quinta-feira, 17 de novembro de 2005

Comissão da Liberdade Religiosa promove colóquio sobre Religião no Estado Democrático

LEI DA LIBERDADE RELIGIOSA NO CENTRO DO DEBATE
A Comissão da Liberdade Religiosa promove de 25 a 26 Novembro o I Colóquio “A Religião no Estado Democrático”. A iniciativa terá lugar no Centro Ismaili (Av. Lusíada – Lisboa).
No encontro serão colocadas em confronto as visões sobre a Religião no Estado democrático nos sistema alemão, inglês, espanhol e português.
A Lei da Liberdade Religiosa também estará no centro do debate.
A Comissão da Liberdade Religiosa foi criada ao abrigo da Lei nº 16/2001 de 21 de Junho, a Lei da Liberdade Religiosa. É um órgão independente de consulta da Assembleia da República e do Governo.
(Para conhecer programa, clique ECCLESIA)

COMPLEMENTO DE PENSÕES PARA IDOSOS

Governo aprova hoje complemento de pensão para idosos
O Conselho de Ministros aprova hoje o decreto que institui o complemento de pensão para idosos, prestação social que será paga a pessoas com mais de 65 anos e com rendimento mensal inferior a 300 euros. Segundo fonte do Governo, o diploma será apresentado no final do Conselho de Ministros pelo titular da pasta do Trabalho e da Solidariedade Social, Vieira da Silva, e prevê uma aplicação gradual em termos etários.
Em 2006, o complemento de pensão abrangerá apenas os idosos com mais de 80 anos, estendendo-se depois progressivamente aos idosos com 75 anos (em 2007) , 70 anos (2008) e 65 anos (em 2009).
De acordo com o mesmo elemento do executivo, "o valor do complemento de pensão será equivalente ao montante necessário para que cada pensionista idoso perfaça os 300 euros por mês".
(Para ler mais, clique PÚBLICO)

Um artigo de Cardoso Ferreira, no Diário de Aveiro

Posted by Picasa Museu Marítimo de Ílhavo abre-se às escolas
As visitas que têm lugar no Museu Marítimo de Ílhavo integram-se no conjunto denominado «Rota dos veleiros», enquanto que na designada «Rota dos arrastões» estão as visitas que têm por palco o Navio Museu Santo André.
A «Rota dos veleiros» é constituída pelas visitas «A bordo do dóri», concebida para as crianças do pré-escolar; «A faina do dóri» é a visita criada para os alunos do primeiro ciclo, enquanto que para os alunos do segundo e terceiro ciclo é proposta a visita «Rumo ao Atlântico Noroeste» e para os alunos do ensino secundário a visita proposta é «Uma viagem à Terra Nova».
Os alunos de todos os graus do ensino básico e secundário também têm à sua disposição a visita «Fainas da Ria» e a visita integral ao museu.
Na «Rota dos arrastões» incluem-se as visitas temáticas «Um dia a bordo do Navio Santo André» e «Uma viagem no Navio Santo André», a primeira direccionada aos alunos do pré-escolar e do primeiro ciclo, e a segunda dirigida aos alunos do segundo e terceiro ciclo e do secundário. Para todos estes graus de ensino está também disponível uma visita integral ao navio-museu.
O Museu Marítimo de Ílhavo programou a realização de ateliers temáticos mensais, destinados a grupos/turmas que, de uma forma divertida, permitem aos participantes conhecerem e experimentarem o museu, os seus espaços, exposições e património.
Até ao final do ano lectivo, já estão programados os seguintes ateliers: «Peixes e barcos da ria» (10 de Janeiro), «O pescador do bacalhau» (7 de Fevereiro), «Bolhas, agulhas e bússolas» (7 de Março), «Conchas e algas» (2 de Maio) e «Mar salgado» (1 de Junho).
O Serviço Educativo do Museu Marítimo de Ílhavo tem por missão proporcionar experiências de conhecimento e lazer aos professores e alunos interessados em buscar no museu um complemento dos processos de ensino e aprendizagem. Por esse motivo, o programa de visitas visa sensibilizar os alunos para os patrimónios marítimos; transmitir e partilhar vivências e memórias do mar; promover a preservação e construção de memórias sobre os patrimónios materiais e imateriais que habitam o museu; promover uma cidadania do mar.
Para que esse objectivo seja alcançado de uma forma mais concreta, para cada visita há um conjunto de maletas pedagógicas dentro das quais o professor e os seus alunos encontram materiais para, na sala de aulas, prepararem adequadamente a respectiva visita e, após a visita, novamente na escola, podem aprofundar o que viram no museu e satisfazer algumas curiosidades através de um caderno didáctico de actividades elaborado com essa finalidade.

Um artigo de D. António Marcelino

Posted by Picasa Bispo de Aveiro Testemunho aberto
e silêncio imposto Foi numa paróquia distante, onde já não ia há muitos anos. Tinham-se feito obras de vulto como apoio pastoral ao templo, e o pároco quis mostrar-me tudo. Pelo meio da visita, foi falando de um grande benfeitor, por sinal muçulmano, pessoa de haveres e de maior generosidade, com uma abertura extraordinária em relação a todos quanto faziam alguma coisa pelos outros, fossem eles quem fossem. Como parecia proporcionar-se a ocasião, quis apresentar-me esse seu amigo. Não foi possível. Eram os dias do Ramadão e ele recolhia-se num silêncio orante. Só aparecia quando era mesmo necessário. Este testemunho, que denunciava um grande respeito pelas normas da sua religião e por um amor efectivo ao seu próximo, tocou-me e fez-me pensar. Na nossa sociedade, quem não tiver convicções profundas corre o rico de ser inútil e abafado pelos seus interesses ou por um silêncio que lhe é imposto e a que não resiste, pelas mais variadas razões. Há hoje um clima social que parece querer atirar para a clandestinidade aqueles que decidem fazer o seu caminho com liberdade interior. O ambiente em que, por vezes, se vive pesa, atrofia, denigre, mormente quando se trata de aspectos religiosos mais respeitantes à pessoa individual e menos a expressões públicas tradicionais. Mesmo assim, não falta quem se incomode com a manifestação religiosa pública, ainda que respeitosa e séria, vendo sempre aí agressão gratuita aos não crentes e poluição a mais num Estado laico. O silêncio, imposto a outrem, é sempre um ataque injusto à liberdade de expressão, qualquer que seja a forma de imposição. A liberdade religiosa é, se for tomada a sério, a mais construtiva das expressões da liberdade humana. Exprime a profundidade interior, o compromisso de uma vida, o sentido da acção, a pobreza pessoal de quem só aposta no material e se resigna ao vazio e ao efémero. Ela convida à abertura ao transcendente, não se conforma com o meramente exterior, denuncia as formas de mentira e opressão. Por isso tem sido, ao longo da história, a liberdade mais perseguida, porque a mais incómoda para quem não se sente interiormente livre e põe a sua força no poder, seja ele político, material, ideológico ou mesmo religioso de cariz fanático. Porém, a mesma história vai dizendo que é a única liberdade que sobrevive a perseguições e ataques, calúnias e declarações de morte, porque é aquela que qualquer pessoa pode guardar dentro de si e expressar e cultivar, mesmo quando o clima é adverso. “O que está dentro de nós e Deus nos deu, ninguém o rouba, se a gente não quiser”. Assim me disse um homem humilde, mas convicto, anónimo para mim, como eu para ele, quando, numa manhã de Domingo, lhe dei boleia na estrada, que ambos percorríamos. Quem tiver força interior para afirmar, em qualquer circunstância, o mundo da sua fé, será sempre vencedor. Um testemunho aberto e público de uma fé convicta e coerente, à revelia dos ventos laicistas que sopram e vão consolando os instalados que se negam à procura do que o coração lhes exige, e constipando muita gente de religião fácil, recebida por tradição, mas nunca acolhida, motivada e alimentada, é sempre um ar novo e reconfortante numa sociedade envelhecida e vazia de sentido.O confronto, religioso ou não, entre pessoas sérias, não é oposição. É expressão de respeito e de mútuo enriquecimento, de abertura e de tolerância activa. Para se afirmar aquilo em que se acredita não é preciso destruir o outro que não tem o mesmo credo político ou religioso. Os que lutam contra outra pessoa, não tendo no horizonte senão a sua destruição, ainda que seja por displicência ou mera sobranceria, denunciam pobreza moral e menos respeito para consigo próprios. Estas pessoas, que as há e gozam do favor da comunicação social, empobrecem sempre a sociedade.

quarta-feira, 16 de novembro de 2005

CÁRITAS LANÇA OPERAÇÃO DE NATAL

"10 Milhões de Estrelas - Um Gesto pela Paz"
A Cáritas Portuguesa apresenta no próximo dia 17 a sua operação de Natal “10 Milhões de Estrelas – Um Gesto Pela Paz”. A conferência de imprensa tem lugar pelas 10h30m, na instituição de apoio a crianças em situação de risco, Florinhas da Rua, sita no Campo Mártires da Pátria, 67-1º.
Filosofia da operação
Num mundo dilacerado pela guerra, é mais do que nunca necessário actuarmos em conjunto para promovermos a paz, a solidariedade e a reconciliação. Só unidos e com gestos concretos teremos capacidade para nos opormos à violência. Neste Natal, contrariando as tendências consumistas que desvirtuam o seu verdadeiro sentido, a Caritas Portuguesa lança um desafio a todos os cidadãos, independentemente das suas convicções religiosas ou políticas: vamos, juntos, acender uma vela, símbolo do nosso desejo de paz para o mundo.
(Para ler mais, clique aqui)

CARACTERIZAÇÃO SOCIAL, ECONÓMICA E CULTURAL DAS FREGUESIAS

Um mapa social para transformar o país
O estudo "Caracterização Social, Económica e Cultural das Freguesias" é um mapa social de Portugal que deve servir para identificar a evolução das problemáticas sociais no nosso país e equacionar as respostas dadas ao nível territorial mais básico - o da freguesia. É um instrumento fundamental para as IPSS que estão instaladas no terreno e um guião de necessidades para quem pretende intervir no desenvolvimento social local. O estudo dá um cariz científico a um campo de intervenção normalmente pautado pela iniciativa, "carolice", desafio, intuição, boa-vontade, oportunidade e, infelizmente nalguns casos, oportunismo. A "Caracterização Social, Económica e Cultural das Freguesias" permite perceber que em muitos casos existe desadequação entre a oferta e a procura no "mercado social"; permite concluir que há novos problemas que estão a descoberto da solidariedade e da iniciativa quer do Estado quer da sociedade civil; permite corroborar o diagnóstico das doenças de um desenvolvimento desequilibrado que favorece o litoral e o urbano. Algumas das conclusões são apresentadas aqui, no Solidariedade Online. A extensão, a complexidade e a competência científica do estudo merecem uma análise cuidada e profunda por parte dos promotores sociais e decisores políticos. O estudo é, de facto, um mapa social. É preciso arranjar forma de o disponibilizar às IPSS para que encontrem o melhor caminho para a sua função social.
(Para ler mais, clique SOLIDARIEDADE)

"Educação Sexual em meio escolar"

Parecer da Comissão Episcopal da Educação Cristã
Foi divulgado, para consulta pública, o “Relatório Preliminar” do Grupo de Trabalho de Educação Sexual (GTES), criado por Despacho da Ministra da Educação, “com o objectivo de estudar e propor os parâmetros gerais dos programas de educação sexual em meio escolar, na perspectiva da promoção da saúde escolar” (1).A Comissão Episcopal da Educação Cristã, partilhando a preocupação e o interesse da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) pela matéria em apreciação, e na continuidade com a Nota publicada pela mesma sobre “A Educação da Sexualidade” (23.06.2005), vem enviar o seu Parecer à Direcção-Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular, que torna público, contribuindo, assim, para o debate a decorrer sobre a “Educação Sexual em meio escolar”.
(Para ler mais, clique aqui)

No Salão Paroquial da Vera Cruz

ABORTO: UMA SOLUÇÃO? Por iniciativa da Escola de Pais da Paróquia da Vera Cruz, vai realizar-se na sexta-feira, 18 de Novembro, pelas 21.30 horas, no salão paroquial, junto à igreja matriz, uma sessão de esclarecimento, seguida de debate, em torno do tema “Aborto: Uma Solução?”. Esta iniciativa conta com a colaboração dos médicos Luís Marques e Carlos Ramalheira, da ADAV (Associação para a Defesa e Apoio à Vida), e destina-se a educadores, nomeadamente, pais, professores, catequistas, médicos, enfermeiros, jornalistas e demais pessoas interessadas pelo assunto. A organização convida, ainda, em especial, os jovens, de todas as idades, sobretudo noivos. Para mais informações, contactar o diácono permanente José Carlos Costa, pelo telemóvel 96 2773600.

ORÇAMENTO DO ESTADO

RAZÕES QUE A RAZÃO
DESCONHECE Quando o Governo de José Sócrates apresentou o Orçamento do Estado (OE) para 2006, foram muitas as vozes de economistas e de políticos da área do PS e do PSD que louvaram o esforço e a coragem do Executivo. Finalmente, tínhamos um Orçamento que apostava na regularização das contas públicas e na redução do défice, sem subterfúgios. Porém, na hora da verdade, o PSD não teve a coragem de se demarcar do complexo de uma oposição (própria de todos os Partidos) que nada vê de credível no que os outros se propõem fazer. E votou contra. Manuela Ferreira Leite, cuja competência e credibilidade não sofrem contestação, entre gente honesta, condenou a atitude do seu Partido, porque entendia que o OE não merecia o voto contra. Em sua defesa, vieram ex-ministros das Finanças de Cavaco Silva, Miguel Beleza e Eduardo Catroga. Claro que o PSD reagiu à posição de Manuela Ferreira Leite, mas não convenceu os mais atentos à política nacional. Afinal, às vezes, os Partidos Políticos seguem razões que a razão desconhece. F. M.
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NB: Razões técnicas e de saúde impediram-me de actualizar o meu Blogue, com a regularidade a que habituei os meus leitores. Embora com algumas dificuldades, já cá estou, pedindo desculpa a todos por alguns lapsos.
F.M.

domingo, 13 de novembro de 2005

Dificuldades técnicas

Dificuldades técnicas impedem-me de actualizar o meu blogue. Logo que possível, cá estarei. F.M.

"O AVEIRO" HOMENAGEIA O PADRE JOÃO GONÇALVES

  
Padre João Gonçalves 


  Padre João distinguido com "Prémio Personalidade" 


O Padre João Gonçalves foi ontem distinguido com o Troféu "Personalidade" na Gala do jornal "O Aveiro", realizada no Teatro Aveirense. Transcrevemos o texto da apresentação do galardoado: "Tirar espinhos às rosas"

O P. João Gonçalves nasceu há 61 anos atrás sob o signo da simpatia, da cordialidade e da perseverança. Ordenado Padre em 1969, cedo se dedicou à causa social, sendo essa a sua maior preocupação. Daí que não fale de si, mas da obra onde há 15 anos é presidente, as 'Florinhas do Vouga'.
A instituição 'Florinhas do Vouga', criada em 1940 pelas mãos de D. João Evangelista, então Bispo de Aveiro, presta apoio a 200 crianças. É a Instituição de Solidariedade Social mais antiga de Aveiro e uma das primeiras a intervir no Bairro de Santiago, ao qual está intimamente ligada, através de Jardins-de-Infância, ATL e Centros de Apoio Juvenis.
Não esqueceram os mais idosos, tendo Apoio Domiciliário e Centro da Terceira Idade. O grande sonho é acabar a construção das novas instalações começadas em 1992. Sonho que queremos partilhar. "O galardão foi entregue ao P. João e a prenda, a receita da Gala realizada, é para a Instituição 'Florinhas do Vouga'. Um reconhecimento merecido e um lembrar uma área e uma instituição tão necessitadas de apoio.

Fonte: "Site" da Paróquia da Glória

sábado, 12 de novembro de 2005

Descoberta a igreja mais antiga da Terra Santa

UMA DESCOBERTA DAS MAIS IMPORTANTES DOS COMEÇOS DA CRISTANDADE
Arqueólogos israelitas descobriram os restos da que poderia ser a igreja mais antiga da Terra Santa. O achado foi feito numa prisão de máxima segurança, numa estrada que desce do monte Armagedón, na cidade de Megiddo.
Segundo a agência Reuters, um dos especialistas, Yardena Alexandre, manifestou que "esta é uma das descobertas mais importantes dos começos da Cristandade". "O que é importante nesta descoberta é que é em um período de transição. É o começo das igrejas. Não havia um plano padrão para a construção", acrescentou.
Para o chefe das escavações, o arqueólogo Yotam Tepper, "esta é, com certeza em Israel, a igreja mais antiga", e acrescentou que "já foram descobertos lugares de orações na Terra Santa que poderiam ser mais antigos que as ruínas da prisão, mas nenhum foi classificado como uma igreja".
Os especialistas estimam que os restos correspondem à metade do século III e princípios do IV.
Fonte: Ecclesia

ÍLHAVO: "O NOSSO MAR... QUE FUTURO?"

Posted by Picasa O nosso mar NA BIBLIOTECA MUNICIPAL DE ÍLHAVO, DIA 15
Na Biblioteca Municipal de Ílhavo, vai ter lugar uma conferência, subordinada ao tema "O NOSSO MAR...QUE FUTURO?", no dia 15 de Novembro, pelas 15 horas, no âmbito do Projecto "Rota do Peixe da Ria e do Mar" da Câmara Municipal de Ílhavo, co-financiado pelo programa MARIS.
Para Inscrição: geral@cm-ilhavo.pt
Data limite para a inscrição: 14 de Novembro.

sexta-feira, 11 de novembro de 2005

"O AVEIRO" HOMENAGEIA O PROF. CARLOS BORREGO

Posted by Picasa Hoje, 11 de Novembro, na II Gala O Aveiro
O Prof. Carlos Borrego é homenageado hoje, 11 de Novembro, pelo jornal O Aveiro, com o Troféu José Estêvão na categoria «Carreira». Um reconhecimento do seu já longo percurso profissional «não só como investigador e docente, mas também como autor de inúmeros artigos de investigação e de opinião, sempre em defesa do Meio Ambiente, e que lhe permitiram atingir uma significativa projecção ao nível internacional». O prémio vai ser atribuído durante a II Gala O Aveiro, que decorre hoje, no Teatro Aveirense, a partir das 21h30.
(Para ler mais, clique UA)

Um artigo de D. António Marcelino

Posted by Picasa D. António, Bispo de Aveiro
UMA SUGESTÃO SÁBIA
E PERTINENTE Fui há tempos surpreendido pela informação de que, numa escola secundária, o professor de Português determinou que os seus alunos lessem o Código da Vinci, esperando, por certo, que, com tal leitura, ainda em tempo de uma euforia pouco crítica, eles ficassem enriquecidos culturalmente. Dias depois, tive ocasião de ler no diário Avvenire, um jornal em expansão progressiva e considerado já dos melhores e mais sérios diários italianos, estas palavras, em jeito de pergunta e sugestão, de um conhecido pensador laico, De Sanctis: “Porque é que nas escolas públicas, onde se fazem ler aos alunos tantas coisas frívolas, não penetrou ainda uma boa antologia bíblica, que possa proporcionar uma dimensão moral para a vida, no sentido mais elevado?” Tomei nota da sugestão, pois trazia ainda na memória a iniciativa do nosso professor de Português. É evidente que, se tal vier a acontecer, ou seja a proposta de uma antologia de textos bíblicos nas escolas, o laicismo preconceituoso, ao qual parece nada interessar a cultura séria, nem a estruturação da vida em valores morais sólidos e abertos, rasgará as vestes e dará gritos de escândalo e de alerta, que logo chegarão a instâncias governamentais, por vezes guardiãs pressurosas de mal entendidas exigências de um estado laico ou não confessional. Também assim é não confessional, o Estado italiano. Porém, um pensador que se confessa laico e como tal é conhecido, não hesita em fazer a sugestão. A diferença estará em se tratar de um laico inteligente e culto, que se contrapõe à cegueira do preconceito e da incultura de muitos que se confessam tais. A Bíblia, que para além de ser o Livro fundamental do Cristianismo é, também, uma obra universal de indiscutível valor cultural. Está recheada, independentemente da fé de quem lê, de textos e de acontecimentos que ressumam de iluminação e estímulo moral, para quem quiser viver uma vida com sentido e demarcar-se, diariamente, do vazio e do efémero que, de mil maneiras, a sociedade consumista e hedonista propõe e divulga. Quem não se sentirá estimulado com as parábolas maravilhosas do Filho Pródigo, do Bom Samaritano, da ovelha perdida? Quem poderá ficar indiferente ao ler o encontro revelador de compreensão, misericórdia e tolerância de Jesus com Zaqueu, a samaritana, a mulher adúltera, esmagados pelo seu pecado e pela incompreensão farisaica, e com o apóstolo Pedro, quando este chorava a sua fraqueza e infidelidade? Quem não encontrará estímulo para a vida do dia a dia, ao ver a grandeza de Alguém que, no momento da sua morte, volta, numa ânsia de perdão, o coração misericordioso para os seus algozes? Quem se recusará a encontrar o segredo de uma vida cheia de paz, ao ler como na Carta aos Coríntios se revela a grandeza impar do amor que enforma a vida? Quem depreciará o valor do tempo ou o malbaratará, quando toma consciência de que, havendo tempo para tudo na vida, o que é importante é saber ser dono dele? Quem poderá ficar indiferente ao ver a disponibilidade de tanta gente que, para servir uma causa justa não olha a dificuldades, nem se anicha em comodismo e ânsia de poder?... Podíamos continuar, sem fim à vista, esta reveladora antologia bíblica. Haja quem faça a escolha, em função do fim proposto, e quem faça dela, depois, uma proposta permanente de ajuda à gente nova, que enche as nossas escolas e a quem, para além das matérias escolares, pouco ou nada se dá que possa constituir dimensão moral para a vida, com a dignidade que ela exige e deve comportar.

ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS, NO DIÁRIO DE NOTÍCIAS

Primeira análise
aos manifestos A propósito dos manifestos dos candidatos presidenciais, objecto de análise na edição de ontem, o DN solicitou a opinião de Pedro Magalhães (a quem colocámos duas questões) e António Costa Pinto Olhando para os manifestos, qual é o traço distintivo mais nítido dos candidatos a Presidente da República?
Neste momento, qualquer análise dos documentos programáticos das diversas candidaturas só pode ser impressionista e superficial, especialmente tendo em conta o facto de que alguns desses documentos ainda não são conhecidos (não disponho, quando escrevo este texto, do manifesto de Francisco Louçã, e de Jerónimo de Sousa só conheceremos o Compromisso no próximo dia 14). Nas ciências sociais, a análise aprofundada do conteúdo de documentos desta natureza é uma área altamente especializada de investigação, uma actividade morosa e que recorre a meios técnicos sofisticados. Mas correndo o risco do impressionismo e da superficialidade, há alguns aspectos gerais que penso poderem ser apontados.
O primeiro é o da aparente ausência nestas eleições de conteúdos programáticos claramente associados a uma ideologia de direita, seja da direita "económica" seja da direita "dos valores". Cavaco Silva, o candidato mais à direita, compromete-se inequivocamente com a "função redistributiva" do Estado e defende objectivos gerais para políticas públicas nas mais variadas áreas, cuja prossecução implica inevitavelmente a ausência de alterações fundamentais no modelo de actuação do Estado.
É certo que, em matérias potencialmente mais caras a uma "esquerda cultural" (imigração ou igualdade entre homens e mulheres, por exemplo), o manifesto de Cavaco Silva é silencioso, ao contrário do que sucede com os dos seus principais competidores. Mas não deixa, por exemplo, de erigir a "melhoria da qualidade ambiental" ou a mobilização dos cidadãos para uma "participação mais intensa" como objectivos fundamentais para o País, posições dificilmente classificáveis como "conservadoras". Assim, não parece existir, do ponto de vista estritamente programático, um candidato de direita, o que é sintomático quer da estratégia específica de Cavaco Silva para estas eleições quer, num sentido mais profundo, das vastas áreas de consenso ideológico no eleitorado português ou, para ser mais preciso, da relutância das elites políticas portuguesas em activarem politicamente clivagens sociais e ideológicas latentes (mas nem por isso menos reais).
(Para ler o texto todo, clique DN)

RACISMO E XENOFOBIA

"O árabe ou o negro é um meteco, que [em França] não se vê na televisão e na política e nunca chega a lugares de influência ou poder. E, logicamente, um dia o meteco começa a queimar carros" Vasco Pulido Valente, PÚBLICO, 11-10-2005"
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Esta citação de Vasco Pulido Valente deve levar-nos a pensar se em Portugal não acontece o mesmo. Cá para mim, acontece, apesar de continuarmos com a ideia de que somos diferentes, para melhor.
Onde estão os portugueses de cor nos mais altos cargos do Poder Autárquico, na Assembleia da República e em tantos outros lugares de destaque do Estado? Onde estão eles na chefia das grandes empresas e em outras posições, ao mais alto nível, do sector privado?
Ou será que eu estou a ver mal?
Não seria bom começarmos a olhar para a França, para, a tempo e horas, evitarmos o desastre em que resultou a má integração que os franceses fizeram aos seus imigrantes?
F.M.

quinta-feira, 10 de novembro de 2005

ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS

HÁ CANDIDATOS QUE QUASE SÓ FALAM PELA NEGATIVA
Como é público, estamos em pré-campanha para as eleições presidenciais. O Presidente da República, qualquer que venha a ser, tem de ser o Presidente de todos os portugueses. Mas para isso, a meu ver, tem de se comportar como pessoa impoluta e com capacidade, elevada ao máximo, para saber respeitar toda a gente. E se o não demonstrar nesta fase, é bem possível que, uma vez sentado na cadeira presidencial, não consiga receber o respeito de todos os seus e nossos compatriotas.
Eu sei que as campanhas eleitorais são, por norma, muito aguerridas e às vezes até ofensivas, mas logo tudo se esquece. Não devia ser assim, até porque já vivemos em democracia há tempo bastante para aprendermos a ser correctos em todas as circunstâncias da vida. E como a acção política é uma acção nobre, mais razões há para os políticos se comportarem com dignidade, antes e depois de assumirem o poder.
Isto vem a propósito de alguns candidatos ao mais alto cargo da Nação se comportarem como crianças mal-educadas. Passam a vida a dizer mal dos outros cadidatos, esquecendo-se que os eleitores só querem conhecer os seus projectos e as suas propostas de actuação.
Por que motivo não falam só de si e das suas ideias para o País? Por que razão perdem tempo com a maledicência e com acusações ridículas, não apostando, antes, numa campannha pela positiva?
Fernando Martins

CUFC: SEMANA DA ARTE, DE 14 A 18 DE NOVEMBRO

Posted by Picasa Adelino Laranjeira UMA SEMANA PARA NOS ENRIQUECER A TODOS
O Centro Universitário Fé e Cultura (CUFC) organiza, mais uma vez, a SEMANA DA ARTE, de 14 a 18 de Novembro, em jeito de abertura da SEMANA DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA DA UA, que decorre de 21 a 27 deste mês.
A SEMANA DA ARTE é mais uma iniciativa recheada de motivos de interesse e marcada pela presença e intervenção de conferencistas de renome no País, que vêm oferecer uma mais-valia a todos quantos, os mais atentos, quiserem aproveitar estas oportunidades não muito frequentes entre nós. No dia 14, pelas 21 horas, Guilherme d’Oliveira Martins, presidente do Conselho Nacional de Cultura e do Tribunal de Contas, vai ajudar na reflexão, que se impõe, sobre “Compreender Portugal, educar e preparar o futuro”. E no dia seguinte, à mesma hora, José Ferreira Mendes, presidente do Departamento de Física da Universidade de Aveiro, e Fernando Nobre, presidente da AMI – Assistência Médica Internacional, vão desenvolver, respectivamente, os temas “Einstein, traços de uma vida para além da Física” e “Quando a Solidariedade Global é a urgência”. No dia 16, também às 21 horas, Júlio Pedrosa, antigo reitor da UA e actual presidente do Conselho Nacional da Educação, falará, em ambiente de Conversa com…, sobre “A Cultura Geral e o Espírito crítico na Comunidade”. E no dia 17, ainda à mesma hora, Manuel Augusto Oliveira, da Associação dos Amigos da Ria e do Barco Moliceiro, abordará o tema “Origens e histórias do Barco Moliceiro e da Ria de Aveiro”. Nos dias 16 e 17, os serões serão enriquecidos com momentos musicais, a cargo do Duo de Guitarras, DeCA-UA e da Confraria Gastronómica de São Gonçalo. Durante a SEMANA DA ARTE, os artesãos e artistas Adelino Laranjeira, Adelaide Lérias, António Nogueira e José Augusto mostrarão a todos, no átrio do CUFC, como se trabalha e como é possível tornar o nosso mundo mais belo.
A Oficina de Arte e a Oficina da Escrita, de que já dei notícia neste espaço, serão orientadas por António Nogueira e por Rosa Maria Oliveira, respectivamente, estando o lançamento programado para a tarde de 16 de Novembro. As sessões vão decorrer todas as quartas-feiras, até meados de Dezembro.
F.M.

Comentário aos Evangelhos de 2006

Este livro será lançado hoje, dia 10, e tem a chancela das Edições Firmamento
Hoje, dia 10 de Novembro, pelas 19 horas, será lançado no Palácio das Galveias, ao Campo Pequeno, o livro “Evangelhos 2006 Comentados”, com a chancela da Edições Firmamento.
Correspondendo ao ano litúrgico designado por Ano B, esta edição dá continuidade ao primeiro volume intitulado “Evangelhos 2005 Comentados”, publicado pela mesma editora há um ano, correspondente aos Evangelhos do Ano A, e será completado em 2007, com a publicação dos Evangelhos do ano C.
O princípio que orientou este projecto consistiu em fazer acompanhar cada um dos evangelhos dominicais dos anos A, B e C de um comentário redigido por pessoas de confissões religiosas diferentes – católicos, protestantes, ortodoxos judeus, muçulmanos, budistas, hindus, agnósticos, entre outros – estimulando o diálogo inter-religioso.
Em 2006 alargou-se o âmbito da intervenção do livro ao espaço dos países de língua portuguesa, convidando personalidades espiritualmente relevantes de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Índia Macau, Moçambique S. Tomé, Timor e, naturalmente, Portugal, para comentarem os evangelhos dominicais.
Cada livro reúne cerca de 60 indivíduos, dos quais, no volume de 2006, destaca-se: D. José Policarpo, Cardeal Patriarca de Lisboa, Pe. Vítor Melícias Sheik David Munir, Rabi Boaz Pash, Agustina Beça Luís e Alda Santos, Embaixadora de S. Tomé e Príncipe.

Um artigo de Francisco Sarsfiel Cabral, no DN

Posted by Picasa Integração Perguntam-me porque não escrevi ainda sobre a intifada em França. A razão é simples tirando algumas ideias de sociologia barata (efeitos do desemprego, imigrantes a viverem em guetos, desenraizamento da segunda geração, etc.), pouco de construtivo tenho a dizer. Todos dão por enterrado o modelo francês de assimilação. O Estado promete ali aos imigrantes igualdade perante a lei. Mas tal não impediu a exclusão social e racial.
Só que os outros modelos de integração não parecem melhores. Como escreveu o director do DN, "o drama desta Europa envelhecida é que precisa da imigração, mas não a sabe, ou não a quer, integrar". O modelo britânico permite ampla liberdade cultural às comunidades imigrantes - nada de proibir véus islâmicos, por exemplo. Mas recordem-se os atentados terroristas em Londres, realizados por gente relativamente integrada e bem sucedida na sociedade britânica. Ou a famosa tolerância da Holanda, que virou ódio ao estrangeiro. Ou, ainda, as limitações do melting pot americano, evidenciadas pelo furacão Katrina.
No caso francês não ajudou um Presidente com queda para a demagogia. Nem a desunião no interior do Governo, com o primeiro- -ministro Villepin e o ministro do Interior Sarkozy rivalizando para sucederem a Chirac. Como também não ajudou o paternalismo francês que vê nos desordeiros meras vítimas do sistema e não cidadãos responsáveis. Os imigrantes têm de aceitar as leis e os valores básicos do país que os acolhe. Mais importante, o individualismo egoísta predominante dificulta que se encarem os problemas da sociedade e tende a tornar invisíveis as pessoas que com eles sofrem. Isto sem falar da desumana exploração de que são alvo muitos imigrantes, sobretudo os ilegais, em Portugal nomeadamente. A culpa não é só dos políticos.

SEMANA DOS SEMINÁRIOS: Mensagem do Bispo de Aveiro

Posted by Picasa O Seminário é nosso e os padres estão ao serviço de todos nós Estamos em plena Semana dos Seminários. Dias apropria-dos para reforçar a nossa relação de amor e de fé com a instituição fundamental e a mais indispensável na Igreja Diocesana.
O Seminário mostra a preocupação permanente do Bispo da Diocese e dos seus colaboradores, para que não faltem à Igreja Diocesana os padres necessários para o seu serviço. Uma preocupação traduzida na promoção, constante e alargada, de novas vocações, no acolhimento e estímulo aos pré-seminaristas e seminaristas, no apoio das comunidades cristãs e dos seus membros, em relação aos encargos e despesas decorrentes da formação dos futuros padres.
O aumento do número de seminaristas e a perseverança dos mesmos na caminhada de discernimento e amadurecimento vocacional não são actos alheios ao conjunto dos membros da Igreja Diocesana. Todos os cristãos precisam do padre, todos se devem empenhar em que tenhamos padres generosos, dedicados e fiéis ao dom gratuito que receberam de Deus, não para seu proveito próprio, mas para servir, em permanência, o Povo de Deus.
Temos cerca de trinta jovens em caminhada vocacional. Nove deles em estudos teológicos e os restantes em estudos do terceiro ciclo e do curso secundário. Poderão e deverão ser mais, se a preocupação e o esforço de todos nós, bispo, padres, diáconos, pais, educadores da fé, catequistas, professores de Educação Moral e Religiosa, animadores de movimentos e grupos juvenis, dirigentes do CNE, se tornarem mais efectivos.
O edifício do nosso Seminário, renovado e acautelado na sua arte, tem lugar para muitos mais seminaristas, mesmo estando ele ao serviço, permanente ou ocasional, da formação de leigos. Ainda não está paga a dívida das obras feitas recentemente, mas não nos falta esperança de que a saldaremos dentro em breve, porque nunca os cristãos da Diocese, padres e leigos, regatearam ajuda ao Seminário. Isto mesmo ficou bem claro, por motivo e ocasião do meu jubileu sacerdotal, em Junho deste ano.
Nesta “Semana dos Seminários” peço, aos cristãos da Diocese, oração, generosidade no ofertório habitual, estima pelos nossos seminaristas e interesse em promover as vocações sacerdotais. O que peço é um dever de todos, mas nem por isso deixo de o agradecer.
António Marcelino,
Bispo de Aveiro

quarta-feira, 9 de novembro de 2005

DECÁLOGO CATÓLICO SOBRE ÉTICA E MEIO AMBIENTE

Posted by Picasa Serra do Caramulo A QUESTÃO AMBIENTAL É UMA MANEIRA MODERNA DE PROPOR A QUESTÃO SOCIAL
No congresso sobre “Ética e meio ambiente”, que teve lugar na segunda-feira passada na Universidade Europeia de Roma, apresentou-se um decálogo que expressa o ensinamento da doutrina social da Igreja Católica sobre o meio ambiente. No encontro interveio o cardeal Renato Raffaele Martino, presidente do Conselho Pontifício “Justiça e Paz”, dizendo que “a questão ambiental é uma maneira moderna de propor a questão social”. O bispo Giampaolo Crepaldi, secretário desse mesmo Conselho do Vaticano, resumiu num decálogo interpretativo os ensinamentos contidos no décimo capítulo do Compêndio da Doutrina Social da Igreja. Oferecemos a seguir uma síntese do mesmo.

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DECÁLOGO SOBRE ÉTICA E MEIO AMBIENTE

1) A Bíblia tem de ditar os princípios morais fundamentais do desígnio de Deus sobre a relação entre o homem e a criação. 2) É necessário desenvolver uma consciência ecológica de responsabilidade pela criação e pela humanidade. 3) A questão do meio ambiente envolve todo o planeta, pois é um bem colectivo. 4) É necessário confirmar a primazia da ética e dos direitos do homem sobre a técnica. 5) A natureza não deve ser considerada uma realidade em si mesma divina, portanto, não fica subtraída à acção humana. 6) Os bens da terra foram criados por Deus para o bem de todos. É necessário sublinhar o destino universal dos bens. 7) Requer-se colaborar no desenvolvimento ordenado das regiões mais pobres. 8) A colaboração internacional, o direito ao desenvolvimento, ao meio ambiente sadio e à paz devem ser considerados nas diferentes legislações. 9) É necessário adoptar novos estilos de vida mais sóbrios. 10) Deve-se oferecer uma resposta espiritual, que não é a da adoração da natureza. Fonte: Agência Zenit

CITAÇÃO

Ninguém sabe – ou se parece preocupar – que tipo de sociedade ou de Homem cada um defende ou propõe defender no país, porque num Mundo sem projecto, que interessa o essencial? Num mundo de «sound-bites» televisivos, o que interessa a coerência e os valores humanos, se isso não faz notícia?
António Mateus, in Jornal de Negócios
Fonte: Citador

Um artigo de Alexandre Cruz

UNIVER(SAL)IDADES Como apagar o fogo de França? Ainda que venham uma valentes chuvas de inverno, com o granizo mais forte, este fogo francês não se apaga. Está ateada, e num fogo geracional, uma realidade em gestação durante as últimas décadas e que demonstra bem claro a desagregação social latente que chega desta forma perturbante à luz da noite francesa. Não é cinema (embora este ajude a deitar lenha!), é bem real. Quase 40 anos depois do Maio de 68… É preciso não fazer (nem pânicos nem) leituras simplistas, procurar bem fundo os “porquês”, captar o “sinal” de força irracional que tem raízes bem profundas e acaba por interpelar o próprio modelo europeu e ocidental. A Europa (já sem a matriz cultural de “dignidade absoluta” e o próprio Ocidente) do dinheiro, dos números, das fórmulas, da tecnologia que substitui a Pessoa, da quantidade… não responde ao desafio da Humanidade neste século XXI. Está à vista, ou não fossem as noites agitadas de França, a partir da cidade das Luzes, a demonstração clara de que não há por onde fugir, feitiços e feiticeiros entrecruzam-se, encontram-se e trocam as voltas ao mundo da razão sócio-política. Essa ideia habitual de esconder nos subúrbios das cidades a miséria social acaba por dar o resultado que vemos... Na hora em que escrevemos, já lá vão quase 5000 carros incendiados, quase 1500 pessoas detidas, perto de 300 municípios, queimados dezenas de edifícios públicos, escolas, esquadras policiais, empresas. Um sem contagem de violência urbana realizada por jovens com bilhete de identidade francês mas “estrangeiros”, desintegrados…e quando olhamos no mapa, está a França toda num caos, nas escolhidas maiores cidades, e com sérios receios de efeito “contaminação” para os países vizinhos, Alemanha, Bélgica. O que move tais acções vândalas? Que ideal pretendem atingir? Até onde irão? Entre tantas outras estas serão as perguntas primárias que poderemos fazer, mas quanto a respostas a incógnita é o futuro que temos pela frente... Talvez possamos falar de uma forma de mostrar “poder”, chamar a atenção, despertar a opinião e os poderes públicos para uma afirmação do grande colectivo (quase sempre esquecido) que sobrevive nos bairros sociais das grandes cidades, onde intolerância é, tantas vezes, a palavra de ordem. Será uma forte reacção, com semelhança para as grandes manifestações anti-globalização, rejeição à modernidade tecnológica que, em sociedade de consumo e altíssima competição, acaba por deixar na margem a grande multidão de pessoas? Será que estes considerados pessoas “marginalizadas” descobriram forma de afirmação sem precedentes e com impressionante sucesso (na sua óptica), a propagar? Um facto é claro: os bairros sociais, por esse mundo (rico) fora quase sempre esquecidos na hora de enfrentar o crime e miséria instalada, são habitados por imensas comunidades de pessoas que já se habituaram à dor… São lugar de vício e crime que ultrapassa toda a racionalidade, sendo por isso natural o “medo”. São espaços de desumanidade onde escapar para uma dignidade de vida mais plena, ou procurar trabalho (para aqueles que ainda têm essa motivação e força de vontade) é quase proibido sendo visto como um pactuar com a sociedade de consumo (que se critica), tal é a força das leis próprias, linguagens, dos gangs, das etnias em convulsão. Os subúrbios das cidades são terríveis sub-mundos de degradação humana, e muitas vezes impenetráveis pelas autoridades pelo próprio medo de repressão. Nestes dias, a partir de Paris, a verdade veio saiu à rua pela noite dentro. Presente em Lisboa para o Congresso da Nova Evangelização, o Cardeal de Paris, Jean-Marie Lustiger sublinha que “há dezenas de anos que os poderes públicos não intervêm, e não apenas nos bairros problemáticos, mas também na sociedade em geral e em relação aos jovens.” Apagar (e compreender) este fogo perturbante é o desafio que as instâncias sociais, e afinal de contas todos nós, temos em mãos. Estamos em tempos de positiva inclusão plural de todos os contributos ao serviço da paz e do desenvolvimento humano. O mundo intelectual e o da política, como o contributo de cada cidadão que já descobriu o seu papel construtor na sociedade, recebem hoje um forte impulso a descerem mesmo à realidade para, nas causas, conseguir abrandar a profunda insatisfação e indignidade de toda esta multidão (de jovens) que já têm a vida assinalada de forma menor. Serão a “responsabilidade” e a “família” as palavras mágicas dos discursos sociais capazes de solucionar esta questão de fundo? E que fazer quando todo o discurso ético-social é insignificante diante das novas gerações tecnológicas? Onde chegámos! É dramático, em última instância, estarmos a assistir em França às consequências do vazio de cultura, sentido e sensibilidade que se espelha na asfixia de sentido de vida de uma geração em perigo que já não se revê no mundo que os pais lhes deixaram, mas também não sabem se querem lutar por algum mundo diferente. Haverá capacidade e vontade colectiva para dar a volta à situação? E com que líderes? (Não falamos de tecnologia! Falamos de Pessoas!) Onde estão eles, líderes com um sonho e uma profundidade de vida contagiante?! Eles existem, e em alturas de crise sempre a esperança os mostrará. Mas por agora, acalmado o pó, uma “inclusão” digna e saudável, num pensar a redefinição d’ A Pessoa na Cidade de Hoje, talvez seja um caminho possível. Ou não serão muitas das grandes cidades de hoje uma amálgama de multidão sem mínimos laços nem identidade social…?!