terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Por que razão acreditam as pessoas em Deus?

Um grupo de cientistas da Universidade de Oxford, Reino Unido, vai gastar dois milhões e meio de euros para descobrir por que é que as pessoas acreditam em Deus. Esta é uma interessante notícia publicada no SOL on-line. Já agora, vou (vamos) ficar com curiosidade de saber a que conclusões chegam eles, depois de tanto dinheiro gasto. Cá para mim, vamos ficar a saber o mesmo: sem fé, mesmo que embrionária, não haverá Deus para ninguém.

OS FILHOTES DO KOSOVO QUE VÊM AÍ

Pandora era sedutora, seduziu Epitemeu, e era curiosa, abriu a caixa que o amante tinha escondida. Maldição, estavam lá todos os males. Isso foi no tempo dos gregos. Agora, países da União Europeia reconheceram a Caixa de Pandora. Destapado o Kosovo, porque não Miranda do Douro? Respondo: porque aquele senhor de boina que escreve quinzenalmente no Público em mirandês é um homem atilado, e não exige a independência do Menino Jesus da Cartolinha. Senão... Infelizmente, os albano-kosovares, quando usam boina, não usam nada debaixo e lá temos o Kosovo independente. Já agora, porque não o Gora/Dragashi? Estão a ver o mapa do Kosovo? É aquela pontinha à esquerda, a mais a sul. Vivem lá os gora, muçulmanos como os albano-kosovares, mas sérvios de etnia. O suficiente para os independentistas de hoje os expulsarem dos empregos e das escolas. Os gora fugiram para a montanha. Eu visitei-os. Na montanha eles são maioritários. Não há um país que os reconheça? Ferreira Fernandes, in Diário de Notícias
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NOTA: A independência do Kosovo, território com uma área de pouco mais de dez mil quilómetros quadrados, traz-me à ideia a hipótese de os nossos arquipélagos da Madeira e dos Açores também reclamarem a sua independência. Como aconteceu com Cabo Verde e São Tomé e Príncipe. Alberto João Jardim já avisou, mais ou menos claramente, que isso pode vir a ser discutido. Os meus amigos já imaginaram o que aconteceria se isso fosse por diante? Depois, não poderia acontecer o mesmo com o Algarve, com uns milhares de ingleses, que por ali se fixassem, a lutarem pela criação de um pequeno país, qual paraíso turístico, cheio de estrangeiros reformados? Deus nos livre disso. Seria o fim. Lá ia Portugal à vela. Estou a brincar, mas já começo a acreditar em tudo...
FM

Aveiro: cidade vista de outros ângulos






Mais algumas imagens dos canais da Ria de Aveiro. Chamo a atenção dos meus amigos para a foto tirada dentro do olho da cidade. As fotos têm, naturalmente, um objectivo: mostrar que há sempre algo a ver em Aveiro, por mais que calcorreemos as suas ruas e ruelas...

Sensibilizar, tarefa dos sentidos, da razão e do coração!

Quando o tempo é de expectativa, como aquele que vivemos, os sentidos têm a obrigação de estar e de actuar mais despertos. E não apenas por instinto de defesa ou justa e devida preservação. Só assim os sinais que iluminam a nossa vida, pessoal e comunitária, podem ter em nós, através de tais janelas, outro acolhimento. Em vista do que esperamos, mas ainda não vislumbramos, quantas coisas perdem importância na bolsa das preocupações? De quantos sacrifícios não somos capazes? Aligeirados na carga, ficamos mais disponíveis para dar vez ao ouvido do coração. A este cabe, com efeito, ministrar-nos outro horizonte, muito para lá do bulício de cada dia. No caminho de tão fundo propósito, aguçamos o engenho, redobramos a atenção, isto é, sensibiliza-mo-nos, à procura do mínimo sinal que rastreie a nossa esperança e nos conduza ao destino. E, para que a sequência se estreite e fecunde: damos conta que também as palavras se somem, ou podem sumir, em desprendimento; e que é de olhos fechados, a mais das vezes, que vemos a transparência de tantas vidas que passam como sinais pela nossa. A ascese dos sentidos foi, pelos nossos pais, comparada à preparação do atleta. Todos percebemos a razão. Mas são tempos como este, quaresmal, que nos ajudam a sentir com mais vibrante intensidade o que os nossos maiores nos quiseram transmitir. Com efeito, o jejum, a oração e a esmola - autêntica escola dos sentidos - preparam-nos para a corrida com os olhos postos na vitória. Mas nem tal certame é clássico, nem obedece a regulamentos estabelecidos por autoridade de ofício. Corremos em comunidade e fazemo-lo sabendo que a vitória nos pertence n'Aquele que é o seu verdadeiro protagonista... Confessar Jesus Cristo na expectativa da mãe de todas as noites e fazê-lo, como importa, em comunidade, é também agarrar a pauta deste tempo, para que, de novo sensibilizados, possamos descobrir os rostos que iluminam as nossas vidas, sinais que nos endireitam os sonhos e os caminhos, muito para lá da nossa medida. João Soalheiro

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Maria Elisa de volta à RTP



Gostei ontem de ver que Maria Elisa está de volta à RTP, com um programa ao seu jeito. “Depois do Adeus” é um espaço de debate, com Maria Elisa como maestrina de uma orquestra bem afinada, onde os participantes puderam intervir na hora própria. Este primeiro programa da série (quem havia de dizer?) focou catástrofes naturais em Lisboa e arredores, nomeadamente, as grandes cheias do século passado. Senti os dramas vividos por alguns convidados e o pesadelo que ainda suportam na alma. E quem diria que, horas depois, o drama provocado por chuvas torrenciais iria repetir-se, dramaticamente, na capital e concelhos limítrofes. Ironia do destino ou desleixo dos homens?

FM

CHUVAS CAUSAM ESTRAGOS EM LISBOA E ARREDORES

Dramas em Lisboa. Foto de o SOL


A comunicação social tem dado conta, hoje, dos dramas provocados por chuvas torrenciais, em Lisboa e noutras regiões do País. Ainda há dias se dizia que Portugal estava a viver uma seca preocupante, mas logo a seguir as chuvas se apresentaram com uma carrada de dramas. E o mais doloroso é sabermos que nunca se aprende de uns anos para outros. Em Lisboa e arredores, mas também noutras zonas.
O arquitecto Ribeiro Teles e diversas organizações ambientalistas bem alertam para a necessidade urgente de recuperar toda a circulação de água com base natural, não construindo sobre leitos de ribeiros e rios, mantendo limpos os canais de escoamento de águas pluviais e outras, mas a verdade é que os responsáveis fazem ouvidos de mercador. Uma chuvada mais forte e aí temos inundações com prejuízos incalculáveis para todos os moradores nas zonas alagadas.
Estava a ouvir estas notícias e logo me lembrei do que acontece na Gafanha da Nazaré. Sem alarmismos, julgo que é preciso pensar no que poderá acontecer-nos, se chover muito, de repente. A Gafanha da Nazaré é atravessada por diversas valas, a que antigamente chamavam valas-mestras. Quando chovia, eram autênticos ribeiros que cruzavam a nossa terra, às vezes com violência. Com estradas e ruas, mais prédios e casas, algumas dessas valas nem se vêem. Foram substituídas por manilhas, por onde é suposto correrem as águas, e por cima delas há diversas edificações. Não sei se há possibilidades de as limpar, se estão todas operacionais, se substituem, com vantagens, as valas a céu aberto. Essas valas estavam ligadas, naturalmente, à ria. Quando a maré estava alta, as águas das chuvas alagavam tudo. E aí se mantinham até que a maré baixasse, persistindo, no entanto, durante algum tempo, nos quintais e zonas mais baixas.
Penso que estes dramas nos devem fazer pensar um pouco. Aqui fica a sugestão de se reflectir sobre o assunto, antes que seja tarde.

FM

Na Linha Da Utopia


As bases do que conta

1. Se a meta final de tudo é uma edificação humana (pessoal e social) gratificante, então a chave de leitura do que conta terá de corresponder a esse mesmo ideal a construir. Há realidades que valem mesmo a pena apostar, outras nem tanto. É certo que muitas vezes a história se constrói à revelia e que é preciso errar primeiro para acertar depois. Mas, aos tempos que vivemos não bastam as boas intenções, e mesmo, talvez, a forma mais justa de avaliar e considerar uma determinada aposta deva ser sempre a resposta à pergunta fundamental: isto ou aquilo, “em que servirá a comunidade?” Não havendo tempo e lugar para esta questão, perder-se-á o horizonte das finalidades últimas.
2. É premente a necessidade de construir a partir das bases. Do que realmente se procura realizar ao serviço das pessoas concretas. As linhas sociais e políticas não podem desgarrar os princípios da sua aplicação humana e dignificante. Tantas vezes, dramaticamente, parece que as pessoas contam pouco para os sistemas que vivem das médias e números. Sem dúvida, todos os passos do rigor, qualidade, exigência, avaliação, visão programática são fundamentais a uma sociedade que procure aperfeiçoar-se com justiça. Mas quando esta procura não dá lugar à visão de conjunto e à participação abrangente em ordem ao consenso máximo possível, verificar-se-á, no momento seguinte, uma desidentificação que acaba por comprometer quase tudo…
3. Entre o que conta nos mega critérios das super-estruturas e o que deve contar efectivamente como essencial proximidade de relação, talvez possamos olhar para uma “freguesia média” de Portugal e a partir dela estabelecer o possível paralelismo para com a complexa gestão governativa nacional. Talvez as freguesias portuguesas, no esforço de proximidade serviçal para com as populações e nos múltiplos relacionamentos abertos e cooperantes tanto nas situações difíceis como nas festivas, tenham muito a dizer aos poderes centrais que, muitas vezes, preferem o sítio do gabinete informático que distancia as ideias da sociedade diária concreta das pessoas.
4. Se o que tem de contar tem de ser a “bitola” das comunidades concretas, então terão de ser mesmo valorizados e reconhecidos os esforços (como serviços às populações) que procuram recriar esta vivência diária de um povo que traz consigo a “alma” das gentes e terras seculares. Às vezes há tanta distância dos poderes às bases, desconhecimento este que se detecta cabalmente quando determinadas “ordens” teóricas deitam por terra o “resto” de pertenças que existem. A única via é mesmo o envolvimento naquilo que a todos pertence, e, acima de todos os ventos, modas e marés, sentir-se que “servir” é mesmo o que conta.

Alexandre Cruz

A bondade


E quais são os seus princípios?

“São altamente subjectivos e difíceis de definir, mas acho que têm alguma coisa a ver com querer entender os outros entendendo-me a mim próprio. Procurar o meu lugar na medida em que ele faz parte de alguma coisa que é a Humanidade. Crescer, aprender e ficar mais próximo do bem. Não agredir. Não violentar. Há palavras que estão fora de moda, mas que são essenciais. Uma delas é aquilo que procuro mais: a bondade. É uma palavra fora de moda, mas tão bonita! A todos os níveis.”

José Luís Peixoto, escritor

In “Expresso Actual”

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Na Linha Da Utopia


Fidelidade e coesão social

1. Talvez possa parecer que uma coisa não tem nada a ver com a outra. Que tem a fidelidade conjugal a ver com a coesão social? Será entrar na esfera privada tirando ilações precipitadas para o terreno do que é público? Em última análise, a pergunta é: que tem a família como comunidade informal a ver com a sociedade em geral? Que fronteiras, implicações, possibilidade de laços (no respeito devido pelas autonomias) na compreensão justa daquilo que é a liberdade pessoal e o compromisso da vida em sociedade? As perguntas poderiam nunca mais acabar, em terreno de não fácil abordagem, onde não se quer nem que outrem entre pela casa dentro a impor uma qualquer lei, nem que cada pessoa e família vivam de tal modo afastados da sociedade que se tornem indiferentes àquilo que é o bem comum.
2. No recente dia dos namorados, que a propaganda foi inventando, exaltando, “impondo”, em Inglaterra foi publicado, no jornal The Guardian, um interessante estudo sobre a fidelidade e a evolução do homem. Johnjoe McFaden, professor de genética molecular, defende a sua tese de que foi a «fidelidade que permitiu aos nossos antepassados desenvolver a inteligência social e a coesão social», tendo os humanos a sorte de pertencer a espécie que se comporta de forma predominantemente monogâmica, revela o estudo. Também, destaque-se que alguns trabalhos recentes de investigação nesta área «sugerem que as exigências cognitivas requeridas para formar casais estáveis podem estar entre os factores para o desenvolvimento dos instrumentos de inteligência social que tornaram possíveis as nossas sociedades» (Público, 15 Fev.: 54).
3. Talvez nos possamos colocar no filme da história do processo da evolução do ser humano, mesmo desde os tempos pré-suméria, e concluir que as sociedades humanas na sua procura crescente de capacidade de coexistência em sociedade terão tido como modelo de referência a vivência familiar. Nada de novo, afinal esta é a comunidade primordial. Tal facto significará que a busca de coesão social, pela família, foi derrubando os muros do individualismo, do particularismo, do pensar só em si. Olhando para os tempos da actualidade, uma pergunta vai-se impondo: as sociedades ao esquecerem a família na sua realidade ancestral (chame-se: homem, mulher e filhos) perderão as capacidades de coesão social?...
4. Seja dito o que se vai dizendo (como constatação e preocupação): do ano 2000 para cá, já metade dos casamentos terminaram em divórcio. Muita da educação (possível) é monoparental. As raízes de pertença vão ficando cada vez mais superficiais, vivendo-se pouco ligado a alguma realidade de comunidade viva (?)... Neste cenário, e na pressuposta liberdade de tudo, quem se preocupa com o que acontece? Há quem a sério se preocupa e procura apontar caminhos… E há pais e educadores que descobriram o segredo das pertenças a um grupo / comunidade como alavanca para os valores fundamentais. Afinal, sendo tudo questionável, uma coisa não o é: quanto mais o valor Família semearmos, mais aconchego um dia colheremos! Quando não, será solidão…

Alexandre Cruz

Os nossos bacalhoeiros mereciam mais



Desgosta-me ver mau gosto nos arranjos urbanísticos da minha cidade. Digo cidade, porque tal estatuto, que lhe foi atribuído por merecimento, devia ser sempre considerado, quando se projecta qualquer obra, tanto particular como estatal.
Sem querer agora fazer qualquer análise ao que a Gafanha da Nazaré tem de bom e de mau, não posso deixar de dar, de quando em vez, algumas achegas, que levem os nossos responsáveis autárquicos a olhar para certos recantos com mais preocupação estética. Isto sem pretender magoar quem quer que seja.
Hoje, por exemplo, trago ao meu blogue o Largo St. Johns, na Cale da Vila. Passei por lá, na minha caminhada higiénica, e fiquei triste. Os nossos bacalhoeiros ainda não foram homenageados condignamente, nesta terra que tão ligada ao mar está.
Quantos deram a vida à pesca do bacalhau, e suas famílias, não podem aceitar aquele dóri, ali abandonado, sem mais. O largo, dedicado à cidade portuária que toda a gente da Gafanha e arredores trazia na boca e na lembrança, com as histórias contadas pelos nossos bacalhoeiros, precisa, sem dúvida, de um monumento que lembre tudo isso. Peço aos meus amigos que passem e olhem. Digam-me, sinceramente, se aquilo é alguma coisa. A cidade da Gafanha da Nazaré e os seus bacalhoeiros não podem concordar com o que ali está. Por favor, dêem um ar moderno e belo àquele largo, com um expressivo monumento a lembrar a gesta dos nossos bravos lobos-do-mar. Até poderiam abrir um simples concurso de ideias, porque na terra há gente com capacidade para isso. Façam isso, por favor, para não se perder a nossa história. Se alguém me provar que o largo está bonito, tal como está, não terei dificuldades em dar a mão à palmatória.

FM

Aveiro: cidade vista de outros ângulos





Como prometi, aqui ofereço mais fotos de Aveiro, concretamente, dos canais e suas margens. Mas há mais. Pretendo, com elas, alertar para a existência de uma ria que se passeia pela cidade, qual desafio para que não esqueçamos as nossas origens lagunares.

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 65


CRIAÇÃO DE ESCOLAS NA GAFANHA

Caríssima/o:

Deixando a imagem escura, sombria e quase trágica da instrução/educação que se projectava sobre a península da Gafanha, vejamos como, muito lentamente (durante mais de cinquenta anos!...), se vão espalhando os espaços que nos trarão a luz da civilização. Mais uma vez recorremos à “Monografia da Gafanha”, agora à página 209:

«Arquivemos aqui, com a data da sua criação, o número de Escolas que até ao ano de 1938 têm funcionado em toda a Gafanha.
Por Decreto de 7 de Julho de 1880 foi criada uma Escola masculina na Gafanha da Nazaré.(Diário do Governo n.º 153, de 10 de Julho de 1880).
Em sessão da Câmara de 24 de Dezembro de 1881 foi criada a Escola feminina na Gafanha da Nazaré. Foi nela criado o 2.º lugar em 1909. Quando da separação dos sexos desdobrou-se a escola em masculina e feminina.
Por Decreto de 31 de Dezembro de 1908, foi criada uma Escola mista na Boa-Hora, da Gafanha de Vagos. (Diário do Governo n.º 11, de Janeiro de 1909). Foi convertida em feminina e criada a masculina por Decreto de 25 de Janeiro de 1932. (Diário do Governo n.º 27, de 2 de Fevereiro de 1932).
Em 14 de Dezembro de 1909 é inaugurada a Escola mista da Gafanha da Encarnação. Não consta na Inspecção Escolar a data da sua criação. Foi desdobrada nos dois sexos por Decreto de 5 de Março de 1924. (Diário do Governo n.º 59, de 13 de Março de 1924).
Por Decreto de 19 de Dezembro de 1914, foi criada a Escola mista da Gafanha de Aquém. (Diário do Governo n.º 299, de 23 de Dezembro de 1914). Foi convertida em feminina e criada a masculina por Despacho de 30 de Novembro de 1931. (Diário do Governo n.º 281, de 5 de Dezembro de 1931).
Por Decreto de 24 de Setembro de 1915, foi criada a Escola feminina na Gafanha do Carmo. (Diário do Governo n.º 225, de 28 de Setembro de 1915).
Por Decreto de 28 de Agosto de 1923, foi criada a Escola mista da Chave, Gafanba da Nazaré. (Diário do Governo n.º 202, de 31 de Agosto de 1923). Foi convertida em feminina e criada a masculina por Decreto de 24 de Fevereiro de 1931. (Diário do Governo n.º 50, de 3 de Março de 1931).
Por Decreto de 21 de Novembro de 1925, foi criada a Escola masculina da Gafanha do Carmo. (Diário do Governo n.º 285 de 4 de Dezembro de 1925).
Por Decreto de 31 de Novembro de 1927, foi criada a Escola masculina na Cambeia, Gafanha da Nazaré. (Diário do Governo n.º 8, de 11 de Janeiro de 1928).
Por Decreto de 10 de Março de 1934, foi criada uma Escola na Marinha Velha, Gafanha da Nazaré. (Diário do Govêrno n.º 75, de 2 de Abril de 1934).
Por Portaria de 25 de Junho de 1935, foi criado o Posto de Ensino na Costa-Nova. (Diário do Govêrno n.º 149, de 29 de Junho de 1935).
Em 1941 foi criado o Posto de Ensino na Gafanha da Boa-Hora. »

Era esta, com mais ou menos desdobramentos e separações, e uma ou outra conversão, a rede escolar quando, em 1947, o Olívio foi à escola pela primeira vez.
De então para cá quanta modificação! E, passeando na “Avenida do Fala-Só” no meu quintal, já me tenho espantado:
- Em breve será instalado, na Gafanha, um Pólo da Universidade de Aveiro!?

Manuel

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Carlos do Carmo: Fado da Saudade

Carlos do Carmo, um senhor do Fado, canção nacional, venceu o Prémio Goya, com o "Fado da Saudade". Aqui o ponho à disposição dos meus leitores/ouvintes.

Jardim Oudinot: Obras já em curso



As prometidas obras urbanísticas do Jardim Oudinot começaram. Pelo menos, ontem já vi sinais de que se mexe por ali. Bancos e mesas foram arrancados e atirados para um canto, em jeito de quem anda a preparar o terreno para que os arranjos, bonitos, ajudem a dar vida àquele espaço privilegiado, com a ria por pano de fundo. Quem um dia lá for, em momentos de lazer, poderá deliciar-se com o ar fresco da laguna e com os barcos de pesca em busca de descanso no porto, ali ao lado.

S. Jacinto em festa


S. Jacinto em fotos tiradas do Forte de Barra. Clicar para ver melhor

S. Jacinto celebra hoje o seu 53.º aniversário. Motivo para festa, sempre, embora por vezes não haja alegria para isso. A S. Jacinto e à sua gente ligam-me laços de vizinhança e de amizade. lá Trabalhei lá dois anos, nos meus princípios profissionais, como professor, e desde essa altura passei a compreender melhor o seu isolamento. Por isso, quando posso, lembro que os residentes em S. Jacinto precisam mais do que umas lanchas e de um ferry-boat. Disse vezes sem conta que a ligação natural de S. Jacinto é com a Gafanha. Terras separadas apenas pela laguna, com uma ponte tudo ficaria resolvido. Mas teimaram com o ferry-boat e agora não faltam os protestos. É caro e não está sempre à mão. Só para turistas e pouco mais, penso eu. Importa, portanto, agendar, quanto antes, a ponte que estabeleça a ligação mais natural com a margem de cá. Então, quando isso acontecer, todos poderão sentir e ver como S. Jacinto ficará com outra vida.
Permitam-me que recorde, para além dos alunos que lá tive, de ambos os sexos, todo o ambiente dominado pela ria e pelo mar, com peixe fresco todas as manhãs. E a lota, com as artes de fazer render o peixe. Um dia ousei comprar algum e nem percebi que o lote estava a ficar por um preço exorbitante. Então, alguém me segredou: "Não ofereça mais; eu compro por si." Concordei e esperei. Acabei por ficar com peixe muito mais barato. Afinal, eu não conhecia os truques da venda na lota. Mas não faltou quem me ajudasse.
Lembro-me bem do Café do Labareda, onde almocei muitas vezes. Peixe quase sempre, mas muito bom, porque era apanhado na hora. E também da loja, onde se vendia de tudo, do Lelinho, pai do meu bom amigo Gilberto Nunes, que foi proprietário e gerente da Auto Viação Aveirense. O Lelinho era um homem bom. Era uma espécie de protector de toda a gente. Família em dificuldade tinha nele um apoio amigo.
Também recordo o dinamismo do Estaleiro do Roeder, que dava trabalho a centenas de pessoas, da terra e arredores. Quase todas as famílias dependiam, economicamente, directa ou indirectamente, do Estaleiro e da Aviação Naval.
S. Jacinto ficou sempre no meu espírito. Quando olho para a sua gente, até a sinto como minha família.

FM

O CÉREBRO, O EU E A LIBERDADE



O que diz alguém, quando diz "eu"? Afirma--se a si mesmo como sujeito, autor das suas acções conscientes, centro pessoal responsável por elas, alguém referido a si mesmo, na abertura e em contraposição a tudo.
Mas há observações perturbadoras. Por exemplo, pode acontecer que alguém adulto, ao olhar para si em miúdo, se veja de fora, apontando como que para um outro: aquele era eu, sou eu?
Há filósofos que se referem à ilusão do eu. Certas interpretações do budismo caminham nesta direcção. No quadro da impermanência e da interdependência de todas as coisas, fala-se da inexistência do eu. Matthieu Ricard, investigador em genética celular e monge budista, deu-me, num congresso no Porto, um exemplo: veja ali o rio Douro. O que é o rio Douro, onde está? Ele não existe como substância, pois não há senão uma corrente de água. Está a ver a consciência? O que é ela senão um fluxo permanente de pensamentos fugazes, de vivências? O eu não passa de um nome para designar um continuum, como nomeamos um rio.
Mas há a experiência vivida e inexpugnável do eu, ainda que numa identidade em transformação, que continuamente se faz, desfaz e refaz. O que se passa é que, não se tratando de uma realidade coisista, é inobjectivável e inapreensível.
É e será sempre enigmático como aparecem no mundo corpóreo o eu e a consciência. É claro que o eu não pode ser pensado à maneira de uma alma, um homunculus, um observador dentro do corpo - o fantasma dentro da máquina. Há, portanto, uma correlação entre a consciência e os processos cerebrais. Mas significa isto que essa correlação é de causalidade, de tal modo que haverá um dia uma explicação neuronal adequada para os estados espirituais? Ou, como já viu Leibniz e é agora acentuado pelo filósofo Th. Nagel, mesmo que, por exemplo, tivéssemos todos os conhecimentos científicos sobre os processos neuronais de um morcego, não saberíamos o que é o mundo a partir do seu ponto de vista? A questão é: como se passa de acontecimentos eléctricos e químicos no cérebro - processos neuronais da ordem da terceira pessoa - para a experiência subjectiva na primeira pessoa?
Apesar de se não afastar por princípio a possibilidade de se poder vir a dar essa compreensão, o filósofo Colin McGinn pensa que talvez nunca venhamos a entender como é que a consciência surge num mundo corporal, a partir de processos físicos. Também o neurocientista W. Prinz disse recentemente numa entrevista: "Os biólogos podem explicar como funcionam a química e a física do cérebro. Mas até agora ninguém sabe como se chega à experiência do eu nem como é que o cérebro é capaz de gerar significados."
E sou livre ou não? É claro que, como escreve o filósofo M. Pauen, se as nossas actividades espirituais se identificassem com processos cerebrais, segundo leis naturais, já se não poderia falar em liberdade - "As nossas acções seriam determinadas não por nós, mas por aquelas leis."
Mas, afinal, quem age, quem é o autor das minhas acções: o meu cérebro ou eu? "Como não é a minha mão, mas eu, quem esbofeteia esta ou aquela pessoa, não é o meu cérebro, mas eu, quem decide. O facto de eu pensar com o cérebro não significa que seja o cérebro, e não eu, quem pensa", escreve o filósofo Th. Buchheim.
Só existe liberdade, se há alguém capaz de autodeterminação. A determinação por um "eu", segundo um juízo de valor, é que faz com que uma acção seja livre e não puro acaso ou enquadrada no determinismo das leis naturais. Como diz P. Bieri - cito segundo H. Küng, em Der Anfang aller Dinge (O Princípio de Todas as Coisas) -, "é inútil procurar na textura material de um quadro o representado ou a sua beleza; é igualmente inútil procurar na mecânica neurobiológica do cérebro a liberdade ou a sua ausência. Ali, não há nem liberdade nem falta de liberdade. Do ponto de vista lógico, o cérebro não é o lugar adequado para esta ideia. A vontade é livre, se se submete ao nosso juízo sobre o que é adequado querer em cada momento. A vontade carece de liberdade, quando juízo e vontade seguem caminhos divergentes".


Anselmo Borges, no DN

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Pôr do Sol


Pôr do Sol visto junto ao Santo André

O Sol é um brincalhão. Ontem, em viagem, vi-o a deixar-nos com ar desafiador. Estava com a cor do fogo, vermelho vivíssimo. Só pude apreciá-lo, e fiquei-me por aí. Mas prometi a mim mesmo que no dia seguinte ficaria à coca, para o registar com toda a sua pujança. Vai daí, preparei-me, estrategicamente, para o meter na minha máquina fotográfica. Mas ele, não. Não quis mostrar-se como eu gostava. E por ali andou, no seu caminhar, rumo à outra banda. O vermelho vivo, que nos faz vibrar até ao âmago, não chegou. Mesmo assim, prometi que um dia destes o hei-de apanhar, para mostrar ao mundo que por aqui também o Sol brilha para todos.
FM

Justiça igual para todos?

A comunicação social tem multiplicado as notícias sobre as ilegalidades cometidas pela administração do BCP. As autoridades do Estado, que tutelam o sector, já divulgaram algumas dessas ilegalidades. Ainda não se viu, nem ouviu, qualquer membro dessa administração a negar as irregularidades apontadas. Dá a impressão que não se passa nada. Se um simples funcionário, deste ou doutro banco, ou um modesto cliente de um qualquer banco protagonizassem qualquer falha que prejudicasse uma entidade bancária, onde é que eles já estariam? É isto que revolta o comum do cidadão. Como é que se pode acreditar que a Justiça portuguesa é igualzinha para toda a gente? Eu ainda quero acreditar que é, mas qualquer dia começo a ter a certeza de que não. E tenho pena que isso aconteça porque, se a Justiça não é justa e igual para todos, onde é que o Estado de Direito vai parar? FM

O ABORTO CLANDESTINO

Durante a campanha para o referendo sobre o aborto, disse aqui que o aborto clandestino continuaria a ser uma realidade, como desde sempre o foi. E disse, na altura, que tal aconteceria, fundamentalmente, porque a mulher e o homem o vêem como acto intrinsecamente mau. Por isso o procuram e o provocam às escondidas, convencidos de que, coisa que não se vê não é crime. Mas é, sobretudo quando ignora, conscientemente, tanto as leis naturais como os princípios religiosos, neste caso para os crentes. Não me espanta, portanto, que os abortos legais tenham ficado aquém dos esperados. Isto é, os abortos clandestinos, tendo em conta os números propagados durante a campanha, continuam. Agora, com o silêncio dos que tanto os queriam eliminar, tornando os abortos livres e pagos pelo Estado, sabe-se que eles são feitos, nem que seja, como foi o caso, no silêncio do quarto de uma jovem estudante. Uns tantos comprimidos, de venda livre, poderiam matar mãe e filho. O filho não terá escapado e a jovem que não quis ser mãe, levada pela propaganda dos que aceitam o aborto como grande conquista civilizacional, sofreu as consequências da sua opção. Para mim, ficou com uma marca que jamais esquecerá; para outros será coisa de somenos, porque o que importa é ser dona do seu corpo. FM

Aveiro: cidade vista de outros ângulos





Ontem à tarde fui a Aveiro, como faço com frequência. Não tantas vezes como gostaria, mas por lá vou passando, já que na cidade me sinto bem. E vi muitos casais de todas as idades, decerto por ser o Dia dos Namorados. Cheguei a pensar que seria assim todos os dias, mas se calhar não é verdade. Mas devia ser. Porque se um casal deixar de namorar, isto é, dando mais atenção ao outro(a) do que a si próprio(a), compreendendo-o(a) e amando-o(a), está o caldo entornado. Depois apreciei o modo delicado, direi mesmo amoroso, como alguns manifestavam a sua ternura. Formulo votos de que passe a ser sempre assim. Não apenas no Dia dos Namorados, mas durante todos os dias do ano. E de todos os anos.
Há muito que não andava de moliceiro. Pois ontem fui dar uma voltinha pelos canais da Ria de Aveiro. A maré estava baixa, mas nem por isso me arrependi. O passeio não se estendeu para lá das comportas, ficando-se pela cidade, mas foi muito bom, mesmo assim. Com os moliceiros ali à mão de semear, nem todos os aproveitam, com certeza por falta de dinheiro para pagar o bilhete. Mas vale a pena. Sobretudo porque podemos ver a cidade de outros ângulos. É essa cidade que a partir de hoje, e durante alguns dias, mostrarei aos meus leitores.

FM