados ou nos julgam, mas, antes falar da imensidão pátria em que estamos inseridos e à qual me parece que as autoridades portuguesas não têm dado o devido tratamento. Ter pátria é sentir que se pertence a uma casa e a um futuro comum, que tanto maior será quanto mais for acarinhada, incentivada e reconhecida como o cimento que congrega todas as partes desta habitação sem fronteiras, que a todos acolhe e lhes dá sentido. Li, há dias, que “o português está na moda”. Bem pode estar, mas as modas suscitam reservas e são sempre passageiras. Por isso, o importante é que a língua portuguesa não só esteja na moda como represente uma realidade viva, real e simbólica de um todo intemporal e transpacial, seja em que domínio for, através do dia-a-dia de quem a fala. Presentemente, o português é falado por 239,6 milhões de pessoas, na chamada CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), que integra o Brasil (191.908.598), Moçambique (21.284.701), Angola (12.531.357), Portugal (10.676.910), Guiné-Bissau (1.503.182), Timor-Leste (1.108.777), Cabo Verde (426.998) e São Tomé (206.178), a que se juntam mais de 5 milhões de portugueses que se encontram dispersos em países como os EUA, França, Brasil, Canadá, Reino Unido, Alemanha, entre muitos outros, o que perfaz o número impressionante de cerca de 244 milhões de pessoas a falar o português e o torna a 5ª língua mais falada no mundo. A estes números, há que acrescentar o interesse, cada vez maior, que a aprendizagem do português está a suscitar em vários países, casos da Espanha, China ou África do Sul. Em termos de Internet, e segundo dados do ano de 2007, o português ocupa o 7º lugar, depois do inglês, chinês, espanhol, japonês, francês e alemão. Deste modo, existe um potencial enorme a explorar no incremento da língua portuguesa, mas, para tal suceder, é necessário que as entidades governamentais se empenhem, seriamente, em programas de desenvolvimento e de apoio ao seu ensino e divulgação, a todos os seus níveis, seja em que latitude for. Continuar a construção desta enorme casa comum que a língua de Camões nos faculta e propõe, onde todos se possam sentir parte integrante deste grande família universalista, multifacetada, nas suas experiências e culturas, é um desafio para todos os tempos e que constitui a medida padrão para uma relação afectiva de cada um com todos.
Vítor Amorim

sexta-feira, 25 de julho de 2008

HUMANAE VITAE

Alguns aplausos e um lamento
A encíclica Humanae Vitae é um caso de popularidade, por bons e por maus motivos. Entre as razões que justificam esta popularidade está o facto de dizer respeito a uma matéria, a chamada "regulação dos nascimentos", que concerne a vida de quase todas as famílias em todo o mundo. Além disso, o ano 1968, em que foi publicada, é um ano charneira a muitos títulos: a nova mentalidade relativa ao sexo depois da comercialização da pílula contraceptiva, a conhecida turbulência de Maio, o auge dos gloriosos trinta anos de desenvolvimento europeu, o momento em que a televisão começa a globalizar o mundo, o entusiasmo do programa espacial, a reforma do Concílio Vaticano II que prosseguia nos vários sectores da Igreja. O texto caiu como um duche gelado sobre as costas da geração de sessenta! A história de efeitos que desencadeou, desde a primeira hora, com discussões mediáticas e teológicas, pronunciamentos amortecedores de Conferências Episcopais, tem que ver com o confronto doloroso que se joga no seu interior entre dois modelos de justificar a moral cristã. Jorge Teixeira da Cunha, Director-Adjunto Faculdade de Teologia da UCP NOTA: Um comentário (ver post A RIA DE AVEIRO) levou-me a ler este texto, na Ecclesia. Aqui o partilho com os meus leitores, na certeza de que há quem concorde e quem discorde. Como sempre, em qualquer sector da vida.

A RIA DE AVEIRO

Ao falar de férias, alguém me dizia ontem, com convicção, que não há nada como a nossa zona. Temos grandes praias e mar chão, onde se pode andar à vontade, sem perigo, por tão bonançoso ser ele quando se confronta com a areia branca, e logo a seguir, se lhe virarmos as costas, com apetência por outros horizontes, deparamos com a ria de águas límpidas e mornas, com espaços e desafios para toda a gente. É verdade. Porém, nós, os da beira-ria, nem sempre nos damos conta das riquezas que temos. Como esta, está bem de ver, de acordar ao som do mar, que rola e rola, e da ria que nos atira cheiros salgados, como que a convidarem-nos para que a apreciemos e desfrutemos. Todo o ano, mas sobretudo nas férias.

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