domingo, 11 de janeiro de 2015

Desadaptar a Igreja

Crónica de Frei Bento Domingues 

«Quem desejar conhecer o que foram as relações da hierarquia da Igreja com o mundo moderno dispõe hoje de testemunhos e investigações históricas alérgicas às habituais e cómodas explicações piedosas.»


1. Este Papa anda a desadaptar a Igreja. Pode parecer estranho, mas já deu muitos sinais de que é isso mesmo que pretende. Importa saber em que sentido. Parece-me algo diferente da “revolução” temida pelos conservadores e desejada pelos progressistas. É algo de mais radical.
Quando se falava de adaptação da Igreja ao mundo moderno pensava-se sobretudo na sua descolagem do “antigo regime”, do seu imaginário e privilégios. Daí o repetido toque a finados do chamado “constantinismo” e da cristandade medieval, às vezes, de forma anacrónica. Saber adaptar-se aos novos regimes políticos era uma questão de sobrevivência, procurando salvar o que era possível proteger, em contextos turbulentos. Mas o mundo moderno da criatividade cultural, do pensamento crítico, das descobertas científicas, dos novos movimentos sociais e políticos era coisa bem diferente e implicava discernimentos mais subtis.

sábado, 10 de janeiro de 2015

O tempo da falta de tempo

Crónica de Anselmo Borges 
no DN de hoje

Como é que ganhamos cada vez mais tempo e todos se queixam de terem cada vez menos tempo? Recentemente, a revista Der Spiegel dedicou um interessante estudo precisamente a este paradoxo, e é nele que me inspiro.
Claro que nos tempos que correm se poupa imenso tempo. Por exemplo, desde o século XIX, foram tiradas, em média, duas horas ao tempo do sono. Dada a velocidade crescente dos meios de transporte, deslocamo-nos mais rapidamente. Poupa-se tempo na criação de animais. Poupa-se tempo na aprendizagem. Também na comida, que já se compra feita, e nos encontros, que se dão cada vez mais através das novas tecnologias, e, mesmo aí, por abreviaturas na escrita (por exemplo, K (que), PF ( por favor).

Ler na íntegra na próxima segunda-feira

BAPTISMO DE JESUS, INÍCIO DE VIDA NOVA


Reflexão de Georgino Rocha

Rio Jordão

Chegado ao Jordão, vindo da Galileia, Jesus põe-se na fila dos pecadores e aguarda a sua vez de ser baptizado. Esta atitude parece normal a toda a gente, menos a João que reage com surpresa. Jesus mantém firme a sua decisão.
Realizado o rito baptismal, ocorre a grande revelação: Jesus vê os céus abertos e o Espírito descer sobre ele, enquanto surge a declaração solene: “Tu és o Meu Filho amado; em Ti encontro o Meu agrado.”. Mc 1, 7-11. Jesus é assim “empossado” na missão que lhe é confiada e na qual o Pai se compraz. O baptismo constitui “o acto” oficial do seu início e o Espírito a força impulsionadora da sua realização. 

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Agricultura biológica

Crónica de Maria Donzília Almeida

Maçãs 



“Na natureza nada se cria, 
nada se perde, tudo se transforma”

Antoine Laurent Lavoisier 
(1743-1794). 

Há um número crescente de pessoas que abandonam a cidade, na procura de um ambiente tranquilo e apaziguador, em contacto com a natureza. Após a aposentação há uma viragem na vida de muita gente, que sentindo ainda saúde e energia, se dedica a um tipo de vida bucólica e contemplativa, na sua aldeia natal. Até os estrangeiros se têm fixado no nosso país, atraídos pelo clima ameno e pelo mito de Anteu, a força energizante e reprodutora da terra.
Assim, a agricultura biológica, como variante da agricultura tradicional ganha cada vez mais adeptos e sequazes. Para além de ser praticada por um setor da população, é também um hobby para quem desempenha/ou uma atividade intelectual que envolve muito stress. Pessoas que desempenharam cargos de alta responsabilidade social, no mercado do trabalho, optam por uma vida tranquila, em contacto direto com a terra.
Muitos intelectuais regressam às suas quintinhas, na província, onde retomam a agricultura iniciada pelos pais, numa terapêutica manipulação da terra. O apelo telúrico tão presente na vida e na obra literária de Miguel Torga, vem ao de cima e absorve as energias numa envolvência transcendental.

Grupo Etnográfico canta as Janeiras




Hoje, na sequência de outros anos, o Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré veio cantar as Janeiras à nossa casa. Faz isto, porque pretende preservar esta tradição já perdida no tempo. Fazem bem, porque alguns símbolos da nossa identidade começam a diluir-se no caldo de culturas que nos envolve. 
Não é por acaso que me identifico com o Grupo Etnográfico, já com décadas de existência ao serviço da cultura desta terra que nos irmana em torno de memórias legadas pelos nossos antepassados. E é curioso verificar como o grupo se vai renovando com a presença de gente jovem.
Na despedida recomendaram-me, se é que era preciso fazê-lo, que desejasse a todos os emigrantes da nossa terra os votos do Grupo Etnográfico de um 2015 cheio de venturas, onde a alegria, a saúde e o otimismo estejam sempre presentes.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Semanário Ecclesia online



A Agência Ecclesia, ligada ao Secretariado Nacional das Comunicações Sociais, passa a facultar ao público em geral o Semanário Ecclesia, uma revista repleta de informação sobre a Igreja  Católica e não só, valorizando ainda espaços de opinião. Trata-se de um semanário muito bem ilustrado, com grafisco atraente e com vídeos oportunos, garantindo diversificados temas formativos, agora ao alcance de toda a gente.

Pode ver aqui 

ESPANTO


"Aquele que já não consegue sentir espanto nem surpresa 
está, por assim dizer, morto; os seus olhos estão apagados." 

Albert Einstein (1879-1955)

Atentado ao Charlie Hebdo

A nossa solidariedade 
com todos os que lutam 
por uma sociedade livre, 
tolerante e fraterna

O mundo ficou sem palavras para classificar um crime hediondo contra um jornal satírico, atingindo mortalmente diretores e jornalistas. Foi um brutal atentado à civilização ocidental e seus valores de liberdade de expressão e à sua capacidade de acolhimento de gentes de vários quadrantes geográficos, ideológicos e religiosos. Uma civilização que trata como suas as pessoas que na Europa se instalam e onde podem professar a sua fé livremente, mesmo sabendo que em alguns países muçulmanos os cristão estão proibidos de viver os cultos ligados ao cristianismo. 
Sabemos que fiéis de Alá, os verdadeiramente crentes, também repudiam atos de violência, terrorismos e perseguições sanguinárias, mas também sabemos que os fanáticos, que deixaram o mundo livre de luto, não merecem tolerância, antes têm de ser perseguidos e castigados, com as armas da justiça ocidental, onde eles vivem, assentes no julgamento e na prisão.
A nossa solidariedade com todos os que lutam por uma sociedade livre, tolerante e fraterna.

Fernando Martins



"Mar — a Terra prometida"

Economia do Mar da Região 
em destaque na SIC Notícias, 
10 de janeiro, 9.45 horas 

Arte da Xávega

«A Economia do Mar na Região de Aveiro é o tema do episódio da série documental «Mar – a Terra prometida» a exibir na SIC Notícias, no dia 10 de janeiro, pelas 9h45, com repetições na terça-feira, pelas 15h45, e sexta-feira, pelas 20h30.
 O programa será inteiramente dedicado à Região de Aveiro, um território caracterizado por uma forte tradição e vocação marítimas, com entrevistas ao Presidente da Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro, Ribau Esteves, e ao Diretor do Museu Marítimo de Ílhavo, Álvaro Garrido, entre outros.
Durante cerca de 10 minutos, serão apresentadas as atividades mais importantes da cultura e da economia marítima da região, com referências à Arte Xávega, à pesca do bacalhau é ao setor empresarial a ela associada.
A série documental «Mar – a Terra prometida», com 13 episódios, foi produzida pela POCC – Produção de Conteúdos Científicos, com o apoio da Oceano XXI – Cluster do Conhecimento e da Economia do Mar.»

Fonte:  CI da Região de Aveiro; Foto da Rede Global

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Crescer na Fé






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“Deus ainda tem futuro?”

Um livro coordenado 
por Anselmo Borges




“Deus ainda tem futuro?” é um livro coordenado por Anselmo Borges, padre e docente da Universidade Coimbra, que vem a lume com edição da Gradiva. Trata-se de uma obra que reflete o colóquio internacional Igreja em Diálogo, que se realizou em Valadares, Gaia, em outubro de 2013. 
Li o livro na sequência de outros de Anselmo Borges, tal como leio, com muito gosto, semanalmente, as suas crónicas que saem no Diário de Notícias, aos sábados, e que transcrevo no meu blogue Pela Positiva. E se essas leituras me agradam, seria egoísmo de minha parte não as partilhar e recomendar aos habituais visitantes e leitores da área que ocupo no ciberespaço.
Quando a obra foi anunciada nos mais diversos meios da comunicação social, devo confessar que o título, com interrogação, — “Deus ainda tem futuro?” — seria  uma “provocação”, no sentido editorial do termo, pois não podia deixar de despertar curiosidade e, logicamente, interesse, tanto junto dos crentes como dos que gostariam de encontrar razões para as suas descrenças. Eu, porém, que leio há muito o coordenador do livro, mantive-me tranquilo. E dos capítulos, quase todos, que já digeri, posso afiançar que se trata de uma obra que merece leitura atenta e meditada.

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Beata Joana pode chegar à canonização

Diocese vai reabrir processo 
para canonização da Beata Joana, 
princesa de Portugal


Santa Joana (estátua de Hélder Bandarra)
«O bispo de Aveiro anunciou a decisão de promover a reabertura do processo de canonização da Beata Joana, padroeira da diocese e da cidade, e destacou hoje à Agência ECCLESIA o exemplo e testemunho da princesa.
D. António Moiteiro revelou que quando entrou para a Diocese de Aveiro, em setembro de 2014, “logo no dia seguinte e nos outros meses” sentiu por parte das autoridades civis e do povo cristão – “organismos religiosos da cidade e da diocese - que a santificação da beata Joana “era um tema pendente”.»

Li aqui

NOTA: Congratulo-me com a ideia da reabertura do processo de canonização da Beata Joana, padroeira da diocese e cidade de Aveiro. D. António Monteiro manifestou, desde a sua entrada na Diocese de Aveiro, a sua devoção pela nossa padroeira, pelo que não é de admirar que se empenhe na abertura do processo, sobretudo nesta nesta fase da vida da Igreja em que têm sido proclamados tantos santos. 
É certo que os aveirenses há muito a canonizaram com devoções seculares, mas sempre será melhor que a nossa Santa Joana passe a ser reconhecida oficialmente pelas instâncias superiores da Santa Sé. Vamos todos, de mãos dadas, lutar por isso. 


A nossa gente: Carlos Sarabando Bola

Carlos Sarabando


Neste mês de janeiro, em que se comemora o 2.º Aniversário do Fórum Municipal da Maior Idade, dedicamos a rubrica a “nossa gente” a Carlos Sarabando Bola, um Maior do nosso Município com uma vida de 75 anos verdadeiramente preenchida.
Carlos Sarabando nasceu a 20 de julho de 1939 na Gafanha da Nazaré. Oriundo de uma família numerosa, Carlos Sarabando concluiu o ensino básico e, com apenas dez anos foi trabalhar para uma marcenaria para ajudar os pais no sustento da família. Seguiu-se um trabalho nas obras, mas por pouco tempo.
Naquela altura, o sonho de Carlos Sarabando era ser mecânico. Em 1952, com apenas 13 anos de idade, foi trabalhar para a Metalomecânica, Lda., em Aveiro, desempenhando vários ofícios, desde a limpeza de peças vindas da fundição, até ao trabalho nos tornos mecânicos, como ajudante de torneiro. No início de 1954, Carlos Sarabando passou para o escritório da referida firma, onde iniciou a sua atividade de escriturário. Em agosto desse ano, foi transferido para a empresa de João Maria Vilarinho, onde ocupou a categoria de Chefe de Escritório estando ao serviço da empresa de pesca até 1980. 
Decidido a aprender ainda mais, Carlos Sarabando voltou aos estudos. Em 1956, já com 17 anos matriculou-se na Escola Comercial e Industrial de Aveiro e tirou o Curso Geral de Comércio. Em dezembro 1965 inscreveu-se como Técnico Oficial de Contas e exerceu a sua atividade em várias empresas da Região até 2012.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

O tempo do essencial

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias de sábado





1 Já Santo Agostinho se queixava: "Se ninguém me perguntar o que é o tempo, eu sei o que é, mas, se me perguntarem e eu quiser explicar, já não sei.” O tempo é um enigma. Se soubéssemos o que é, talvez tivéssemos resposta para a pergunta pelo que somos. Mas realmente, o passado já não é, o futuro ainda não é. E o presente? Quando queremos captá-lo, verdadeiramente ainda não é ou já não é, porque o presente passa, não dura. No entanto, é no presente que vivemos e somos. Só? Não. Porque somos a partir do que fomos, do passado, e na expectativa do futuro, de projectos. Há por vezes a ideia de que o tempo é uma espécie de corredor que se vai percorrendo. Mas não. O tempo é o modo como o ser finito, concretamente o ser humano, se vai realizando.
Qual é então a dimensão mais importante do tempo? Diríamos que é o passado, pois ninguém no-lo pode tirar: ninguém pode anular o ter sido. Dir-se-á que é o futuro, porque ainda não somos o que havemos de ser e é animados pela esperança que vivemos. Mas, afinal, é sempre no presente que vamos sendo. Temos, porém, dificuldade em viver no presente, como já Pascal se lamentava: "Nunca nos agarramos ao tempo presente", preocupados com o futuro ou dispersos com lembranças do passado; embora só o presente nos pertença verdadeiramente, "andamos erráticos por tempos que não são os nossos", passando o tempo na dispersão, o famoso divertissement pascaliano.

domingo, 4 de janeiro de 2015

Cortejo dos Reis, a festa de sempre

A nossa igreja passou a ser a Gruta de Belém

Abram-se as portas da igreja
Querem os pastores entrar
Para beijar o Menino
Qu’é Ele quem nos vem salvar

Virgem  Maria, Menino Jesus e S. José

Ao som do cântico “Abram-se as portas da igreja”, pastores, os primeiros a adorar o Menino na gruta de Belém, Reis Magos e seus séquitos, cantores, músicos e povo enchem a centenária igreja da Gafanha da Nazaré para beijar e adorar o filho da Virgem Maria, o nosso Salvador.
Há presentes para Nossa Senhora, que um pastor proclama como rainha. «A pequenez dos nossos dons é suprida pela boa vontade com que os trazemos», diz ele. E a pastora, dirigindo-se a Maria, oferece-lhe um cordeirinho de olhos doces, puro como o sorriso dos lábios da Virgem. E os Reis ofertam Oiro, Mirra e Incenso, próprio de um Príncipe, de um Homem e de Deus.
Nossa Senhora aceita em nome de seu filho adorado, com lágrimas de gratidão, os presentes que depuseram no seu regaço. E afirma: «Deus, que vos olha e lê nos vossos corações a fé que vos guiou, vos premiará como mereceis.»
O nosso prior, Padre Francisco Melo, frisou que Jesus é «a verdadeira estrela que nos ilumina e guia, que veio ao nosso encontro para ser a nossa paz». «A nossa igreja passou a ser para todos a gruta de Belém, onde podemos adorar o Deus-Menino; um Deus que se deixa tocar pelos nossos lábios e pelo nosso coração». E acrescentou: «É este Deus em que nós acreditamos que queremos dar ao mundo; um Deus que não é de guerras, nem de violências, nem de divisões.»