segunda-feira, 11 de setembro de 2006

JORNADAS DA RIA DE AVEIRO

Ria na Costa Nova
:: Ministério do Ambiente
ignora laguna
Estão a decorrer em Aveiro, até 7 de Outubro, as Jornadas da Ria. Estas são as primeiras jornadas dedicadas à laguna aveirense, um património da região, e do País, de valor incalculável. Porém, subaproveitado e abandonado. A denúncia veio do presidente da Amria – Associação dos Municípios da Ria, Ribau Esteves, que é também presidente da Câmara Municipal de Ílhavo. Diz o autarca ilhavense, conforme li no PÚBLICO de domingo, que a Ria “é um ecossistema em crise, abandonado pelo seu gestor, o Ministério do Ambiente”. Apesar das garantias dadas pelo presidente da CCDRC (Comissão da Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro), Alfredo Marques, de que haveria meios financeiros para acções de protecção da laguna, apoio a denúncia de Ribau Esteves, por tantas promessas não cumpridas sobre a Ria de Aveiro. O problema é fácil de compreender. Os nossos governantes, com assento na capital, não podem sentir o que nós sentimos quando no dia-a-dia olhamos para a Ria. Olham de cima da sua autoridade para a floresta, que é o País, e não conseguem vislumbrar a árvore frondosa, que é a nossa Ria, em vias de apodrecer por falta de atenção. Eles querem lá saber da riqueza paisagística e turística que a Ria de Aveiro tem em potência para oferecer a quem à sombra dela vive ou a quem a visita! Eles querem lá saber do peixe saboroso que nela se cria e dá sustento a tanta gente! Eles querem lá saber do moliço subaproveitado, que a pode matar sem dó nem piedade! Eles querem lá saber dos moliceiros e saleiros que apodrecem nos esteiros por não haver incentivos para a sua mais ampla utilização! Eles querem lá saber de gente que vegeta com os olhos pregados nas águas mansas da laguna, por não haver quem lhes dê trabalho! Eles querem lá saber que a Ria tenha ou não uma entidade gestora para diagnosticar problemas e avançar com respostas credíveis! Há tantos anos que oiço tanta gente a gritar que a Ria não pode morrer, que é preciso fazer qualquer coisa, mas nada se tem visto. Os nossos governantes, de diversos Governos, devem ter ouvido falar da Ria de Aveiro. Mas não a sentem, não ouvem os seus murmúrios, os seus cânticos de beleza, mas também não conhecem os seus cheiros, as suas cores e os seus sabores como nós, os povos da Ria, os conhecemos a todo o momento. Por isso, vão adiando o que à Ria diz respeito. O que à Ria e às suas gentes interessa verdadeiramente.
Fernando Martins

Para reflectir

“Os cristãos
devem mostrar
que são
diferentes”
:::
Enzo Bianchi, prior da comunidade de Bose, Itália, falou na passada semana a 400 padres portugueses, em Fátima. É um leigo e fundou há 40 anos um mosteiro em que homens e mulheres retomam a tradição monástica cristã, mas com expressão moderna, como refere António Marujo, no PÚBLICO de domingo. Em entrevista que concedeu a este jornalista, especialista em temas religiosos, Enzo Bianchi diz que “os cristãos devem mostrar que são diferentes”, porque só assim “poderão contrariar a indiferença que existe em relação à religião”. Dessa entrevista, transcrevo, para reflexão, algumas respostas suas a questões que lhe foram postas por António Marujo. Sem comentários. A clareza das suas propostas não precisa de mais. F.M.
:: “Falava da centralidade da caridade, mas a Igreja faz já tanta coisa a nível social… Não se trata do social. É ao nível mais pessoal e antropológico: é a questão da misericórdia, de dar evidência ao amor e à comunicação, ao acolhimento do diferente, de instaurar a pluralidade da comunidade cristã e de não viver a fé de forma monolítica e intolerante. Falou para mais de 400 padres. Os padres quase não têm tempo para as pessoas, para o acolhimento… Esse é um verdadeiro problema. Os padres têm a tentação de ser gestores, burocratas, às vezes tecnocratas da caridade. Mas é decisivo viver acolhendo, escutando, nas relações quotidianas. E a caridade, para um padre, passa por aí? Pelo acolhimento do diferente, do pobre, do sofredor, do estrangeiro, no quotidiano. Não pela organização da caridade, mas como escuta de quem está distante. Fala de uma religião de intermitência de muitos cristãos. A mensagem da hierarquia não passa? [Passaria] mais se fosse uma mensagem que colocasse no centro Jesus Cristo e a sua humanidade. São caminhos de humanização que interessam o homem e encontram a sua imagem em Jesus Cristo. Não são os dogmas e regras… Não são as regras, os ritos nem os dogmas que dizem o cristianismo. O cristianismo ou se conjuga em termos de humanização ou se torna irrelevante. Hoje há uma grande indiferença perante o cristianismo… A indiferença vive e prospera quando não se põe em evidência a diferença. Os cristãos [devem saber] mostrar uma verdadeira diferença a respeito da sociedade e do homem. Se não emerge a diferença cristã, a indiferença torna-se a grande dominante da nossa sociedade. O cristão tem de ser diferente? Em tudo: no comportamento, na comunicação, na comunhão, no modo de viver, um cristianismo que plasme todo o homem. Também na política? Houve políticos católicos que, sobre a guerra do Iraque, diziam que aceitavam o Papa, mas que esse era outro assunto… Não é possível. Há uma inspiração cristã que deve ser salvaguardada. As técnicas e as políticas pertencem ao homem e não ao pormenor do evangelho. Mas a inspiração, sim. E, na paz, joga-se o testemunho cristão no futuro. Como se vive essa diferença em sociedades laicas? É mais fácil fazer emergir a gratuidade do evangelho, a liberdade do cristão. É necessária muita coerência, mas a mensagem cristã é mais escutada numa sociedade laica em que o evangelho é proposto, do que numa civilização de cristandade em que o evangelho seria imposto. É difícil, mas é mais fecundo e dá mais frutos.”

sábado, 9 de setembro de 2006

Gotas do Arco-Íris – 30

E A CERVEJA...
TEM SEMPRE A MESMA COR?
Caríssimo/a: Não, nada disso que estás a pensar... Hoje ainda vou ali por outro grande poeta; não sei se já ouviste falar no Pessoa, o Fernando Pessoa... Vê lá tu onde se pode encontrar um grande poeta!... Estava a queimar uma papelada velha quando dou de caras com ele, ali prontinho para a incineração... Alto lá, este mais devagar! Agora vem comigo espreitar o que ele escreveu desta vez:
Sagres é uma boa cerveja e eu acabarei por gostar da Sagres como gosto do Rexina. Sagres é a pausa que refresca e tem vitaminas todas as bebidas da televisão têm vitaminas mesmo as do programa literário que é detergente e eu uso-as e sou um cidadão perfeito e até já consigo adormecer com hipnóticos depois de tomar o Tofa descafeinado e no Verão visto calções de banho de fibras sintéticas para me banhar na Torralta cidadão perfeito perfeitamente bronzeado com Ambre Solaire. Tudo coisas admiráveis e desesperadamente necessárias que eu devo ao marketing e me são cozinhadas num abrir e fechar de olhos nas panelas de pressão de todo o bom cidadão. E no intervalo bebi café puro o do gostinho especial Sical Sical que é um luxo verdadeiro por pouco dinheiro. (...) Preciso e gosto de uma data de coisas e só agora o sei, menos da Sagres. Mas acabarei por gostar. Ninguém contraria o marketing por muito tempo. Ninguém contraria os fabricantes de bem fazer o bom cidadão. E tudo graças ao marketing.
E agora como terminar? Pedir uma cerveja preta para servir de tónico nesta torreira de ensandecer?! Manuel
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Nota: Apresento hoje, antecipando um dia, o Gotas do Arco-Íris, por razões técnicas. Amanhã, em princípio, estarei sem Net. Apresento o meu pedido de desculpas ao autor e aos leitores do meu blogue.

O EXPRESSO renova-se

A concorrência
é sempre a favor
dos consumidores
O EXPRESSO apresenta-se hoje renovado. Com novo formato e mais pequeno, novo grafismo, novo tipo de letra, novas rubricas com nova arrumação, novos colaboradores, enfim, com nova filosofia jornalística, para novos desafios. Quem o lê desde o primeiro número, como eu, estava há muito à espera que isto acontecesse. Veio agora, porque a actual direcção não quer perder a carruagem da liderança da informação em Portugal. Mas também porque quer apostar no futuro e enfrentar, com determinação, a concorrência. Um novo semanário, o SOL, dirigido pelo ex-director do EXPRESSO, José António Saraiva, promete luta na conquista de leitores. Veremos, dentro de alguns meses, quem fica à frente. Para já, quem fica a ganhar somos nós, os leitores. Os que ainda não prescindimos da informação com suporte de papel. E ficamos a ganhar, porque a concorrência é, à partida, sempre a favor dos consumidores. Numa primeira leitura, confesso que gostei. Só espero que não comecem a aparecer desmentidos, pelos destaques de primeira página ou de outras, avançados sem garantias ou provenientes de fontes não credíveis. A fidelidade de muitos leitores também passa por aí. E eu tenho de passar a ser um deles, apesar de me manter muito agarrado ao EXPRESSO. F.M.

Um exemplo de investimento

Poupo em tudo,
menos nos afectos
No EXPRESSO desta semana, no caderno ECONOMIA, vinha um pequeno texto que me atraiu pelo título, com foto de Isabel Jonet, responsável pelo Banco Alimentar. Economista, 46 anos, há 13 que dedica a sua vida ao voluntariado e à família. Tem cinco filhos e confessa que o seu investimento se enquadra “numa lógica de vida onde os afectos lideram as prioridades”. Diz que não investe em produtos financeiros, mas incentiva hábitos de poupança nos seus filhos. Sublinha que a educação dos filhos é um dos seus maiores investimentos, porque “há que os preparar para a vida”. E acrescenta: “Isso passa pela disponibilidade financeira que gasto com os seus estudos, mas o mais importante é ter disponibilidade para partilhar com eles os bons e os maus momentos”. Um pequeno texto que nos pode ajudar nos investimentos que, muitos de nós, passamos a vida a programar, quantas vezes sem sentido. F.M.

Festa no Forte da Barra

Andor de Nossa Senhora
dos Navegantes no barco, pronto para a partida
(Foto de arquivo)
:: Gente do mar venera
Nossa Senhora dos Navegantes
::
No próximo dia 17, domingo, a gente do mar vai venerar Nossa Senhora dos Navegantes, no Forte da Barra, Gafanha da Nazaré. Esta é uma festa muito antiga, que costuma atrair pessoas da região. Desde há anos, é motivo dessa atracção uma procissão pela ria, que sai do Porto de Pesca longínqua, na Cale da Vila, passando por São Jacinto e com chegada aprazada para o Forte da Barra. A procissão começa no Stella Maris, clube do Apostolado do Mar, pelas 14 horas, iniciando-se o desfile meia hora mais tarde, nele se incorporando imagens de Nossa Senhora dos Navegantes e outras, bem como irmandades, banda de música, barcos moliceiros com os grupos e ranchos folclóricos. Há, ainda, barcos saleiros, bateiras e outras embarcações de recreio, que transportarão pessoas devidamente autorizadas. Pelas 16.30 horas, será o desembarque no Forte, organizando-se, de seguida, curta procissão até à pequena igreja, que tem Nossa Senhora dos Navegantes por padroeira. Aí será celebrada a Eucaristia, animada por cânticos antigos, interpretados pelos grupos e ranchos convidados. Pelas 18.30 horas terá lugar um Festival de Folclore, em que participam o Rancho Folclórico de Fonte de Angeão, o Rancho Folclórico de Santa Luzia de Arões, o Centro Cultural e de Folclore de Gandarela de Bastos (Celorico de Bastos) e o anfitrião, Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré. F. M.

sexta-feira, 8 de setembro de 2006

Acordo entre PS e PSD

Reformas na Justiça
vão ser uma realidade ::
Segundo o “PÚBLICO”, o PS e o PSD entenderam-se, através de negociações à margem dos holofotes, sobre as reformas ao nível da Justiça. O acordo, conseguido em encontros regulares que Sócrates e Marques Mendes têm mantido sobre política nacional, vai permitir um conjunto de reformas que se estendem desde a revisão dos Códigos Penal e de Processo Penal até ao aprofundamento da autonomia do Conselho Superior de Magistratura, passando pelo mapa judiciário e pelo acesso dos magistrados à carreira, entre outras matérias e áreas ligadas à Justiça. O mesmo jornal adianta que tudo isto foi possível graças à mediação do Presidente da República, Cavaco Silva, que terá contribuído para a aproximação entre Sócrates e Marques Mendes. Quando se fala da magistratura de influência do Presidente da República, não podemos admitir que ele a exerça apenas por meio de discursos em cerimónias públicas ou de intervenções na comunicação social, em jeito de recados feitos de modo paternalista. O mais alto magistrado da Nação tem, a meu ver, como função importante e até indispensável, a obrigação de aproximar os políticos, levando-os a dialogar, sempre na busca de consensos que levem à resolução dos problemas nacionais, sobretudo dos mais pertinentes. Todos sabemos que as oposições não gostam de perder no confronto com o Governo e com o partido que o sustenta. Ora isto só é ultrapassável se houver a possibilidade de se estabelecerem negociações longe dos olhares das pessoas e dos órgãos de comunicação social. Foi isto que aconteceu, e ainda bem, por imperativo nacional. Claro que já se fala que este entendimento entre PS e PSD pode prosseguir, no tocante a outras áreas. As exigências do País e o bem-estar dos portugueses exigem isso. Parar seria retroceder na democracia portuguesa. Fernando Martins

Tabaco faz mal

Escola decreta
proibição de fumar ::
A Escola Básica do 2º e 3º Ciclo Cidade de Castelo Branco decretou a proibição de fumar em toda a área do estabelecimento, uma medida pedagógica dirigida a alunos, funcionários e professores, segundo noticia o “PÚBLICO”. “Para dentro das grades da escola, é interdito o uso do tabaco. Não é uma medida administrativa, mas sim pedagógica. Pretende-se criar uma escola sem fumo”, frisa o presidente do Conselho Executivo, Jerónimo Barroso. O mesmo responsável esclarece que se trata de uma decisão tomada em sede de Conselho Pedagógico, onde “os fumadores perceberam a situação”. Penso que a atitude desta escola poderia muito bem ser repetida por todo o País, em respeito pela saúde de toda a comunidade educativa. Mas tal projecto não poderá singrar se não houver a colaboração empenhada de todos, inclusive dos pais e demais familiares. É bom sublinhar que a Escola Cidade de Castelo Branco foi distinguida, no ano passado, como um dos 400 estabelecimentos de ensino europeus tecnologicamente inovadores, ao nível de ferramentas administrativas e projectos pedagógicos, sublinha o “PÚBLICO”. Fernando Martins

quinta-feira, 7 de setembro de 2006

Geologia Sub-Aquática na Ria de Aveiro

Com o apoio da APA

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Começou hoje
Geologia Sub-Aquática
na Ria de Aveiro

Começou hoje, quinta-feira, na Ria de Aveiro, mais uma Acção de Divulgação Científica - Geologia no Verão, intitulada "Geologia Sub-Aquática na Ria de Aveiro", no âmbito do Programa Ciência Viva, promovido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e do Ensino Superior. Trata-se da 3ª edição desta Acção, previamente realizada em 2002 e em 2003.Desta vez, dado o seu sucesso, esta prolongar-se-á até ao final da manhã de 8 de Setembro. À semelhança das acções anteriores, esta Acção será coordenada pelo Prof. Luis Menezes Pinheiro (Departamento de Geociências e Centro de Estudos de Ambiente e Mar - CESAM), da Universidade de Aveiro. Contará com a colaboração do Prof. José Figueiredo Silva (Dep. Ambiente e Ordenamento e CESAM), e com as colaborações institucionais do Departamento de Geologia Marinha do INETI (Drs. Pedro Terrinha e Francisco Curado Teixeira) e da Administração do Porto de Aveiro (Comandante Pedro Lemos). Esta acção realizar-se-á a bordo da embarcação "Ria Azul", da APA. A equipa a bordo, para além dos responsáveis da campanha e da tripulação da embarcação (coordenada pelo Mestre da Lancha dos Pilotos, Licínio Rama), inclui ainda bolseiros e alunos de graduação e de pós-graduação (Henrique Duarte, Cristina Roque, Inês Martins e João Castro), e dois elementos ligados ao Ensino Secundário (Prof. Isabel Fernandes e Sandra Cardoso). Objectivos desta acção: Aquisição de perfis de reflexão sísmica nos canais da Ria de Aveiro, no âmbito da acção de divulgação científica - Ciência Viva: Geologia subaquática da Ria de Aveiro. Pretende-se adquirir novos dados na Ria de Aveiro e dar a conhecer aos participantes alguns dos métodos geofísicos utilizados para investigação da geologia de sub-superfície em meio aquático. Pretende-se igualmente familiarizar o público em geral com as técnicas de posicionamento GPS, medição de velocidades de correntes e a utilização de Sistemas de Informação Geográfica para interpretação integrada dos vários tipos de dados geológicos e geofísicos.Mais informações em:

http://www.geo.ua.pt/Ciencia_Viva/2006/Geol_SubAq_06/index.html

Um livro de António Ferreira Tavares e de Alfredo Barbosa

:: “HOSPITAL-ASYLO
CONDE DE SUCENA: 100 ANOS DE HISTÓRIA
(1906 - 2006)”
Para assinalar os 100 anos de história do Hospital-Asylo Conde de Sucena, a Santa Casa da Misericórdia de Águeda edita uma obra que reflecte a acção benemérita daquela instituição. O autor é o seu capelão, padre António Ferreira Tavares, sendo co-autor o jornalista Alfredo Barbosa. A edição, de luxo, profusamente ilustrada, dá-nos um retrato do que foi a vida do Hospital-Asylo, durante várias décadas, graças às pesquisas cuidadas do autor e à riqueza do espólio da instituição ou a ela ligado, que Águeda bem conhece pela sua intervenção social e humana. A anteceder os 29 capítulos, a obra oferece para a história 40 páginas de fotografias referentes à Santa Casa, a Mensagem do actual Provedor, Adolfo Roque, e a petição que endereçou ao Santo Padre, o Papa João Paulo II, pedindo a Sua Bênção Apostólica pelo 82º aniversário da inauguração do Hospital, que ocorreu a 15 de Agosto de 2004. Adolfo Roque sublinha que “este livro, ao recordar o passado glorioso do nosso Hospital Distrital de Águeda, pretende prestar homenagem a todos aqueles que contribuíram para que ele fosse uma unidade hospitalar de referência, não só pelas suas instalações – construídas pelo Benemérito Conde de Sucena (José Rodrigues de Sucena) e doadas pelo 2º Conde de Sucena (José de Sucena) – como pela qualidade do trabalho desenvolvido por todas as equipas que nele exerceram o seu mister, em que merece destaque especial o Dr. António Breda”. O Bispo de Aveiro, D. António Marcelino, recorda que “o Hospital-Asylo nasce da generosidade de alguém preocupado com os pobres, que então eram muitos e com muitas mazelas”, mas também “com a garantia do espírito evangélico que norteia e inspira desde as origens as Santas Casas”. Os 29 capítulos, recheados de referências históricas onde se enquadra a acção do Hospital-Asylo, mostra ao leitor interessado a relação dos que o dirigiram, bem como pormenores da vida dos seus beneméritos e de quantos se distinguiram nos serviços aos mais pobres. A lista dos actuais Irmãos da Santa Casa e diversas referências, decretos e actas, estatutos e outros documentos, tal como o último capítulo, com a História das Irmãs da Caridade, completam este livro que fica bem na estante de qualquer aguedense que tenha interesse por histórias de bem-fazer e pela vivência das obras de misericórdia na sua terra, que a Igreja Católica ensinou através dos séculos. Título: “Hospital-Asylo Conde de Sucena” Autor: António Ferreira Tavares Co-autor: Alfredo Barbosa Edição: Santa Casa da Misericórdia de Águeda Páginas: 208 Fernando Martins

Um artigo de D. António Marcelino

FAVORECIMENTO
LIVRE DA
ESCRAVATURA
Sensíveis como tantos se mostram às diversas formas de escravatura que proliferam no nosso mundo, é estranho o silêncio da comunicação social, dos políticos e dos fazedores de opinião e, até, do público em geral, em relação à publicidade, descarada e agressiva, da prostituição feminina e, também já, da masculina. Uns porque tiram daí proveitos significativos, outros porque temem enfrentar temas polémicos e é preferível meter a cabeça na areia, ainda outros porque não se querem sujar a pensar nestes problema que não favorecem um intelectualismo diletante e fácil e, as pessoas em geral ou porque já se resignaram ou por razões menos claras, que também as têm. Já aqui escrevi sobre o tema, o denunciei de mil maneiras. Procurei mesmo levá-lo a diversos responsáveis: donos dos jornais em causa disseram que deixariam de publicar, se todos os outros também deixassem (!); políticos encolheram os ombros, disseram palavras sumidas de condenação e por aí se ficaram; gente que escreve e podia escrever sobre o tema, começou a filosofar sobre a situação… Em boa hora o Jornal da Bairrada (30.08.2006) trouxe o problema aos seus leitores, pegando por uma aspecto, quiçá mais sensível aos guardiães da lei: “Os órgãos de comunicação que anunciam mensagens com este tipo de conteúdo, pela linguagem obscena utilizada, incorrem em processo de contra-ordenação, a ser apreciado e sancionado pelo chamado Observatório da Publicidade.” Fico à espera da reacção deste novo órgão, para ver, com curiosidade, se ele toca afinado sobre um tema relevante e de repercussão social. Toda a gente sabe que a cadeia do negócio da prostituição começa longe e são muitos os que dele beneficiam. Como se sabem também as causas mais visíveis que provocam esta forma de escravatura a que, de modo lírico, muitos se vão contentando em classificar “a mais antiga profissão do mundo”. Com alguma perseguição policial aos mais beneficiados e desonestos donos e intervenientes na rede, as penas não são de fazer fugir, nem de dissuadir do negócio. E, dizendo-se já abolidas formas vergonhosas da escravatura histórica, sobre esta que deita na lama tantas mulheres, até se dá cobertura, de mil maneiras, à sua escandalosa e cada vez mais sofisticada publicidade. A Igreja tem sido, de há muito, um atento observatório desta miséria. Ela é, também, a mão amiga estendida a quem quiser sair de vida tão degradante. O Ninho e Congregações Religiosas diversas fazem trabalho de rua ou de estrada para contactar, ouvir, aconselhar, ajudar em casas próprias. Também aqui na Diocese, religiosas e leigos se empenham, de modo benévolo, nesta tarefa humanizadora. Todos estes podem falar, como ninguém, no efémero de um céu que rende por um tempo, mas depressa se transforma num inferno que escraviza. Todos poderiam falar das mil histórias de vidas que traduzem desenganos, mentiras, necessidades dolorosas de sobrevivência, expropriação infame e caminhos difíceis de reabilitação que levam muitas mulheres a situações, humana e socialmente degradantes. O tema merece ser estudado e dado a conhecer com toda a sua crueza. Por enquanto vejo mais a grande imprensa diária a beneficiar desta mísera realidade do que a tentar dar uma contributo de solução ao problema. Mas vale a pena lutar, para que ao menos se veja quer é pela dignificação da pessoa ou pela sua escravização. Mesmo que não faltem mulheres que queiram esta vida e consumidores que delas se aproveitam. Valem bem pouco a Declaração Universal dos Direitos Humanos e a tão propalada defesa da igualdade. Quando as pessoas, por qualquer razão, se transformam em coisas a utilizar e deitar fora, está em curso a regressão humana e social. Publicitada, aproveitada, justificada. Uma vergonha civilizacional em pleno século XXI.

terça-feira, 5 de setembro de 2006

Incongruências

“O senhor António Fiúza [presidente do Gil Vicente] foi ouvido [na RTP 1] cerca de uma hora, o que é espantoso, porque um grande escritor português que publique a sua última obra nem sequer pode ter dez minutos para falar. Nem sequer um minuto.”
De Eduardo Prado Coelho, em “O Fio do Horizonte”, no “Público” de hoje
::: Temos o que merecemos
As televisões que temos são isto. Muitas rádios, sobretudo algumas que oiço, alinham pelo mesmo diapasão. É pena. Há quem pense que assim é que está bem. Porque, dizem, é disto (futebol) que o povo gosta. De futebol, com toda a sua importância económica e social, de pimbalhada, de mexericos, de banalidades, etc., etc. Para mim, não está correcto. O povo tem o direito de gostar daquilo que quiser, mas a comunicação social tem de afinar a sua programação por critérios que conduzam à formação e à elevação cultural desse mesmo povo. A princípio talvez mude de canal, mas acabará, um dia, por começar a gostar do que tem nível: de boa música, de boas entrevistas, de bons debates, de boas crónicas, de boas análises da vida, de boas mesas-redondas, de bons filmes, de boas reportagens, de boas telenovelas, de boas séries, de bom desporto, incluindo, obviamente, uma boa partida de futebol, sem nacionalismos por vezes ridículos. Diz Eduardo Prado Coelho, e com razão, que um grande escritor teria um minutinho para falar da sua obra. O mesmo acontece, normalmente, com outros artistas plásticos e de outras artes. Se forem artistas (?) das telenovelas ou dos futebóis, aí não faltará tempo para falar das suas vidinhas, mesmo que sejam uns canastrões. É isto. Temos o que merecemos. Fernando Martins

Um artigo de Alexandre Cruz

Recorde mundial
1. Não, desta vez não se trata de nenhuma prova de atletismo, dos 100 metros ou da maratona. Também não é um qualquer recorde daqueles a que estamos habituados e que insistem em perseguir-nos, como, por exemplo, os acidentes na estrada ou no trabalho. Trata-se de recorde que, pelos vistos também em Portugal, tem já longo caminho de alta velocidade: o crime de falsificação, o crime inteligente, ou seja a inteligência humana aplicada para o mal. É das coisas mais degradantes, e que interpela fortemente o ser humano na sua dignidade única, observar-se tanta técnica, ciência e investigação aplicada para o crime, a mentira, a corrupção. Na base de tudo (e não dizemos que tenha de ser assim, que “a guerra é o pai de todas as coisas”, como o clássico Heráclito), está o não olhar a meios para atingir fins, a pobreza de mente que gera a ânsia do desmedido, do querer ter mais e mais, sem regras nem éticas que lhe valham, e tudo rápido e sem trabalho. Pelo país a burla inteligente, após o caso crescente dos cartões Multibanco falsificados, atingiu o recorde mundial há breve tempo na apreensão de 7,5 milhões de dólares. Uma tipografia que se preparava também para a falsificação de documentos, lá no recôndito baixo Alentejo, era o local do crime. Os Estados Unidos agradeceram. Os enganadores foram apanhados e estão na justiça que assim “pediram”. A perfeição, qualidade e profissionalismo, das notas de cem dólares (não brincavam em serviço, nota grande!) era digna de registo, com altíssima qualidade de calibragem das cores (dizem os especialistas), confundindo-se dessa forma com as verdadeiras. 2. Há dias, já bem noite, observámos uma situação delicada numas bombas de gasolina da região… Nessa altura, lembramo-nos das notícias que tantas vezes lemos… A sensação de que a todo o momento estamos inseguros faz com que tenhamos de ter atenção redobrada em cada momento. O mundo, lá longe como cá perto, não é o cenário lindo e seguro que se sonhou. Qualquer dia, em todo o lado, nas sociedades que se orgulham e assim “cresceram” para de serem livres, veremos câmaras de observação em todas as ruas, esquinas, casas, empresas, praças; e depois, ainda, de cada edifício já estar a ser filmado, as câmaras voltam-se para os mares e as florestas pois alguém poderá poluir ou atear fogo! Será este o filme do futuro?! Onde houver perigo e insegurança (ou seja onde houver “homem”, com letra minúscula neste caso…) crescerá a observação fiscalizadora? Qualquer dia alguma empresa de telecomunicações cria o primeiro satélite para controlo permanente dos humanos, onde cada um tenha o seu BI sempre em elaboração, qual big brother do universo! Já estamos perto mas…claro que não, este mundo seria o mais triste dos mundos! A verdade é que, também no pós-11 de Setembro, as questões da segurança estão hoje na primeira linha de preocupação. Trata-se de uma “luta” entre toda a segurança que se procura e uma cruel inteligência do mal. Crescem as duas, par a par. Sendo certo que numa visão de maturidade humana não se poderá falar de fatalismos nem de maniqueísmos (como quem diria que trata-se do “bem” contra o “mal”), a verdade é que, agarrando os desafios pela positiva, será de desenvolver muito mais uma forte aposta de ética, educação, valores, referências positivas. Que dizer quando da banda desenhada para as crianças ao cinema mais espectacular, tantas vezes tudo é crime, degradação, miséria, mal? E que dizer mais ainda quando em tantas dessas visões “o crime compensa” e o sério e ético é visto como “trouxa”?! 3. Será nas mais pequenas coisas de cada dia, semeando e dando valor ao que tem valor, que se deve ir cuidado e dignificando a própria liberdade. Também, e infelizmente é necessário cada vez mais, robustecer fortes parcerias de informação, como no caso do recorde mundial dos dólares falsificados em que Interpol, Europol e Polícia Judiciária interagiram de forma exemplar. É verdade que o crime sempre superabundou devido à ilusão, cegueira e dureza humana. Mas também será certo que em países que encontraram a preciosa liberdade haverá de recriar formas e sinergias para que a própria liberdade não perca a validade. Porque existem e insistem brilhantes inteligências livres em falcatruas e falsificações que aprisionam a vida pessoal e social?

Um artigo de António Rego

Zangados com a vida
Nunca será demais procurarmos o ponto de equilíbrio entre a esperança - mesmo que se assemelhe a utopia - e a crueza aparente da realidade. Ou, se olharmos com serenidade, anotarmos o que temos e o que nos falta, o que somos e o que deveríamos ser, o feito e o por fazer. Muitos desabafos sobre o mundo, sobre os outros, sobre nós próprios, vêm de respiradores de outras condutas do nossos ser que são sopradas ora pela ilusão momentânea, ora pelo azedume com que encaramos a nossa vida e a dos outros. Atropelam-se as razões de queixa à nossa volta e parece que quanto mais próximas mais dilatadas pelo desencanto, para não falar dum complexo de pequenez que, dizendo no plural e incluindo-nos no verbo, sempre pretende deixar de fora os parapentes que sobrevoam, olham, e nada transformam da realidade. Há factos que propiciam este clamor colectivo eufórico ou depressivo em espaços muito curtos e cíclicos. Muitos apontam a causa: as janelas abertas e envidraçadas da comunicação que se tornam rapidamente responsáveis pela propagação das desgraças e benesses que caem sobre o povo. E cada dia tem a dimensão do dia do fim do mundo ou do arraial ébrio com vapores de dissipação rápida. Onde o ponto de equilíbrio e rotura neste barco multimilenar em que todos somos remadores e todos fazemos ondas? Vamos ser honestos: o mundo mudou e não para pior. Os amargurados que tudo consideram perdido com o dogma de "no meu tempo não era assim", como lembram a escravatura, o desprezo legal pelos pobres, a exploração silenciada dos trabalhadores, a fé envolta em medo, as crianças com trabalho obrigatório, a ciência e o desenvolvimento olhados como obra do diabo? Onde está a memória histórica e não muito distante do quanto não éramos e do muito que ganhámos em dimensão de vida, de cultura e fé? Mesmo no nosso país, porquê desprezar o caminho que se já percorreu, apenas pela verbosidade sensual da crítica corrosiva a todas as coisas? Criticar é preciso e sempre fez falta. Mas o farisaísmo maldizente a nada conduz, ou melhor, diverte e realiza quem o faz, por não saber fazer outra coisa.

segunda-feira, 4 de setembro de 2006

Importância do cristianismo

Papa lembra importância
do Cristianismo para
a construção da sociedade
Bento XVI falou ontem da importância do Cristianismo para a construção da sociedade, lembrando o papel do monaquismo para a civilização europeia. Na recitação do Angelus, em Castel Gandolfo, o Papa centrou a sua reflexão na figura de São Gregório Magno(c. 540 - 604), Papa e Doutor da Igreja, figura fundamental num momento em que “nascia uma nova civilização do encontro entre a herança romana e os chamados ‘bárbaros’, graças à força da coesão e da elevação moral do Cristianismo”. “O monaquismo revelava-se uma riqueza, não só para a Igreja, mas para toda a sociedade”, acrescentou. A catequese desta manhã teve algumas passagens curiosas, pelo paralelismo que é possível perceber: Bento XVI recordou que Gregório Magno tentou “fugir” à sua eleição como Papa e acabou por cumprir este dever como um simples “servo dos servos de Deus”. Por outro lado, o Papa lembrou que este Doutor da Igreja desenvolveu um importante trabalho apesar da sua “saúde precária”. De Gregório Magno ficou a reforma do canto, ainda hoje chamado “Gregoriano” e ainda a sua Regra pastoral para o clero, na qual defendia que “a vida dos pastores deve ser animada por uma síntese equilibrada entre a contemplação e a acção, animada pelo amor”. Na saudação aos vários peregrinos presentes, Bento XVI pediu “obediência sincera à luz de Deus” e que os fiéis sejam capazes de “descobrir sempre a sabedoria e a bondade contidas nos mandamentos divinos”. Às crianças e jovens presentes, quase a iniciar um novo ano escolar, o Papa desejou “sucesso na aquisição da ciência e da sabedoria”.
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Fonte: Ecclesia

DANÇA EM AVEIRO

De 4 a 15 de Setembro “XII ESTÁGIO DE DANÇA DE AVEIRO
O “XII Estágio de Dança de Aveiro” tem início hoje, dia 4 de Setembro, prolongando-se até ao 15 deste mês. As aulas vão decorrer das 9.15 às 20 horas, no Teatro Aveirense e na Casa Municipal da Cultura de Aveiro – Edifício Fernando Távora. A edição deste ano apresenta novidades, concretamente o curso de Pedagogia da Dança Criativa para professores, que é destinado principalmente a professores de dança e a outros formadores (educadores, professores do ensino básico) que queiram completar o seu ensino com outras abordagens do corpo e do movimento, em que a experiência criativa será utilizada como base para o ensino. Aldara Bizarro é a formadora. Outra novidade é a Dança Criativa para pais e filhos. Através de uma abordagem lúdica do movimento criam-se espaços para o desenvolvimento da autoconfiança, cooperação e autonomia, num conjunto de cinco aulas que muito favorecerão a relação entre a criança e o adulto participante. Destina-se a crianças dos 3 aos 5 anos e um adulto acompanhante que poderá ser o pai, a mãe ou um dos avós, devendo ser sempre a mesma pessoa. As formadoras serão, na primeira semana, Marta Silva, e Aldara Bizarro, na segunda. O “Estágio de Dança de Aveiro”, organizado pela Câmara Municipal de Aveiro, vai já na 12ª edição. Desde 1994 que a dança é o ponto de encontro entre pessoas de diversas idades e regiões do país. Durante duas semanas os participantes aprendem novas modalidades e aperfeiçoam técnicas. No dia 15 de Setembro, pelas 21.30 horas, no Teatro Aveirense, terá lugar a “Aula Aberta” que consiste numa apresentação ao público de conhecimentos adquiridos na frequência das aulas do estágio. A entrada é gratuita. : Leia mais no portal da CMA

D-eficiente

«As pessoas ainda
olham de lado»
www.d-eficiente.net é uma página de Internet que pretende derrubar as barreiras arquitectónicas e sociais que se criaram entre a sociedade e as pessoas com deficiência. Pedro Monteiro é natural de Estarreja e estuda na Universidade de Aveiro. Por sentir falta de um local de debate sobre a deficiência, decidiu desenvolver o projecto de um espaço na Internet onde se podem trocar ideias, dar sugestões, ler artigos e obter informações sobre a deficiência. A página ainda não está completa, mas Pedro Monteiro quer partilhar este trabalho com todos quantos queiram colaborar. Actualmente o «site» ainda não dispõe de tecnologia para pessoas invisuais, mas o autor garante que esta questão está a ser resolvida.
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Leia a entrevista no Diário de Aveiro de hoje

domingo, 3 de setembro de 2006

Um artigo de Anselmo Borges, no DN

Modernidade
e crise do
humanismo
No processo da modernidade, que são os últimos 300 anos, o humanismo ocupou lugar determinante. Quando comparamos épocas, constatamos que a cultura grega foi fundamentalmente cosmocêntrica, na medida em que era a partir do cosmos ou da natureza que compreendia a realidade. A Idade Média foi teocêntrica: tudo era visto e compreendido a partir de Deus. A modernidade fez do homem o centro, sendo a partir dele que tudo se legitimava.
A grande aspiração foi então a emancipação frente à natureza, à tradição, à religião. O objectivo era a plena conquista de si mesmo em todos os domínios. A posse de si mesmo significa autonomia e será alcançada mediante a confiança no poder da razão, sobretudo na sua vertente físico-matemática, que renuncia ao conhecimento das essências metafísicas para concentrar-se nos fenómenos quantificáveis e, portanto, matematizáveis.
A razão e a liberdade são as armas com que o homem moderno tem a convicção de poder realizar o seu projecto. Mas precisamente este projecto - e estou a seguir José M. Vegas - tem desde a raiz a marca de uma ambiguidade, que consiste na cisão da experiência humana em dois âmbitos irreconciliáveis.
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Leia mais no DN

Gotas do Arco-Íris – 29

CAMÕES:
IGUARIAS COLORIDAS
E ... GALINHAS
Caríssimo/a: Depois da sesta, reparei que ainda tinha sobre os joelhos o primeiro número da Oceanos e na página 36. Aí José Quitério fala-nos de “Camões e a mesa”. Bem, vamos primeiro ao arco-íris:
De iguarias suaves e divinas, A quem não chega a egípcia antiga fama, Se acumulam os pratos de fulvo ouro, Trazidos lá do Atlântico tesouro. A laranjeira tem no fruito lindo A cor que tinha Dafne nos cabelos; Encosta-se no chão, que está caindo, A cidreira co'os pesos amarelos: Os formosos limões, ali cheirando, Estão virgíneas tetas imitando. As cerejas purpúreas na pintura; As amoras, que o nome têm de amores; O pomo, que da pátria Pérsia veio, Melhor tornado no terreno alheio. Abre a romã, mostrando a rubicunda Cor, com que tu, rubi, teu preço perdes; Entre os braços do ulmeiro está a jocunda Vide, com cachos roxos e outros verdes.
Mas agora vem a parte que me fez rir, não só porque fala de galinhas mas também porque Camões brinca com as situações. Vejamos: “O senhor de Cascais prometeu a Camões seis galinhas recheadas por umas cópias que lhe fizera, mandando-lhe em princípio de paga meia galinha recheada. O poeta retruca, lesto:
Cinco galinhas e meia Deve o senhor de Cascais, E a meia vinha cheia De apetite para as mais.
“Ou como aconteceu com o duque de Aveiro... que perguntou ao poeta o que queria da sua mesa e que lhe respondeu logo que bastava que lhe mandasse uma galinha; esqueceu-se o duque ou fingiu esquecer-se e, depois de haver jantado, quando já não havia outra coisa lhe mandou uma peça de vaca e o poeta pelo mesmo criado lhe mandou estes versos:
Já eu vi o taverneiro Vender vaca por carneiro, Mas não vi, por vida minha, Vender vaca por galinha Senão ao duque de Aveiro.
Quase me parece um sacrilégio desejar-vos um bom S. Paio com a respectiva caldeirada bem amarela e, lá pela tarde, uma anafada talhada de melancia vermelhinha.. Manuel

sábado, 2 de setembro de 2006

Um livro de M. Oliveira de Sousa

Ensaios de Filosofia Social

:: “Ponta de Lança”

Hoje de manhã, no CUFC (Centro Universitário Fé e Cultura), foi apresentado o livro “Ponta de Lança”, uma compilação de crónicas publicadas durante uma década no “Correio do Vouga”. É seu autor M. Oliveira de Sousa, actual presidente do Conselho Directivo da Escola Secundária Dr. João Carlos Celestino Gomes (Ílhavo) e director do Departamento Nacional da Pastoral Juvenil. Na apresentação deste seu primeiro livro, Oliveira de Sousa confessou que, com estas crónicas, teve a preocupação de chegar à juventude, “com toda a amplidão possível”, sempre com a ideia de “ir para além do futebol”. Tal como no futebol o ponta de lança não pode ficar parado, indo à frente e atrás, à direita e à esquerda, assim escreveu (e escreve) o autor nas suas crónicas semanais, “desportivamente, mesmo sem ser de desporto”, olhando tudo o que o rodeia e o sensibiliza. Tendo permanentemente como meta integrar-se no grupo dos que assumem o esforço comum para alcançar a verdade, M. Oliveira de Sousa disse que o futebol foi, semana a semana, a inspiração para reflectir e levar a reflectir sobre “a necessidade de mudança”, acrescentando que, no fundo, “todos somos pontas de lança”. Para D. António Marcelino, que presidiu à sessão de lançamento da obra, o “Ponta de Lança” é um livro para se ler de quando em quando, numa tentativa de “confrontarmos a nossa opinião com outras opiniões”. Mas logo adiantou que, quem escreve, não pode ter a pretensão de querer que todos pensem do mesmo modo. “Os contrários enriquecem”, sublinhou o Bispo de Aveiro. Quem como eu teve o privilégio de ler e reler as crónicas de Oliveira de Sousa, desde a primeira hora, no Correio do Vouga, não pode deixar de sublinhar o seu interesse pela vida concreta das pessoas, à sombra do fenómeno social do desporto, em geral, e do futebol, em particular. Desportivamente, pelo desporto, o autor foi convidando os seus leitores a reflectirem sobre opções e comportamentos, decisões e omissões, alegrias e tristezas, mas também sobre políticas justas e injustas, fé e religião. Ironia e humor, misturados com sentido crítico e bom senso, mais sonhos e projectos podem ler-se nestas crónicas que, muitas delas, estavam escritas há bastante tempo. O autor limitou-se a pôr-lhe uma capa, por sinal bonita e simbólica, também de sua autoria. No fundo, trata-se de um livro carregado de “pepitas que não se podem perder pelo ouro que comportam”, como refere D. António Marcelino, em texto publicado na contracapa. : Ficha Técnica Título: “Ponta de Lança” – Ensaios de Filosofia Social Autor: M. Oliveira de Sousa Edição: Paulinas Editora Páginas: 190 : Fernando Martins

sexta-feira, 1 de setembro de 2006

Ricos e pobres no mundo

Solidariedade:
conceito para
pôr em prática
A solidariedade deve ser um sentimento com consequências práticas. A opinião é do presidente da Cáritas portuguesa no Dia Internacional da Solidariedade, ontem celebrado. "É necessário que se implemente uma cultura de solidariedade. A solidariedade não pode ser apenas, e já isso prevenia João Paulo II na Solicitude Social da Igreja, um mero sentimento, ela tem de ser, de acordo com a definição de João Paulo II, uma determinação firme e perseverante", afirma Eugénio da Fonseca. Neste Dia Internacional da Solidariedade, o sociólogo Bruto da Costa afirma que a aposta de hoje em dia tem que ser na solidariedade à escala mundial. "Os 500 indivíduos mais ricos do mundo têm mais rendimento do que 416 milhões de pessoas pobres no mundo. Não precisamos de mais para realçar a importância da urgência da solidariedade no nosso mundo", sustenta Bruto da Costa.
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Fonte: Ecclesia

Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré celebra aniversário

De microfone em punho, o Tio Retinto ensinou
muito na hora de se criar o Grupo Etnogáfico
:: Vinte e três anos
ao serviço
do folclore e da etnografia
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O Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré está de parabéns. Hoje, 1 de Setembro, completa 23 anos de vida, sempre ao serviço da etnografia, em geral, e do folclore, em particular. Durante todo este tempo, tem levado bem longe o nome da Gafanha da Nazaré e sua região. Com tenacidade e com a preocupação de mostrar o genuíno das tradições da nossa terra, o Grupo é uma excelente referência da nossa terra. 
Durante este quase quarto de século, para além da pesquisa, estudo e divulgação dos usos e costumes que nos foram legados pelos nossos antepassados, o Grupo Etnográfico organizou, desde a primeira hora, festivais e colóquios, bem como pôs de pé diversas iniciativas etnográficas. Todos os anos tem publicado uma brochura por altura do Festival que realiza na Gafanha da Nazaré, onde grava para a história elementos que mais tarde, e já agora, hão-de ser bastante apreciados. Mas o Grupo Etnográfico não se tem limitado a organizar os seus festivais: o da cidade da Gafanha da Nazaré, o da Praia da Barra e o da festa em Honra de Nossa Senhora dos Navegantes. Ele também participa em festivais por todo o País e ainda tem ido ao estrangeiro. 
Foi por sua iniciativa que surgiu a Casa Gafanhoa, casa-museu que nos mostra o viver de um lavrador abastado dos princípios do século XX. O número de visitantes atesta o interesse da Casa Gafanhoa, que é um núcleo museológico integrado no Museu Municipal de Ílhavo. A história do Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré, porém, não começou em 1 de Setembro de 1983. Dois anos antes, uma festa da catequese da paróquia de Nossa Senhora da Nazaré, da Gafanha, foi o ponto de partida para a criação daquela instituição. E é dessa festa a fotografia que hoje e aqui publico, onde se destaca o Tio Retinto, cantador e bailador que muito ensinou aos que apostaram, então, na fundação do Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré.
Parabéns ao grupo e a todos os seus dirigentes e componentes, na certeza de vão continuar. 

Fernando Martins

Imagens de Aveiro

:: Monumento
a João Afonso de Aveiro
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Os monumentos de Aveiro merecem um dia, ou mais, para serem conhecidos. Por qualquer canto, e às vezes em sítios pouco esperados, há monumentos com a sua história, dedicados a vultos que, na sua época, enriqueceram a vida das comunidades a que pertenceram.
Este monumento, que hoje ofereço aos meus leitores, mostra-nos "Um dos homens de D. João II que desvendaram os segredos da terra e do mar no caminho da Índia", como se lê na legenda que nos situa no tempo. Pode ser apreciado no Rossio.
Foto inserida no livro "Aveiro, cidade de água, sal, argila e luz".

Biblioteca de Aveiro moderniza-se

Acervo vai estar na Internet
A Biblioteca Municipal de Aveiro continua a melhorar os serviços que oferece aos amantes dos livros. Sejam eles simples leitores, estudantes, investigadores ou apenas curiosos. Em breve, tudo o indica, os utilizadores daquele espaço cultural vão poder consultar o catálogo das obras ali existentes, sem precisarem de se deslocar à Biblioteca. A aplicação de um novo sistema informático vai obrigar à adaptação dos recursos humanos e tudo se encaminha para que, brevemente, cada um, em sua própria casa, possa entrar na Biblioteca e ver o que por lá pode encontrar, evitando, assim, deslocações inúteis, como tantas vezes acontece. Entretanto, já se começa a falar que a Biblioteca Municipal de Aveiro precisa de um novo edifício. Se isso fosse possível, e necessário, que ela fique no centro da cidade, à mão de semear. É que a cultura, se a atirarem para um canto qualquer, acaba por ficar esquecida. F.M.

Poeiras do Porto de Aveiro

Gafanhões protestam contra poeiras
É público que os gafanhões residentes na zona envolvente ao Porto de Aveiro estão em luta contra o pó que os ventos arrastam para as suas casas e quintais, causando prejuízos a muita gente. E também é público que o director da APA (Administração do Porto de Aveiro), José Luís Cacho, já reconheceu que há, de facto, as poeiras que tantos danos causam às pessoas, alegando, no entanto, que se trata de uma realidade pontual, que ocorre em dias de ventos fortes. Prometeu que vai tentar resolver o problema, com a plantação de arbustos na montanha de areias que esperam colocação no mercado da construção civil. Todos os gafanhões esperam, por isso, que tudo se resolva a bem. Sempre defendi que o progresso é indispensável, mas também sempre acreditei que lhe estão associados alguns custos. É o caso. Que fazer então? Penso que a luta dos gafanhões, justa e oportuna, tem de levar as autoridades a debruçarem-se sobre o assunto, através de um diálogo civilizado e com a envolvência de técnicos competentes. Uma solução tem de ser encontrada, quanto antes, e não pode ficar ao sabor das ideias mais ou menos engenhosas de quem quer que seja. O assunto tem de ter uma resposta científica, até porque agora não se pode tirar o Porto Comercial daquele local. O progresso, que ao longo dos anos defendi e continuarei a defender, não pode atingir-se a qualquer preço. Os direitos das pessoas têm de ser salvaguardados e a qualidade de vida das populações não pode ser retórica fiada. Urge resolver a questão das areias e do pó de substâncias que chegam ao cais do Porto Comercial. Tem de haver uma solução técnica o mais depressa possível. Para bem de todos. Fernando Martins