sexta-feira, 14 de abril de 2017

O Calvário do mundo



1- Perante o horror todo do mundo, guerras e cidades a desmoronar-se, crianças a jorrar sangue e a gritar de dor ao colo de pais perdidos e a fugir não sabem para onde, violações, crucifixões, fome e mortes, terror e impotência, a palavra que sobe à mente: "Um calvário!" Às vezes, vêm ter comigo pessoas destroçadas e contam e contam e contam... destroçadas: "Sabe? A minha vida tem sido um calvário." E parte-se-me a alma.

2- Hoje, Sexta-Feira Santa, o que se lembra é o calvário de Cristo e, nele, os calvários todos da história. Perante o horror da morte a aproximar-se, diz o Evangelho que Jesus "começou a sentir-se apavorado e a angustiar-se" e rezava: "Meu Pai, tudo te é possível, afasta este cálice de mim. Mas faça-se não o que eu quero, mas sim o que Tu queres." E morreu, gritando esta oração: "Meu Deus, meu Deus, porque é que me abandonaste?"

3- Segundo a fé cristã, não faz sentido lembrar a Sexta-Feira Santa sem a esperança da Páscoa. Os discípulos viveram na perplexidade e angústia o calvário de Cristo. Foi lentamente que, reflectindo em tudo quanto tinham vivido com Jesus, e meditando sobre a sua vida, a sua mensagem, o modo como se dirigia Deus - Amor incondicional, Pai e Mãe -, o modo como se relacionou com todos, o modo como se dirigiu para a morte, fizeram a experiência de fé de que esse Jesus não morreu para o nada, mas para dentro da plenitude da vida em Deus. Deus não é um Deus de mortos, mas de vivos e da Vida. Essa experiência foi tão intensa e avassaladora que disso deram testemunho até à morte.

quinta-feira, 13 de abril de 2017

Mastro do Milenário — Eu estive lá

Efeméride
13 de abril de 1958


O presidente da Câmara Municipal, Dr. Alberto Souto, inaugurou, na ponte da Dobadoura, o «Mastro do Milenário», cujo simbolismo esclareceu na mensagem, dirigida aos aveirenses, que então proferiu (Litoral, 19-4-1958) – A.

"Calendário Histórico de Aveiro",
de António Christo e João Gonçalves Gaspar


Eu assisti aos trabalhos de erguer o mastro do Milénio da povoação de Aveiro e Bicentenário da cidade, datas que se celebraram em 1959. Comandou as operações delicadas o Mestre Manuel Maria Bolais Mónica, com muita gente a assistir, porventura receosa, alguma, de o mastro não entrar no buraco para ficar com as bandeiras a assinalar as efemérides, que se esperavam festivas.
Como manobrador do camião do estaleiro do Mestre Mónica estava o então meu amigo Henrique Correia, que veio a ser o primeiro presidente do Grupo Desportivo da Gafanha, sendo eu o secretário.
O camião estava carregado, julgo que com toros, para garantir a estabilidade do veículo quando aplicava a máxima força para erguer o mastro. Cordas grossas postas em lugar estratégico, naturalmente, garantiam a resistência suficiente para o êxito esperado. O Mestre falava alta, gritava mesmo, para que todos ouvissem as suas ordens. E quando veio a ordem para o Henrique Correia acelerar o camião, paulatinamente, o mastro começou a levantar-se e no sítio certo, bem aprumado, lá ficou a lembrar a todo o nosso mundo que Aveiro existia desde 959, como povoação ligada a Mumadona Dias, e como cidade a partir de 1759.
Mestre Manuel Maria Bolais Mónica morreu no ano seguinte, mais concretamente em 16 de julho de 1959.

F.M.

Mais um livro de Teresa Reigota



Teresa Reigota acaba de lançar mais um livro — Gafanha... Crianças de antanho e suas vivências — que decerto nos levará a recordar tempos idos. Temos vivências espontâneas ainda muito longe das brincadeiras e saberes comandados ou telecomandados pelas revolucionárias tecnologias da comunicação. Será um livro, imagino eu, que as antigas e novas gerações hão de saber apreciar. Depois direi...

quarta-feira, 12 de abril de 2017

Faleceu António Augusto Afonso

Recebi hoje a dolorosa notícia do falecimento do meu bom amigo António Augusto Afonso. Tinha 92 anos e vivia há muito nos Estados Unidos da América. A doença que o vitimou ceifou-lhe a vida terrena em três semanas. Homem profundamente crente, ligado às Igrejas Evangélicas, morreu serenamente como, aliás, sempre viveu. 
O senhor António Afonso, como era mais conhecido, foi um cidadão exemplar e um crente evangélico convicto, amigo dos seus amigos, melhor dizendo, amigo de todos os que com ele se cruzaram na vida, independentemente das convicções religiosas, políticas, sociais ou outras de cada um. Por isso mesmo, era respeitado e venerado por toda a gente.
Foi durante muitos anos alfaiate, acumulando, durante certo tempo, a atividade de barbeiro. Mas foi como mestre alfaiate que mais se distinguiu, pelo rigor do corte e perfeição dos acabamentos, não lhe faltando clientes. Porém, um dia emigrou para os Estados Unidos, carregando as saudades da sua Gafanha de que falava continuamente com ternura, evocando pessoas e acontecimentos que o marcaram indelevelmente. 
Durante umas férias entre nós, António Augusto Afonso exibiu uma memória fresca e fiel e garantiu-me que, «para vencer a solidão, nascida com a reforma, se dedicava a recordar o passado, construindo miniaturas de madeira e de outros materiais, com as quais avivava e enriquecia a sua existência, reproduzindo, de cor, edifícios e objetos que tinham  lugar cativo na sua cabeça. Tornando-os presentes, longe da terra-mãe, podia, então, ao apreciá-los, voltar a recuar décadas e sentir-se gafanhão de coração. Mas António Afonso não se fica por aí. Como gostava de escrever, passou ao papel, numa caligrafia personalizada, certinha e bem medida, estórias vividas há muitas décadas.
Nessas memórias, que o são de facto, o nosso conterrâneo pede a todos quantos tiverem a paciência de ler a sua «gatafunhada» tolerância pelos seus erros gramaticais, dedicando-a à sua Gafanha da Nazaré, que nem sequer sabe quanto ele a amava. 
Os seus manuscritos são, ao jeito de memórias, retalhos de eras que tive o privilégio de ler e apreciar. A partilha dos seus sentimentos,  emoções  e evocações, em que retrata colegas de infância, estórias de vizinhos, brincadeiras e visitas aqui e ali, foram outras tantas lições que guardarei nas gavetas das boas recordações, para tornar presente a nossa amizade, cimentada há muito tempo, apesar das convicções religiosas de cada um.
Sei que Deus já  acolheu no seu regaço maternal o nosso bom amigo António Augusto Afonso. Esta é a minha certeza.

Fernando Martins

Semana Santa


Estamos na Semana Santa, também chamada Semana Maior, por nela vivermos mais intensamente as verdades essenciais da nossa fé. Semana de silêncio, meditação, oração e de certeza de que a Ressurreição de Jesus, ano a ano renovada no coração dos crentes, está próxima, para júbilo de quantos acreditam que a vida de cada um de nós é sempre um recomeço.
Jesus Cristo, um marco histórico indiscutível, é luz do mundo que anuncia Boas Novas a todos os homens e mulheres de boa vontade, para glória de Deus e redenção de toda a humanidade, derrotando as nossas fragilidades que tornam agreste a nossa sociedade.
A Semana Santa, vivida e sentida na humildade, leva-nos mais até aos que sofrem no corpo e na alma as incompreensões dos egoísmos e as injustiças a diversos níveis.
A Semana Santa é também uma semana de purificação e de compromissos permanentemente renovados. E no culminar dela, teremos a alegria da Ressurreição de Cristo, que nos garante a plenitude da vida.
Santa Páscoa para todos na feliz certeza de Cristo Ressuscitado.

Fernando Martins

Gafanha da Nazaré: cidade há 16 anos


terça-feira, 11 de abril de 2017

Morreu Fernando Campos, romancista histórico





O autor do romance histórico A Casa do Pó, best-seller no final dos anos 1980, morreu no sábado em Lisboa, mas só nesta segunda-feira é que a notícia foi divulgada pela família.

“A Casa do Pó é um romance sem padrinhos. Fernando Campos, o seu autor, é um homem que durante dez anos persistiu na demanda do enigma de Frei Pantaleão, franciscano no Itinerário da Terra Santa. O enigma resistiu à investigação, mas a ficção portuguesa ganhou um romance extraordinário, melhor entre os melhores.”,  escreveu Clara Ferreira Alves no Expresso sobre o autor que escreveu o seu primeiro romance aos 61 anos. 

Texto de ISABEL COUTINHO, no Público

NOTA: Li este e outros livros de Fernando Campos, todos com entusiasmo, tanto pela escrita fluente e sem mácula que o autor cultivava, mas também pela abordagem de temas de matriz história.  Neste eu primeiro livro debruçou-se sobre o aveirense Frei Pantaleão.

domingo, 9 de abril de 2017

S. Jorge: Fajã da Caldeira de Santo Cristo







A Fajã da Caldeira de Santo Cristo merece sem dúvida o percurso de uma hora a pé por um caminho de terra batida que bordeja as encostas íngremes e verdejantes do Norte da Ilha de São Jorge. Vivem ali poucas famílias e a lagoa de água salobra produz as melhores e maiores amêijoas que jamais comi em toda a minha vida. 
Se há paraíso e se há sítio na terra onde se esteja próximo do céu, este é seguramente um desses locais. Não pelas amêijoas mas pela paz e desprendimento que o lugar oferece, protegido por uma imagem de Cristo que, segundo a lenda, se recusou a sair dali, provocando intempéries de cada vez que os homens tentavam tirá-la, por mar, do lugar que Ele escolheu!

Pedro Martins

A Bíblia em praça pública


O projecto de Frederico Lourenço, assumido pela Quetzal, não se limita a uma nova tradução do Novo Testamento mas à tradução de toda a Bíblia Grega, judaica e cristã.


1. Como escreveu, em 2016, o Prof. José Augusto Ramos, o universo cultural, editorial, científico e académico português foi recentemente presenteado com o aparecimento do primeiro volume de uma tradução da Bíblia grega, conceito que nos tem sido estranho, desde há muitos séculos [1]. Este ano, nos finais de Março, Frederico Lourenço inundou todas as livrarias com o segundo volume da tradução da Bíblia grega, o Novo Testamento completo, escrito há quase 2000 anos, cujo original é irrecuperável. Esta tradução está baseada no texto fixado por Nestle-Aland [2].
Para F. Lourenço, a leitura comparativa dos evangelhos canónicos e dos restos que nos chegaram dos apócrifos não deixa qualquer dúvida quanto à imprescindibilidade de Marcos, Mateus, Lucas e João, talvez os livros mais extraordinários da História da Humanidade.
Um padre, espantado com este fenómeno, perguntou-me: mas esse tradutor é padre? Quando lhe respondi que não era padre nem ex-padre, não era católico nem protestante e que neste trabalho prescinde, metodologicamente, de pressupostos religiosos, mostrou-se desconfiado. Aí há gato!

Cidade da Gafanha da Nazaré celebra 16 anos

Jardim 31 de Agosto
Farol da Barra

Jardim Oudinot
A Gafanha da Nazaré completa no dia 19 de abril 16 anos de elevação a cidade. O aniversário é assinalado com diversos momentos, primeiro no dia exato da elevação (19 de abril de 2001, na Assembleia da República), depois no fim se semana seguinte. 
No dia 19, as bandeiras hasteiam-se na Junta de Freguesia pelas 9h, seguindo-se uma visita a obras em curso. Pelas 11h, na futura Casa da Música, decorre a apresentação pública da última fase das obras de saneamento. No dia 21, sexta-feira, realiza-se um sarau comemorativo na Fábrica das Ideias da Gafanha da Nazaré. 
O sarau conta com a participação da Casa do Povo da Gafanha da Nazaré, Espaço Convívio da Junta de Freguesia, Filarmónica Gafanhense, Grupo de Dança “Pestinhas” e Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré. 
Por fim, no sábado, 22, há diversas provas desportivas: Caminhada na Praia da Barra, às 9h; Subida ao Farol, às 10h; Aula de Zumba no Largo do Farol, às 11h, Torneio de Petanca, no Jardim Oudinot, às 14h; e BTT Gastronómico Noturno, com início na Junta de Freguesia, as 19h.

sábado, 8 de abril de 2017

A avó das viagens



A avó das viagens
Por Mara Gonçalves
26.07.2013

Aos 78 anos, seis filhos e onze netos, Maria Amélia viaja sozinha e sem medos. Por Portugal e, no Inverno, por Marrocos. Sempre na sua autocaravana. Um neto resumiu a história da avó aventureira em vídeo. Resultado: um êxito na net. Com muito carinho.

Soldado português que enganou os alemães

Um herói da 1.ª Grande Guerra

«Autarquia de Murça lança este sábado a iniciativa “100 anos de La Lys - 100 anos do soldado Milhões” que, até 2018, promove colóquios, exposições, e pretende envolver as escolas e recuperar a casa do herói português da I Guerra Mundial, o soldado Milhões.
Entre os soldados portugueses que participaram na I Grande Guerra destaca-se Aníbal Augusto Milhais, natural Valongo, concelho de Murça.»

«O soldado raso ficou famoso por se ter batido sozinho contra os alemães, para ajudar à retirada das forças aliadas, depois de ter desobedecido a uma ordem de retirada.
Rezam as crónicas que, a 9 de Abril, uma força portuguesa se viu atacada pelos alemães. A força chegou a ser destroçada, a situação era “a pior possível”. Muitos portugueses foram mortos e os sobreviventes obrigados a retirar.
O soldado Milhais terá permanecido sozinho. Correu entre os vários abrigos, disparando de diferentes posições e criando a ilusão, nas tropas alemãs, de que a posição estava a ser guardada por vários militares.»

Olímpia Mairos, na RR 

Freitas do Amaral na Gafanha da Nazaré


Freitas do Amaral vai estar na Gafanha da Nazaré, no grande auditório paroquial, para nos oferecer uma aula aberta dedicada à história de Portugal. Será, sem dúvida, uma boa oportunidade para reavivarmos o que aprendemos sobre os grandes momentos da nosso país. Interessa a todos, novos e menos novos.

sexta-feira, 7 de abril de 2017

Prefiro a fé, o amor e a alegria

Cuca Roseta 
«Cuca Roseta afirma que a fé na sua vida “é primordial” e tem a “graça de ter muita” e de “não saber viver feliz sem ela”, porque considera que “só” existem duas formas de viver, “com fé ou com medo”.
“O medo pode-se tornar no maior pesadelo de sempre na vida. Prefiro a fé, o amor e a alegria que isso me traz para a vida. Prefiro viver ligada do que desligada do céu”, disse a fadista sobre a fé que dá “um sentido maior” a tudo o que faz e constrói.
Na entrevista ao jornal ‘Notícias de Viana’, enviada à Agência ECCLESIA, Cuca Roseta realça que a fé na sua vida “é primordial” e, nas vésperas da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), celebrada no Domingo de Ramos (9 de abril), explica que dá testemunho “sempre” que fala ou canta.»

Ler mais aqui 

Bolacha Americana todo o ano


Antigamente, a Bolacha Americana vendia-se, tanto quanto me dita a minha memória, apenas nas praias em épocas de veraneio. No inverno, não havia bolacha estaladiça para ninguém. Agora, até nas grandes superfícies se vende, julgo que com o mesmo sabor, todo o ano. Mas os vendedores ambulantes, sentindo a concorrência a apertar, não escolhem estação para a vender. Ainda bem para os gulosos...