domingo, 11 de setembro de 2011

PÚBLICO: Crónica de Bento Domingues


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Gafanha da Nazaré: Rua António Nobre




“O livro mais triste que há em Portugal”


A Rua António Nobre fica situada perto da igreja matriz da Gafanha da Nazaré e liga a Av. José Estêvão à Rua Gago Coutinho. É uma rua pequena, mas muito movimentada, já que está na zona central da cidade.
Quando olho para as ruas e seus nomes de batismo, não consigo fugir à tentação de comparar, por vezes, a pequenez e simplicidade de algumas vias com a grandeza dos nomes que ostentam. Aqui, essa sensação acentua-se, pois António Nobre merecia mais, no meu entender. Contudo, não é fácil fazer coincidir a importância de uma rua com a pessoa homenageada.
Este poeta ultra-romântico e saudosista nasceu no Porto em 16 de agosto de 1867 e faleceu na Foz do Douro, em casa de seu irmão Augusto Nobre, cientista, político e professor da Universidade do Porto, em 18 de março de 1900, curiosamente o ano do falecimento de Eça de Queirós, com quem se cruzou na vida, em Paris, onde o escritor de "A cidade e as serras" era Cônsul de Portugal.
António Nobre frequentou o curso de Direito da Universidade de Coimbra. Desistiu e seguiu para Paris, tendo frequentado a Escola Livre de Ciências Políticas, onde se licenciou em Ciências Jurídicas. De regresso a Portugal, não pôde iniciar qualquer carreira profissional, por motivo de doença. A tuberculose levou-o a procurar alívio na Suíça e na Madeira.
Este poeta publicou em vida um único livro de poemas, intitulado "Só", no qual deixa transparecer sentimentos de tristeza e de nostalgia, talvez provocados pela doença de que sofria e que ele sabia ser fatal. Morreu cedo, aos 33 anos, mas deixou outros escritos que vieram a lume a título póstumo, nomeadamente, "Despedidas"(1902) e "Primeiros Versos" (1921). Mais tarde, ainda foram publicadas “Cartas Inéditas de António Nobre” (1934), “Cartas e Bilhetes Postais a Justino Montalvão” (1956) e “Correspondência” (1967).
"Só", obra que na minha juventude foi muito lida e apreciada, não deixou de ser considerada pelo autor como "o livro mais triste que há em Portugal". E quando o lemos, poema a poema, sentimos a dor que lhe ia na alma.

Fernando Martins

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Georges! anda ver o meu país de Marinheiros
O meu país das naus, de esquadras e de frotas!

Oh as lanchas dos poveiros
A saírem a barra, entre ondas e gaivotas!
Que estranho é!
Fincam o remo na água, até que o remo torça,
À espera de maré,
Que não tarda aí, avista-se lá fora!
E quando a onda vem, fincando-o com toda a força,
Clamam todas à uma: «Agôra! agôra! agôra!»
E, a pouco e pouco, as lanchas vão saindo
(Às vezes, sabe Deus, para não mais entrar...)
Que vista admirável! Que lindo! que lindo!
Içam a vela, quando já têm mar:
Dá-lhes o Vento e todas, à porfia,
Lá vão soberbas, sob um céu sem manchas,
Rosário de velas, que o vento desfia,
A rezar, a rezar a Ladainha das Lanchas…
(…)

Do livro "SÓ"

Uma reflexão para este domingo


SENHOR GENEROSO, SERVO IMBECIL
Georgino Rocha



Pedro anda preocupado com os ensinamentos de Jesus, tão diferentes das tradições judaicas e das aspirações que alimenta. Sobretudo no desenlace humilhante da vida em Jerusalém, nas atitudes a cultivar no relacionamento humano, na proposta insistente do perdão como caminho de recuperação de quem faz ofensas. A preocupação leva-o a pedir-lhe mais explicações e a pergunta surge directa: Quantas vezes, hei-de perdoar ao meu irmão? E adianta a medida que pensava ser mais generosa: Até sete vezes? E já era muito para um judeu, pois o número sete significa plenitude e faz evocar a sentença do filho de Caim, Lamec, que pretendia vingar a ofensa não sete vezes, mas setenta vezes sete.
A história das ofensas e das dívidas é longa e regista as mais diversas medidas disciplinares. Nas culturas conhecidas e nas religiões oficializadas. Entre os judeus, também, como aponta a Bíblia nos seus textos fundamentais. A razão parece simples: na medida usada se dá a conhecer o nível em que o outro é considerado, a gravidade da ofensa à dignidade alheia e a possível recuperação perante os demais, a relação com o Transcendente que frequentemente se solidariza com quem observa a regra estabelecida.

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 254

DE BICICLETA... ADMIRANDO A PAISAGEM – 37



A BICICLETA E A TECNOLOGIA... 

Caríssima/o: 

Era nesta época, e muito especialmente na “peregrinação” ao S. Paio da Torreira, que a nossa 'máquina' era obrigada a dar tudo quanto tinha... Depois dos parafusos bem apertados e de oleada até ficar besuntada, era posta à prova para ver o grau de resistência e mostrar a confiança que nos merecia para o longo ano lectivo que se aproximava... 
De facto, a bicicleta evoluiu até chegar ao que temos hoje. A verdade, porém, é que os aperfeiçoamentos neste veiculo simples e saudável foram desenvolvidos e criados por pressão dos utilizadores que queriam cada vez mais um brinquedo melhor. Quem diz isto são especialistas do mundo inteiro. 
Durante mais de um século pouco ou nada mudou. Até que os que a usavam não como simples transporte, mas como uma fonte de prazer, forçaram para que a bicicleta se tornasse no que ela é hoje. 
Indiscutivelmente, a bicicleta é uma forma popular de entretenimento e recreação. Outros campos de actividade humana foram adoptados: exercício para adultos, brinquedos infantis, aplicações militares e policiais, bicicletas desportivas e serviços de entrega. Assim com o passar do tempo, a humilde bicicleta assumiu várias funções.

sábado, 10 de setembro de 2011

Na defesa da vida e na educação, não se pode esbanjar


Muitos espinhos nas flores mais belas

São os espinhos do preço do material escolar, das propinas inevitáveis mais altas, da perda e da incerteza de um lugar de trabalho, das distâncias impostas, da escola não escolhida, do abono de família terminado… Tudo no panorama de crianças buliçosas, de pais sonhadores, de professores dedicados, das ruas desejosas deste buliço ruidoso, mas sempre lindo, das crianças e dos estudantes.
A educação tem de ser o grande projecto do país. Se não houver pessoas preparadas para encarar a vida com sentido e intervir validamente na sociedade, nada tem futuro. Na defesa da vida e na educação, não se pode esbanjar, mas, também, não se pode cortar para além do razoável. Podem-se dispensar muitas coisas. Não, porém, pessoas e estas educadas no presente e para o futuro.


António Marcelino

Poesia para este sábado



O Senhor que foi à fonte
Encontrou um lubizonte
Que se abespinhou com ele…
Foram os dois para um talho
Comer carne de porcalho
E também de um urso reles
Comeram pelos e peles
E através de um discurso
Ressuscitaram o urso
E o urso deu cabo deles.

Cristovam Pavia

O Senhor Que Foi à Fonte

No Caderno de Economia do Expresso

Moçambique - Tete - Parque da Gorongoza


Rio Luena ao amanhecer

Primeira agricultura com alguma dimensão

"Árvore" do mel

Facoceiros (javalis africanos)

Fotos e legendas de Jorge Ribau, em Moçambique

Não tratamos o ser humano como tratamos as coisas


Ser humano: pessoa
Anselmo Borges

Não tratamos o ser humano como tratamos as coisas. Neste sentido, M. Buber descreveu, num texto admirável - "Eu e tu" -, precisamente os dois tipos de relação: "O mundo possui para o homem duas faces, segundo a postura dual. A postura do homem é dual segundo a duplicidade das palavras fundamentais que pode dizer. As palavras fundamentais não são palavras singulares, mas pares de palavras. Uma palavra fundamental é o par de palavras 'eu-tu'. A outra palavra fundamental é o par 'eu-isso'. O eu da palavra fundamental eu-tu é diferente do eu da palavra fundamental 'eu-isso'.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Costa Nova: Festa de Nossa Senhora da Saúde

Costa Nova do Prado

Por decisão do Conselho de Pastoral Paroquial, presidido pelo pároco da paróquia de Nossa Senhora da Saúde da Costa Nova do Prado, Padre Ângelo Silva,  e com a compreensão e apoio da Câmara Municipal de Ílhavo, as festas em honra da padroeira, que se realizarão de 22 a 26 de setembro, restringem o respetivo programa a eventos de caráter eminentemente religioso, com  momentos musicais e culturais, prescindindo-se da realização da feira que tem integrado a festa.
Para esta decisão, foram tidos em conta acontecimentos de anos anteriores, ao mesmo tempo que se deseja a segurança e a tranquilidade das pessoas e a boa acessibilidade e salubridade dos espaços públicos e privados, bem com a redução de despesas.


quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Boas perguntas de Pacheco Pereira

Pacheco Pereira, do PSD, não tem papas na língua.
Leia aqui

Biblioteca Municipal de Ílhavo celebra aniversario



Com um conjunto alargado de iniciativas, a Biblioteca Municipal de Ílhavo está a celebrar, até 27 de Setembro, o seu sexto aniversário. Bom motivo para uma visita àquele espaço cultural ou aos seus pólos, onde há sempre quem o possa ajudar na escolha de uma excelente obra para ler.
Ver aqui

O perigo das imitações na política

Camilo Lourenço alerta, no Jornal de Negócios online, para o perigo de se imitar José Sócrates. Também acho.
Ver aqui

Moçambique: Parque Nacional da Gorongoza


Nascer do Sol na zona de Tete


Banca fixa. Há muita sede por ali, mesmo sem frigorífico


Ponte sobre o Pungoe (Edgar Cardoso, está-se mesmo a ver...)


Elefantes fêmeas com crias

Nota: Fotos  e legendas de Jorge Ribau, em Tete, Moçambique.

Serra da Boa Viagem


Na Serra da Boa Viagem, Figueira da Foz, torna-se agradável degustar, no restaurante Abrigo da Montanha, com ares puros por todo o lado, um almoço de alguma forma original, porque longe do bulício dos veraneantes. Não será para todas as bolsas, mas nem assim deixarei de o recomendar a quem    puder. 


No cimo da serra, na zona do restaurante, os nossos olhares fixam-se nos areais das praias da Figueira da Foz, a perder de vista. Praias enquadradas pelo Rio Mondego (Figueira da Foz do Mondego, assim era designada a actual Figueira da Foz), oceano e serra, são um regalo para quem aprecia contrastes e rejeita monotonias.

Oudinot: limpeza das pedras...


A limpeza das pedras obriga a algum cuidado. Ao menor deslize, lá estão as águas do canal, no Jardim Oudinot, para receber quem trabalha. 

É LEGÍTIMO LUTAR POR UM LUGAR DE TRABALHO




Estímulos e travões 
no processo de recuperação

António Marcelino

Dizer que o momento que atravessamos é difícil não vai além de repetir o que todos sabemos e vamos sentindo. É verdade, no entanto, que para uns as dificuldades são maiores do que para outros. Sendo assim, não podemos deixar de nos perguntar como consegue sobreviver uma família modesta com um ou os dois pais desempregados ou um casal de idosos com uma reforma mais do que magra. Muitas perguntas pertinentes se podem e devem fazer para se poder interiorizar a crise. Multiplicam-se, é certo, as expressões de solidariedade. Porém não é fácil a pessoas que sempre tiveram uma vida que se ia bastando por si própria terem agora de recorrer a instituições para pedir alimento ou ajudas que lhes permitam responder a despesas inadiáveis. O que toca na auto-estima também empobrece as pessoas.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Os nossos artistas: Cândido Teles

Neste dia, há um ano, recordei o nosso artista Cândido Teles. Dele tenho apenas um serigrafia, mas pode ser que um dia, com menos crises em cima ou à vista, possa adquirir uma sua obra de mais peso. O mais importante, porém, será cultivarmos o gosto pelos artistas que mais admiramos.


Veja aqui

Igreja com intervenção mais política

Carlos Azevedo, Bispo Auxiliar de Lisboa, defende que Igreja Católica deve ter uma intervenção política mais ativa. Veja aqui

«Preciso da tua mão»





O que resta do Pai?

José Tolentino Mendonça

«O que resta do Pai?», pergunta-se o psicanalista Massimo Recalcati no seu oportuníssimo estudo sobre a paternidade na época pós-moderna. A preocupação que partilha com os leitores é esta: resta muito pouco. E para classificar os tempos que correm ele recupera uma expressão de Jacques Lacan: «a evaporação do pai». De facto, a nossa cultura tem praticado, com razões mas sem razão, uma demolição sistemática da figura do pai. O pai deixou de ser referência de valor para avaliarmos o sentido, para delinearmos a fronteira do bem e do mal, da vida e da morte. Vivemos muito mais uma suspeita permanente em relação ao que o pai representa ou mergulhados num luto obsidiante, promovendo o desencanto e a incerteza ao estatuto de novas formas de felicidade (e de ilusão). O que defende Recalcati é que a figura do pai precisa de ser recuperada.

terça-feira, 6 de setembro de 2011