domingo, 7 de fevereiro de 2010

Gafanha da Nazaré: Tomada de posse de dirigentes da comunidade

Em tempo de dificuldades
é preciso dar primazia ao que é positivo


Padre Francisco Melo

Os membros do CEP (Conselho Económico e Pastoral) e os corpos gerentes da Fundação Prior Sardo e do Centro Social e Paroquial da Gafanha da Nazaré tomaram posse hoje, domingo, na missa das 11.15 horas, presidida pelo Prior, Padre Francisco Melo. Associaram-se os presidentes da Câmara Municipal de Ílhavo, Ribau Esteves, e da Junta de Freguesia, Manuel Serra. Depois da celebração, todos participaram num almoço, no Centro Comunitário, preparado por um grupo de voluntários.

É preciso testemunhar uma Igreja
organizada, aberta e inclusiva

Nas palavras que dirigiu aos empossados, o Prior Francisco Melo lembrou a necessidade de todos testemunharem na vida “uma Igreja organizada, aberta e inclusiva, comprometida na missão de Cristo e consciente de que os bens que possuímos se destinam a fazer cristãos e a partilhar”. Referiu a urgência de experimentarmos no dia-a-dia “a Igreja da caridade”, capaz de levar à prática a disponibilidade, o que permitirá tornar efectiva “a solidariedade e a fraternidade”.
“O mundo que nos é dado viver parece cheio de incertezas económicas, sociais, religiosas e culturais”, frisou o Padre Francisco. E acrescentou: “O homem pós-moderno e superdesenvolvido e a nossa sociedade em concreto parecem trilhar caminhos em que não conseguimos vislumbrar em que portos iremos atracar: se o da vida ou da destruição.”



Hugo Coelho
Universidade Sénior
para os que gostam de aprender

Hugo Coelho, presidente da Fundação Prior Sardo, afirmou que a instituição que dirige “é de todos nós” e que nasceu para ajudar os mais necessitados, apostando, por isso, em projectos cujos horizontes indicam “perspectivas de futuro”. Salientou a acção das equipas e técnicos para o projecto da prevenção  da toxicodependência, tido como  o melhor a nível distrital, e considerou uma mais-valia a recente criação da Universidade Sénior, “para os que gostam de aprender”, envolvendo 90 pessoas. Adiantou que a Fundação não existe só para apoios sociais, pois se empenha na defesa dos valores, enquanto dá muita importância às parcerias. “Qualquer instituição, para crescer, tem de estar acompanhada”, disse.

Bento Domingues no PÚBLICO de hoje: Uma inesgotável escola de espiritualidade


(Clicar na imagem para ampliar)

Os meus livros antigos: Cartas Familiares e Bilhetes de Paris, de Eça de Queiroz


Este livro, editado pela Livraria Chardron de Lélo & Irmão, do Porto, em 1922, faz parte da colecção Obras de Eça de Queiroz. Esta é a quarta edição. É curioso verificar como ao reler este livro sentimos como o grande escritor continua tão próximo do nosso tempo, pela acutilância e oportunidade dos temas abordados.

Ânimo revigorado e obediência pronta e generosa.


EXCELENTE TRABALHO

Por Georgino Rocha


Paulo classifica como excelente o seu trabalho. Pelo modo como o realiza, mas sobretudo pela graça de Deus que, por meio dele, vai agindo. Primeiro, transforma-o radicalmente. De perseguidor fanático, fá-lo apóstolo inexcedível de criatividade missionária. Depois, de observante fiel, converte-o em testemunha qualificada da ressurreição de Jesus Cristo. A ele que se considera como “o abortivo”, um ser humano incompleto e desfigurado.
A esta acção de Deus, corresponde Paulo com uma disponibilidade total, uma atenção absoluta, uma obediência pronta e fiel.
Outras pessoas seguem o mesmo exemplo e podem dar testemunho semelhante. É o caso – evocado hoje pelas leituras da celebração - de Isaías, de Jesus e de Pedro.
Trabalho excelente o de Isaías que se reconhece um pecador, a quem o enviado de Deus liberta da culpa e prepara para ser profeta em favor de todo o povo. E que grande missão desempenha este homem que vive no século VIII, antes de Cristo!

Poesia de Eugénio Beirão para este domingo



Vou partir

Vou partir,
montanha além.
Levo nos olhos
o fulgor do mar
e, no corpo cansado,
o sabor agridoce
da chuva
inesperada:
memória
adormecida,
sem palavras,
sem nada.

Eugénio Beirão
In Os Dias Férteis

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 170

PELO QUINTAL ALÉM – 7



A FIGUEIRA DA ÍNDIA
A
meu Pai

Caríssima/o:


a. Discreta presença, arrumada num canto muito sombrio, debaixo de ramada de videira americana, a nossa figueira-da-índia não tem ido muito longe; figos nem vê-los... Se ainda está viva e a ocupar espaço deve-o à grata memória que uma sua antepassada me deixou e à esperança de poder reproduzi-la em lugar mais solarengo ...

e. Nos longínquos idos de quarenta do século passado, tosse convulsa arreliadora se apoderou do meu dorido peito. Médicos? Medicamentos da farmácia? Privilégio de poucos...

Não sei onde meu Pai bebeu a informação mas, chegado a casa, foi-se à figueira da índia, cortou-lhe uma palma. Na cozinha, para uma bacia, cortou-a às rodelas que foi sobrepondo alternadamente com camadas de açúcar amarelo. No dia seguinte de manhã:
- Anda, filho, toma para te arrancar essa tosse de cão...
Desconfiado, abri a boca e sorvi o xarope que me fez esquecer o rufar do peito!...
A tosseira foi diminuindo... e ficou a vontade de renovar a colherada do tal xarope que entretanto se extinguiu...

Não sei que aconteceu a esta benfazeja piteira; certamente a sua sorte não foi diferente de umas tantas que que por aí vegetavam e nos ofereciam os figos em troca de umas valentes picadelas!... Teimávamos arrancá-los com os dedos desprotegidos...

i. A Figueira-da-Índia é um cacto lenhoso vivaz, originário da América Central. Em Portugal é subespontânea e é cultivado em jardins e para a formação de sebes artificiais no Alto Douro, Estremadura, Ribatejo, Alto Alentejo, Algarve, Madeira e Açores.

O fruto é comestível, mas deve ser consumido com moderação, para evitar a diarreia.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Um sínodo para repensar a Igreja?

Carta demolidora ao Papa
Por Anselmo Borges

O autor da carta, Henri Boulad, 78 anos, é um jesuíta egípcio de rito melquita. Não é um jesuíta qualquer: há treze anos que é reitor do colégio dos jesuítas no Cairo, depois de ter sido superior dos jesuítas em Alexandria, superior regional, professor de Teologia no Cairo. Conhece bem a hierarquia católica do Egipto e da Europa. Visitou quarenta países nos vários continentes, dando conferências, e publicou trinta livros em quinze línguas. A sua carta, inspirada na "liberdade dos filhos de Deus" e a partir de "um coração que sangra ao ver o abismo no qual a nossa Igreja está a precipitar-se", funda-se, pois, num "conhecimento real da Igreja universal e da sua situação actual".
A carta tem três partes: a presente situação, a reacção da Igreja, propostas.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Deixem-me respirar, ser livre, ser pessoa, ser padre


Estamos em pleno
Ano Sacerdotal

Por Francisco Melo*


Desde o início temi por esta proposta do Papa e agora confirmo algumas das minhas suspeitas… Pelo que tenho visto e ouvido, suspeito que os resultados deste Ano Sacerdotal não passem de boas intenções, discursos inflamados, preceitos, orientações e propostas subjectivas, sem sujeitos que metam as mãos na massa.
Sem ter pedido, sem contar e sem sentir necessidade parece que me querem impor um “capacete”. Sinto-me simplesmente um objecto, uma espécie de animal em vias de extinção, a quem se responsabiliza por isto e por aquilo que de mal vai acontecendo nas várias comunidades. O padre tem de… o padre deve… o padre precisa de… Toda a gente agora fala do ser padre, do novo rosto do ser padre, da sua formação, da missão do padre, dos padres para este tempo…
Não, obrigado. Agradeço a preocupação, mas NÃO QUERO. Este é o grito que sinto inundar o meu ser no meio de tantas tarefas, amarras, preceitos, formas de estar e projectos a realizar que me querem impor.
Fui padre livremente, sou padre livremente, com um único e simples objectivo: SERVIR. Assumo para isso um caminho: existir como Jesus Cristo.

Um livro de Dinis Alves: "A informação ao serviço da estação"


No próximo dia 24 de Fevereiro, quarta-feira, pelas 18 horas, na Casa da Cultura, à Rua Pedro Monteiro, em Coimbra, vai ser lançado um livro de Dinis Alves, "A informação ao serviço da estação". Na contracapa vem um esclarecimento que aqui transcrevo, porque convencido estou de que se trata de um alerta para que os agentes da comunicação social, neste mundo e neste tempo, possam debruçar-se sobre a questão da honestidade profissional, de um serviço que deve apostar sempre numa sociedade melhor, onde não  caibam compadrios e interesses ocultos, em desfavor da verdade. Este é o primeiro dos quatro livros da tese de doutoramento de Dinis Alves.
Sendo o autor, que bem conheço, um homem da comunicação e profundamente metido no meio, o seu trabalho, que ainda não li, revelará, à partida, uma coragem  desusada. Precisamos, de facto, de livros e de gente como Dinis Alves.
FM


“Como eles nos enganam"

«Nas televisões portuguesas pratica-se um jornalismo de guerra sem que seja preciso arriscar repórteres no campo de batalha. A guerra é suja e trava-se entre as estações de televisão.
Promovem-se os produtos da casa, com os telejornais servindo de outdoors para alavancar audiências e desmoralizar o inimigo da frequência ao lado. É publicidade travestida de notícia, com a vantagem de não contar para as quotas.
O cidadão-telespectador perde, mas perde muito mais com outras práticas, muito mais condenáveis também. Há silêncios comprometedores, verdadeiros apagões noticiosos, e há desvirtuações graves merecendo lugar de destaque no pelourinho das falhas deontológicas.
Dinis Manuel Alves passou à lupa centenas de telejornais das TV’s portuguesas, dando conta, neste livro, de autênticas campanhas de manipulação informativa. “A informação ao serviço da estação” talvez se devesse chamar “Como eles nos enganam”.»

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Grandes reformas e irrazoáveis salários “pagos” pelos cintos apertados


O verniz e o cinto…
Por alexandre Cruz


1. Chegámos a um momento muito difícil. Sente-se o verniz a estalar e continua certa a garantia do apertar do cinto. Quem viveu períodos como este (e mesmo quem não viveu) sente que o futuro tem um reforço de incertezas como já não se sentia há muito tempo… O caso da lei das finanças regionais e todo o xadrez de pressões, intenções primeiras, segundas e terceiras; a crise social instalada, o aumento transversal da precariedade, as pessoas do desemprego histórico, a criminalidade e insegurança que se confirma cada vez mais diária; a nossa comparação com a Grécia e a galopante não credibilidade externa; a escassez de horizontes políticos que enfermam um diálogo que todos reclamam mas que “todos” falham; a sensação de que a liberdade de opinião se sente ameaçada com sucessivos casos de “alegadas” pressões e de “problemas” a serem resolvidos…

Dia Mundial contra a Doença


Portugal continua a dar novos mundos ao mundo

Por Maria Donzília Almeida



Numa altura em que os humores andam um pouco enegrecidos por este Inverno pardacento, surge como algo pertinente, reflectir um pouco acerca da doença. Já que nos interessa mais o seu contrário, a saúde, vou socorrer-me da definição desta, pela OMS (Organização Mundial de Saúde). Para este organismo, saúde não é apenas a ausência de doença, mas sim um estado de bem-estar físico, mental e social, uma espécie de harmonia entre todas as componentes do ser humano.
Sem pretender meter a foice em seara alheia, recordo os tempos de adolescência em que li Júlio Dinis, médico/escritor, que afirmava no seu livro “As Pupilas do Sr. Reitor”, que não havia doenças! A assunção protagonizada pela sua personagem Daniel, um recém-formado médico, sucessor de João Semana, foi, na altura uma tirada bombástica que caiu em terreno explosivo. A afirmação convicta do médico estagiário, na botica do João da Esquina, já na altura era muito vanguardista. Havia, na verdade, doentes que tinham características particulares, ao serem contagiados por qualquer doença. Não há dois doentes iguais, ainda que com sintomas da mesma doença.

Jornalista Carlos Naia na Universidade Sénior da Fundação Prior Sardo


Carlos Naia


Classe de Jornalismo

A convite do orientador da disciplina Fotografia/Comunicação, Carlos Duarte, da Universidade Sénior da Fundação Prior Sardo, esteve o jornalista Aveirense, Carlos Naia, durante uma hora, para evocar passagens da sua vida jornalística.
Com a Carteira Profissional n.º 180, Carlos Naia é uma referência do jornalismo aveirense, onde esteve cerca de 40 anos no Jornal de Notícias,  donde se aposentou. Hoje mantêm colaboração em alguns jornais regionais e em rádios, no acompanhamento do Beira Mar, já que, segundo o orador, nunca se deixa de ser jornalista.
Carlos Naia começou por historiar a sua vivência no JN com episódios curiosos para os dias de hoje, como as entregas de reportagens ao maquinista do Foguete para entregar no Porto, ou percorrer a região numa “acelera”, até às noitadas na entrada da Barra, na ânsia de ver os destroços dum avião ou do naufrágio dum barco. O “exame prévio” (censura) também não foi esquecido assim como as perseguições nos Congressos Republicanos em Aveiro. O PREC foi outro momento da vida nacional que foi descrito pelo antigo jornalista como uma época de intenso combate por um jornalismo livre e sem influência partidária ou religiosa, valores que eram “sagrados” no Jornal de Notícias.

Efeméride: Nascimento de Almeida Garrett

Evoco hoje e aqui o grande Almeida Garrett, que nasceu em 4 de Fevereiro de 1799. Simplesmente porque a minha rua foi baptizada com o seu nome. Foi de facto um grande escritor, dramaturgo, poeta e político liberal. É mais conhecido, porventura, como dramaturgo, havendo quem o coloque no pedestal de renovador do teatro português.
Em nada contribuí para a escolha do nome, mas confesso que gosto de morar nesta rua, com o seu nome, mas também devo reconhecer que se trata de um sítio calmo, com vizinhos amigos. A minha casa foi a terceira a ser construída nesta rua, no longínquo ano de 1965. Hoje está cheia. E na altura a minha casa tinha um certo ar airoso. Contudo, presentemente, foi ultrapassada por outras construções mais modernas e talvez mais funcionais. De qualquer modo, não trocava este meu recanto por qualquer outro.
Sobre Almeida Garrett, posso adiantar que de vez em quando visito os seus livros para me deliciar com uma prosa que encanta. Já agora, um pormenor sobre Garrett: Quando fui observado no Hospital Militar de Coimbra, apresentei-me de pijama atado com um cordel à cintura. Ao entrar no consultório, o médico-presidente da Junta Médica olha para mim e pergunta: «Quem és tu?» «Ninguém», respondi eu. Tinha lido tempos antes "Frei Luís de Sousa".

Efeméride: Início da Guerra Colonial Portuguesa

4 de Fevereiro de 1961

Em Angola, neste dia, em 1961, começou a guerra colonial portuguesa, ao abrigo das políticas defendidas por Salazar, que proclamavam que Portugal era um país multicultural, multi-racial e multicontinental, uno e indivisível. Nas escolas, desde tenra idade, todos eram doutrinados para estes princípos, de que Portugal se estendia do Minho ao Algarve, chegando a Timor e Macau, depois de  passar por  Angola e Moçambique, Cabo Verde e São Tomé e  Príncipe,  Açores e Madeira. A guerra está na memória da minha geração, pelas mortes que custou, pelos traumas que provocou, pelos mutilados que deixou. Tudo tende a esquecer, mas tal  não é fácil para os que por lá passaram e para milhares de famílias que viram partir para a luta tantos dos seus filhos. Muitos por lá ficaram.

Figueira da Foz: História na rua

Quando passeio, pelas cidades e aldeias, encontro com regularidade registos históricos, que me apresso a ler. É uma forma de ficar a conhecer um pouco mais os sítios por onde passo. Da Figueira da Foz mostro hoje este apontamento de viagens. Clique nas imagens para ampliar. Ver aqui sobre Luís da Silva Mousinho de Albuquerque

Nem sempre é fácil viver num mundo complexo como o nosso


Sem muros
nem fronteiras

Por António Marcelino


Nem sempre é fácil viver num mundo complexo como o nosso, que é, ao mesmo tempo, pequeno e grande, fechado e aberto, indiferente e cordial. Onde tudo se conhece e poucos se conhecem, todos opinam e poucos escutam, todos falam de amor e poucos se amam. Cheio de riquezas e de misérias, de capacidades e de restrições, de esperanças e de desesperos… O Vaticano II definiu-o de modo ainda mais eloquente (GS 5-9).
Mas é este o nosso mundo. Aquele em que vivemos, e só pode melhorar se dele fizermos um projecto e pusermos em acção, de modo activo e concertado, nossa vontade e nossas potencialidades, alargando o circulo e o número dos interessados em igual projecto.
Ninguém deve esperar para começar. Quanto mais ingente a tarefa, mais urge o tempo para a realizar. Os cristãos acordados e todas as pessoas de boa vontade que sofrem com o que falta e se alegram com o que se vai conseguindo de bom e de auspicioso, têm de estar conscientes desta tarefa e desta urgência.
A Igreja, com todas as mazelas que sofreu ao longo do tempo, tem como missão ajudar a redimir o tempo perdido e necessário. Ela há-de levar ao despertar da fé, consciente e activa, na medida em que, lendo e discernindo os “sinais dos tempos”, se empenhar no serviço às pessoas, se unir e estimular aos que lutam por projectos sociais de justiça e de verdade.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Ninguém duvida da força do mundo da imagem e dos impérios dos cinemas



O fenómeno Avatar

Por Alexandre Cruz

1. Ninguém duvida da força do mundo da imagem, dos impérios dos cinemas, do quanto eles reflectem, de um modo ou de outro, a realidade do mundo que vivemos; os seus bens ou os seus males, as suas angústias e aspirações. É uma multidão de actores imortalizados, e é um mundo que acompanha continuamente os desenvolvimentos da sétima arte, o cinema. As mais famosas películas cinematográficas são espelho de culturas e crenças, retratam momentos históricos decisivos, partilham mundialmente as mais belas paisagens; abrem-nos ao mundo do imaginário, digital, ficção, fazendo-nos ver o invisível. Mas também o cinema reflecte a violência que vai nos corações, a inveja e a corrupção que persiste, podendo quase ser uma sedutora escola de crime.

A República, um facto, muitas leituras




Rua da República

Por António Rego

A República desceu à rua. Ou todas as crónicas do reino vão dar à Rua da República. Já compreendemos que não falta quem dela se apodere para dizer tudo o que já pensava. Já não me lembro bem dos que mal se lembravam daquele 5 de Outubro de 1910 - como muitos, hoje, do 25 de Abril têm uma imagem ténue. Lembro-me dum velhote que dizia não se tratar de nenhum regime mas apenas de uma forma de estarem contra a monarquia, a Igreja e a tradição. Havia manifestos, pasquins, comícios. Factos houve, como as comemorações da morte de Camões e o ultimato inglês, que foram aquecendo os ânimos para a estocada final na monarquia. Que, também se acrescenta, andava de péssima saúde e deixou saudades a muito poucos. São as turbulências da história.
A República, um facto, muitas leituras. Mas um acontecimento que marcou a nossa história do século XX e não nos é indiferente cem anos depois. Dá-se agora uma espécie de correria para cada corrente de leitura chegar primeiro à interpretação ortodoxa que defenderá como única e definitiva. Muitas vezes trabalhando a história à sua maneira e encaixando-a na ideologia já instalada. Assim, não haverá interpretação dos factos, mas o seu tratamento voltado para uma direcção pré-definida. Distorcida e estreita.

Livro e exposição sobre o Salgado de Aveiro


A Câmara Municipal de Aveiro e a FEDRAVE convidam todos os interessados pela cultura e história aveirenses para a Sessão de Lançamento da obra Ecomuseu do Salgado de Aveiro, da autoria de Énio Semedo, no Salão Nobre dos Paços do Concelho da Câmara Municipal de Aveiro, e para a inauguração da exposição Monográfica sobre o Salgado de Aveiro, na Galeria Municipal, no dia 05 de Fevereiro, pelas 18 horas.

Livros de Valdemar Aveiro vão ser apresentados na Biblioteca da Nazaré

Valdemar Aveiro, à direita, recebe cumprimentos de Miguel Veiga,
 que apresentou "80 graus Norte", em Aveiro.



No próximo sábado , 6 de Fevereiro, pelas 16 horas, vão ser lançados, na Biblioteca Municipal da Nazaré, dois livros de Valdemar Aveiro — “80 graus Norte” e "Histórias desconhecidas dos grandes trabalhadores do mar".
Os livros, levados à estampa pela Editoral Futura, são baseados em histórias reais. Contam como era a vida dos pescadores da pesca à linha do bacalhau, a “Faina Maior”, como é designada, e que envolveu muitos nazarenos, entre 1935 e 1974.
O autor dos livros, Valdemar Aveiro, nasceu em 1934, em Ílhavo, no seio de uma família de pescadores. Esteve, desde sempre, ligado ao mar e à pesca, fazendo, actualmente, parte do Conselho de Administração de uma empresa do sector.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Rádio Renascença: Bispo de Aveiro critica falta de apoio às PME



D. António Francisco dos Santos critica o Estado por não apoiar as pequenas e médias empresas (PME) e se esquecer dos jovens que procuram o primeiro emprego na região.

«O Bispo de Aveiro reconhece que a Universidade local está atenta às necessidades da região, mas isso só não chega: “As empresas estão atentas aos jovens que tiram aqui os seus cursos e há novas empresas a fixarem-se aqui. Em todo o caso há situações concretas de jovens que não encontram o primeiro emprego e empresas com dificuldades e acho que o estado devia dar incentivos às empresas e famílias”.
O Bispo de Aveiro elogia a Universidade local, e fica satisfeito que vá acolher um novo curso de Medicina, vocacionado para quem já é licenciado.
D. António Francisco dos Santos não dúvida que será mais uma oportunidade para Aveiro se destacar: “A Universidade de Aveiro tem tido capacidade de ser criativa e está atenta aos desafios de hoje”, afirma.»

Ler mais aqui

Nota: Texto e foto da RR

Filarmónica Gafanhense: Uma escola de músicos que precisa de ser apoiada



A população das Gafanhas
tem de olhar mais para a sua banda


Numa terça-feira de Janeiro, com muito frio, à noite, ensaiava no Stella Maris, na Gafanha da Nazaré, o Grupo Coral da Filarmónica Gafanhense, uma instituição mais que centenária. Nasceu em Ílhavo em 1836, mas em 1982 resolveu transferir a sua sede para a Gafanha da Nazaré. Nessa altura mudou de nome, trocando Ilhavense por Gafanhense, já que quase todos os componentes eram gafanhões. Foi uma maneira de evitar a morte que se anunciava, segundo os dirigentes de então.
Homens e mulheres da casa dos 40 anos, em média, sob a batuta da professora de música do Conservatório de Aveiro Cristina Ribau, aqueciam gargantas e afinavam tons, num ambiente alegre e descontraído.
O Grupo, em acentuado crescimento humano e musical, tem participado em concertos, sendo o seu reportório constituído por música variada, não faltando a componente litúrgica. Actua, normalmente, em conjunto com músicos da Filarmónica Gafanhense.

Cristina Ribau aceitou o desafio lançado pelo presidente da instituição, Carlos Sarabando Bola, porque o projecto era e é “interessante”. A maioria dos coralistas não sabe música, mas todos mostram grande determinação, ao aceitarem participar neste desafio. Contudo, “por não saberem música, absorvem com gosto as orientações dadas”, sublinha a professora.
Pessoalmente, Cristina Ribau garante que o interesse manifestado por todo o Coral lhe dá “grande prazer”. Também considera muito importante o apoio momento a momento oferecido pela direcção da Filarmónica.
Participar num coral é garantidamente um bem, porque o trabalho em conjunto é enriquecedor para quem canta, ao mesmo tempo que “estabelece amizades e desenvolve o gosto pela harmonia”, salientou a nossa entrevistada. E não será que a harmonia musical contribui para a harmonia de cada um de nós?
Por outro lado, a “música cultiva a emoção, criando nas pessoas a predisposição para descobrir a riqueza musical que está dentro de cada um de nós”, por vezes de forma escondida, adianta a Cristina.
O Grupo Coral está a apostar em melhorar a “expressão nas suas actuações, avançando com peças de estrutura musical mais elaborada”, frisou. “ E a entrada de jovens para o grupo seria uma mais-valia”, concluiu Cristina Ribau.

Eunice Muñoz no Centro Cultural de Ílhavo


Uma peça de Joan Didion baseada nas suas memórias

«O Ano
do Pensamento Mágico»


“Sentam-se para jantar e a vida como a conhecem termina”. Na noite de 30 de Dezembro de 2003, Joan Didion e o seu marido, John, entram em casa depois de visitar a filha, internada. Joan e John sentam-se para jantar e eis quando, no silêncio que se instala, John morre de ataque cardíaco. Esta história mostra a profundidade que só as grandes relações têm e reflecte sobre a doença e a morte, sobre a probabilidade e o acaso, sobre a saudade e o amor. Uma Produção do Teatro Nacional D. Maria II, com encenação de Diogo Infante.
No sábado, 13 de Fevereiro, pelas 21.30 horas.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

O «ser humano» é que é tudo


Muito mais que cidadania…
Por  Alexandre Cruz



1. Na data histórica de 31 de Janeiro, no Porto, deu-se início às comemorações do Centenário da República Portuguesa. Começaram, neste contexto histórico, a ser partilhadas muitas mensagens repletas de história e muitas entrevistas a personalidades do mundo da política e da cultura. Também aquelas perguntas breves de rua (sobre acontecimentos relacionados com a instauração da república e personalidades situadas nessa época complexa) manifestam grande desconhecimento da nossa história nacional, ou então um enviesamento menos saudável no que à história diz respeito. Um vasto conjunto de “refrães” enaltecedores da ideologia republicana está no ar; aquilo que é uma oportunidade cívica não se pode asfixiar em visões limitadas e circunscritas a ideias fechadas.

Efeméride: O Rei D. Carlos e seu filho D. Luís Filipe são assassinados

D. Carlos e D. Luís



Neste dia, em 1908, no Terreiro do Paço, foram assassinados D. Carlos, rei de Portugal, e seu filho primogénito, D. Luís Filipe. Sucedeu a D. Carlos o seu segundo filho, D. Manuel II, último rei do nosso País. Com sangue, deram-se passos decisivos para a República.
Por princípio cristão e humanista, não aceito a pena de morte nem aplaudo assassinos. Houve e há quem o faça. Concordo com as revoluções, pela capacidades que elas têm ou podem ter de repor a justiça, abrindo portas a uma sociedade mais fraterna e mais humana, mas defendo que é possível tudo isso num clima predominantemente pacifista. Gandhi ensinou-nos isso.
Não acredito que possa ser possível, num ambiente democrático, voltar à Monarquia, mas creio que a República ainda não pôs de pé, entre nós, os propalados ideais republicanos, de liberdade, igualdade e fraternidade. Os ideais são inatingíveis, mas torna-se imperioso apostar na aproximação.
A morte de D. Carlos e de seu filho não dignificou a República nascente e penso até que, mais dia menos dia, um novo regime se poderia impor, numa Europa em mudança. Ainda há Monarquias, como toda a gente sabe, curiosamente em países democráticos e progressistas, onde as pessoas vivem em paz, sem guerras mesquinhas, como as que envolvem os Presidentes das Repúblicas. Por mais que se diga que o Presidente o é de todos os concidadãos, a verdade é que tudo serve para denegrir a sua imagem. Vejam os meus amigos o que acontece com o Presidente Cavaco Silva. É sempre preso por ter cão e por não o ter.