domingo, 16 de julho de 2017

Bento Domingues — Livro de reclamações na Igreja



1. Li, não sei onde, que o Vaticano anda preocupado com a falta de exorcistas em Portugal. Ao comentar essa notícia com um amigo, ele acrescentou logo que, onde faltam, de certeza, é no próprio Vaticano.
Não desejo voltar à conversa dos pseudopreocupados com o Papa: está velho para poder realizar as reformas em que se meteu e a revolução que tentou desencadear não é tão irreversível como alguns supõem e desejam. Os que se julgam mais realistas e radicais acrescentam: não basta a Bergoglio ter encontrado um refúgio fora dos antigos aposentos dos papas; ou fecha o Vaticano para longas obras, ou continuará a espantar-se com surpresas de onde menos seriam de esperar.
Há, de facto, rumores de poucas-vergonhas, que estão a passar para a imprensa, de que os infiltrados, velhos e novos, são como as baratas: quando se abrem as gavetas, desaparecem rapidamente, mas não morrem. Esperam sempre uma nova oportunidade. Haverá alguma empresa capaz de eliminar, de forma eficaz, esses parasitas da chamada “Santa Sé”? Ou será que os diabos do Vaticano já se riem da fábrica de ritos dos seus exorcistas?
Tudo isso pode ter sentido, mas não vai além do anedotário romano. Como diz o Papa, os cristãos de parlatório, que conversam sobre como andam as coisas na Igreja e no mundo, sem paixão por transformar as suas vidas, continuam a flutuar nas suas espreguiçadeiras, enquanto debitam sentenças sem consequências.
Ele próprio, ainda no mês passado, lembrou aos novos cardeais que o caminho é seguir Jesus que os chama a olhar para a realidade, não se deixando distrair por outros interesses, por outras perspectivas: “Não vos chamou para vos tornardes ‘príncipes’ na Igreja e para vos sentardes à sua direita ou à sua esquerda. Chama-vos para servir como Ele e com Ele.” [1]
Quem seguir de perto as intervenções do papa Francisco — homilias, discursos, cartas pastorais, etc. — fica espantado com o grande livro de reclamações, onde vai escrevendo, em nome do Evangelho, o que exige dos padres, dos bispos e dos cardeais.
 Luta por um clero não clerical, confessando-se membro de um povo consagrado a Deus e ao serviço de toda a humanidade pelo sacerdócio comum a todos os baptizados. A função do clero não é a de mandar na Igreja de todos, mas a de ajudar a desenvolver a vocação de todos à santidade. Os padres, os bispos, os cardeais, o Papa, centrados em si mesmos e nos seus títulos de carreira eclesiástica, tornam-se traidores da Igreja.
Bergoglio, no dia em que deixasse de lhes pedir contas, tornar-se-ia conivente dessa traição. Não é por acaso que ele, em vez de se proclamar infalível e Santo Padre, se confessa pecador e pede a oração dos fiéis.

2. Para quem se reconhece na liderança deste Papa, mas perde o sentido da sua própria responsabilidade na reforma actual e concreta de dioceses, paróquias, movimentos, congregações religiosas, a pretexto de que o governo da Igreja, ao mais alto nível, está bem entregue, ainda não percebeu nada do desígnio de Bergoglio.
Quando invoco um livro de reclamações nas igrejas, não é para registar o descontentamento com o funcionamento da cúria diocesana, das secretarias, dos cartórios e dos conselhos paroquiais, da celebração dos mandamentos e da organização da catequese. Por mais importante que seja essa burocracia e o seu bom funcionamento, estaríamos apenas no âmbito do que se deve exigir a qualquer outra organização e que a Igreja não pode dispensar. Se assim fosse, a vida eclesial só precisaria de recorrer às escolas de gestão.
O que pretendo sugerir com o livro de reclamações é uma forma de responsabilização de toda a comunidade. Não é o registo da má-língua. Quem reclama deve estar empenhado na mudança, na reforma da paróquia ou do movimento. Deve reclamar, pois todos os fiéis têm direito à celebração da Palavra, da Eucaristia e dos outros Sacramentos, a não confundir com a leitura escalonada dos livros litúrgicos e de homilias intragáveis ou apenas sofríveis.
Não se pode esquecer que, hoje, em Portugal, as assembleias litúrgicas são compostas por pessoas com muitas competências profissionais e culturais que nunca tiveram oportunidade de oferecer os seus préstimos para a festa dominical. Outras foram-se afastando. Não conseguem suportar a falta de qualidade das celebrações, a começar pelas homilias e acabar nos cânticos: não tenho nada que ver com aquilo nem aquilo tem nada que ver comigo. Repete-se a cena evangélica: porque estais aí o dia todo sem fazer nada? Porque ninguém nos convocou.
 O livro de reclamações deve registar que há muitas pessoas que podem, querem e devem contribuir para que as celebrações recolham as alegrias, as esperanças, as preocupações, as frustrações e os desejos da assembleia celebrante, mergulhando-a na Palavra, na Eucaristia, no canto, na oração transfiguradoras do passado. O primeiro dia da semana é o domingo, o renascer da esperança.

3. O livro das reclamações não regista apenas o que falta. Reclama, de cada um, o que pode dar à comunidade para que ela forme pessoas responsáveis pela sociedade, vendo o mundo a partir dos excluídos e não dos instalados. A celebração tem de formar uma Igreja de saída e não um concentrado de beatos e beatas, preocupados em reconduzir as celebrações e as devoções ao estilo pré-Vaticano II. Não passam de sabotadores do movimento desencadeado pelo bispo de Roma.
Pelo que foi dito, não devia existir nenhum grupo, movimento ou paróquia, sem um livro de reclamações para manter o bom desassossego, a não confundir com o registo dos azedumes, das invejas e, sobretudo, das lutas pelo poder, em nome do serviço, terra de oportunistas.
As comunidades cristãs devem ser um exemplo de perdão e de misericórdia, o que parece incompatível com um livro de reclamações, caderno de encargos, exigências e avaliações.
Não esqueçamos, porém, o que escreveu Tomás de Aquino: “Iustitia sine misericordia crudelis est, misericordia sine iustitia mater est dissolutionis.” (A justiça sem misericórdia é cruel, a misericórdia sem justiça é a mãe da degradação.) [2]
Talvez haja quem pergunte: como realizar esse livro de reclamações?
A imaginação humana e cristã tem sempre alguns recursos.

Frei Bento Domingues no PÚBLICO 

 [1] Cf. Alocução do Papa Francisco,
28 de Junho de 2017.

[2] Cf. S. Tomas Aquinas, Expositio in Matthaeum S. Thomas Aquinatis Catena Aurea in quatttuor Evangelia. Roma-Taurini, vol. I, 5, 7

sábado, 15 de julho de 2017

Vagueira — Encontro e Surpresa








Com sol a bater forte, que a neblina voou para longe, chegámos à Praia da Vagueira por volta do meio-dia, mais coisa menos coisa. O mar atraía-nos e lá fomos, eu com a ajuda da bengala. Subimos a escada e no topo ouço uma voz: «Olha o professor Fernando!» Era a esposa do meu querido amigo e aluno Carlos Fanado. O abraço da praxe e as inevitáveis perguntas sobre as famílias. Foi, realmente, um momento muito agradável. Depois, com os melhores votos, recíprocos, de saúde e felicidades, cada um seguiu seu destino.
Eu e a Lita olhámos o mar que nunca nos cansa. Pouca gente no areal que era hora do almoço. Umas fotos para recordar e para os meus arquivos que continuam um caos. De tal modo, que seria mais fácil, muitas vezes,  sair de casa para fotografar do que encontrar agulha em palheiro. 
Ao almoço optei pelos jaquinzinhos fritos. A Lita pelas lulas grelhadas. E desandámos que a hora da sesta estava a bater à porta. E na procura do carro, deparámos com um monumento com algo de inédito, porém, denotando boa visão e bom gosto. Homenagem ao Jaquinzinho, com legenda oportuna do escritor João Grave. Sim senhor! Quem se haveria de lembrar? Alguém que aprecia os jaquinzinhos em maré de apetites. Outrora peixe dos pobres e hoje prato para bons palatos. 
E lá estava ele todo ufano espetado num garfo gigante, não fosse alguém devorá-lo em hora de fome. Esta foi a surpresa.O encontro foi com o casal Fanado, também surpresa, diga-se de passagem. 

ANGE num lugar aprazível na Gafanha da Encarnação






 Passámos hoje pela ANGE — Associação Náutica da Gafanha da Encarnação para ver o ambiente. Há obras em curso que vão alindar aquela zona mítica, conhecida por Largo da Bruxa. Há sempre quem conteste, é certo, mas penso que vai sair obra acabada e agradável. A paisagem da ria, com Costa Nova ao fundo, não será afetada. Disseram-me que haverá menos lugares de estacionamento, mas não fiz contas para confirmar tal asserção. Confirmei que há novos espaços para estacionamento. Curiosa foi a afirmação de um popular com quem conversei. Disse-me ele: «Sabe!... Há pessoas que até de carro iam para a cama se houvesse espaço em casa para isso.»
Contudo, apesar das minhas ideias não chegarem a quem de direito, talvez fosse possível ajeitar mais uns lugares para estacionar os carros. Realmente, havia muita gente por ali quando por lá andámos.

sexta-feira, 14 de julho de 2017

Anselmo Borges — Trump, Merkel, Macron e Francisco. Sobre a Europa


1. Há uns versos famosos de Hölderlin que dizem assim: "Wo Gefahr ist, da/ Wächst das Retttende auch." Traduzidos: onde está o perigo, aí cresce também o que salva.
É verdade. A tomada de consciência do perigo leva a reunir vontades e forças para desviar e vencer as ameaças. A não ser que se seja completamente inconsciente, não se fica de braços atados, à espera de que o perigo tome conta da situação e tudo possa afundar-se.

2. Da primeira vez que o Presidente Trump chegou à Europa foi claro: que os europeus não contassem muito, para a sua defesa, com o guarda-chuva americano. Os europeus tinham de contar, antes de mais, com eles próprios e pagar a sua defesa. Aí, percebeu-se bem que das duas, uma: ou os europeus têm consciência da sua identidade, dos seus valores, do seu futuro, e estão decididos a defendê-los, porque vale a pena, ou acontece o pior: já não há essa consciência nem essa força, e o futuro deixa de existir.

3. Merkel viu claramente e foi dizendo que os europeus estão agora entregues a si mesmos e têm de defender-se a si próprios. E os mais lúcidos começaram a aprofundar a ideia de que não haverá autêntica União Europeia sem um exército europeu, com todos os custos e sacrifícios.

4. Macron chegou, com todo o seu vigor político e novos horizontes. Também ele pensa e quer que haja mais Europa, mais integração europeia, uma nova Europa. Seria uma perda irreparável para o mundo, num mundo globalizado, o desaparecimento da Europa, pois ela tem contributos essenciais a dar, como a consciência da dignidade da pessoas humana, a tolerância, o humanismo, a consciência dos direitos humanos nas suas várias gerações. O eixo Paris-Berlim tem de aprofundar-se e adquirir mais consistência, o que é fundamental para a própria Alemanha, pois esta pode ser grande na Europa, mas, sem união, torna-se pequena e insignificante num mundo globalizado.
Macron tem a seu favor ter sido também assistente universitário de um dos mais significativos filósofos do século XX, Paul Ricoeur. E certamente encontrarão eco no seu pensar as ideias do seu mestre, expressas numa entrevista de 1997, recentemente publicada pela Philosophie Magazine: "Estamos em guerra económica. É um problema muito perturbador, sobre o qual nunca tinha dito nada. É hoje o problema de toda a Europa ocidental. Onde, para sobrevivermos, devemos manter uma ética e uma política da solidariedade. O combate a travar tem duas frentes: por um lado, as nossas economias têm de permanecer competitivas; por outro, não podem perder a alma - o seu sentido da redistribuição e da justiça social. Um problema enorme, quase tão difícil de resolver como a quadratura do círculo...
Ainda não acabámos com a herança da violência e da última guerra. Nem com a dureza e a brutalidade do sistema capitalista, que deu KO ao comunismo, ficando sem rival. É hoje a única técnica de produção de riqueza, mas com um custo humano exorbitante. As desigualdades, as exclusões são insuportáveis.
Estou um pouco tentado por uma solução que se poderia dizer cínica. Pode causar-lhe espanto da minha parte, mas, enquanto este sistema não tiver produzido efeitos insuportáveis para um grande número, continuará o seu caminho, pois não tem rival... Penso que vamos conhecer na Europa Ocidental uma travessia no deserto extremamente dura. Porque já não somos capazes de pagar o preço que os mais pobres do que nós pagam. A ascensão das jovens economias asiáticas, concretamente a da China, supõe um custo que seremos incapazes de suportar. Não só não queremos isso, mas não devemos fazê-lo. Não vamos voltar aos tempos do trabalho infantil!... É por isso que eu sou tão fortemente pró-europeu; só uma economia de grande dimensão permitirá à Europa sair disto."

5. Embora não veja claro sobre o como, há muito que penso não ver futuro para a Europa sem estruturas políticas federativas. Daí ter-me dado especial contentamento a entrevista que o Papa Francisco deu na semana passada ao jornal italiano La Repubblica, no contexto da cimeira do G20 em Hamburgo. Francisco disse a Eugenio Scalfari estar muito preocupado com a reunião do G20: "Temo que haja alianças muito perigosas entre potências que têm uma visão distorcida do mundo: América e Rússia, China e Coreia do Norte, Rússia e Assad na guerra da Síria." Qual é o perigo destas alianças? "O perigo diz respeito à imigração. O problema principal e crescente no mundo de hoje é o dos pobres, dos débeis, dos excluídos, dos quais os emigrantes fazem parte. Por outro lado, há países onde a maioria dos pobres não provém das correntes migratórias, mas das calamidades sociais daquele país; noutros países, porém, há poucos pobres locais, mas temem a invasão dos imigrantes. Eis a razão por que o G20 me preocupa."
À pergunta sobre se a mobilidade dos povos está em aumento, pobres ou não pobres, respondeu: "Não haja ilusões: os povos pobres são atraídos pelos continentes e países ricos. Sobretudo pela Europa." É também por esta razão que se deve concluir que "a Europa deve assumir o mais rapidamente possível uma estrutura federal, sendo as leis e os comportamentos políticos subsequentes decididos pelo governo federal e pelo Parlamento federal e não pelos países singulares confederados?", perguntou Scalfari. E Francisco, que já várias vezes levantou a questão, até quando falou no Parlamento europeu: "É verdade que sim." Foi muito aplaudido e recebeu mesmo ovações por essa afirmação no sentido do federalismo. "É verdade. Mas, infelizmente, isso significa bem pouco. Fá-lo-ão, se se derem conta de uma verdade: ou a Europa se torna uma comunidade federal ou não contará nada no mundo."

Anselmo Borges no Diário de Notícias

Georgino Rocha — Jesus aos discípulos: Felizes os vossos olhos e ouvidos


Jesus declara felizes os discípulos que prestam atenção ao que ele diz e faz. Mateus narra a parábola da semente, do campo e do semeador em que, de forma sapiencial, apresenta as disposições de quem ouve a Palavra de Deus e as atitudes consequentes que toma. Faz uma espécie de retrato exemplar que serve de referência para todos os tempos. Especialmente para o nosso em que tantos “sons e tons” se repercutem nos ouvidos e invadem o coração. Realmente Deus corre um grande risco ao confiar a sorte da sua Palavra à liberdade humana, pronta para um generoso sim, mas capaz de dizer não: um não rotundo ou condicionado e mesmo adiado. Daí, a nossa responsabilidade pessoal e, tendo funções educativas, sociais e comunitárias.
Jesus está em missão na zona do Mar de Tiberríades. O seu estilo de vida e a sua linguagem tinham tal novidade que as multidões acorriam a ouvi-lo. Chegavam a “apertá-lo” tanto que teve de recorrer a novos espaços e a servir-se de meios diferentes, É o caso da barca que se distancia da margem como refere a leitura da liturgia de hoje (Mt 13, 1- 23). Olhando as pessoas de frente, senta-se e começa o seu ensinamento sobre o “sonho de Deus”, a novidade do Reino, o sentido do que está a acontecer e que diz respeito a todos e a cada um. E como bom comunicador, conta a parábola da semente e do que ela envolve. Usa uma linguagem acessível, assertiva, interpelante, respeitosa, passível de ser interpretada de vários modos, apesar da sua clareza. A narração deixa ver “em pano de fundo” o agir do próprio Jesus e da reacção dos seus ouvintes nas diversas atitudes bem espelhadas nas diferentes qualidades da terra onde cai a semente: O caminho árido e sem húmus, os sítios pedregosos sem recursos ou com espinhos sufocantes, a terra boa e produtiva. Retoma a tradição profética da metáfora de Isaías, hoje proclamada, em que a palavra é como a chuva e a neve que descem do céu e realizam a sua missão, fecundando a terra.
Jesus, ao ver a preocupação dos discípulos em captarem todo o alcance da parábola, exclama: “Felizes os vossos olhos porque vêem e os vossos ouvidos porque ouvem!” E dá-lhes uma explicação exemplar. Centra a atenção em quem acolhe a semente, a Palavra. Realça a importância de cultivar as disposições adequadas, deixando o elenco de outras menos indicadas. O caminho é metáfora do coração árido, indiferente ao que acontece, satisfeito com o seu mundo de acomodação aburguesada. Os sítios pedregosos não têm profundidade suficiente para garantir o vigor das raízes da semente; por isso espelham as pessoas inconstantes e exibicionistas, que reagem com entusiasmo e alegria, mas desistem “sem pena nem glória” à primeira contrariedade. Os espinhos do silvado deixam germinar e crescer a semente, mas acabam por a sufocar e secar, tais as feridas da vida, os cuidados do imediato, as seduções da riqueza, do consumo e do prestígio. E ficam “congeladas” as calorosas aspirações do coração humano em que “encaixa” bem o “sonho de Deus”. A terra boa é o símbolo de quem está disponível para acolher e pronto para corresponder à Palavra escutada. Como Maria de Nazaré, a mãe de Jesus, a mulher do diálogo esclarecedor que liberta de receios e abre espaço à cooperação responsável. Como nós, certamente.
O vigor da semente, a palavra, está condicionado pelo exercício da liberdade humana. “Estamos chamados a ser «terra boa». É urgente. O «sonho de Deus» pode diluir-se… É o preço que Deus paga pela liberdade humana… Escutar a Palavra do Reino e entendê-la é escutar a chamada interior que nos pergunta pela nossa responsabilidade no mundo que estamos a construir e sobre o nosso modo de nos realizarmos como pessoas”, afirma Gutierrez de la Serna, na revista “Homilética”. E, no desejo de ajudar o leitor a sintonizar cada vez mais com o ritmo indicado, deixa-nos pistas indicativas muito úteis. Mencionam-se algumas: “Cultivo-me como pessoa humana em toda a riqueza e dignidade? Preocupa-me o “sonho de Deus” para este mundo ou só penso em mim? Pensando no futuro dos nossos filhos (e netos)…, preocupa-me a educação em valores e para os valores? Preocupa-me o futuro do nosso planeta e da possibilidade futura da vida? Escuto a palavra de Deus, procuro entendê-la e pô-la em prática? Sou realmente “terra boa”?
A novidade de Jesus passa pela nossa felicidade, pela nossa liberdade, pela cooperação solidária, pela coerência de atitudes. Que alegria e responsabilidade!

quinta-feira, 13 de julho de 2017

Eduardo Almeida: Quando tenho obra em mãos nem sinto dores

O artista com João Alberto Roque
Recentemente, num domingo à tarde, recebi João Alberto Roque, docente do Agrupamento de Escolas da Gafanha da Nazaré e premiado contista e poeta da nossa terra. Lançou-me um convite irrecusável: «Tem de vir comigo para apreciar uma exposição aberta a amigos.» Tinha de ser naquele dia e hora, porque depois da limpeza dos móveis que acolhiam, há muito, esculturas de madeira de um artista popular, Eduardo Almeida, as peças voltariam ao silêncio habitual e assim ficariam fechadas aos visitantes interessados em as conhecer com minúcia. E lá fomos, que destas paixões eu gosto. É que, quando muitos nada fazem no patamar da reforma, alegando que «já trabalharam muito na vida», outros há que continuam ativos e criativos, utilizando sadiamente os tempos livres.
Eduardo Almeida, 78 anos, 31 como funcionário civil da Base de S. Jacinto, é um dos que apostam em valorizar o tempo livre, em especial o que surge com a reforma. Dedica-se com paixão à escultura de estatuetas e grupos escultóricos, com destaque para temas de profissões que caíram com o tempo. Usa, preferencialmente, a madeira de plátano. Escolhe um ramo ou parte do tronco que lhe permitam cultivar a arte de desbastar a madeira com formões, limas, grosas e lixa, até atingir o que pretende, no âmbito das esculturas de motivos populares, mas não só. «Com muito cuidado — sublinhou —, porque a madeira que tirou já não pode voltar atrás». 
Ao olhar a bancada cheia de peças acabadas de limpar, Eduardo Almeida abriu as portas a amigos para todos saborearem com gosto os seus trabalhos meticulosos, que «não estão à venda», embora um ou outro tenha por destino os seus familiares. 
João Alberto Roque, que conhece o artista, corrobora as afirmações de mestre Eduardo: «Tudo começa pelas esculturas a fazer; depois vem a procura da madeira (plátano) que se adapte à obra; e daí sai uma peça única e sem colagens.» E adiantou, em consonância com o mestre: «As peças têm de ter em conta o veio da madeira para não partirem com facilidade, nas partes mais finas e sensíveis.»
João Roque chama a nossa atenção para a variedade de temas tratados. «Está aqui um trabalho muito meritório» com a curiosidade de Eduardo Almeida oferecer a quem vê as suas esculturas as «diferentes profissões antigas, como o oleiro, o carpinteiro o tanoeiro, o ferreiro com a sua forja, os padeiros a porem o pão no forno, brinquedos, a cozinha da sua sogra e ainda fez um cavaquinho que ofereceu à neta». 
Cultiva este prazer desde muito novo «para se entreter» e não tem coragem de desistir. E no dia a dia, quando tem obra em mãos, até lhe custa parar para tratar doutros assuntos. 
Eduardo Almeida especificou que a madeira tem de estar bem seca para posteriormente as peças não sofrerem deformações, e as estatuetas não são pintadas, mas numa ou noutra aplica-lhes «uns sombreados para destacar certos pormenores».
Durante a conversa que mantivemos, percebemos bem o gosto com que o nosso entrevistado vive a sua arte, assumindo-se como autodidata. Este prazer, que nasceu enquanto menino, foi crescendo com ele, de tal modo que até se esquece de comer. Muitas vezes acorda cedo a pensar no que tem de fazer. Deixa a cama e corre para o seu espaço de trabalho, ali ficando alheio a tudo o que o cerca. Não sente dores nem incómodos de saúde. Só não se esquece que tem de ajudar a esposa, presentemente algo debilitada pela idade. «Eu gosto disto… e pronto», disse.
Num concurso de artes e ofícios, aberto aos civis, promovido pelo comandante da Base de São Jacinto, em 1990, obteve o primeiro prémio, orgulhando-se do diploma que exibiu. Mas também recebeu um prémio da Junta de Freguesia de S. Jacinto pelos seus trabalhos. «No concurso havia de tudo e eu fiz uns velhotes e um crucifixo que se usava nas cómodas na Sala do Senhor», afirmou. 
Olhando para a bancada cheia de estatuetas, não conseguiu distinguir nenhuma. «Gosto de todas», afiançou. E não insistimos. Seria como pedir a um pai que nos dissesse de que filho gosta mais. 

Fernando Martins

Nota: Entrevista publicada no Timoneiro 

quarta-feira, 12 de julho de 2017

Que recursos estão ainda por explorar no fundo do mar?




Actualmente mais de 90% do território português é mar e, se a extensão da plataforma continental portuguesa for aprovada, em 2020 esse valor pode subir para os 97%. O mar é, sem dúvida, um dos recursos naturais com mais potencial económico para o nosso país e com muito ainda por explorar. O quê? O professor Luis Filipe Menezes Pinheiro, do Departamento de Geociências, explica…

Vi aqui 

Júlio Cirino — Ilha Terceira - Rua da Sé

A Rua da Sé vai do Alto das Covas à Praça Velha. Nesta rua, de casas avarandadas e muito floridas, podemos sentir o pulsar da vida cheia de alegrias que Angra do Heroísmo nos dá. 
Partindo do Alto das Covas temos a Escola do 1.º Ciclo Infante D. Henrique e, logo a seguir, a sede do Sport Clube Lusitânia, clube criado a 24 de Junho de 1922. É a 14.ª Delegação do Sporting Clube de Portugal.
Avançando um pouco, aparece-nos, à esquerda, o Mercado Duque de Bragança e o distinto Teatro Angrense, para além de vários estabelecimentos comerciais a funcionar em casas, com traça antiga, exemplarmente conservadas. Foram estes cuidados que levaram a UNESCO a classificar Angra do Heroísmo como Património Cultural da Humanidade.
Um pouco mais adiante, à direita, vemos, altaneira, a Sé Catedral cuja “primeira pedra” foi colocada, com grande solenidade, em 1570. Porém, em 1 de Janeiro de 1980 a Sé foi violentamente sacudida por um sismo de grande magnitude que, para além de abalar toda a estrutura do edifício, transformou a torre sineira esquerda e parte do frontispício num amontoado de calhaus. Na Terceira, este terramoto causou 51 mortos e mais de 400 feridos. Por terem ficado cerca de 15.000 pessoas sem tecto, o governo, apoiado por países como o Japão, os Estados Unidos, o Canadá, a Coreia do Sul, a Alemanha, a França e o Reino Unido, mandou construir um grande bairro para os desalojados. 
Na noite de 25 de Setembro de 1983 nova catástrofe se deu: um incêndio de grandes proporções fez estragos vultuosos na Sé, destruindo os riquíssimos tectos de madeira e toda a talha dourada e os tubos dos órgãos. Depois de restaurada, foi reaberta ao culto a 3 de Novembro de 1985. 
Ladeando a Sé pela esquerda, vemos uma estátua em memória do Papa João Paulo II que por aqui passou no ano de 1991.
Em 2017 o Bispo de Angra e Açores é D. João Lavrador, natural do Corticeiro (Mira). 
Qualquer festividade mais grandiosa, e por aqui há tantas, faz-se na rua da Sé. No dia de procissão, ou do desfile, as varandas são ornamentadas por colchas riquíssimas. A Praça Velha, existente em frente aos Paços do Concelho de Angra do Heroísmo, é um local dos mais festivos. Nos meses estivais, existem lá dois palcos para a actuação alternada de duas bandas filarmónicas que tocam ao desafio. Neste local também podemos ouvir música tradicional açoriana, bons fados de Lisboa e outros espectáculos tão do agrado dos terceirenses sobre os quais falarei em altura mais apropriada. 
Apesar de na ilha Terceira haver muitas festas, a quantidade de foguetes lançada é diminuta - não mais de dois ou três foguetes de “pum”, de fraca potência, de cada vez. A festa está no coração das pessoas e, normalmente, é celebrada durante 10 dias nas igrejas ou nos “impérios” e à volta da mesa entre familiares e amigos.

Obs:  Fotos extraídas da rede social.

Café pode dar anos de vida


«O consumo de café pode contribuir para mais longevidade, ajudando a evitar doenças cardíacas, renais, respiratórias, cancros, AVC ou diabetes, segundo um estudo em que foram analisadas mais de 180 mil pessoas.» Ora aqui está hoje uma notícia muito agradável para mim que tanto gosto de café. Bebo-o desde a minha juventude, sobretudo quando surgiram na Gafanha da Nazaré os primeiros estabelecimentos conhecidos por cafés. É isso.
Os estudos valem o que valem e a prova disso está no meu caso. Tomando café todos os dias, tive enfartes e sou diabético Tipo 2 há muitos anos. De qualquer modo, gosto da notícia, porque fico mais descansado para continuar a cumprir um ritual que me dá muito prazer, garantindo-me energia para me sentir ativo. Podem crer que, se não tomo café logo de manhã, o dia nem me rende.


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Dragagem na Associação Náutica da Gafanha da Nazaré já começou


O dia 10 de julho ficou assinalado pelo início da dragagem na marina da Associação Náutica e Recreativa da Gafanha da Nazaré (ANRGN), o que representa motivo de regozijo para todos os desportistas náuticos, refere um comunicado daquela instituição, assinado pelo seu presidente, Humberto Rocha.
As dragagens, necessárias e urgentes, eram esperadas há muito tempo, pois os barcos tinham dificuldades em sair ou entrar na baía da marina, sobretudo a partir da meia-maré.
A dragagem começou na entrada do canal central para a baía, continua pelo lado norte — lado da EPA —, donde foram retirados os barcos. Depois será a vez da zona sul. Espera-se que os trabalhos terminem ainda neste mês.

terça-feira, 11 de julho de 2017

Padre Manuel Joaquim Rocha é o novo Vigário Geral da Diocese de Aveiro


«O vigário não tem agenda própria, mas a do seu bispo.» Esta terá sido a primeira reação do padre Manuel Joaquim Rocha, pároco da Vera Cruz, ao saber da sua nomeação para o cargo de Vigário Geral da Diocese, substituindo Mons. João Gaspar que ocupou tal missão durante cerca de 30 anos, e o padre Georgino Rocha, pró-vigário-geral.
A tomada de posse teve lugar no passado dia 7 de julho, sexta-feira, na Eucaristia de encerramento do retiro dos presbíteros, que se realizou na Casa Diocesana de Nossa Senhora do Socorro, em Albergaria-a-Velha. Presente parte do presbitério de Aveiro e vários amigos do padre Rocha, que quiseram associar-se ao momento da assunção de responsabilidade de um sacerdote, que passa a ser o mais próximo colaborador do Bispo de Aveiro, D. António Moiteiro. O prelado aveirense fez questão de informar que a nomeação do novo Vigário Geral da Diocese surgiu na sequência de consulta aos padres que exercem o seu múnus sacerdotal na Igreja Aveirense.
«Confio que o Deus de Jesus Cristo me vai ajudar nesta nova missão e que Nossa Senhora do Socorro ou da Apresentação me continuarão, de braços abertos, a oferecer o Filho ou a acolher o peregrino, e que os meus pais, lá do alto, continuarão a velar por mim», frisou o já Vigário Geral. E sublinhou que confia «na ajuda de todos: padres, diáconos, consagrados e leigos, mas, em especial, «na ajuda e incentivo dos meus irmãos padres». «Sois – somos – uma peça fundamental em todo este trabalho. Mais velhos ou mais novos, doentes ou com saúde, conto muito convosco», adiantou. 
Além de pároco da Vera Cruz, com todas as tarefas que lhe são inerentes, o padre Rocha é juiz do Tribunal Diocesano.


Conheço o padre Rocha há décadas e dele destaco a sua capacidade de diálogo e o dom de saber escutar. Firme na defesa da fé que o anima, é um homem de causas e corajoso na hora de decidir. Realço ainda a alegria que manifesta no dia a dia, cultivando um espírito de convivência fraterna. E é, sobretudo, um homem capaz de construir pontes, ou não tenha andado ele pelos canais da Vera Cruz, e de criar consensos, mesmo quando as alianças se partem. 
Daqui lhe envio os meus parabéns por ter acolhido, com a alma aberta,  novas missões, na certeza de que poderá contar com as orações de todos os diocesanos. 

Fernando Martins

João Gaspar — Nos 150 anos da abolição da Pena de Morte

 
Para memória futura, importa conhecer e compreender que a abolição da Pena de Morte, em Portugal, contou com a intervenção de aveirenses ilustres e determinados, autênticos paladinos da vida. João Gaspar, Monsenhor para os aveirenses, dá-nos conta de uma figura que marcou indelevelmente a cidade de Aveiro e sua região, Mendes Leite, bem retratado nesta transcrição:
«O Dr. Manuel José Mendes Leite, a quem foi prestada uma das maiores consagrações nacionais em 18 de maio de 1884, três anos antes de morrer, repousa no cemitério central de Aveiro, em túmulo de mármore, encimado por uma coluna que sustenta a chama simbólica que consumiu a sua vida inteira; o epitáfio, da pena de Marques Gomes, sintetiza o carácter de um grande aveirense: – “Combateu e sofreu pela Liberdade, nas batalhas, nas emigrações, no parlamento e na imprensa; serviu bem a Pátria como soldado, legislador e funcionário; foi seu timbre o desinteresse; viveu e morreu sem honrarias”.»


Aveirenses – Paladinos da vida 
Nos 150 anos da abolição da pena de morte


«A pena de morte, apesar de se encontrar nos costumes das mais antigas civilizações, tem sido frequentemente questionada. Uns negam a sua legitimidade, apoiando-se nas razões de Santo Agostinho (354-430): – a) a vida é um bem tão precioso que só Deus pode dispor dele; – b) uma vez executada a sentença judicial, se posteriormente se vier a concluir ter sido errada, já o mal não se pode reparar; – c) com tal pena não se alcança o bem do delinquente, que é a sua correção. Outros, pelo contrário, julgam-na como racional, fundamentando-se nos argumentos de S. Tomás de Aquino (1224-1274) e de Francisco de Vitória (1492-1546): – a) a legítima defesa do Estado e da Sociedade; b) o impedimento da prática de certos crimes.»

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Georgino Rocha — A Alegria do Amor - Tesouro em Vasos de Barro



O amor de Deus misericórdia surge como núcleo central na vida e no agir do Papa Francisco. É um amor que se reflecte, com intensidades diversas, em cada pessoa e na humanidade, em cada criatura e na criação, em cada discípulo missionário e na Igreja em conversão pastoral. O rosto deste amor dinâmico fica “plasmado” na simplicidade do viver quotidiano e das homilias na missa celebrada na Casa de Santa Marta, nos gestos proféticos e nos documentos escritos, sobretudo a “A Alegria do Evangelho”, o “Rosto da Misericórdia”, o “Louvado Sejas” e a “A Alegria do Amor”.

O estilo e a proposta do Papa têm despertado, de modo geral, a simpatia da sociedade civil, sobretudo da comunicação social e de alguns fóruns políticos e económicos, o acolhimento entusiasta pelo conjunto da Igreja, a correspondência lógica por muitos sectores da vida missionária e a discreta anuência de minorias que chegam a manifestar-se como oposição. Estou convencido da urgência de ir avivando a memória comunitária para esta riqueza reformista e para a arte pastoral que exige a harmonia de tesouro tão sublime estar entregue a vasos de barro, sempre frágil, apesar da qualidade da moldagem e cosedura. Limito-me à “A Alegria do Amor”, recorrendo ao meu bloco de notas em que fui apontando algumas referências, após a sua publicação, a 19 de Março de 2016; notas que serão continuadas proximamente.

“O significado do matrimónio cristão e o anúncio da sua beleza pela Igreja não mudaram”, afirma o Cardeal Kevin Farrell, prefeito do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida; mas “devem mudar a pastoral, o cuidado, a atenção da Igreja em relação às famílias, especialmente as mais necessitadas de ajuda, de apoio e de acompanhamento”. E aduz como razão principal a melhor compreensão do sentido de crescimento e aprofundamento destas realidades e a evolução do contexto sociocultural envolvente.

Esta observação pertinente aponta claramente o que está em causa: O evangelho do matrimónio sacramental e da família cristã, que a Igreja quer anunciar com fidelidade crescente numa sociedade plural, e o realismo das situações que não param de surpreender e de interpelar. A fragilidade reveste-se de muitos rostos e as “feridas” de muitas cicatrizes. A Igreja assume-se cada vez mais como mestra, e sobretudo como mãe e samaritana, companheira solícita nos caminhos da humanidade. E Farrel evoca a memória de João XXIII que, em relação ao Concílio Vaticano II, dizia: “Não é o Evangelho que muda; somos nós que o entendemos cada vez melhor.

“A Alegria do Amor” corre um sério risco: o de ficar reduzida ao problema do acesso à comunhão eucarística dos divorciados recasados; seria como a “A Vida Humana” de Paulo VI que, quase só, é lembrada pela questão da pílula ou da contestação surgida por um sector aguerrido. E esta encíclica do Papa Montini tem um riqueza extraordinária que o Papa Francisco cita várias vezes; riqueza complementada com a mensagem dirigida às Equipas de Nossa Senhora e por elas à Igreja, em 1970, em que desenvolve a pedagogia do acompanhamento pastoral. Sem este, não há “revolução do amor” que tenda para a sua plenitude: ser sacramento do amor de Jesus Cristo pela Igreja, pela humanidade.

As famílias “não são um problema, são principalmente uma oportunidade”, garante o Papa Francisco aquando da sua viagem apostólica a Cuba. Oportunidade de contemplar o sonho de Deus configurado na alegria do amor humano, em todo o seu esplendor e em todas as suas “noites” sofridas e amargadas. Oportunidade de reexaminar a atenção amiga, não abusiva, de quem está próximo e começa a viver tensões difíceis no relacionamento conjugal, de quem é chamado a ser mediador/conciliador (se possível), de quem, por missão apostólica, tem a incumbência de acolher, acompanhar e integrar os que desejam sinceramente apoio para o seu caminhar e sentido para as suas buscas e canseiras. Oportunidade que é compromisso em todos os níveis da organização da Igreja.

As questões canónicas do matrimónio devem ser tratadas pela via jurídica, segundo as normas do direito canónico; e as questões de consciência por via do discernimento, diante de Deus, em oração e em diálogo de acompanhamento pastoral. Esta afirmação inspira-se na “Alegria do Amor”, n.º 300 e é da autoria de Juán Massiá, teólogo e padre jesuíta,

Felizmente alguns passos se têm dado neste sentido. Mais visíveis no campo jurídico do que no da pastoral. Mas a realidade clama por maior atenção e diligência. Sobretudo a situação dos que se encontram na situação de casados de novo civilmente e querem progredir na integração eclesial e viram declarada inconsistente a sua pretensão de nulidade sacramental.

segunda-feira, 10 de julho de 2017

Revista Saúda para ler todos os meses



Nas farmácias, está sempre à disposição das pessoas a Revista Saúda, editada pelas Farmácias Portuguesas. É mensal e custa dois euros, mas, pelo que tenho visto, é oferecida mês a mês a todos os clientes. Como é natural, os leitores inveterados ou os simples curiosos pelas questões da saúde aproveitam a oferta. Só fazem bem, porque, para além de muitas informações sobre medicamentos, a revista também nos brinda com textos muito bem elaborados e esclarecedores do que a todos interessa, no respeitante a uma vida saudável e feliz. 
A Revista Saúda tem excelente aspeto gráfico e dá aos seus leitores conselhos pertinentes porque, julgo eu, todos temos muito que aprender no dia a dia sobre uma educação para a saúde, pois que, o que hoje sabemos amanhã já pode estar ultrapassado. E não é verdade  que o saber, segundo o ditado, não ocupa lugar?
Além das informações próprias dos farmacêuticos, a Revista apresenta-nos, com regularidade, exemplos extraordinários de vidas exemplares, que são outros tantos motivos para nos sentirmos bem connosco próprios, mas também servem de estímulo para ultrapassarmos pessimismos que emperram as nossas caminhadas na vida, rumo à felicidade a que todos temos direito. 
Na Revista Saúda deste mês de julho, destaco, entre outras rubricas saborosas, os “Heróis Saúda”, que nos conta a história de uma médica do outro mundo. Por favor, leiam aqui. E depois digam se vale a pena ou não acreditar no futuro e ter esperança num mundo melhor. 

Fernando Martins

domingo, 9 de julho de 2017

Danças e cantares no festival da Gafanha da Nazaré






Aspeto da assistência 

Acácio Nunes e Miguel Almeida, conselheiros da FFP
«Qualquer turista que venha à cidade de Aveiro dá a sua voltinha de moliceiro e depois vem para o município de Ílhavo, em especial para as praias da Barra e Costa Nova, para apreciar o Farol mais alto de Portugal e as Casinhas às Riscas», afirmou o presidente da Câmara, Fernando Caçoilo, na abertura do XXXIV Festival de Folclore da Gafanha da Nazaré, que se realizou no sábado, 8 de julho, na “Casa Gafanhoa”, habitação de lavrador rico dos anos 20 do século passado. A atuação dos grupos aconteceu no Jardim 31 de Agosto, com desfile por volta das 21 horas, tendo por cenário a “Casa Gafanhoa”. 
A organização do Festival pertenceu, como desde a primeira hora, ao Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré, cujo presidente, Alfredo Ferreira da Silva, saudou os grupos convidados, oferecendo-lhes lembranças e votos de boa estada entre nós. 
José António Arvins, secretário da Junta de Freguesia, manifestou o desejo de que os visitantes se sintam bem na nossa terra. «Desfrutem de cada momento que vão passar entre nós, e mais logo, quando regressarem às vossas terras, levem convosco boas recordações da Gafanha da Nazaré.» Ainda felicitou o GEGN «pela sua já longa história e pela forma cuidada e fiel com que tem preservado os usos e costumes, promovendo-os e divulgando-os». 
O XXXIV Festival de Folclore contou com a participação, para além do grupo anfitrião, dos ranchos de Santa Maria da Touguinha, Vila do Conde; Folclórico de Cabeça Veada, Porto de Mós; “Os Camponeses” de Malpique, Constância; e Folclórico Rosas do Lena, da Batalha. Atuaram a partir das 22 horas  no tablado montado no Jardim 31 de Agosto para agrado dos que apreciam as tradições etnográficas de terras diversas, sobressaindo os trajes, danças e cantares apresentados por Miguel Almeida, conselheiro da Federação do Folclore Português (FFP), instituição que congrega mais de 300 grupos e ranchos. 
Na Casa Gafanhoa, o autarca ilhavense frisou a importância destes festivais que nos permitem conhecer outros usos e costumes do nosso país, desde o litoral até ao interior, mas não deixou de lembrar que o município de Ílhavo é hoje mais marítimo, com «gente que se habituou no passado à pesca do bacalhau, que teve uma importância vital». «Nesta terra, em que os homens iam para a pesca do bacalhau, as mulheres ficavam a tratar dos filhos e das terras, transformando o areal em terra de cultivo». Presentemente, sublinhou Fernando Caçoilo, «semear e plantar é coisa do passado», apresentando-se a Gafanha da Nazaré muito mais urbanizada. 
Dirigindo-se mais aos visitantes, adiantou que o GEGN «tem sido uma referência na área das nossas tradições», apesar de ser uma freguesia muito recente, com pouco mais de 100 anos».
Miguel Almeida, que apresenta o Festival de Folclore da Gafanha da Nazaré há mais de 30 anos, disse que os grupos e ranchos filiados na FFP «não têm outros remédio senão responder às exigências da federação», adiantando que «está em curso uma “vigilância” por parte dos conselheiros, os quais avaliam os grupos filiados constantemente, de forma pedagógica». Quando há desvios, os referidos conselheiros «vão chamando a atenção, no sentido de se proceder às correções devidas, porque é preciso primar pela qualidade». Contudo, afiançou que tem havido sempre diálogo até se atingir o consenso. E sobre o surgimento de novos grupos, confirmou que têm aparecido alguns, mas reconhece que «manter os que existem já é um ato heroico». 

Fernando Martins

Frei Bento Domingues — O desemprego eclesial dos cristãos

José Augusto Mourão


1. No passado dia 29 de Junho, foi apresentada, no Convento de S. Domingos (Lisboa), a Obra Seleta do dominicano José Augusto Mourão — O Vento e o Fogo; A Palavra e o Sopro; O Espelho e o Eco [1] —, coordenada por J. Eduardo Franco. Desta selecção resultou um volume de 1590 páginas, primorosamente editado pela Imprensa Nacional, que mostra a abrangência polifacetada e original da sua escrita.
Trata-se de uma realização singular da interacção do trabalho académico e da intervenção cultural, fora dos espaços confessionais, em ligação com a tarefa de alterar as rotinas instaladas, em nome de uma falsa ortodoxia, no campo litúrgico e teológico. O seu empreendimento, na adaptação e criação de expressões poéticas e musicais para as celebrações da fé cristã, resulta de um profundo conhecimento das respectivas tradições orientais e ocidentais. Não se confunde com a ignorância atrevida, nem com o falso respeito do que sempre assim foi e porque sim! Nele, a tradição provocava constantes inovações. A fé era recebida como “alteração alterante”. Confessa num poema musicado da juventude: “Creio em Ti porque isso mudou a minha vida.” Fez, numa entrevista, a sua apresentação: “Sou dominicano, antes de mais. Sou professor universitário, a seguir. Ensino Semiótica e Hiperficção e Cultura, na Universidade Nova de Lisboa. Sou também presidente do Instituto S. Tomás de Aquino. Mas sou fundamentalmente um leitor que ensina, que investiga e que escreve.”
Ao responder à pergunta sobre o que o levou a escrever livros, foi muito directo: “A Academia avalia, e um dos critérios da avaliação é o que se produz em termos de ensaios, conferências, participação em congressos. Escrever, neste caso, é uma obrigação profissional. Escrever textos sobre Deus decorre do meu próprio estatuto de ‘teólogo’. Tenho uma licenciatura canónica em teologia, antes de mais. Escrevi textos sobre ‘A enunciação poética de Deus’, por exemplo, mas muitos outros sobre ‘Liturgia e estética’, ‘O espaço dos mosteiros’, por exemplo.” Como dizia António Machado, a alma do poeta orienta-se para o mistério.
J. A. Mourão escrevia em resposta “a um sopro, a um Dito, a um apelo. Distingue poesia (em absoluto) e ‘textos para rezar’, que são textos de circunstância, utilizados em ambiente litúrgico”.
Sobre o papel da Sagrada Escritura no seu trabalho, como escritor, é luminoso: “A Palavra de Deus é primeira em relação à palavra que trocamos entre nós: não dispomos dela. Não há cristão que não obedeça à Palavra. Não como enunciado morto, mas como provocação, interacção. A Palavra não é monolítica, mas multidiversa: é cada um que, ao recebê-la, a ‘aplica’ a si e ao mundo em que vive. Não escrevo a partir da ‘angústia da influência’, mas da liberdade dos filhos que entre si partilham o que lhes é comum. A Palavra dissemina-se em nós como um campo que Deus trabalha.”
A poesia não procura efeitos práticos: “O poeta escreve por escrever. Como a rosa é sem porquê. Não sou um escritor militantemente cristão. Testemunho no dom que recebi de dar à Palavra um lugar alto, não rotineiro, não vulgar. Nem romano. No caso dos textos para rezar, se os escrevo é para os rezar com. Não é viver, viver com?” [2]
Conheci este poeta em Vila Real, onde fui pregar, em 1962, durante oito dias, na Sé, Igreja de um antigo convento da Ordem dos Pregadores. Ainda seminarista, convidou-me para uma palestra na Academia Missionária. Passou depois pelo Seminário do Porto. Incómodo para o Bispo de Vila Real, foi convidado como missionário leigo pelo Bispo de Nampula, D. Manuel Vieira Pinto. Passados dois anos foi recambiado para Portugal pela PIDE, ao ver que ele não se resignava à situação maltratada da população africana.
No Porto, sentiu-se reconhecido por frei Bernardo Domingues e por Frei Mateus Peres. Foi estudar para Toulouse, Lyon e Paris. Fui pregar à sua Missa Nova. Morreu em 2011.

2. O acontecimento marcante na reforma da Cúria Romana foi a não recondução do Cardeal Müller, como Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. Quem andar alheado das movimentações vaticanas reagirá de forma muito displicente: rei morto, rei posto. Desaparece um, vem outro. Não há vazio de poder. Isto significa que ainda não se compreendeu o desígnio do Papa Francisco.
Não tenho de pôr as mãos no lume pelo novo Prefeito, o bispo Ladaria, com uma carreira que tem todas as marcas de um homem do sistema.
O Papa Francisco nunca atribuiu qualquer infabilidade às suas opções. Se as faz, é para realizar um programa que apresentou, de forma clara, a toda a Igreja. Manter, como Prefeito, o cardeal G. Müller — nomeado por Bento XVI — seria mostrar que, para não ferir susceptibilidades, renunciava às reformas que prometeu. Não esperem isso de Bergoglio. Era inteiramente inaceitável que o Prefeito se servisse do seu cargo para desautorizar, sistematicamente, de forma directa ou enviesada, os caminhos do Papa Francisco. Mostrou-se, no mínimo, um funcionário sem ética profissional. A decisão só peca por tardia. É lamentável que não tivesse tido a hombridade de se demitir.

3. Confesso que não acredito nessa Congregação, herdeira do Santo Ofício. Durante o longo mandato do Cardeal Ratzinger, manifestou-se, em nome de Deus, uma instituição esterilizante do pensamento livre na Igreja. Terá de ser substituída por uma instância que estimule a criatividade cultural da fé cristã, em diálogo com as expressões do pensamento laico e inter-religioso. A fé católica dá muito que pensar e realizar como liturgia, estética e ética no respeito e apreço pela investigação científica. Tem de ser uma fé em processo permanente de inculturação. Isto não significa que vale tudo. Significa que os cristãos têm de desenvolver uma atitude de mútua escuta e mútua interpelação. A Igreja, hoje, conta, a nível local e global, com competências em todos os ramos de vida humana e de inteligência da fé, que precisam de ser activadas.
É lamentável o desemprego eclesial dos cristãos, mulheres e homens.

Frei Bento Domingues no PÚBLICO 


[1] Direcção e coordenação de José Eduardo Franco, Imprensa Nacional, 2017
[2] Ib., p.1589-1590. O sublinhado é meu. Numa entrevista a Maria João Seixas, que também figura neste volume, explicita as opções do seu itinerário, como cidadão, como investigador e professor, como dominicano com responsabilidades no interior da Ordem dos Pregadores, sem confundir ou anular nenhuma destas dimensões, potenciavam-se umas às outras (cf. pp.1577-1587)

sábado, 8 de julho de 2017

Georgino Rocha — Facto Marcante, Hora de Esperança


A Cúria diocesana vive uma hora marcante na sua missão pastoral. A nomeação do novo Vigário Geral, P. Manuel Joaquim Estêvão da Rocha, pelo nosso Bispo, Dom António Moiteiro, constitui o seu rosto mais visível e, ao mesmo tempo, o pulsar do seu novo ritmo. Tudo acontece num instante: leitura do decreto de nomeação, profissão de fé, assinatura. E o selo do abraço a confirmar o assumir das novas funções.
Para este instante se encaminha o processo de auscultação ao presbitério que o Senhor Bispo decidiu tornar indicativa. Para este instante se polariza a oração de tantos amigos da Igreja diocesana, uma vez aberto o caminho de escolha pelo pedido de cessação de funções do senhor Vigário Geral, Monsenhor João Gaspar e do Pró-Vigário Geral, P. Georgino Rocha.
Este facto marcante faz-me revisitar o tempo em que exerci esta e outras funções como cooperador próximo dos Bispos da Diocese. Pude reencontrar a memória agradecida de rostos amigos em tantas paróquias e comunidades religiosas, movimentos e secretariados, instâncias diocesanas e nacionais. Pude rever gestos de atenção solícita de Dom Manuel de Almeida Trindade, de Dom António Marcelino, de Dom António Francisco e de Dom António Moiteiro. Pude sentir, mais uma vez, o sorriso brilhante de tantos colegas que, do seio de Deus, me acenam e iluminam. Pude acolher de novo, como em súplica insistente, a voz de quem sofre e não vê saída airosa para a sua situação, de quem quer caminhar na vida, mas anda à procura de sentido que valha a pena, de quem não pactua com uma sociedade “líquida” e não dispõe de um ponto firme nem de apoio inabalável para a sua fé, as suas lutas e canseiras, de quem sonha com uma família estável, mas a realidade “fala” mais alto e não cessa de surpreender.
A nomeação do novo Vigário Geral ocorre ainda no ano pastoral dedicado à esperança, integrado no triénio da misericórdia que nos propusemos viver com alegria. É o momento de reganhar a esperança que nos é proposta, tendo já como horizonte próximo a caridade operativa. Esta feliz coincidência não será certamente fortuita, mas providencial, pois como reza o lema original da nossa Diocese: “Amar a Deus é servir”. E servir por amor é certamente a melhor expressão do culto a Deus, da liturgia do Senhor e da acção do Espírito Santo que, por meio da Igreja, incessantemente nos renova e cuida da casa comum da nossa humanidade.
Que Maria, a Senhora da Misericórdia, e Santa Joana, a amiga dos pobres e a defensora da liberdade de consciência, velem com solicitude pela nossa Igreja diocesana em saída missionária e alcancem de Deus uma especial bênção para o novo Vigário Geral no desempenho das suas funções.


Maria Donzília Almeida — Dia do Amigo


Mal nos conhecemos
Inaugurámos a palavra «amigo».
«Amigo»
é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo,
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece,
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!

Alexandre O'Neill

“Possuir um amigo é ser dono de um tesouro! “ Esta parece ser, para o senso comum, quase uma verdade do Sr lapalisse, dada a evidência do significante. Na realidade, este conceito reveste-se de tal importância e significado, que a língua portuguesa dispõe de várias expressões para o designar. Assim, temos:

amigo do peito,
amigo do coração, 
amigo de Peniche,
amigo da onça,
amigo presente,
amigo ausente...

Há também os amigos do alheio, que proliferam, na era moderna, como ratazanas em tubos de esgoto, et cetera!
Como “A língua é um processo dinâmico que acompanha o evoluir do homem...!” Cf “Língua e Costumes da Nossa gente”, vai-se adaptando à evolução social e incorpora, no seu léxico, novos termos que traduzem essas mesmas alterações. A semântica também acompanhou a mudança e, a palavra amigo adquiriu outras nuances, outras tonalidades – amigo colorido! Este veste-se de qualquer roupagem e satisfaz o desejo de requinte de qualquer freguês(a)! Tal como o Ambrósio, do ferrero rocher!
É uma invenção desta era e já remonta aos finais do século XX, sem data precisa da sua “inauguração”! A estrutura social evoluiu e assim, a amizade se revestiu de novas nuances, para se manter, sempre, up-to-date!
É uma espécie de amigo polivalente, um pau para toda a colher. Está sempre ali, disponível para o que der e vier, mas sem compromisso algum, para além da amizade, claro! Que é já, um grande vínculo!
Foi esta a explicação que me foi dada, mas não sei se percebi muito bem! Aqui, sou como os alunos, que, às vezes, têm dificuldade em perceber a matéria nova! Nem sei por que razão me exaspero com eles, se, em situação idêntica, também revelo dificuldades de compreensão! Precisarei de APA? Terei de ser submetida a um Plano de Recuperação, para  vencer as dificuldades de aprendizagem? Ou será um Plano de Acompanhamento, agora no final do ano? Ou ainda...um Plano de Tutoria? Aqui, os meios determinam o fim, ou seja, a transição de ano, que é o cumular do sucesso educativo! Aquilo que é mais grato para a tutela!
Bem, é melhor deixar o assunto para o próximo ano letivo, já que os professores têm direito às suas merecidas férias! Deixemo-los desanuviar, que bem merecem!
Acho que, se compreendi...e dada a dificuldade em encontrar mão-de-obra (!?)
especializada...toda a gente deveria gostar de ter um Amigo Colorido!?
Passo a refletir sobre a verdadeira amizade:
Muitos são os amigos que fazemos ao longo da vida, mas só ficam os verdadeiros. Os outros são colegas, de profissão, de trabalho, de equipa.

Ser um amigo:

• É mais que abraçar. É passar num abraço todo o amor e carinho.
• Não é estar presente em todos os momentos, mas fazer-se presente quando
necessário.
• Mais do que ser otimista, é ser convincente.
• É chorar quando eu choro e rir quando eu rio, não o contrário.
• Não é perdoar tudo. É saber relevar e compreender, quando possível, as falhas dos outros.
• É mais que olhar juntos na mesma direção. É olhar um para o outro e aceitar-se mutuamente, com defeitos e virtudes.
• É preocupar-se com o outro e não se importar de ouvir, quando está pronto para sair, um telefonema a pedir ajuda. E ir mesmo com vontade de ficar, sem se arrepender.
• Ser amigo é ser a esperança de alguém, ser a luz, ser o guia, o protetor.
• Ser amigo é esquecer-se de si e doar-se ao outro, por inteiro.

Termino com as sábias palavras do grande poeta, António Aleixo:

Contigo em contradição,
Pode estar um grande Amigo.
Duvida mais dos que estão
Sempre de acordo contigo!

 08.07.2017

 Mª Donzília Almeida

“Itinerários de A a Z” — Um livro de Manuel Olívio Rocha


“Itinerários de A a Z” é o mais recente livro do nosso conterrâneo e amigo, Manuel Olívio da Rocha, radicado no Porto desde há décadas com a família, O livro, de edição familiar, apresenta-se com inúmeras fotos a preto e branco sobre todos os temas abordados, completando assim uma ronda exaustiva por nações, terras e lugares relacionados com todos os membros dos agregados familiares que tiveram por base a Virgínia Costeia e o Manuel Olívio, ela da Murtosa e ele da Gafanha da Nazaré.
O título diz claramente que a caminhada da Família Costeia da Rocha oferece aos leitores, circunscritos aos avós, filhos, netos e amigos, uma multifacetada e riquíssima mostra ao nível de dados pessoais e referências históricas abrangentes, dignas de nota. Lê-se, pois, com muito agrado e até com curiosidade, por todos  e especialmente por quem, como nós, conhece desde sempre a família, que faz parte do nosso ADN, por banda dos Rochas. 
Este seu trabalho, que vem na senda de outros, anualmente editados, traduz, de forma concreta, a capacidade de trabalho e a rica imaginação do autor, que ano a ano nos surpreende com assuntos interessantíssimos, merecedores, em minha opinião, de divulgação mais ampla, numa perspetiva de estimular obras semelhantes, que a vida de gerações passa, indubitavelmente,  por livros deste tipo. 
A abrir, na rubrica que tem por título PRONTOS?!..., o autor deixa como aperitivo algumas ideias, ao jeito de informação preliminar, para aguçar o apetite. Assim:

À guisa de Escuteiro: SEMPRE PRONTO!
Percorrer “Seca e Meca” 
onde nos levará?
Alguns pontos ficaram perdidos…
Cada um lá voltará.
Todo o material que se expõe 
vem do baú da memória 
e algum encontrado no rabusco.
Que a todos traga boa diversão 
e avive recordações!

E agora é preciso ler e reler, como fizemos, de A a Z, com a garantia de que, em cada letra do alfabeto, há inúmeras curiosidades e informações, algumas das quais tivemos o grato prazer de partilhar, que nos enriquecem, fazendo-nos recuar no tempo e reviver um passado que está em nós como tesouro imorredoiro.
Este é o 28.º caderno de Família. Capa de Domingas Vasconcelos. São 353 páginas A5 com muito para ler. 
Os meus parabéns ao autor e família.

Fernando Martins