segunda-feira, 21 de abril de 2008

'Maldito Dinheiro'


'O SER HUMANO, como toda a gente sabe, é matéria e espírito. Somos matéria porque temos um corpo. Mas somos 'espírito', porque não nos reduzimos ao corpo: temos sentimentos e pensamos. Quando se fala em 'espírito', as pessoas são levadas a pensar em religião. Ora, ainda que todas as religiões digam que o espírito - a alma - só pode salvar-se através da fé, qualquer ser humano tem 'espírito', independentemente de ser ou não religioso.
O facto de eu não ser católico (nem professar qualquer outro credo) não me impede de considerar trágica a pouca importância que hoje se dá ao espírito. Essa é uma das tragédias do nosso tempo - e a causa da insatisfação e infelicidade que atinge as populações urbanas.
As questões 'materiais' tendem hoje a ocupar todo o espaço das nossas preocupações. O espírito atrofia-se. Os bens do espírito perderam todo o valor.
Em certas épocas a sociedade situava-se no extremo oposto. Quase tudo se reduzia ao espírito. As pessoas eram sacrificadas e mortas por não professarem a religião oficial ou por atentarem contra os seus dogmas. Nada podia existir fora da religião - e em nome dela tudo era legítimo (...). Para a salvação do espírito destruía-se o corpo, como ainda hoje acontece com os fundamentalistas islâsmicos.
Hoje, no Ocidente, a espiritualidade foi banida do quotidiano e tudo, como se disse, tem uma equivalência monetária (...). Tudo (ou quase tudo) na nossa sociedade tem um preço. (...) O dinheiro entranhou-se de tal forma na nossa vida que mesmo certas organizações que era suposto preocuparem-se mais com o nosso bem-estar do que com o nosso dinheiro também já quase só falam em dinheiro (...).
Claro que o dinheiro é importante. O problema é quando deixamos de ser nós a usá-lo para ser ele a usar-nos. O dinheiro é uma espécie de monstro - se não o conseguimos dominar é ele que nos domina, nos subjuga, nos compra, com a ilusão de que nos dará a felicidade (...)'.

José António Saraiva

In Jornal 'Sol' de 19-04-08
NOTA: Leitor amigo teve a gentileza de me enviar este texto que, com gosto, aqui publico. Com os meus agradecimentos...
FM

PONTES DE ENCONTRO


ADOLESCÊNCIA: SERÁ A CULPA DA IDADE?

A Organização Mundial de Saúde – OMS – define os adolescentes como sendo indivíduos, de ambos os sexos, com idades compreendidas entre os 10 e os 19 anos.
De qualquer modo, não existem escalas de medida nem fronteiras estanques que tornem estas faixas etárias absolutas e definitivas, sobretudo quando se olha para um período da vida humana longo e marcado por profundas transformações fisiológicas, psicológicas, afectivas, intelectuais e sociais, vividas num determinado contexto cultural.
Mais do que um período longo,”que começa ali e acaba acolá”, importa ter em conta que a adolescência é um processo com características próprias, dinâmico, de passagem entre a infância e a idade adulta, onde ninguém fica de fora ou pode ser alheio.
Que condições é que os educadores dão aos adolescentes para que estes possam viver, o melhor possível, as diversas fases do seu crescimento é uma questão que cada um deve colocar a si mesmo.
Muito do que ocorre na vida de cada um tem, necessariamente, uma forte componente de relações interpessoais. Estas relações interpessoais aplicam-se que nem uma luva aos contactos e relações que os educadores e os adolescentes estabelecem entre si, ou seja, não se deve falar de uns sem se falar dos outros. Estão como que “condenados” a entenderem-se e a cooperarem entre si, de acordo com a idade e as características pessoais, entretanto assumidas, por cada um, a seu devido tempo. Em termos relacionais, adolescentes e adultos são interdependentes uns dos outros, sem que isto colida com o processo de afirmação da personalidade e autonomia do adolescente ou tenha que levar o adulto a atitudes, por exemplo, autoritárias, passivas ou de condescendência.
Pena é que esta vertente inter-relacional de gerações, naturalmente diferentes, no tempo e no espaço, e no modo como vivem ou sentem uma mesma realidade, nem sempre seja, devidamente, assumida, destacando a sua família, primeira responsável a educar e a preparar os filhos para as dificuldades e oportunidades do seu próprio crescimento.
Nem sempre é fácil conseguirem-se os melhores resultados, logo à primeira dificuldade e a família, e restantes educadores, têm que estar preparados para terem os seus momentos de, aparente, fracasso, assim com devem ajudar os seus filhos ou educandos a ultrapassarem os seus. É um processo gradual e evolutivo, ao longo de vários anos, sem resultados programados ou fórmulas estabelecidas, para qualquer uma das partes. Todos têm que aprenderem e adaptarem-se às circunstâncias de cada momento, questionando-as, quando necessário, para melhor as compreenderem, depois.
Paciência, carinho, compreensão, aprender a escutá-los, animá-los, estar com eles nos seus projectos, amor, segurança, saber incentivá-los e motivá-los, são algumas das ferramentas a utilizar, sempre que o adolescente necessite (e necessita) de quem o apoie, a começar pelo seu pai e pela sua mãe.
A não se optar por estes comportamentos, não é de estranhar que se continuem a ouvir expressões, ainda nos dias de hoje, proferidas pelos seus educadores, – pai, mãe, professores, por exemplo – sempre que surgem obstáculos ao adolescente, tais como: “A culpa é da idade”; “Deixem-no”; “O que tem é mimo”; “Não lhe liguem”; “O que ele quer é atenção”; “Não sabes o que é sofrer”; “Cala-te”; “Agora, não tenho tempo”; “A conversa não é contigo”; entre muitas outras que se poderiam acrescentar a esta lista.
Não estou aqui para fazer juízos pessoais destas frases assassinas, quando proferidas, mas sei que elas criam, só por si, sentimentos e emoções cujas consequências, naturalmente negativas, no adolescente, não são possíveis de avaliar, em termos imediatos.
Como católico, não posso esquecer, ainda, a dimensão catequética da adolescência, onde os catequistas, educadores da fé, têm uma importantíssima tarefa a realizar, perante este grupo etário, de modo a que ele se sinta parte integrante de um processo de aprendizagem, crescimento, aprofundamento e amadurecimento dessa mesma fé.

Vítor Amorim

APONTAMENTOS SOBRE RELAÇÕES IGREJA(S)-ESTADO (2)


1. O cristianismo constituiu, na História da Humanidade, uma revolução. “Deus é amor” e “adora-se em espírito e verdade”. Todos os seres humanos são iguais em dignidade. Não há impurezas rituais nem tabus alimentares. “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. E o que é mais: segundo o capítulo 25 do Evangelho de S. Mateus, em ordem à salvação, nada é exigido de confessional cristão, pois o determinante é profano – um critério de humanitariedade: “Destes-me de comer, de beber, vestistes-me, fostes ver-me ao hospital e à cadeia.”
2. Depois, de facto, historicamente, é o que se sabe: uma história de grandeza e de miséria. Exemplos de miséria: intolerância religiosa, guerras, civilizações arrasadas, mesquinhez dogmática, menosprezo pelos direitos humanos.
3. Quando se pensa na maldição de guerras religiosas e de discriminação por motivos de religião, a separação da religião e da política, da(s) Igreja(s) e do Estado tem de ser saudada como conquista irrenunciável da modernidade.
Sem ela, torna-se inevitável a cidadania diminuída de quem não segue a religião oficial. Por outro lado, é a própria religião que, ao confundir-se com a política, se degrada.
Evidentemente, salvaguardada a liberdade religiosa, as religiões têm o direito de tentar influenciar segundo a sua fé e valores a sociedade e as leis. O que não é aceitável é que o Estado se reja por leis religiosas: por exemplo, um Estado em que a maioria da população é católica não pode reger-se pelo Código de Direito Canónico, o mesmo devendo ser aceite, por princípio, em relação à Sharia num Estado em que a maioria da população é muçulmana.
4. O ridículo, mas sobretudo o religioso, é sempre ridículo. Como foi possível discutir, por exemplo, se Moisés era o autor do Pentateuco, quando nele se narra a morte do próprio Moisés? Como é possível pensar no Alcorão enquanto ditado por Deus, se há nele contradições? Como é possível atribuir a Deus guerras e violências e apelos ao ódio? Sem a leitura histórico-crítica dos textos sagrados, as religiões não distinguirão entre Deus e o Diabo.
Também por isso, para fugir à ignorância mútua, à irracionalidade e ao fundamentalismo, deveria trazer-se para as escolas públicas o estudo das diferentes religiões.
5. Hoje, tornou-se claro que, em ordem à paz e para evitar o choque das civilizações, se impõe o diálogo entre as culturas e as religiões.
O diálogo, porém, não pode ser unidireccional. A liberdade religiosa implica a possibilidade real de praticar a fé, abandonar uma religião, adoptar outra ou nenhuma, problemas que ainda não encontraram solução em muitos países islâmicos e não só -- pense-se no jornalista italiano Magdi Allam, muçulmano convertido ao catolicismo e obrigado a viver com escolta policial.
A injusta invasão do Iraque agravou ainda mais a situação dos cristãos no Próximo e Médio Oriente, e praticamente só o filósofo agnóstico Régis Debray tem chamado a atenção para os pedidos de socorro desses cristãos. Pergunta ele: “Quando se vai compreender que a Europa não pode fazer orelhas moucas aos SOS lançados pelas comunidades cristãs do Oriente? Esses apelos por socorro perdem-se a maior parte das vezes no vazio. Não é apenas uma questão de compaixão humanitária, mas de interesse estratégico: um mundo árabo-muçulmano desembaraçado da sua componente cristã autóctone não se condenaria apenas ao estiolamento e à esterilidade, uniformizando-se. Será tanto mais dado à guerra das civilizações quanto mais se quiser e puder proclamar religiosamente puro. A questão não é passadista nem folclórica. Trata-se do nosso futuro e não apenas europeu. A questão das minorias vai impor-se a nós como a grande questão do século, na exacta medida em que a unificação tecno-económica do mundo suscitará sempre mais a sua balcanização político-cultural.”
Embora se não possa esquecer as responsabilidades dos cristãos no Médio Oriente, são de saudar conversações em curso para finalmente se abrir um templo católico na Arábia Saudita.
Anselmo Borges
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NOTA: Há, de facto, leitores simpáticos. Desde sábado que fiz todos os esforços para colocar o artigo de Anselmo Borges no meu blogue, como é meu hábito todas as semanas. Sei que há inúmeros leitores deste docente da Universidade de Coimbra. Contudo, nada consegui, porque o DN não estava on-line. Hoje de manhã ainda desejava voltar ao DN. Antes disso, porém, recebo um e.mail com a crónica de Anselmo Borges, que me foi enviada, simpatica e oportunamente, por FCS, pelos vistos uma leitora do meu blogue. Aqui lhe agradeço o gesto bonito. Obrigado.
FM

domingo, 20 de abril de 2008

Na Linha Da Utopia



A Era da Consciência

1. A sociedade da informação e comunicação inunda todos os espaços com as suas aliciantes propostas. Normalmente, ou não fosse quase sempre o espírito publicitário a presidir às comunicações actuais, a mensagem procura ser extremamente sedutora, desafiando o consumidor a fazer contas à vida. Este “contas à vida” está muito para além dos euros das compras, pois pode representar os valores e os critérios em que cada pessoa da comunidade inscreve as suas razões e opções. Uma das questões por responder é se, de facto, hoje é mais fácil ou mais difícil “ser pessoa”. Pelo menos que é diferente de outros tempos é bem verdade… Outras épocas, e no fundo até esta época em que a informação cria padrões hegemónicos, a realidade seria bem diversa: inquestionavelmente, os mais novos aprendiam quase todo o património de valores dos mais velhos, seguindo a linhagem religiosa, as múltiplas tradições e mesmo ideias de cariz político. Estamos a generalizar, mas reinava uma ideia de que quase tudo, por obrigação (mesmo que inconsciente), passava «de geração em geração».
2. A época actual oferece mil potencialidades, mas as correspondentes incertezas e desafios. Felizmente muito do progresso abriu os mais variados conhecimentos às diversas classes sociais e a diferentes gerações. Quase que se conseguiu universalizar, «para todos», a educação; o mundo está mais perto de todos nós e nós do mundo; cada pessoa, no bem-vindo assumir da individualidade, acolhe a consciência de uma dignidade e um projecto de vida sempre únicos. Mas, não havendo bela sem senão, novos desafios, tornados responsabilidades, brotam para todos, notando-se muitas fronteiras semi-confusas no plano do fundacional entendimento das liberdades. Quando se enaltece a individualidade de cada um (pressupondo o sentido de comunidade original, «ninguém vive por si mesmo»), muitas vezes, vemos essa ideia transvazar na assunção do individualismo tragicamente indiferente em relação ao bem comum. Mau sinal.
3. Algumas concepções, mesmo tidas como de «modernas» e progressistas, que “usam” a noção da individualidade irrepetível de cada pessoa humana, acabam por gerar padrões de vida publicitados e desgarrados, e mesmo indignos, que pretendem transformar a minoria em referência de quase obrigação geral, ou então que ridicularizam (e chamam de conservador) o pensar e agir de uma maioria muitas vezes distante das grandes questões sociais. Determinadas visões, proclamadas “fracturantes”, de família, de dignidade (no nascimento) da vida humana, da eutanásia, da solidão… espelham bem as difíceis fronteiras dos princípios e valores; e quanto menos falarmos neles (na base da dignidade humana que brota dos direitos e deveres humanos), menos património de sentidos de viver as novas gerações angariam para a vida…
4. É a fascinante (e incerta) era da consciência, em que no meio da amálgama de todas as mil e uma coisas, cada pessoa já não vai “à boleia” da sua cultura, mas tem de discernir e fazer opções. É o tempo das causas, em que mesmo que o oceano vá por um lado, uma “gota de água” consciente do essencial da vida vai por outro... É essa frescura criativa e dinâmica a raiz da vida dos que dão a vida pelos ideais de todos. É preciso refrescar as raízes! Mas para isso, e acima mesmo das neurociências, hoje, qual o lugar da consciência para que ela seja alimentada na raiz?

Alexandre Cruz

CAVACO SILVA ELOGIA OBRA E ESQUECE DESELEGÂNCIAS DE ALBERTO JOÃO JARDIM


Cavaco Silva encerrou, ontem, a visita oficial à Região Autónoma da Madeira, com elogios à obra realizada ao longo dos últimos 30 anos pelo presidente do Governo Regional, Alberto João Jardim. Sobre as atitudes tantas vezes malcriadas do Presidente da Madeira, com ofensas sistemáticas aos políticos da oposição regional e do Governo Central, nem uma palavra. Será que a teve em particular?
Eu sei que o Presidente da República tem uma missão muito espinhosa. Mas o seu silêncio, face às muitas grosserias de Alberto João Jardim, torna legítimas, para os portugueses de formação débil, as ofensas e as arbitrariedades de todos os políticos.

DEUS AINDA ANDA POR AÍ


"Apesar da vontade compulsiva que alguns podem ter de fundar novas igrejas, eu acredito noutro caminho, o da conversão das igrejas e das religiões, afastando o que, nelas, impede o essencial. O Vaticano II, em relação ao catolicismo, insistiu na "hierarquia das verdades". As convicções católicas não têm todas o mesmo valor. Nesse aspecto, o chama-do "pensamento débil" tem uma função importante: sorrir diante do ateísmo militante, do fanatismo religioso, de toda a rigidez. É preciso encontrar formas mais descontraídas de conversar sobre o que é essencial, sem ter à perna anátemas em nome da ciência ou da religião."


Bento Domingues, no PÚBLICO de hoje, página 46

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 74

Mapa decorativo das salas de aula

Aspecto de um museu de antiga escola primária
AS SALAS DE AULA

Caríssima/o:


Entremos então na sala de aula sem nos esquecermos de tirar a bóina ou o boné.
Junto da secretária, de pé, o/a professor/a já orienta o trabalho dos mais velhos. (Muitas vezes esta secretária está sobre um estrado: segundo uns para que todos os alunos melhor vejam a professora ou o professor; para outros será a afirmação da autoridade do mestre: está noutro plano!)
Por trás, fixado na parede, o quadro preto onde se faz muito do trabalho escolar – até houve quem escrevesse que “o quadro preto falava”! Recordo que, em época em que o papel era um bem escasso, lá se escreviam e faziam as contas e se resolviam os problemas, se demonstrava a caligrafia mas também a ortografia das palavras e, pasme-se, chegava-se ao ponto de se escrever o ditado (para o que se traçavam umas linhas quase paralelas ao comprido!)... Parece-me que estou a ver o pobre de mim todo torcido e em bicos de pés para chegar ao cimo e mais do que curvado para escrever na última linha. Os que estavam no lugar escreviam nas lousas, mas isso é outra conversa... Normalmente só havia um quadro preto; ter dois era um luxo!
No meio da parede, bem acima, estava o Crucificado, ficando dum lado a fotografia do Carmona e do outro do Salazar. (Era assim que dizíamos sem vislumbrarmos qualquer falta de respeito ou de nem sequer imaginarmos que alguém, supostamente mal intencionado, insinuasse que “Ele estava rodeado por dois ladrões”!...)
Por vezes, sobrava espaço para mapas que ali se quedavam sobrepostos e dependurados dum prego. Quantas viagens, agora ditas virtuais, efectuámos com a cabeça do dedo a rolar sobre os carris dos comboios!
Podemos ainda ver a caixa métrica que era uma sedutora para a nossa curiosidade: a sua porta vidrada fechava os segredos que mais para diante seriam desvendados. A balança, o metro articulado, os sólidos polidos, ... tudo “brinquedos” que víamos nas mãos dos da quarta classe e que eles guardavam como se de peças de um tesouro se tratasse.
E que mais?... Vejam lá que me esquecia de mencionar as carteiras, ai valha-me Deus que falta grave! Pois é, estavam alinhadas em três filas e davam em média para 40 (quarenta) alunos, sentados dois a dois; porém, chegámos a estar três e mais... Ainda hoje me pergunto como nos conseguíamos sentar, sendo certo que tínhamos de escrever e de fazer tudo o mais que a vida escolar desses tempos exigia...As carteiras eram de pau rosa, numa estrutura rígida em que o banco e a mesa de trabalho eram um todo; esta mesa era de plano inclinado. A dificuldade surgia quando a estatura do aluno não se coadunava com a altura da carteira!
Mas façam favor de entrar e de ver com os vossos olhos; é que agora até organizam museus onde conservam tudo... Portanto, é só observar; não mais palavras minhas.

Manuel

sábado, 19 de abril de 2008

FUGAS: Baixo Vouga Lagunar


No Baixo Vouga Lagunar, na zona da Ria de Aveiro, ao longo do percurso de Salreu, é possível encontrar uma enorme variedade de espécies de plantas e aves. A garça vermelha é uma das mais emblemáticas, mas Maria José Santana (texto) ficou particularmente deslumbrada com o frango d"água e a cigarrinha-ruiva, por causa dos sons que vão produzindo.
Reportagem no FUGAS, do PÚBLICO de hoje
NB: Foto da Quercus

SOPHIA NO PÚBLICO DE HOJE


Sophia de Mello Breyner Andresen

O PÚBLICO de hoje oferece a quem o compra uma pequena brochura com a biografia de Sophia de Mello Breyner Andresen. São pouco mais de 50 páginas sobre a mais expressiva e laureada poetisa portuguesa do século XX. Não diz muito, mas diz o suficiente para uma primeira abordagem à sua vida e obra.
Em busca de sintonia perfeita com o Cosmos, como se sublinha no livrinho, Sophia encontrava aí a sua mais profunda fonte de inspiração.

“Quando à noite desfolho e trinco as rosas
É como se prendesse entre os meus dentes
Todo o luar das noites transparentes,
Todo o fulgor das tardes luminosas,
O vento bailador das Primaveras,
A doçura amarga dos poentes,
E a exaltação de todas as esperas.”

E com este belo poema vos deixo, com votos de que a leiam. Hoje e sempre. Vale a pena.

FM

GAFANHA DA NAZARÉ É CIDADE HÁ SETE ANOS



A data não foi esquecida. Ainda bem. Ainda bem, porque o povo, com as suas múltiplas preocupações, não tem tempo para tudo. De qualquer forma, neste espaço de partilha costumo alertar todos os meus leitores para datas históricas, sobretudo as que me dizem respeito mais de perto.
Quando se lutou por este estatuto, como antes para a criação da freguesia e depois para a elevação a vila, não faltou quem discordasse, alegando que a Gafanha da Nazaré não tinha, ainda, estruturas de cidade. Nunca alinhei por esses protestos. É que, como sempre acreditei, se os não tem, tem de se esforçar por consegui-los.
Não duvido de que a Gafanha da Nazaré tem bastantes infra-estruturas, decerto, até, mais do que algumas cidades, mas também aceito que tem de conquistar outras, não de rajada, que isso é muito complicado em tempos de crise, mas paulatinamente. Contudo, com persistência e determinação. A comunidade vai crescendo e novos tempos exigem novas respostas sociais, culturais, cívicas, educativas, desportivas e de lazer, mas também religiosas. Mas isso só será possível se houver unidade e conjugação de esforços, entre toda a gente. Ficarem todos à espera de que alguém faça alguma coisa não leva a parte nenhuma. Hoje, porém, não falarei disso. Lembro só que vale a pena pensar em projectos que possam contribuir para o enriquecimento da cidade. Todos lucraremos.

FM
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Lei nº 32/2001

(Publicada no Diário da República de 12 de Julho de 2001, nº 160, série I-A, página 4230)

Elevação da Gafanha da Nazaré,
no concelho de Ílhavo,
à categoria de cidade

A Assembleia da República decreta, nos termos da alínea c) do artigo 161º da Constituição, para valer como lei geral da República, o seguinte:

Artigo único: A vila de Gafanha da Nazaré, no concelho de Ílhavo, é elevada à categoria de cidade.
Aprovada em 19 de Abril de 2001.
O Presidente da Assembleia da República,
António de Almeida Santos

Promulgada em 7 de Junho de 2001.
Publique-se.
O Presidente da República,
Jorge Sampaio

Referendada em 29 de Junho de 2001
O primeiro-ministro,
António Manuel de Oliveira Guterres

BENTO XVI NA AMÉRICA


"É triste que tanta gente ache que a epidemia pedófila na Igreja foi uma inevitabilidade que decorre da intrínseca perversidade do clero; é triste que tantos outros considerem o caso um detalhe sem importância nem consequência. Creio, pelo contrário, que a pedofilia na Igreja foi um acontecimento repugnante mas evitável. E que muitos católicos ainda não se aperceberam do significado desta crise. Ainda há quem fale em acidentes isolados: mas foram cinco mil padres e 13 mil vítimas, só nos Estados Unidos. Que o clero católico, o mesmo que difunde uma ética exigente em tempos de caos ético, tenha estado implicado em tão grande escala em abusos de menores, eis o que não pode redundar senão em perda de autoridade moral e de confiança dos crentes."

Pedro Mexia escreveu hoje, no PÚBLICO, no caderno P2, um texto sobre a visita do Papa aos EUA. Para o ler, vá à página 2.

PONTES DE ENCONTRO


Velho, se posso e sei trabalhar?

Se já existiram tempos em que a velhice significava ter um estatuto, reconhecido, de honra, de dignidade, de sabedoria, de experiência ou de bom conselheiro, ela tende, cada vez mais, a representar um peso para a própria sociedade actual.
No dia 8 de Abril, do corrente ano, o Presidente da República, Cavaco Silva, proferiu um discurso na Fundação Calouste Gulbenkian, cujo tema era exactamente o envelhecimento.
No decorrer da sua excelente mensagem reflectiva (que deveria ser lida na íntegra), o Presidente da República afirmou, a dado passo: "No caso das empresas, questiono-me sobre se a obsessão sobre o contínuo rejuvenescimento dos seus trabalhadores se traduz sempre num ganho efectivo de eficiência e se tal não poderá contribuir para um défice de identidade, de cultura organizacional e, mesmo, de rentabilidade.”
O Presidente da República, que até é economista, sabe bem, apesar de o nunca dizer na sua comunicação, porque é que estas coisas acontecem: a busca imediata, e a qualquer preço, do lucro das empresas, sobretudo das grandes empresas de referência nacional ou internacional.
Cavaco Silva bem sabe que a lógica que vigora nestas empresas é uma lógica que visa despedir (usa-se a expressão “emagrecer”) trabalhadores experientes, competentes e úteis, usando como pretexto (falso) o rejuvenescimento dos seus quadros.
A rentabilidade e a produtividade destas empresas, só em caso muito excepcionais, passa por medidas, deste género, que são sempre bem definidas, pontuais e transitórias.
O que se pretende com estes despedimentos, camuflados de “emagrecimentos”, ou “rejuvenescimento”, é pagar, aos novos e poucos trabalhadores que são contratados, – que são, naturalmente, inexperientes – ordenados muito mais baixos e fomentar os vínculos contratuais temporários. Reforça-se, assim, a precarização do novo trabalhador, prejudicando-se, quase sempre o Cliente, pelos maus serviços que lhe começam a ser prestados e desumaniza-se a própria empresa e a sociedade, em geral.
É verdade que, no imediato, esta forma de gestão de recursos humanos dá lucro, quase instantâneo, e os accionistas entram em gáudio, só que isto implica custos elevados, a prazo, para todos: trabalhadores, empresas, sociedade, Clientes e o próprio Estado.
Pelo mundo fora, algumas das grandes empresas que adoptaram esta política desastrosa – social e economicamente – já mudaram a sua forma de actuar e começaram a contratar os trabalhadores que, anos antes, tinham dispensado.
Esta mensagem do Presidente da República merece a atenção de todos os portugueses, pois trata de assuntos que, no caso de ele estar a exercer as funções de Primeiro-Ministro, dificilmente abordaria,
São estas aparentes contradições de discurso, resultantes dos cargos que se ocupam numa ou noutra ocasião, que acabam por desacreditar os princípios da ética e da moral. Eu sei que o Presidente da República sabe que este modelo económico, a que alguns chamam de desenvolvimento e progresso, não pode continuar por muito mais tempo, pois, de outro modo, não fazia o que fez nem deixava os recados que deixou, como é óbvio, na Fundação Calouste Gulbenkian.
O nível de progresso de uma sociedade também se mede, cada vez mais, pela forma como ela vê e trata os seus idosos e não é conferindo-lhes o estatuto de inúteis ou de velhos, antes do tempo, quando estes estão em perfeitas condições para trabalhar, que ela é capaz de regenerar-se, humanizar-se, desenvolver-se e progredir solidamente. Em vez disso, regride, e não progride; escraviza e não liberta; discrimina e não congrega; divide e não une; desumaniza e não humaniza. No fundo, deseja que o homem acredite que já o não é, para que ponha em causa, o mais possível, a sua própria identidade.


Vítor Amorim

sexta-feira, 18 de abril de 2008

ARTESÃOS DA REGIÃO DE AVEIRO





A região de Aveiro é rica em artesanato. Naturalmente, também em artesãos.

Fotos do meu arquivo. Clicar nas fotos para ampliar.




REGIÃO DE TURISMO ROTA DA LUZ


"A primeira surpresa de quem visita a Região de Turismo Rota da Luz é a de tudo estar tão perto, de como em poucos minutos se pode passar dos extensos areais cheios de sol para a frescura dos pinhais e dos vinhedos, das alturas de ar vivificantes.
Porque, na verdade, apenas alguns quilómetros separam as zonas do litoral de Ovar, Murtosa, Aveiro, Ílhavo e Vagos das serranias verdejantes de Vale de Cambra e de Águeda, ou das margens do Rio Douro, em Castelo de Paiva, permitindo num dia só, bronzear o corpo numa praia e passar horas agradáveis numa paisagem de verdes e água.
A segunda é dada pela Ria, pelos seus horizontes feitos de muitos tons de azul, recortados, aqui e além, pelas pirâmides brancas do sal, as velas dos moliceiros, os milheirais e pastagens."


Fonte: Texto da Rota da Luz; Foto do meu arquivo

BENTO XVI DEFENDE PROMOÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS

Papa na ONU

“A promoção dos direitos humanos continua a ser a estratégia mais eficaz para eliminar a desigualdade entre os países e os grupos sociais, como também para construir um maior sentimento de segurança”, afirmou Bento XVI na Assembleia Geral das Nações Unidas. A primeira missa nos EUA não coube dentro do estádio. Ler PÚBLICO on-line, página 22.

PSD: Menezes bateu com a porta

É público que Luís Filipe Menezes bateu com a porta. Registo o facto, porque o maior partido da oposição estava de rastos, com os grandes inimigos entre os seus próprios militantes. E quando assim é, não há líder que possa resistir.
Menezes bateu com a porta, mas ainda pode voltar. Se isso acontecer, Sócrates vai continuar a cantar de galo, porque os críticos de Menezes não se calarão. Com opositores destes qualquer Governo dorme descansado.
Mesmo não sendo do PSD, nem de qualquer outro partido, embora me sinta um político no activo (a política não se vive só dentro dos partidos), tenho pena que o antigo PPD de Sá Carneiro, Pinto Balsemão, Magalhães Mota e outros, não consiga posicionar-se numa alternativa credível. O pior que pode acontecer a uma democracia é uma situação como esta, susceptível de levar o Governo, qualquer que ele seja, a ter no horizonte o caminho livre para fazer o que lhe apetecer.
O que me ocorre dizer neste momento é muito simples: que o PSD encontre depressa, entre os diversos candidatos à liderança ou entre os seus membros, um líder carismático, ponderado, arguto e capaz de oferecer luta, dentro de uma sociedade democrática como a nossa. Se optar por um líder de vistas curtas, de cultura mediana e sem postura de Estado, adeus PSD.
FM

AGNÓSTICOS E IGREJA CATÓLICA


Sempre que na Igreja há qualquer acontecimento que a comunicação social realça, normalmente os primeiros comentadores vêm do lado dos que se professam agnósticos ou são conhecidos como tal. Penso que é bem que assim aconteça. É sinal de que o que se passa não deixa desatentos os que se preocupam com o evoluir da sociedade e reconhecem que a acção dos cristãos ou incomoda ou não é sempre de desprezar.
Mesmo entre estes comentadores, os tons são diferentes, as perspectivas nem sempre coincidem, o que para uns é mais ou menos indiferente, para outros não o é tanto. Há preconceitos não ultrapassados e nostalgias difíceis de apagar ou esquecer.
Não falta quem se fixe mais nas pessoas da Igreja, outros mais nas suas afirmações, sempre com um misto de cultura adquirida noutro contexto e com horizontes onde a Igreja ainda cabe, apesar de tudo. Procuro estar muito atento e apreciar, sem rótulos nem preconceitos, estas críticas. Estou convicto de que se a Igreja não atende os que não concordam com ela ou pensam que os seus caminhos devem ser outros, estará cada vez estará mais ausente de tudo e mais fechada numa torre inacessível, mas insegura.
A história está cheia de páginas que denunciam atitudes de superioridade e sobranceria de membros da Igreja, sempre carregadas de consequências que não foram de conversão evangélica.
Vasco Pulido Valente faz também a sua leitura da última assembleia dos bispos, insistindo nos incómodos da Igreja ao verificar que perde cada vez mais a sua influência na sociedade portuguesa, e conclui o seu artigo no Público (4.4.08) dizendo: “Se a Igreja quer recuperar o que perdeu, esqueça finalmente o Estado e os ridículos privilégios de que ainda goza, e venha para a rua. Não há outra maneira de ganhar uma existência pública e política”.
A Igreja quando intervém em problemas de ordem ética e moral ou de bem comum e humanização social, não pode esquecer quem actua no mesmo terreno. Como instituição religiosa que tem por missão servir, também não pode pretender a recuperação de prestígios e privilégios. A sua missão é dar um contributo, no meio do marasmo reinante e, também, do pluralismo aceite, para o reencontro normal, no seio da sociedade portuguesa, do sentido da vida e da dignificação pessoal e comunitária, no contexto cultural e histórico que nos plasmou.
Também eu estou de acordo que é na rua que se ganham as batalhas em que vale a pena entrar. A Igreja tem por vocação viver com as pessoas e sempre próxima das suas vidas. Nasceu no meio do povo, sente-se ao seu serviço, alegra-se e sofre com ele, bebe da sua sabedoria e enriquece esta com a mensagem e a solidariedade evangélica. A sua pedagogia não é de palácios, de linguagem erudita, de trato privilegiado com os senhores, sem que deixe de ser para todos e para a todos ajudar a ser mais de Deus, origem e a garantia da sua dignificação. É uma pedagogia de presença e de testemunho convincente. Foi isso que o Concílio Vaticano II lhe veio recordar, quando a levou a considerar que, por sua natureza, ela é povo e não elite, povo que serve, porque ao ser servido pela hierarquia, deve ter capacidade para se tornar um povo original, fermento e referência de valores novos e determinantes, que o tempo não pode desgastar, porque são indispensáveis na ordenação da sociedade e na relação das pessoas.
Quando se esqueceu ou menosprezou o rumo certo, deu-se mais valor ao templo, que é sempre um lugar de passagem, e menos à rua, onde a vida é concreta e se joga todos os dias o destino, se alcançam as vitórias e se sentem as derrotas.
Concordo com VPV. A Igreja tem de andar na rua, falar uma linguagem que todos entendam, dialogar com todos, concordem ou não com a sua mensagem.
O mundo laico e plural aceita a Igreja hoje, se ela aceitar e respeitar as regras do jogo.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Não te esqueças do que estás para dizer…



Vi hoje o Jerónimo. Já não o via há muito. Estava à mesa do café a dormitar, como dormitam todos os velhos. Em qualquer sítio e a qualquer hora. Cá para mim, o Jerónimo estava a ensaiar mais uma das suas muitas histórias, para contar a quem se sentasse com ele à mesa do café.
O Jerónimo é um conversador nato. Basta uma palavra dita por um amigo, em qualquer circunstância, para logo ele disparar:
- Não te esqueças do que estás para dizer…
A partir daí, começava mais uma história de um rol enorme de recordações que não tinham fim. Mas as histórias saíam-lhe com graça. Uns esgares faciais, expressivos, e mãos que enriqueciam os pormenores davam-lhe uma dimensão única. Por vezes, os ouvintes, que outra coisa não podiam ser junto dele, ainda suportavam umas palmadinhas, mais ou menos agressivas, conforme a força das convicções do orador por vocação.
- Pois é, meu caro Jerónimo. Ontem encontrei um amigo que regressou da estranja…
- Ó pá, não te esqueças do que estás para dizer! Aconteceu-me precisamente a mesma coisa. Um dia destes também dei de caras com o Xico, que não via há anos.
E lá vinha a história do Xico, que só o Jerónimo conhecia e que dava para um romance, como costumava sublinhar. Com pormenores, ora tristes ora alegres, sempre ampliados ao jeito dos bons contadores de histórias, que, de uma palavra, podem muito bem ditar lindos contos. E no ar ficou perdida a conversa interrompida.
- Ó Jerónimo, ao jantar, com a fome que tinha, comi um frango que…
- Ó pá, não te esqueças do que estás para dizer! Um dia destes, à merenda, com a minha mulher a apreciar, comi um galo de uns dois quilos… Teimava que não era capaz de o comer e quis mostrar-lhe que à mesa ninguém me bate...
Ligadas a essa outras histórias de comezainas saíam cantadas da boca do nosso Jerónimo, qual delas a mais romanceada. É que o nosso homem não era pessoa para deixar para boca alheia a arte de convencer quem o ouvia. E a conversa interrompida lá ficava, mais uma vez, para quando o Jerónimo deixasse, se alguma vez deixasse…
Um dia também eu entrei no jogo do Jerónimo.
- Quer o meu amigo saber que há tempos, à entrada da Barra, um petroleiro…
- Ó pá, não te esqueças do que estás para dizer…
Ora o Jerónimo, um oficial náutico na reforma, não perdoou a minha ousadia de entrar nos seus domínios. Vai daí, entra a desfiar uma carrada de tempestades no mar alto, barcos que eram cascas de nozes, naufrágios e heroicidades de lobos-do-mar… Até que, cansados de o ouvir, o Jerónimo, voltando-se para mim, perguntou:
- Ó pá, então o petroleiro?
- Qual petroleiro, Jerónimo?

Fernando Martins

Na Linha Da Utopia


15-0: Parabéns Magna Tuna Cartola

1. «Quinze a Zero». Foi este o irreverente resultado final escolhido para comemorar nestes dias (16 e 17 de Abril) o 15º Aniversário da Magna Tuna Cartola (http://www.magnatunacartola.net/) (MTC), núcleo cultural da Associação Académica da Universidade de Aveiro. O espectáculo, reflexo de muitos anos de inovação e criatividade na área musical académica, também já chegou à ilha virtual do Second Life da UA. Nesta hora aniversária, como em tudo na vida, vem à memória o caminho percorrido, os esforços, sacrifícios e vitórias alcançadas. Muito acima mesmo de todos os prémios recebidos, em que no panorama nacional (e mesmo internacional) as tunas de estudantes universitários em Aveiro têm merecido brilhantes reconhecimentos, os aniversários tornam-se oportunidade de apreciar e aplaudir o quanto a cidade, a vida académica e a comunidade em geral, beneficiam desta riqueza cultural que representam as tunas universitárias.
2. Para a sociedade em geral é importante dizer-se que as tunas, constituídas por estudantes, estabelecem uma ponte feliz para com a comunidade mais alargada. Essa sua dinâmica presença está espelhada em inúmeras actuações e animações ao longo de muitos anos, não só nos festivais da especialidade de tunas académicas por esse país fora e no estrangeiro, mas muito especialmente nas festas populares da região, em arraiais típicos e tradições comunitárias e, de salientar, no inestimável contributo que as tunas dão em relevantes iniciativas de solidariedade ao serviço de causas de todos. Todo o riquíssimo caminho cultural e académico realizado ao longo de muitos anos tem, neste sentido cívico de comunidade, o seu ápice como reflexo de uma visão da vida como sensibilizado serviço. Quantas actuações, noites, cansaços, viagens, ao serviço de causas de todos! Ousamos dizer que nestes 15 anos da Cartola e nas vésperas de condignas festas académicas, as tunas da UA (TUA, MTC e Tuna Feminina), que vivem o espírito de cooperação e unidade pelo bem comum, na riqueza da diversidade de cada uma, estão todas de parabéns!
3. Se formos a fazer o filme da vida, das pessoas, dos grupos informais como das associações e instituições, quase que poderíamos perguntar que seria de nós uns sem os outros? Que seria do espírito da vida académica sem as magníficas tunas? As coisas são como são, e a “energia positiva” que estes núcleos culturais trazem à comunidade universitária como animação e abertura de serviço à sociedade é um bem inestimável. Se fazer aniversário é reparar na história que vamos construindo, então será hora de apreciar as pontes que se foram criando pela mão de quem foi dando as ideias e a vida por grupos culturais estimulantes entre nós. Se 15 anos é muito tempo, todavia, é só o princípio! É bom sentir que um dia festejaremos os «30 a Zero»! A gratidão da história construída junta-se à expectativa de que comunidade que acolhe os valores da cultura e da participação é comunidade mais viva, por isso com mais futuro. É isso mesmo! Não há irreverência que (vos) pare! Venham mais 50!

Alexandre Cruz

É assim o desporto


Hoje li mágoas de benfiquistas, por causa da derrota, histórica, do Benfica. A tristeza de uns é a alegria de outros. Ensinaram-me, era eu criança, que perder e ganhar é tudo desporto. Mas a verdade é que a derrota custa sempre a engolir. É assim o desporto; é assim a vida. O importante é respeitar os adversários, que não são nossos inimigos. Mas ontem aprendi outra coisa importante. O Sporting perdia por 2 a 0 e eu perdi a paciência. Mandei-os todos à fava (os jogadores do Sporting, claro) e retirei-me para as leituras. Tempos depois recebo uma mensagem estranha no meu telemóvel: " E esta?" Mas que será isto? Ligo a televisão e a euforia, por banda dos sportinguistas, dominava os ecrãs. Vi logo... Conclusão: No futuro tenho de ter mais paciência, confiando em quem veste a camisola do Sporting!

FM