sábado, 14 de setembro de 2013

ALEGRAI-VOS COMIGO!

Georgino Rocha





«A relação de confiança é fundamental ao ser humano e à convivência em sociedade. Destruí-la é lesar o vínculo que nos humaniza e abre ao transcendente, a Deus.
Como é urgente recuperar esta componente da nossa humanidade! Em todos os âmbitos, sobretudo nos espaços educativos e religiosos, nas instâncias que têm como missão servir o bem comum.»


Georgino Rocha

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Vícios - Pecados - Guerra

"Todos os vícios de todas as idades e de todos os países do mundo reunidos juntos, nunca seriam iguais aos pecados que provoca uma só campanha de guerra"

Voltaire (pseudónimo de François-Marie Arouet, 1694 – 1778)




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Ainda o S. Paio da Torreira






«Durante» o S. Paio - 2013

Como escrevinhei o «antes» do S. Paio, há quem espere pelo «durante». Ei-lo, aí vai ele, antes que seja tarde e se perca a emoção.
Um grupo de amantes da ria organizou-se e foi no moliceiro PARDILHOENSE, com a mira do S. Paio – a maior das romarias lagunares setembrinas de fim de Verão. Objectivo – assistir à regata de bateiras à vela e à corrida dos chinchorros – programa imperdível! Acompanhar as embarcações, apreciá-las, sorvê-las, admirá-las e divulgá-las.

Mas o tempo promete, não promete?

De Ana Maria Lopes, no Marintimidades



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Mistério de um livro Desconhecido





"O Papa Francisco é um profeta que surgiu na Igreja e na sociedade. Não inventa nada. Fiel à mensagem evangélica, dá vida ao que crê e propõe. Os seus gestos são os de Cristo, para uma Igreja que lhe quer ser fiel. Servem também de sinal para uma sociedade descentrada do essencial. Ele mostra, de modo atual e ao vivo, o fundamental esquecido, minimizado, trocado por gostos do tempo, alheios à reflexão e às exigências do bem. Há mais gente a alegrar-se com as suas vaidades do que com a verdade que liberta. Assim na sociedade. Também, na Igreja, no meio do fumo do incenso, se pode esconder o essencial da mensagem, caminho certo na procura do bem. O que provoca o confronto incómodo nas ideias e opções, bem como a vontade de reagir, é o que na vida é essencial. Não é o banal ou o efémero. Pelo essencial reclamam os que querem ser fiéis à verdade e experimentam, cada dia, o vazio e sem horizontes de uma sociedade amorfa."

António Marcelino

11 de setembro 2013


Hoje, até as temperaturas cálidas de um verão terminal, trazem à mente, com uma agudeza sobrenatural, as más memórias associadas a esta data.
Relatavam os mass media em todos os recantos do mundo civilizado, nesse dia 11 de Setembro de 2001, que pouco antes das 9h00 o mundo acordava para o primeiro embate. O primeiro de quatro aviões sequestrados pela Al-Qaeda, no espaço aéreo dos Estados Unidos, irrompia no Worl Trade Center.
O mundo, literalmente parou, defronte dos aparelhos de televisão, que duma forma cruel mas realista iam registando, a par e passo, a devastação perpetrada contra o símbolo do poder americano, The Twin Towers.
A forma como os Estados Unidos têm assinalado o 11 de setembro tem levantado polémica e, ao longo dos anos, foram sendo eliminados os discursos políticos.
Este ano, o presidente da câmara pediu ajuda aos novaiorquinos e acabou por receber cerca de 4500 sugestões para assinar este 12.º aniversário dos ataques. 

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Senhora dos Navegantes

Festa na Ria, dia 15, domingo



No próximo domingo, 15 de setembro, a Ria de Aveiro vai viver mais uma festa, desta feita em honra de Nossa Senhora dos Navegantes, venerada no Forte da Barra, Gafanha da Nazaré. Depois da procissão pela laguna, com andores, irmandades, música, barcos para todos os gostos, de formas, tamanhos e decorações variadas, também com alguns foguetes, que sem eles não haverá verdadeiramente festa, será celebrada a eucaristia, com acompanhamento coral protagonizado pelos rancho e grupos convidados. São eles, para além do Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré, que é também o organizador dos festejos, em sintonia com a paróquia e com a colaboração de diversas entidades, públicas e privadas, o Rancho Folclórico do Rio Novo do Príncipe e o Grupo de Danças e Cantares de Cortegaça.
A procissão sai da igreja da Cale da Vila, pelas 14 horas, até ao cais número três do Porto de Pesca Longínqua, começando o desfile pela laguna meia hora depois. Nele se incorporarão as irmandades, andores com as respetivas imagens, onde pontifica a Senhora dos Navegantes, a Filarmónica Gafanhense, os grupos convidados, bem como pessoas devidamente autorizadas que ocuparão lugares nas embarcações que lhes estão destinadas. Nos barcos particulares, a responsabilidade pelo transporte dos seus passageiros pertence aos proprietários dos mesmos.
Durante o percurso, há uma paragem em S. Jacinto, cuja população, ligada profundamente à ria, gosta de saudar, com alegria e devoção, a Senhora dos Navegantes.
O Festival de Folclore terá início às 18.30 horas.

Viver Deus na alegria da família

DIA DA FAMÍLIA - 11 DE SETEMBRO





"Dar tempo à família permite e favorece que cada um, segundo a sua idade e condição, participe no mundo e nos sonhos dos outros, para que filhos e netos, pais e avós aprendam uns com os outros e saboreiem a alegria e a sabedoria de viver em família.
Depois das férias e no início de mais um ano, este convite a viver o Dia da Família e a fazer de cada família um lar de amor abençoado e feliz oferece uma oportunidade única para recentrar a família no essencial. A família deve ser berço e primeira escola, casa e igreja doméstica para que cada um dos seus membros aí encontre a bênção e o perdão, a força para caminhar e o porto de abrigo nas horas de provação, a apreciação mútua e o incentivo para abrir novos horizontes ao futuro.
Neste Dia da Família procuremos sentir a alegria das famílias da Diocese, das comunidades cristãs e dos movimentos apostólicos particularmente vocacionados para a pastoral familiar."

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Nota: Foto do Google

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O Marnoto Gafanhão — 7

Um texto póstumo de Ângelo Ribau

A safra terminou




A safra já ia comprida e alguns moços começavam a reclamar. É que eles eram “ajustados” por safra e não havia outro prazo de prestação de serviço. Enquanto as marinhas fizessem sal, eles tinham de cumprir! Por isso quando a safra era comprida, alguns anos havia marinhas que apareciam “alagadas”. Era fácil, bastava alguns moços juntarem-se durante a noite, abrirem as bombas de tubo, deixarem-nas abertas e quando na manhã seguinte chegassem às marinhas, encontravam-nas cheias de água da ria… e então não havia mais nada a fazer. Com o verão a terminar, as temperaturas a baixar, era o fim.
E assim sucedeu. Chegados à marinha no dia seguinte, foi retirado o sal que se encontrava aproveitável, dos tabuleiros para os montes. Começaram a limpar a marinha, que se encontrava muito suja e de difícil limpeza. Pela tarde começaram de novo as nuvens de trovoada a aparecer do lado da serra.
  Toca a arrumar as alfaias e vamos embora que isto não está nada bom! Se amanhã continuar a trovoada acaba-se com a marinha…  diz o marnoto desgostoso!
No dia seguinte voltaram as trovoadas e o marnoto, depois de consultar os seus vizinhos da “corte”, resolveram terminar com a safra. Agora era só achegar as “mancheias” (pequenos montes de sal), cobri-las e estava terminada a safra. Os moços mostravam-se satisfeitos. Finalmente iriam receber o que tinham contratado e tentar arranjar trabalho noutro sítio.

(Continua...)

Nota: Hoje mais curto, para se iniciar novo capítulo na próxima semana.


Alunos da Fundação Prior Sardo apresentam fotografias

Centro Cultural de Ílhavo





No dia 9, pelas 21.30h, no Centro Cultural de Ílhavo, foi inaugurada a III Exposição anual de fotografia dos alunos da Universidade Sénior da Fundação Prior Sardo. Esta mostra está inserida na Semana da Maioridade/2013, organizada pela Câmara Municipal de Ílhavo.
Os trabalhos agora expostos já estiveram no Centro Cultural da Gafanha da Nazaré, Galeria Perlimpimpim na Vagueira e no Hotel da Pateira de Fermentelos, no encerramento da época 2012/13. Merecem, sem dúvida, ser apreciados, ou não fossem eles da autoria da nossa gente.... 

Aniversário da Biblioteca de Ílhavo




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segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Dia de Férias - Vagos e Praia de Mira

Senhora de Vagos
Dia de férias, isto é, sem preocupações de maior, ou fugindo delas por uns momentos, que não é fácil ignorar o que se passa à nossa volta. Eu e a minha Lita lá fomos por aí, sem pressas, por estradas raramente andadas, entre pinheiros e casarios, com mar à vista. E a primeira paragem foi no Santuário da Senhora de Vagos, das minhas ancestrais raízes, que as da Lita estão fixadas em Pardilhó e, provavelmente, em Válega, dúvida que haveremos de investigar, para bem da verdade.
Encomendámos a  família à Senhora de Vagos, que sei estar atenta às nossas inquietações humanas, como mãe zelosa que é.
Olhámos para Vagos como quem perscruta rostos e sentimentos de gentes que me deram o ser gafanhão. Percorremos aldeias, apreciámos a evolução das terras vaguenses, com comércio e indústria, casario, agricultura e ares despoluídos...  uma demonstração de desenvolvimento sustentado. Outros dirão que não é assim, mas foi assim que eu vi a terra dos meus avoengos. Também tentámos encontrar um amigo, mas não foi possível. Ficará para uma próxima visita.

Saltámos para Mira, 
como estava previsto... 
O dia estava agradável e as pernas portaram-se bem. 


domingo, 8 de setembro de 2013

“Gafanha da Nazaré: Memória Histórico-Antropológica”

Lançamento de um livro de Júlio Cirino

Júlio Cirino na hora dos autógrafos

Participei, na sexta-feira, 6 de agosto, na Escola Secundária da Gafanha da Nazaré, no lançamento do mais recente livro do Júlio Cirino — “Gafanha da Nazaré: Memória Histórico-Antropológica”. A sessão decorreu na biblioteca, com a presença de cerca de 250 pessoas, interessadas decerto em conhecer retalhos significativos da vida dos nossos antepassados, contados com realismo e verdade, depois de oito anos de intensas e profícuas pesquisas, conversas, leituras e muitos encontros com gente que tinha e tem algo para contar.
A sessão foi animada pelo grupo Portas d’Água e pelos corais da Associação do Porto de Aveiro e da Escola Secundária, que é também a sede do Agrupamento de Escolas da Gafanha da Nazaré. Grupo e corais de que o Júlio é membro ativo, o que define a sua capacidade de trabalho e de envolvimento cultural, para além das competências desportivas e outras que possui. Houve ainda leituras de algumas passagens do livro, bem como uma intervenção minha, sobre a qual terei a oportunidade de escrever, mais desenvolvidamente, num futuro próximo.

A Educação e a Vida

"A educação exige os maiores cuidados, porque influi sobre toda a vida"

Séneca (-4/65), filósofo e escritor da Roma Antiga

No PÚBLICO de hoje

Nota: Infelizmente, não é preciso grande esforço para compreender como esta verdade, tão simples, tem sido ignorada por tantos ao longo dos séculos.

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Paz na Síria e no mundo

Papa Francisco pede perdão, diálogo e reconciliação na vigília de oração pela paz na Síria e no mundo







"O papa Francisco pediu o perdão, o diálogo e a reconciliação durante a intervenção que proferiu na vigília de oração pela paz na Síria e no mundo, que decorre no Vaticano este sábado, até à meia-noite.

«Quando o homem pensa apenas em si próprio, nos próprios interesses e se põe no centro, quando se deixa fascinar pelos ídolos do domínio e do poder, quando se coloca no lugar de Deus, então rompe todas as relações, destrói tudo, e abre a porta à violência, à indiferença ao conflito», vincou.

Perante milhares de pessoas presentes na Praça de S. Pedro, o papa afirmou que quando o homem «destrói a harmonia com a criação», «o irmão a proteger e a amar torna-se o adversário a combater, a suprimir».

«Em toda a violência e em todas as guerras, fazemos renascer Caim. Todos nós! E ainda hoje continuamos esta história de confronto entre irmãos, ainda hoje levantamos a mão contra quem é nosso irmão», apontou Francisco, referindo-se ao primeiro livro da Bíblia, o Génesis, que narra o homicídio de Abel por parte de Caim."

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sábado, 7 de setembro de 2013

Humanizar a Sociedade



"Humanizar a Sociedade" é o título do mais recente livro do Padre Georgino Rocha, prestes a chegar às livrarias. Neste trabalho, o autor diz que humanizar a sociedade é responsabilidade de todos, apresentando, nessa perspetiva, ensaios, propostas e testemunhos, tendo em conta os mais vulneráveis.
Atrevo-me a adiantar que Georgino Rocha vai provar à saciedade que, sem o envolvimento concreto de todos, não será fácil construir uma sociedade mais justa e mais fraterna, numa perspetiva da Doutrina Social da Igreja.



Francisco: 4. sobre temas em debate

«Quanto à mulher na Igreja, "pensem: a Virgem é mais importante do que os apóstolos", "a mulher na Igreja é mais importante do que os bispos e os padres", "é necessária uma profunda teologia da mulher". Mas, "quanto à ordenação das mulheres, a Igreja falou e diz não. Disse-o João Paulo II, com uma formulação definitiva. Essa porta está fechada".»

Anselmo Borges

Quanto à comunhão das pessoas que voltaram a casar-se, é preciso pensar que a Igreja é mãe e misericórdia e "creio que o problema deve ser estudado no quadro da pastoral matrimonial." Não esquecer que a Igreja ortodoxa tem uma práxis diferente, "dá uma segunda possibilidade."
Sobre a lei do celibato dos padres, sobre a ordenação das mulheres, sobre a comunhão dos divorciados recasados, sobre o preservativo, sobre o casamento homossexual, sobre o aborto, sobre a eutanásia, o que pensa o Papa Francisco?
"O problema moral do aborto é de natureza pré-religiosa, porque no momento da concepção reside o código genético da pessoa. Já ali se encontra um ser humano. Separo o tema do aborto de qualquer concepção religiosa. É um problema científico." "A vida humana deve ser defendida sempre desde a concepção."
Quanto ao preservativo, não ignorará que Bento XVI já abrira a porta, pelo menos em certos casos.
Sobre o celibato sabe por experiência própria. Quando era seminarista, ficou deslumbrado por uma rapariga. "Surpreendeu-me a sua beleza, a sua luz intelectual... e, bom, andei baralhado durante algum tempo, a dar voltas à cabeça." Ainda era livre, porque era seminarista. Teve de repensar a sua escolha.
"Voltei a escolher o caminho religioso - ou a deixar que ele me escolhesse. Seria estranho que não se passasse este tipo de coisas." Quando aparece um padre a dizer que engravidou uma mulher, "ouço-o, procuro transmitir-lhe paz e aos poucos faço-o perceber que o direito natural é anterior ao seu direito como padre". No catolicismo ocidental (no Oriente, os padres podem casar-se), "o tema está a ser discutido", mas "por enquanto mantém-se firme a disciplina do celibato". "Trata-se de uma questão de disciplina, não de fé. É possível mudar."
Quanto à mulher na Igreja, "pensem: a Virgem é mais importante do que os apóstolos", "a mulher na Igreja é mais importante do que os bispos e os padres", "é necessária uma profunda teologia da mulher". Mas, "quanto à ordenação das mulheres, a Igreja falou e diz não. Disse-o João Paulo II, com uma formulação definitiva. Essa porta está fechada".
Quanto à comunhão das pessoas que voltaram a casar-se, é preciso pensar que a Igreja é mãe e misericórdia e "creio que o problema deve ser estudado no quadro da pastoral matrimonial." Não esquecer que a Igreja ortodoxa tem uma práxis diferente, "dá uma segunda possibilidade.
Sobre o lobby gay no Vaticano. "Quando nos encontramos com uma pessoa assim, deve-se distinguir entre o facto de ser gay e o facto de fazer lobby, porque nenhum lobby é bom. Se uma pessoa é gay e procura o Senhor e tem boa vontade, quem sou eu para julgar?" O Catecismo da Igreja Católica "explica isto de forma muito boa: não se deve marginalizar estas pessoas. É preciso integrá-las na sociedade. O problema não é ter esta tendência. Devemos ser irmãos. O problema é fazer lobby. Lobby desta tendência ou lobby dos avaros, dos políticos, dos maçons".
Ainda cardeal, sobre o casamento homossexual. "Sabemos que, em tempos de mudanças históricas, o fenómeno da homossexualidade aumentava. No entanto, no nosso tempo, é a primeira vez que se levanta o problema jurídico de a associar ao casamento, o que considero uma menos valia e um recuo antropológico. Digo-o, porque esta questão ultrapassa o plano religioso, é antropológica. Quando o chefe do Governo da cidade de Buenos Aires, Mauricio Macri, não apelou da sentença de uma juíza de primeira instância autorizando o casamento, senti que tinha algo a dizer, e, como forma de orientação, senti-me obrigado a manifestar a minha opinião. Foi a primeira vez em 18 anos de bispo que fiz uma crítica a um funcionário. Em momento algum falei depreciativamente dos homossexuais, mas intervim apontando uma questão legal." "Se houver uma união de tipo privado, não há um terceiro ou uma sociedade que sejam afectados. Ora, se dermos à homossexualidade a categoria matrimonial, os homossexuais ficam habilitados à adopção, e poderá haver crianças afectadas. Qualquer pessoa precisa de um pai masculino e de uma mãe feminina que ajudem a representar a sua identidade."
Quanto à eutanásia, é preciso distingui-la da obstinação terapêutica. "As pessoas não são obrigadas a conservar a vida através de cuidados extraordinários. Isso pode ir contra a dignidade do indivíduo. Diferente é a eutanásia activa; esta é equivalente a matar."


Anselmo Borges

O que move o mundo

"O que move o mundo não são os braços fortes dos heróis, mas sim a quantidade dos pequenos empurrões de cada trabalhador honrado"

Helen Keller

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Só em liberdade se pode ser cristão





«Tomar a decisão certa exige tempo de reflexão, prudência, sabedoria, recursos, determinação. A atitude do homem que pretende fazer uma construção ou do rei que quer empreender uma guerra ilustra o ensinamento de Jesus sobre as condições prévias à opção de quem se propõe ser seu discípulo.»

Georgino Rocha

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Maria João Cravo e Jorge Cardoso apostam no artesanato

Escritos, conversas e reportagens à volta do Festival do Bacalhau, que decorreu entre 14 e 18 de agosto, no Jardim Oudinot, deram prioridade ao “fiel amigo” e a pratos das muitas maneiras de o confecionar, bem como aos petiscos dos chamados derivados, nomeadamente, bolinhos, pataniscas, feijoada de samos, línguas e carinhas fritas. Também se falou muito dos concertos que bateram recordes de assistências e de outras festas associadas. Pouco, a meu ver, dos artesãos que se apresentaram em bom número, cada um com as suas artes e ofícios, onde predominam, em diversos casos, o ineditismo e o espírito criativo.
Na impossibilidade de nos referirmos a todos, que todos bem o mereciam, optámos aleatoriamente por dois jovens entusiastas e profissionalizados. São eles Maria João Cravo e Jorge Cardoso.

Texto e fotos de Fernando Martins

Ambos começaram de forma espontânea e muito cedo. A Maria João sempre gostou de trabalhos artesanais e um dia, em férias, apeteceu-lhe fazer um colar. Foi à retrosaria e comprou o que julgou preciso. «Gostei tanto que repeti e resolvi mostrar… a partir daí, as coisas foram crescendo.» Do colar saltou para artes com tecido e corda. Posteriormente, entusiasmou-se pela cerâmica, tendo recebido formação na ACAV — Associação Arte e Cultura de Aveiro. «Mais a sério, dedico-me à bijutaria desde 2005», disse.
O Jorge iniciou esta atividade, que virou prazer, há 15 anos, por brincadeira, com a arte de marinharia, «para oferecer aos familiares e amigos, na expetativa de poupar dinheiro nas prendas de natal». E nunca mais parou. Dos nós passou ao restauro, às miniaturas e aos trabalhos com conchas, fixando-se, presentemente, entre outras artes, na “Amendoimlândia”
«Desde que tive contacto com o artesanato, fui-me apaixonando, e hoje não é só um sustento mas também um grande vício», sintetiza.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Hum segundo dia de creação

30 de setembro de 1808


Luiz Gomes de Carvalho 
escreve uma carta ao futuro rei D. João VI

D. João VI


«Senhor

Tenho a honra de partecipar a V. A. R. o feliz exito da Commissão da Abertura da Barra de Aveiro, que V.A.R. foi servido confiar-me, honrando-me tanto nesta escolha, q.to a questão era diffícil, e até na opinião geral impossivel.
O dia trez de Abril deste prezente anno foi o venturoso dia d’Abertura da Nova Barra de Aveiro; elle foi, em certo modo, hum segundo dia de creação em que se operou, como por hum prodigio hua conveniente e necessaria separação das agoas, e dos terrenos, que estavão na mais fatal confuzão; e este Grande Beneficio, que V.A.R. preparava a estes Povos, desde muito tempo, fez despertar, como eu fui testemunha, a saudade constante que os Povos mais interessados nesta Obra consagravão ao Seu Legitimo Auzente Soberano quando gemia debaixo da escravidão e tyrania de que o Ceo, auxiliando os nossos proprios exforsos, e os dos nossos amigos, acaba de resgatar-nos.

S. Paio aí está

O «antes» do S. Paio - 2013



«Cumprindo uma ancestral tradição, a partir de amanhã e até ao próximo domingo, dia 8, a praia da Torreira, no concelho da Murtosa, volta a encher-se de gente vinda dos mais variados pontos do País, em maré de celebração, para a romaria do S. Paio, indiscutivelmente, a mais concorrida, popular e afamada da região.
A influência da festa é de tal ordem que ali o calendário é marcado em função da romaria e então é comum ouvir dizer-se que determinado assunto fica para “antes ou depois do S. Paio” – refere o Diário de Aveiro de hoje, 3.9. 2013.»

Nota: Quem não puder ir à romaria do S. Paio da Torreira, pode muito bem seguir quem está bem informada sobre esta festa enraizada na alma das gentes lagunares. Por isso, sugiro que os meus leitores estejam atentos ao que sobre a romaria escreveu e, provavelmente, vai escrever Ana Maria Lopes, no seu Marintimidades.

Papa pede oração e jejum pela paz na Síria


Incoerência gera indiferença


António Marcelino


«O que de mais grave se passa hoje em comunidades amorfas e a desertificar, é a incoerência de muitos, sempre contrária às exigências evangélicas e à verdade que a fé não dispensa. A incoerência gera indiferença perante o essencial e o importante, e esta tornou-se a maior calamidade, social e religiosa, da atualidade. O indiferente, nem procura, nem acolhe. Cheio de si, dispensa Deus e os outros e nem se preocupa em perceber os sinais da sua presença. Para o indiferente só ele próprio conta. 
Vemos, entretanto, gente dita religiosamente indiferente, atenta às palavras e gestos do papa Francisco. Isto quererá dizer que quando se toca o coração e se expressa verdade e coerência, a indiferença entra em solavancos. Quererá dizer ainda que um estado de total indiferença não é coisa normal numa pessoa séria e equilibrada.»

António Marcelino

terça-feira, 3 de setembro de 2013

“Gafanha da Nazaré: Memória Histórico-Antropológica”

Um livro de Júlio Cirino




No próximo dia 6, sexta-feira, pelas 21 horas, na Escola Secundária da Gafanha da Nazaré, vai ser apresentado um livro de Júlio Cirino, cujo título — “Gafanha da Nazaré: Memória Histórico-Antropológica” — não deixará de despertar vivo interesse, ou não fosse o nosso povo, das mais diversas proveniências, curioso pelo nascimento e desenvolvimento da nossa terra.
A sessão pública conta com um momento cultural, enriquecido pelo “Grupo Portas d’Água”, Coral da Escola Secundária da Gafanha da Nazaré e Coral da Associação do Porto de Aveiro. Haverá ainda leitura de alguns textos e a apresentação da obra ficará a meu cargo.
O mais recente livro de Júlio Cirino (escreveu outros sobre temáticas desportivas) aborda as mais variadas vertentes desta região que começou a ser habitada porventura no século XVII, apresentando uma “Visão Retrospectiva da Vida da Gafanha da Nazaré”. Passa depois por “Espectáculos e Divertimentos”, “Traquinices da Infância e Adolescência” e  culmina com um capítulo sobre “Chás e Mezinhas de outros tempos”.
Pelo que já li, confirmo que se trata de um trabalho que sintetiza oito anos de pesquisas, conversas, encontros, debates e registos dignos de nota, justificando, por isso, o relevo que lhe é devido.
No prefácio, Dinis Ramos salienta, referindo-se ao autor, que sempre foram «companheiros do quotidiano, almocreves da mesma estrada da infância e juventude, até aos dezassete anos, altura em que por imperativos pré-profissionais» se afastaram. Mas logo acrescenta que nos últimos anos fizeram questão de «ir pondo a conversa em dia». 
Dinis Ramos adianta, noutro passo do Prefácio: «Dotado de memória invulgar, o Júlio lá vai desfilando todo um rosário de aventuras da nossa juventude, com pormenores que já havíamos esquecido por insignificantes, ou porque o passar dos anos se encarregou de os arrecadar no sótão do nosso conhecimento…»
Os amantes das nossas tradições, os apaixonados pela história de nossa terra e suas gentes, os que aceitam, como mola-real da vida, a importância do passado nos alicerces do presente e do futuro, decerto marcarão presença na apresentação do livro “Gafanha da Nazaré: Memória Histórico-Antropológica”. 

Fernando Martins

O Marnoto Gafanhão — 6

Um texto póstumo de Ângelo Ribau


“Valha-nos Deus, que já não será sem tempo”


“Valha-nos Deus, que já não será sem tempo”, pensava eu, “ao menos aquelas temperaturas tórridas, a que não faltava sequer a falta de vento irão acabar. Oxalá o meu pai também acerte desta vez!”
Assim foi. Passados que foram cerca de dois dias, logo se notou pela manhã a temperatura a refrescar. O dia já foi menos quente e pela tarde, ao regressarmos a casa, chegados à “boca” do Esteiro dos Frades, foi dada ordem de içar a vela, que puxada pela “ustaga” se fez chegar ao cimo do mastro. Orientada pela escota de acordo com a direção do vento, lá ia a bateira em direção ao seu ancoradouro, junto à seca do Egas. O marnoto, sentado no “cagarete”, governava a bateira e ia orientando a vela, puxando ou largando a escota, que era presa na borda de sotavento. Com vento fresco a viagem era rápida e o esforço praticamente nulo. Era só içar a vela e arreá-la ao chegar ao ancoradouro.
Com a falta de temperaturas muito elevadas a produção de sal ia lentamente baixando. Mas, mesmo assim, trabalho nunca faltava. Os tabuleiros onde o sal escorria, para depois ser transportado para o monte, os “machos” por onde passávamos com as canastras cheias de sal, não eram mais lama dura. O sal tinha-se entranhado na lama e aqueles locais eram autênticas máquinas de lixar as solas dos pés. Só quem andou naquela vida pode fazer uma ideia correta dos sacrifícios que o pessoal das marinhas passava.