domingo, 31 de maio de 2015

O meu irmão


Armando da Rocha Martins (25-10-1941 — 27-3-2007)

Ainda hoje me lembro com saudade do dia em que, empoleirado no muro frontal à nossa casa, encimado por uma rede de arame a que me segurava, o João Edmundo Ramos (primo afastado) me perguntou onde estava o meu menino Jesus. Respondi-lhe que estava a nanar, palavra que me veio de minha mãe, conhecida por Rosita Facica. E a partir daí, tanto quanto consigo recordar, passei a tratar o meu irmão por menino, mais novo do que eu três anos. Ele chamava-me mano. 
Nas conversas que mantivemos, desde sempre e até à sua morte, que ocorreu em 27 de março de 2007, nunca o tratei por Armando, o seu nome, nem ele me chamou Fernando, o meu nome. Menino e Mano ficaram para as nossas vidas, qualquer que fosse a situação em que nos encontrássemos. Para os outros, em geral, ele era o Grilo, apelido da nossa família paterna. Curiosamente, eu nunca fui considerado Grilo ou Facica, o apelido da nossa linha materna.
Três anos nos separavam, tal como os grupos de amigos não coincidiam. Eu prossegui estudos e ele, em determinada altura, optou por trabalhar, depois de o nosso pai lhe perguntar o que é que ele queria na vida. E assim foi.
Depois de algumas experiências profissionais e de uma tentativa de emigração, acertou o passo no comércio e na indústria, onde foi figura preponderante no meio bacalhoeiro, mas não só. 
Casado com a Julita,  com dois filhos, o Miguel e a Carla, ficou encantado com os dois netos, o Martim e o Levi, em quem se revia, contando-nos estórias de que se ria e nos fazia rir. Qualquer episódio, por mais simples que fosse, o meu irmão, o Menino, dramatizava-o com graça e arte, como se estivesse a representar num palco de teatro, estando, contudo, no palco da vida, onde as alegrias têm cabimento garantido, de mistura com algumas dores, próprias da nossa natureza frágil. Jamais esquecerei as suas risadas provocadas pelo Martim, que tinha em criança hábitos de chaveiro. Chaves que estivessem a jeito, bolso com elas. Eram suas e guardava-as bem guardadas para ninguém as descobrir. E contava o meu irmão que tinha de lhe telefonar para ele explicar bem direitinho onde as tinha escondido, porque sem elas não podia abrir as portas. E o Martim lá cedia.
Em 2006, quando tive o enfarte, ele ficava a olhar para mim, quantas vezes sem falar, mas eu notava no seu silêncio a inquietação que lhe ia na alma. Há silêncios que dizem mais que mil palavras. 
Recordo-o todos os dias nas minhas orações matinais, num lote de familiares e amigos que vai crescendo, ultimamente com mais intensidade. Que Deus o guarde no seu regaço maternal, para um dia, quando nos reencontrarmos, cara a cara,  e nos tratarmos como sempre o fizemos, por Menino e Mano, revivermos, com todo o tempo do mundo, os momentos agradáveis da vida terrena, que os desagradáveis não os queremos lá connosco. 

Fernando,  o teu mano

Inconstância

"A inconstância deita tudo a perder, na medida em que não deixa germinar nenhuma semente"

Henri Frédéric Amiel (1821-1881), escritor e filósofo suíço


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Assassinado no altar

Crónica de Frei Bento Domingues 

Óscar Romero


1. Óscar Romero, arcebispo de San Salvador, nasceu a 15 de Agosto de 1917 e foi assassinado, a 24 de Março de 1980, enquanto celebrava a Eucaristia. Antes de ser morto, ainda teve tempo de explicar, durante a homilia, que, apesar das ameaças de morte que lhe eram feitas, estava disposto a continuar a lutar contra a violência e a favor dos mais desprotegidos de El Salvador:Outros continuarão, com mais sabedoria e santidade, os trabalhos da Igreja e do meu país.
G. Gutiérrez, considerado o pai da Teologia da Libertação, sublinha: Romero não buscou o martírio, encontrou-o no caminho da sua fidelidade a Jesus Cristo, na firme atitude de pastor que não se calou perante as injustiças e humilhações quotidianas que vitimavam o seu povo[1].

sábado, 30 de maio de 2015

PADRE LÉ NUM PEDESTAL PARA NOS SAUDAR

Padre Lé
Às vezes faz-nos bem sair dos nossos ambientes habituais e procurar no que nos rodeia, um pouco mais ao largo, um recanto sem pressas. Deixar os caminhos por onde andamos sem engano, de olhos fechados, orientados por uma qualquer bússola misteriosa, qual GPS que nos determina os passos e define trajetos, e saltar desse círculo para outros.
A homenagem que foi hoje prestada ao saudoso Padre Lé, com o descerramento de um busto junto à igreja matriz da Gafanha da Encarnação, foi o mote para esse salto. A homenagem, emoldurada por outras festas e recordações, vai merecer um destaque mais alargado num dia destes, porque foi essa a razão da minha presença na terra irmã da Encarnação.
Fui cedo para me deixar envolver pelos ares festivos e por ali cirandei e me quedei a apreciar rostos da minha geração de que a pressa da vida nos separa. Neles vi-me ao espelho, onde sobressaíram cabelos brancos ou a falta deles, rugas como terras margeadas por bois cansados que ziguezagueavam. Mas os olhos e as vozes, meu Deus, não enganam ninguém. Nomes, não me perguntem. Quase todos se me varreram da memória. Com esforço, brotam alguns. Cumprimentos simpáticos, conversas curtas, silêncios e mais silêncios. E o busto do Padre Lé, que à Gafanha da Encarnação a vida deu com presença de mais de meio século, ali ficou num pedestal, a olhar-nos e a saudar-nos, porém, sem o cabelo agitado pelas ventanias de que as nossas terras são tão férteis.
Até um dia destes, se Deus quiser, que o Padre Lé merece.

Fernando Martins

Visita à Lusa Atenas

Crónica de Maria Donzília Almeida


Serenatas romanescas
Trovas quase orações.
Destas coisas pitorescas
Restam só recordações!

Vagueava eu na plataforma que dá acesso à entrada para o comboio, a fazer horas, quando sou surpreendida por um olhar insistente, perscrutador, num zona resguardada de espera.
Continuei o meu percurso, naquela soalheira manhã de maio, em que me dirigia pela enésima vez à vetusta Lusa Atenas. Longe vão os tempos, na década de setenta do século passado, em que eram recorrentes estas viagens de e para a cidade universitária. O comboio, como meio de transporte mais acessível à bolsa de um estudante, cumpria esta tarefa de unir distâncias. Hoje, com o benefício adquirido pela idade, continua a merecer a minha preferência.
Na velha urbe, para além da formação para a vida e construção do futuro, fazem-se amizades, estreitam-se relações e criam-se laços com lugares e pessoas que povoam os nossos afetos.
Ia a pensar, precisamente na pessoa que iria visitar, nesse dia, quando deparei com aquele olhar meigo que me fitava com curiosidade e interrogação.

Maçonaria, Igreja e segredo

Crónica de Anselmo Borges 

Anselmo Borges



 «homens de "boa vontade" podem reunir-se 
à volta de valores de progresso,
 humanismo, liberdade.»






1. Foi um convite generoso e insistentemente amável da venerável mestra da Loja África, da Grande Loja Feminina de Portugal, que me levou recentemente a uma daquelas sessões brancas da maçonaria nas quais podem participar "profanos". O tema era reflectir sobre a percepção pública da maçonaria.
Comecei por dizer que não sou membro da maçonaria. Tive contactos com maçons. Os primeiros foram com Raul Rêgo, com quem participei em debates. Falei várias vezes com o cardeal Costa Nunes, mas nunca sobre a maçonaria. A convite do então grão-mestre, António Reis, participei num grande encontro sobre as religiões, o diálogo e a paz. Estive uma segunda vez com ele, numa sessão branca, tendo discutido a distinção, que ele aceitou, entre laicidade - o Estado laico, aconfessional, é decisivo para a defesa e salvaguarda da liberdade religiosa de todos - e laicismo, que pretenderia retirar a religião do espaço público, confinando-a ao espaço privado.

Domingo da Santíssima Trindade: Ide e fazei discípulos

Reflexão de Georgino Rocha



«Deus não é um solitário, 
um surdo-mudo fechado em eterno silêncio, 
um ausente distante e indiferente à sorte da humanidade, 
um rival concorrente da autonomia do ser humano»


A missão que Jesus confia aos seus discípulos e, neles, a toda a Igreja, é condensada por Mateus nesta fórmula precisa e operativa: “Ide e ensinai todas as nações, baptizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. Mt 28, 16-20. É missão a realizar em todos os tempos e culturas. É missão que inicia os candidatos à vida cristã em dois “momentos” mais significativos do seu itinerário para a maturidade: o anúncio jubiloso da novidade de Cristo e a celebração do baptismo. É missão a prosseguir na comunidade eclesial e sociedade civil, em todos os espaços de convivência humana.

Assim, é em nome da Santíssima Trindade que a Igreja desenvolve a sua acção: aprendendo e ensinando, sendo santificada e santificando, deixando-se amar e irradiando o amor. A fonte original é Deus família, é trindade em relação, é cada pessoa em comunhão: O Pai da paz, comprometida e activa, o Filho da justiça que toma partido pelos empobrecidos e excluídos, o Espírito da liberdade tolerante que aceita e respeita as opções de consciência de todos os humanos.

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Feira do livro de Aveiro começa amanhã

Mercado Manuel Firmino 
conta com a visita dos amantes dos livros

Mercado Manuel Firmino
A Feira do Livro de Aveiro 2015 vai realizar-se no Mercado Manuel Firmino a partir de amanhã, 29 de maio, prolongando-se até 14 de junho. Trata-se de uma organização da Câmara Municipal de Aveiro (CMA) e conta com a participação dos livreiros de Aveiro, que representam mais de 120 editoras.
Sendo os livros os principais protagonistas, a autarquia preparou um programa cultural paralelo, de que se destacam os dias temáticos, tais como o “Dia da Culinária” e o “Dia da Ciência e Autor”, com Carlos Fiolhais. Haverá ainda o “Dia dos Autores Aveirenses” e o "Dia da Literatura Infantil”, para as famílias reforçarem o gosto pela leitura das crianças, bem como o “Dia da Poesia”, que realça o maior género literário da identidade de Portugal. 
Entretanto, estão garantidos ateliês de leitura, conversas com ilustradores dos livros, concertos e teatro, exposição ao vivo de Artes e Ofícios, entre outras ações que contribuirão para que os visitantes possam usufruir a Feira do Livro.
Ocorrerá ainda a participação de A Barrica – Associação de Artesãos da Região de Aveiro, Oficina de Música de Aveiro – OMA, ArteRiso, EFTA, Fábrica Ciência Viva, Grupo Poesia da Beira Ria e Grupo Poético de Aveiro.
Patente no Mercado Manuel Firmino e com entrada livre, a Feira do Livro estará de portas abertas de segunda a quinta-feira, das 15h00 às 22h00, às sextas-feiras das 15h00 às 24h00, sábados das 10h00 às 24h00 e aos domingos das 10h00 às 20h00 (interrompe na hora de almoço).
O programa completo poderá ser consultado na página oficial www.cm-aveiro.pt.

Fonte: CMA

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quarta-feira, 27 de maio de 2015

Tráfico de Seres Humanos



Por iniciativa do Grupo Cáritas Paroquial da Gafanha da Nazaré, vai realizar-se um encontro de reflexão, no próximo dia 5 de junho, pelas 14 horas, no auditório da igreja matriz, tendo em vista sensibilizar os participantes para o fenómeno do tráfico de seres humanos. Pretende-se, fundamentalmente, facultar conhecimentos e fornecer ferramentas para sinalizar potenciais vítimas, informa aquela organização de expressão católica.
O Grupo Cáritas convida à participação de todas as pessoas interessadas por estes pertinentes assuntos, lembrando que a inscrição é gratuita. Contudo, sugere aos participantes a partilha de  bens alimentares, que serão canalizados para os cabazes de apoio a famílias carenciadas da Gafanha da Nazaré.


Vento e Tempestade


"As palavras têm a leveza do vento e a força da tempestade"

Victor Hugo (1802-1885)

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O vento


Tronco com heras

Não gosto do vento. Nunca gostei. Eu sei que as nossas terras são ventosas, ou não fossem elas do litoral. Todo o litoral português é marcado pelo vento, exceto o algarvio. E se o vento vem carregado de chuva ou humidade, muito menos. Do vento de inverno nem falar, por tão agreste ser. 
Talvez por ter nascido à sombra do vento, que se não está logo virá, fujo dele como o diabo da cruz, por mais brando que ele seja. Nem em esplanadas em pleno verão consigo aceitá-lo, mesmo em tempo de canícula. Se ele sopra, mesmo de mansinho, escapo-me sorrateiro para sítio abrigado. Sou assim.
No alpendre da minha residência costumo gozar o silêncio que me permite ler e escrever tranquilamente, contemplando a relva e o arvoredo que o envolve. Que me envolve. A natureza ajuda-me a experimentar a alegria da paz. O cão e a cadela comungam do meu prazer. Deitam-se e dormitam. Depois levantam-se quando desafiados por algum pássaro que ousa aproximar-se. Umas corridas e voltam aos  meus silêncios. 
De repente, traiçoeiramente, o vento surge para incomodar. E vai crescendo de agressividade. Não tanto como há anos que me derrubou um pinheiro alto e possante, de que ficou parte do tronco que a minha Lita envolveu com heras. Arte no relvado. E então volto à luta contra ele, escolhendo recanto para continuar no contato com a natureza-mãe. Como acontece frequentemente. 


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terça-feira, 26 de maio de 2015

Portugal é dos países mais pobres e desiguais

"O fosso entre ricos e pobres diminuiu, mas Portugal continua entre os países mais desiguais e com maiores níveis de pobreza consolidada da OCDE, segundo um relatório que analisa a evolução da desigualdade de rendimentos nos últimos anos."


Li aqui

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O vinho guarda-se na memória


"O vinho além de se guardar no estômago, guarda-se na memória"

Li no PÚBLICO

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Liberdade e Responsabilidade

"Tudo quanto aumenta a liberdade, aumenta a responsabilidade"

Victor Hugo (1802-1885)

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segunda-feira, 25 de maio de 2015

ADIG em diálogo com a Junta de Freguesia

A ADIG (Associação para a Defesa dos Interesses da Gafanha da Nazaré) e a Junta de Freguesia reuniram-se para tratar de assuntos pertinentes para a nossa terra e nossa gente. O diálogo foi protagonizado pelos respetivos presidentes, Humberto Rocha e Carlos Rocha.
Entre outras questões, foi solicitada pela ADIG a colocação de placas toponímicas indicativas de locais e edifícios importantes, de que destacamos o Forte da Barra, o Farol, a Junta de Freguesia, a GNR e as Igrejas, matriz, da Cale da Vila e Chave.
A colocação de novo busto do Mestre Mónica no monumento a ele dedicado no jardim da Alameda Prior Sardo também foi proposta pela ADIG, que ainda pediu abrigos para as paragens de autocarros.
Aquela associação alertou a autarquia para a necessidade de aplicar lombas nos cruzamentos perigosos e sinais de estacionamento proibido no lado norte da rua envolvente do Mercado. Sugeriu zonas de estacionamento de bicicletas, em especial na Cale da Vila e junto à Igreja.
Problemas do desnível das sarjetas e das tampas de saneamento, bem como da aplicação de placas nos limites da freguesia, foram debatidos neste encontro.
A ADIG recordou a urgência de se lutar para que a A25 passe a ser designada por Autoestrada entre Gafanha da Nazaré e Vilar Formoso ou Barra – Vilar Formoso, pois inicia-se no quilómetro 0, na rotunda da Barra.
Sobre o Parque de Campismo, ficou no ar uma pergunta pertinente sobre o seu futuro. A este propósito, o comunicado da associação diz que o autarca tomou nota das suas pretensões, tendo o presidente da Junta adiantado que o Parque de Campismo iria ser reestruturado, provavelmente com a categoria de Parque de Campismo Rural, «que não obriga a tanta burocracia e equipamentos luxuosos».

Ler comunicado aqui

domingo, 24 de maio de 2015

A catástrofe

"Um dia ouviremos na televisão que a desgraça já está em marcha e nesse dia ninguém nos virá salvar."

Ler a crónica de Vasco Pulido Valente no PÚBLICO

Nota: Vasco Pulido Valente é um conhecido cronista e historiador. Como cronista, é tido por pessimista ou, melhor dizendo, catastrofista. É rara a crónica em que anuncie coisas boas. Dá a impressão que nasceu com algum espírito de contadição, porque critica tudo. Muito menos será capaz de um aplauso. Contudo, às vezes, leva-nos a pensar. Se calhar é isso mesmo o que ele quer.


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Não desistir do espírito do Pentecostes

Crónica de Frei Bento Domingues 


«A Europa, depois de ver o Mediterrâneo 
transformado num imenso cemitério, 
resolveu discutir a atribuição, por cada país, 
dos migrantes que batem à sua porta. 
Veremos, como diz o cego.»

Frei Bento Domingues


1. Ao começar a crónica deste Domingo, escrevi: a festa de Pentecostes não celebra o que já foi, mas o que falta fazer. De repente, deparei com a notícia: a morte de cerca de uma centena de passageiros de um navio carregado de migrantes do Bangladesh e da Birmânia.
Este navio andou quase dois meses à deriva no alto mar, depois da guarda costeira da Malásia e da Tailândia o ter impedido de aportar a estes países. A luta desesperada pelos últimos mantimentos, a bordo, provocou a morte de uma centena dos passageiros. Já em segurança na Indonésia, os sobreviventes contaram a crueldade dessas mortes: esfaqueados, sufocados, atirados ao mar.
A Europa, depois de ver o Mediterrâneo transformado num imenso cemitério, resolveu discutir a atribuição, por cada país, dos migrantes que batem à sua porta. Veremos, como diz o cego.
Apesar das apregoadas virtudes da modernidade e da laicidade, a fraternidade universal foi ficando pelo caminho. O pensamento liberto do obscurantismo da religião não construiu a realidade, segundo o bem do ser humano, isto é, de todos os seres humanos. A grande maioria não passa de simples meio e instrumento de uma minoria privilegiada.

sábado, 23 de maio de 2015

Os almanaques



Gosto de ler e ver almanaques, sobretudo quando se apresentam com arte, que os olhos, uma das portas do nosso entendimento, também precisam de ser estimulados. Mas o recheio destas edições, normalmente anuais, despertam em mim uma enorme curiosidade, já que me revelam pormenores de artes, ciências e culturas diversas, sensibilizando-me para outras leituras.
Hoje tenho em mãos a Agenda Almanaque 2015 de "Olegário Fernandes - Artes Gráficas, S. A." que me revelou um livro, "ABC Illustrado", "Offerecido gratuitamente pelos proprietários da FARINHA LACTEA NESTLÉ".
Um texto anexo, intitulado "Aprender a ler e a beber leite", fala-nos do Professor Egas Moniz que impulsionou a Indústria leiteira do nosso país, "a ele se devendo a criação da primeira fábrica de leite em pó em Avanca, 1923, Sociedade de Produtos Lácteos Lda, que viria a dar origem à Nestlé Portugal."

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Reconciliação com a vida

"Eu nem sequer gosto de escrever. Acontece-me às vezes estar tão desesperado que me refugio no papel como quem se esconde para chorar. E o mais estranho é arrancar da minha angústia palavras de profunda reconciliação com a vida."

Eugénio de Andrade 
1923-2005)

Li no Almanaque Bertrand 2014-2015


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O bom humor

"O bom humor tem algo de generoso: dá mais do que recebe"

Émile-Auguste Chartier (1868-1951)





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Ecologia e religião

Crónica de Anselmo Borges 
no DN


 É preciso cuidar da natureza, 
porque é criação, 
dom e presente de Deus


1. Era Fernando Pessoa que perguntava: O mistério? E respondia: Olha para o lado e ele está lá. Sim, digo eu, está lá, ao lado, fora, dentro, em toda a parte. Ele mora, antes de mais, nesta pergunta infinita, inconstruível: porque há algo e não nada?
Há 13 700 milhões de anos foi o Big Bang. A Terra pode ter aparecido há uns 5000 milhões de anos e a vida há uns 3500 milhões. Há uns 7 milhões de anos, deu-se a separação do tronco comum, que se ramificou, de tal modo que temos, de um lado, os chimpanzés, gorilas... e, do outro, num processo que passa pelo Homo habilis e o sapiens, estamos nós, o Homo sapiens sapiens — acrescento sempre: e demens demens (sapiente sapiente e demente demente) —, há uns 150 mil anos.

Domingo de Pentecostes — Cheios do Espírito Santo

Reflexão de Georgino Rocha



Cheios do Espírito, 
sabem interpretar o que acontece 
e descodificar os enigmas humanos


O acontecimento do Pentecostes manifesta como o Senhor Jesus coopera com os seus enviados. Jo 20, 19-23. Enche-os do seu Espírito e traça-lhes, mais uma vez, os horizontes da missão. De outro modo, como seria possível àquele grupo ir por todo o mundo, anunciar o Evangelho de forma acessível em todas as línguas, semear a paz em gestos de perdão, garantir um futuro melhor, abrir as portas do amor misericordioso, criar condições para que todos se reconheçam como irmãos porque filhos do mesmo Deus Pai?! Humanamente, impossível. O grupo estava ainda traumatizado pelas atrocidades da paixão, temeroso pelo que podia suceder-lhe, debilitado em forças e reduzido em número.

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Paciência

«A paciência é a capacidade de não desesperar»


São Tomás de Aquino, 
citado por Tolentino de Mendonça 
em “A mística do instante — O tempo e a promessa”

quinta-feira, 21 de maio de 2015

"ERNESTINA"

Um livro de J. Rentes de Carvalho



De Rentes de Carvalho pouco tinha lido. Uma crónicas, umas entrevistas, uns comentários, uns textos no seu blogue e nada mais. Livros nada. Sabia que era português radicado na Holanda e como escritor não foi conhecido durante imenso tempo entre nós. De vez em quando, os jornais e revistas falavam dele, como um português mais  admirado  na Holanda do que no seu próprio país.
De repente, os seus livros invadem os escaparates das livrarias e aí comecei a folheá-los, à cata de motivação para comprar um. E foi o caso. Comprei "Ernestina", onde na capa se transcreve uma apreciação do International Herald Tribune, que diz assim: «A melhor obra de J. Rente de Carvalho.» 
Na contracapa, decerto um texto apelativo da QUETZAL, editora em Portugal dos livros de Rente de Carvalho, sublinha-se: «Ernestina é mais do que um romance autobiográfico ou um volume de memórias de família ficcionadas. É um retrato do Norte do país, entre os anos 1930 e 1950, que transcende o cunho regionalista e que atravessa fronteira, transformando-se num fenómeno invulgar em Portugal e no estrangeiro.»

Vagueira — Praia vai ficar mais atraente



Até que enfim! As obras na praia da Vagueira vão ficar concluídas brevemente. Pela amostra, os veraneantes e turistas, mas também o povo daquela região da costa aveirense, vão passar a ter espaços de lazer com vistas para o oceano. Passadiços, zonas de descanso e as sombras hão de vir. Quem preferir caminhar sobre a areia pode fazê-lo. E quem apenas quiser aspirar a maresia, com tudo o que ela tem de bom, tem passeios arejados, sem covas nem lama. A Vagueira está de parabéns.