sábado, 9 de abril de 2016

Gastronomia: “Prato à Casa Gafanhoa”

Bom apetite


Ingredientes:

1 posta de bacalhau 
4 batatas 
120g de feijão verde 
1 cebola 
2 dentes de alho 
Vinho Branco 
Pimento verde 
Pimento vermelho 
Louro 
Azeite 
Polpa de tomate

Preparação:

Passe a posta de bacalhau previamente demolhada pela farinha, frite em azeite e retire. 
Aproveite a fritura e coloque a cebola às rodelas, o alho picado, os pimentos às tiras, o louro, a polpa de tomate e, por fim, o vinho branco. 
Regue a posta de bacalhau com o molho e leve ao forno a gratinar. Sirva com batata cozida e feijão verde. 
Decore a gosto.

Receita gentilmente cedida pelo Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré, Associação participante no Concurso Gastronómico do Festival do Bacalhau 2015.

Fonte: Agenda "Viver em..." da CMI


Laicidade e laicismo

Crónica de Anselmo Borges 

«A laicidade do Estado é essencial 
para garantir a liberdade religiosa de todos»

1 O Papa Francisco, na visita ao Brasil, deixou uma mensagem fundamental sobre a laicidade: "A convivência pacífica entre as diferentes religiões vê-se beneficiada pela laicidade do Estado, que, sem assumir como própria nenhuma posição confessional, respeita e valoriza a presença do factor religioso na sociedade."
A laicidade do Estado, isto é, a sua neutralidade confessional, é essencial para garantir a liberdade religiosa de todos: ter esta ou aquela religião, não ter nenhuma, mudar de religião. Aliás, a laicidade é exigida pela própria religião. Porque confundir religião e política significa ofender a transcendência de Deus, e também porque só homens e mulheres livres podem professar de modo verdadeiramente humano uma religião.
Mas, para compreender o alcance da afirmação de Francisco, impõe-se a necessária distinção entre laicidade e laicismo. Uma distinção que, refere o teólogo José María Castillo, é reconhecida pelo Dicionário de Língua Espanhola da Real Academia Espanhola na sua última edição. O laicismo rejeita toda a influência ou presença religiosa nos indivíduos e nas instituições, públicas ou privadas. A laicidade admite esta influência, mas, atendendo a que há várias confissões religiosas, impede que o Estado aceite como própria uma só confissão e respeita-as a todas por igual. Se aceitasse alguma como própria e oficial, acabaria com a igualdade de todos os cidadãos.
Mas não haverá hoje cada vez mais uma deriva para confundir laicidade e laicismo?

terça-feira, 5 de abril de 2016

Morreu a nossa gatinha Gutti

Uma gata independente e solitária

A Biju deitada e a Gutti em pé
Hoje de manhã não fui abrir a janela do salão nem a porta que dá acesso ao sótão onde viviam as nossas gatinhas. A Biju morreu há precisamente um mês e hoje foi a vez da sua filha Gutti. Ambas de cancro, mal tão odioso que nem as pessoas o querem pronunciar, substituindo-o por “doença que não perdoa”.
A Gutti era uma gatinha filha de pai siamês, extremamente independente e solitária. Tal como todos os gatos, mas de forma mais acentuada. Não era gata de andar por aí, nem de correr a casa toda. Tinha o seu espaço, apenas dando alguma importância à dona, a Lita, que havia acolhido as duas há uns 15 anos, tratando-as como "princesas",  no dizer justo de um dos meus filhos. Foi durante muito tempo saudável, mas a idade, como nas pessoas, não perdoa. Foi operada, cuidadosamente tratada, alimentada com parcimónia, escovada frequentemente e sobretudo acarinhada. 
Na hora da escova, deitava-se tranquilamente numa mesa, no sótão, ao jeito de quem recebe massagens, mostrando o gosto que sentia com as escovadelas. Era meiga quando lhe apetecia e todas as manhãs, quando sentia a porta aberta, descia, senhora do seu nariz, atenta mas sem medo do Totti e da Tita, o cão e a cadela que têm sensivelmente a mesma idade. Postava-se à janela, previamente aberta, deliciando-se com o ar fresco e o sol a aquecê-la. Assim toda a sua vida. Olhava a paisagem e de vez em quando enchia-se de coragem, dava um salto para a figueira e outro para a cobertura do alpendre. E ali ficava indiferente ao mundo agitado dos homens.
Em pequena era um pouco ladina. E um dia, sem se saber como, saiu de casa e perdeu-se. A Lita espalhou um edital, com endereço e número de telefone, por cafés, lojas e esquinas, apelando à descoberta da gatinha. E seguimos para a Figueira da Foz como estava combinado. Dias depois, alguém telefona a informar que tinha encontrado provavelmente a Gutti. O meu filho Pedro foi confirmar se era a nossa gatinha. E era. Pegou nela, agradeceu à senhora e comunicou-nos que a Gutti já estava em casa a recompor-se da aventura. Talvez por isso, nunca mais saiu. E a Lita, nesse mesmo dia, não resistiu e veio visitá-la à Gafanha. Hoje ficou debaixo de uma laranjeira ao lado de outros animais que morreram de velhice na nossa casa. 

F.M.

A nossa gente — Diogo Lourenço



Neste mês de abril, em que se assinala do Dia Mundial do Livro (dia 23) e em que se realiza a Cerimónia da entrega dos prémios do XV Concurso Literário Jovem (dia 22), promovido pela Câmara Municipal de Ílhavo, dedicamos a rubrica “a nossa gente” a Diogo Lourenço, um jovem de 16 anos que começou já a dar os seus passos no mundo da escrita. 
Nascido a 16 de julho de 1999, Diogo Lourenço vive na Gafanha da Nazaré, onde se encontra a frequentar o Curso Profissional de Receção (11.º ano) na Escola Secundária e joga basquetebol há cinco anos no G.D. Gafanha. 
O gosto pela escrita sempre existiu, intensificando-se após um desgosto amoroso. Foi quando viveu esse período “menos bom” da sua vida, que se apercebeu de quão magnífica a escrita podia ser. A vontade de se exprimir de outra forma para além da verbal levou-o a refugiar-se na escrita. Começou a redigir textos pessoais e, mais tarde, após o incentivo de algumas pessoas, decidiu criar o seu blogue, iniciando aquilo que chama de “Viagem de volta à felicidade”. 

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Nossa Senhora de Fátima no Arciprestado de Ílhavo

8 e 9 de abril


A Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima vai estar no Arciprestado de Ílhavo nos dias 8 e 9 de abril. Vem de Vagos e às 21 horas será o acolhimento na Vista Alegre, seguindo em procissão de velas para a igreja matriz de S. Salvador. No dia seguinte, agora em procissão automóvel, vem para o Jardim Oudinot, passando pelas Gafanhas da Encarnação e Nazaré, onde será celebrada uma Eucaristia, pelas 16 horas, presidida pelo Bispo de Aveiro, D. António Moiteiro. No final da Eucaristia, a Imagem Peregrina seguirá em procissão com todo o povo do Arciprestado até ao ferryboat até S. Jacinto. Depois, na  Torreira, 10 de abril, será o Dia da Igreja Diocesana e entrega da Imagem de Nossa Senhora de Fátima à Diocese do Porto.
Os devotos de Nossa Senhora terão uma boa oportunidade para manifestarem a sua alegria pela visita da Mãe que nos conduzirá a Jesus.

Pode ler sobre outras visitas de Nossa Senhora

domingo, 3 de abril de 2016

Caminhos cristāos para a ressurreição da Europa?

Crónica de Frei Bento Domingues 


«O dia do culto que não seja o da celebração 
da alegria e da liberdade é um insulto a Deus»

1. Alguns amigos insistiram comigo para não voltar à pergunta: “Será possível ressuscitar a Europa?”. Este continente, dentro e fora de portas, antes, durante e depois do regime de Cristandade, viveu quase sempre em guerra e assim continuará. Um interregno de 60 anos de paz foi mais fruto do cansaço do que da virtude. A política, como Aristóteles viu, é o reino do instável para o qual não existe ciência certa, apenas palpites e raciocínios mais ou menos prováveis.
O que eu deveria questionar, segundo dizem, era o estado lamentável em que se encontra a liturgia da Igreja, nomeadamente a da Semana Santa. Não enche as igrejas nem as almas. A pergunta que os padres não deveriam evitar seria esta: porque será que os feriados de cariz religioso e os próprios domingos servem sobretudo para umas miniférias dos laicos e dos católicos não praticantes, cada vez mais numerosos?
Um dia abordarei o que há de interessante e falacioso nesta pergunta. Se os feriados religiosos servem para um merecido “descanso”, já não é mau. A mítica e bela narrativa da Criação coroa de humor um Iavé feliz e fatigado:Deus concluiu no sétimo dia a sua obra e descansou (Gn 1-2).

sábado, 2 de abril de 2016

Os direitos de todos na Constituição

A Constituição da República Portuguesa 
completou  40 anos 


Direitos de todos

1) Todos têm direito, nos termos da lei, à informação e consulta jurídicas, ao patrocínio judiciário e a fazer-se acompanhar por advogado perante qualquer autoridade.
2) Todos têm direito a que uma causa em que intervenham seja objecto de decisão em prazo razoável e mediante processo equitativo.
3) Todos têm direito à liberdade e à segurança.
4) Todos têm direito ao trabalho.
5) Todos têm direito à segurança social.
6) Todos têm direito à protecção da saúde e o dever de a defender e promover.
7) Todos têm direito, para si e para a sua família, a uma habitação de dimensão adequada, em condições de higiene e conforto e que preserve a intimidade pessoal e a privacidade familiar.
8) Todos têm direito a um ambiente de vida humano, sadio e ecologicamente equilibrado e o dever de o defender.
9) Todos têm direito à educação e à cultura.
10) Todos têm direito ao ensino com garantia do direito à igualdade de oportunidades de acesso e êxito escolar.
11) Todos têm direito à fruição e criação cultural, bem como o dever de preservar, defender e valorizar o património cultural.
12) Todos têm direito à cultura física e ao desporto.

Sobre o radicalismo islâmico

Crónica de Anselmo Borges 

«Só um Estado não confessional 
pode garantir a liberdade religiosa de todos»

1. Face aos ataques terroristas que se têm multiplicado, a condenação tem de ser inequívoca. O próprio Papa Francisco não tem poupado nas palavras: "Violência cega dos atentados", "estes cruéis actos abomináveis, que só causam morte, terror e horror", "a violência e o ódio homicida só conduzem à dor e à destruição", "atentado execrável", "crime vil e insensato"...
Depois de tudo quanto foi dito e escrito, não sei o que poderia acrescentar, mas há uma questão que não pode ser evitada: se há relação ou não entre o islão e a violência. Como disse Michael Walzer, consciência crítica da esquerda americana, à revista Philosophie Magazine (Fev. 2016), "são muitos os intelectuais de esquerda que, preocupados com evitar toda a acusação de islamofobia, não ousam qualquer crítica ao islamismo radical. Preferem insistir no facto de que a causa do fanatismo religioso não é tanto a religião como a opressão do imperialismo ocidental e a pobreza que criou. Não é completamente falso. O Daesh não teria nascido no Iraque sem a invasão americana em 2003. No entanto, o Califado não é produto dos Estados Unidos, mas fruto de um retorno do religioso, hostil aos valores ocidentais."

O Ressuscitado entra em nós pelos sentidos

Reflexão de Georgino Rocha

«Jesus sai ao encontro 
de quem vence preconceitos 
e se põe a caminho 
na mais maravilhosa aventura espiritual»

Jesus ressuscitado continua a surpreender, a provocar encontros que rasgam novos horizontes de vida, a aproveitar as mais diversas circunstâncias para atestar a sua presença real no meio de nós. E o evangelista João, por meio da comunidade a que deu origem, faz a narração de modo belo e eloquente.
O medo fechava o coração dos discípulos e ameaçava matar toda a esperança. O desânimo e a inquietação provocaram um vazio de pasmo angustiante e forçaram-nos a trancar-se na sala da casa onde se encontravam. A lembrança dos últimos acontecimentos agravava a situação sofrida: a morte do Mestre, a hipótese provável de lhes acontecer o mesmo, a debandada e a procura de esconderijo, o encarar um futuro sem saída airosa e consistente.

sexta-feira, 1 de abril de 2016

Imagens com Memória

Exposição de Fotografias Antigas 
no Centro Cultural de Ílhavo


“Imagens com Memória” é uma exposição de fotografias antigas patente no Centro Cultural de Ílhavo, tendo sido inaugurada no dia 28 de março. Trata-se de uma iniciativa integrada nas comemorações do Feriado Municipal de Ílhavo, com organização e dinamização do Centro de Documentação.
A mostra, constituída por imagens, postais, gravuras, ilustrações, pinturas e vídeos, contou com a participação de munícipes que aceitaram associar-se ao projeto e pode ser visitada até ao dia 17 de abril. A partir do dia 19 do mesmo mês, a exposição será apresentada, pelas 21h15, no Centro Cultural da Gafanha da Nazaré, no âmbito do XV aniversário da elevação da nossa terra a cidade.

Fonte: CMI

quinta-feira, 31 de março de 2016

Notas do Meu Diário: Cuidar dos pais


Não tenho a felicidade da presença física dos meus pais. Morreram há muito, mas no meu espírito eles sentam-se ao meu lado, riem e gracejam, choram e comovem-se, ralham e ficam calados. Vezes sem conta vi os seus olhos fixos nos meus e ouvidos atentos ao que eu dizia. E o contrário também é verdade. 
Vem isto a propósito de uma crónica de Laurinda Alves publicada no Observador, intitulada "Quero continuar a ser a filha dos meus pais". Recomendo  leitura. E recomendo porque nem sempre se olha para os pais idosos com o carinho que eles merecem e necessitam. Ouvem-se desculpas com o trabalho, falta de tempo, falta de dinheiro, falta de espaço em suas casas, etc. Contudo, conheço famílias que nos dão lições de dedicação a quem tanto deu  aos filhos,  netos e à comunidade. Ler a crónica de Laurinda Alves aqui. 

Deambulando pela Figueira da Foz

Forte de Santa Catarina em dia de feira Medieval
Entrada na Marina
Barquinho na Marina
História na cidade
Mãe vigilante no Jardim Municipal
Gaiteiros na Feira 
Desfile Medieval
Burros para a arte de bem cavalgar toda a sela
Carrossel a pedais 

quarta-feira, 30 de março de 2016

De regresso ao trabalho


Depois do regresso, as arrumações. Gosto de mudar de ares como de mudar o que me cerca. Às vezes arrependo-me e volto à posição inicial. Amanhã, se Deus quiser, estarei em posição de atualizar os meus blogues e de apostar no arquivo de papelada avulsa. É que frequentemente não consigo descobrir o que pretendo. 
Confesso que andava com saudades da minha tebaida. Noutro sítio, sinto-me como peixe fora de água. Nem respiro bem nem sei concentrar-me. Canso-me depressa fora da minha casa.
Ana Maria Lopes anunciou hoje no seu blogue o 4.º aniversário do Ciemar a celebrar no Museu de Ílhavo, sábado, 2 de abril, pelas 17 horas,  enquanto evocou Bernardo Santareno e o seu livro “Nos Mares do Fim do Mundo”, com estórias de tripulantes de navios bacalhoeiros, colhidas durante 12 meses nos bancos da Terra Nova e da Gronelândia. Tanto bastou para reler nacos deliciosos da prosa daquele escritor, que também foi médico no Gil Eanes. Vai sair uma nova edição do livro “Nos Mares do Fim do Mundo”, melhorada, segundo li no Marintimidades.


terça-feira, 29 de março de 2016

"Tempos de Pesca em Tempos de Guerra"

Um livro de Licínio Amador


"Tempos de Pesca em Tempos de Guerra", que ainda não li, mas cujo teor conheço por informações do autor, diz muito a muita gente da nossa terra e região, por abordar um assunto que não pode cair no esquecimento. Trata este trabalho do afundamento do “Maria da Glória”, onde pereceram alguns gafanhões, entre outros. Também se salvaram alguns, e de todos, os que morreram e os que sobreviveram, dá nota Licínio Amador, um ilhavense apaixonado pela temática marítima. Sei do seu esforço para se documentar sobre aquele naufrágio provocado, em tempos da Segunda Guerra Mundial, por um submarino alemão, que não respeitou a posição neutral de Portugal naquele conflito bélico de grande e dolorosa dimensão.

segunda-feira, 28 de março de 2016

Será possível ressuscitar a Europa?

Crónica de Frei Bento Domingues
no PÚBLICO


«O que importa 
é a ressurreição da Europa. 
Como? Veremos.»

1. Não tenho nenhuma competência para me juntar à torrente de discursos sobre os modos de enfrentar os actuais movimentos terroristas, quer nos seus desígnios globais, quer europeus. Destaco a lucidez do Editorial do PÚBLICO [i]:Enquanto se financiar sem limites, o terrorismo continuará a matar. É preciso secar-lhe as raízes.
É sempre possível dizer que as raízes do terrorismo não são financeiras e que o dinheiro, sempre à disposição, é apenas um recurso instrumental. Seja como for, as discussões sobre as suas raízes metafísicas, sociais, éticas e religiosas não podem servir para esquecer a urgência em lhe cortar as bases e os percursos financeiros. Haverá vontade firme de executar esta operação, quando os bem conhecidos circuitos do comércio de armas e de seres humanos continuam, ano após ano, à solta, a crescer e a matar?

domingo, 27 de março de 2016

Notas do Meu Diário: Figueira da Foz


Forte de Santa Catarina 
A Figueira estará a mudar? Penso que sim. Há anos, nas férias da Páscoa, a Figueira da Foz era positivamente invadida por turistas nacionais e estrangeiros. Não tenho dados estatístico, mas é essa a minha perceção. Os restaurantes não enchem, o trânsito flui com regularidade, os estacionamentos não oferecem dificuldades. Junto da minha residência, nas Abadias, tudo parece calmo. Os apartamentos não dão sinais de moradores. 
Num restaurante que costumo frequentar, uma responsável dizia, para quem a queria ouvir, que o turismo tem merecido pouca atenção dos autarcas. Daí, dizia, o reduzido afluxo de visitante.
Este fim de semana, contudo, a Feira Medieval, que decorreu junto ao Forte de Santa Catarina, com tendas a condizer, desde artesanato a “cousas para beber” e comer, ofereceu alguma animação à cidade. Registos históricos, música, danças, gente vestida à moda de tempos de há séculos, burros de carga para miúdos aprenderem a arte de bem cavalgar toda a sela, teatro e cenas do quotidiano da Idade Média. 
Também por lá passámos, não para matar saudades, que somos desta época da União Europeia, agora de crise económica, social e política, mas que outrora se massacrava com guerras intestinas, com razões complicadas para o entendimento do pensar dos nossos dias. Se calhar, as mesmas razões dos conflitos de hoje, pautadas por interesses pessoais, regionais, invejas, ódios, vinganças, ânsia de poder, “glória de mandar” e “vã cobiça”, da tal  "vaidade a que chamamos fama”, como disse Camões.

Páscoa de 2016

RESSURREIÇÃO

Garantia de eternidade


Ressurreição é primavera florida, é vida nova renovada e renovadora, é alegria contagiante, é renascimento sempre desejado, é início da era cristã, é porta que se abre à partilha, é bondade libertadora, é projeto de mudança, é reconciliação com o outro, é anúncio de paz universal, é ânsia de fraternidade, é escolha de caminhos que conduzem a portos de abrigo, é luz que ilumina sem cessar, é partida para rumos sadios, é meta de ternura a alcançar, é conquista do amor no dia a dia, é sentido de proximidade com todos, é descoberta de horizontes mais largos, é atingir o cume da montanha, é experiência de perdoar a cada momento, é garantia de eternidade.

Notas do meu Diário: Cumpri o prometido


No meio do mundo, consegui fazer o jejum da penitência. Não foi de todo fácil ignorar os ódios dos terroristas nem dos que sofrem as consequências desses ódios anunciados como de um Deus que dizem ser também o nosso. Não é nem pode ser. Gosto do  Deus que descobri nos alvores da minha juventude, que não do que senti em menino. Este era de barbas brancas, carrancudo, com o dedo especado a indicar-nos o fogo do inferno por tudo e por nada. Depois, muito mais tarde, veio o Deus do perdão, do caminho, verdade e vida partilhada. E agora, com o Papa Francisco, temos o Deus da Misericórdia que enfrenta barreiras anacrónicas dos que não aceitam a bondade infinita do Senhor Todo Poderoso. E da bondade infinita deste Deus já gosto muito mais…

Páscoa de 2016

O Coelhinho da Páscoa

Crónica de Maria Donzília Almeida


Num dia cinzento e frio, 21 de março, o GTUS (Grupo de Teatro da Universidade Sénior) levou brilho e magia a um grupo de criancinhas dos jardins-escola da cidade de Ílhavo, com a dramatização da história do Coelhinho da Páscoa, ali no seu Museu Marítimo.
No imaginário das crianças, a entrega dos ovos de chocolate é feita por um coelho de olhos vermelhos e pelo branquinho. Como se trata de uma historinha ternurenta, passo a transcrevê-la sucintamente.
Perto da casa do Menino Jesus, um passarinho construiu o seu ninho. Todas as manhãs, Jesus era acordado pelo alegre chilrear da avezinha.
Certa manhã, porém, Ele foi acordado pelo piar aflito do passarinho. Jesus espreitou e viu que a mamã passarinho chorava inconsolável, pois a raposa havia roubado os seus ovinhos.
O menino Jesus ficou triste e saiu pela floresta, pedindo aos bichos que passavam que o ajudassem a encontrar os ovinhos roubados.
—Gatinho, queres ajudar-me a encontrar os ovos da mãe passarinho?
—Não posso Jesus. A minha dona encarregou-me de caçar um rato que lhe rouba queijo todas as noites.

sábado, 26 de março de 2016

Esperança enlutada

Crónica de Anselmo Borges 

À memória do meu irmão
Marinho Borges

1 Quando se pensa em Deus e na morte (a dupla face do absoluto), é no abismo da perplexidade que se cai. Pascal disse-o de modo inexcedível: "Incompreensível que Deus exista, e incompreensível que não exista; que a alma seja com o corpo, que não tenhamos alma; que o mundo seja criado, que o não seja, etc." Ninguém pode dizer que sabe que Deus existe ou que não existe. Deus não é "objecto" de saber, mas de fé. Há quem acredita e há quem não acredita e uns e outros crêem, com razões.
De qualquer modo, Deus continuará sempre presente enquanto questão in--finita. Como escreveu recentemente A. Comte-Sponville, um dos filósofos actuais mais influentes, que se define como "ateu fiel": "As religiões são tão antigas como a humanidade civilizada. Há todos os motivos para pensar que durarão tanto quanto ela. O universo é um mistério, que permanecerá para sempre inexplicável. A vida, uma prova, que continuará sempre frágil. A consciência, um sofrimento, para sempre inconsolável. Porque há algo e não nada? Não sabemos. Nunca saberemos. Porque é que existimos? O que é que nos espera depois da morte? Também não sabemos. Isso deixa espaço aberto para as religiões, portanto, também para o ateísmo, que é mais recente, uma vez que pressupõe a ideia de Deus e depois a sua crítica, e igualmente sem provas. A questão de Deus, filosoficamente, permanece aberta: só podemos responder em termos de crença ou não crença, uma e outra subjectivas, sem que algum saber possa alguma vez fechar o debate. Lição de tolerância, para cada um, e de humildade, para todos."

FAZ TUA A PÁSCOA DE JESUS

Reflexão de Georgino Rocha


«Faz tua a Páscoa de Jesus. 
Experimenta a sua vida nova.»


Jesus ressuscitado deixa-se ver. Aparece a Maria Madalena que, de manhãzinha, vai ao sepulcro de José de Arimateia cedido para dar sepultura aos restos mortais do Nazareno cruxificado. Surpreende-a no caminho do regresso, quando, desolada, vem contar a Pedro que o sepulcro estava vazio e sem qualquer vedação de resguardo. Dá-se a conhecer, chamando-a pelo nome. Encarrega-a de anunciar este feliz encontro, testemunho da sua ressurreição, da sua Vida nova. E ela, entusiasmada e confiante, parte a correr e transmite a feliz notícia: “O Senhor ressuscitou verdadeiramente”.

Notícia que condensa o acontecimento fundante e central da mensagem cristã, celebrado ao domingo em cada semana e, de forma mais solene, anualmente, no domingo de Páscoa. Acontecimento que dá sentido pleno à vida humana, rasgando horizontes novos a tudo e a todos, ao quotidiano do tempo, à fugacidade da história, à precariedade da existência e das suas múltiplas realizações, à própria morte que é vencida em si mesma para sempre. Os critérios de vida, as prioridades de opções e a escala de valores, as atitudes de relacionamento assumidas por Jesus na sua missão apostólica são definitivamente confirmadas por Deus Pai. E constituem referência luminosa para todo o comportamento humano.

terça-feira, 22 de março de 2016

Uns dias ausente

VIDA NOVA

Vou estar uns dias ausente e sem horários, sem encontros e desencontros. Vou andar por aí ao sabor do sol e dos ares com a Lita… Vou rever caminhos já andados e descobrir harmonias e ambientes naturais, onde porventura possa encontrar as andorinhas que voltam sempre à casa-mãe emoldurada pelas cores primaveris. Quero ler poesia e fugir dos barulhos ensurdecedores das guerras e das politiquices enfadonhas. Ao menos uma semana, a Semana Santa que nos conduz à Páscoa da libertação, da caminhada solidária, da mudança necessária e da descoberta de novos horizontes. 
De quando em vez, não fugirei, se puder, ao espaço alargado da aldeia global para ver como param as modas. E regressarei mais confiante na certeza de que a Páscoa é, necessariamente, um ponto de partida para uma vida nova.

segunda-feira, 21 de março de 2016

Semana Santa — Semana de Reflexão


A Semana Santa é uma semana para reflexão. Todo o cristão tem esta semana para vivenciar, mais de dois mil anos depois, a paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo, base da nossa fé. As cerimónias, desde as grandes catedrais até às mais humildes capelinhas do mundo cristão, acolhem todos os que acreditam nestes mistérios redentores do nosso Salvador.
Nesta quadra, que se perpetua dia a dia, o espírito que nos envolve e a comunhão que experimentamos proporcionam-nos uma proximidade de contornos imensos, rumo a um mundo de paz. 
É indiscutível que a vida nos desvia do essencial da mensagem evangélica ou de valores inspirados por outras conceções espirituais ou éticas, mas temos de convir que a Semana Santa dá a cada um a oportunidade de pensar, de refletir e de construir com outros e para outros as bases de uma sociedade mais solidária e fraterna.

Chegada da primavera

Crónica de Maria Donzília Almeida


Hoje, chegou finalmente a estação tão desejada, por toda a gente. Um inverno impiedoso, com chuvas intensas e frequentes, já estava a cansar. Mas apesar de o calendário nos dizer que ocorreu o equinócio da primavera, o tempo fez muitas caretas e parecia não querer deixar o sol afagar-nos, a nós humanos sedentos de calor.
Por entre abertas e pequenas garroas, o sol lá ia espreitando por entre as nuvens e a certa altura, manifestou-se em todo o seu esplendor – um arco-íris a toda a extensão do horizonte. Fiquei verdadeiramente deslumbrada com um espetáculo de tanta beleza e lembrei-me do que estudei na Física, nos meus verdes anos.
O arco-íris é um fenómeno ótico causado pela refração da luz solar, nas gotas de água da chuva, presentes na atmosfera. A refração divide a luz solar branca, em espetros coloridos, que caracterizam o arco-íris.

domingo, 20 de março de 2016

PRIMAVERA

Vamos usufruir esta primavera 
que chega de mansinho


Hoje, quando acordei e abri as janelas de par em par, o sol até parece que me chegava com uma luminosidade especial. E sorri. O dia parece dar garantias de mudança. Nem sequer me veio à mente que era o primeiro dia da primavera.
O Google confirmou e eu rejubilei por tão farto estar do inverno. O frio incomoda-me demasiado apesar de andar agasalhado. É certo que a chuva, sem grandes ventos a tocá-la enfurecido, até pode ter o seu quê de romântico, como convite à meditação, à serenidade, à solidão desejada. Mas o melhor é mesmo a primavera, por várias razões: É o anúncio do verão tão apetecido que vem a seguir, é o colorido e o aroma das flores que desabrocham, é a ressurreição das árvores e arbustos para enfrentarem nova caminhada na natureza, é a garridice do vestir e do estar das pessoas, mais leves e arejados, é a alegria e a descontração de todos em espírito de mudança.
Excelente  primavera para toda a gente.