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sexta-feira, 3 de setembro de 2021

Faz tudo bem feito. Abre-te

Reflexão de Georgino Rocha
para o Domingo XXIII do Tempo Comum

Fomos e regressámos da lua, mas temos enorme dificuldade em atravessar a rua para visitar o vizinho

O episódio do surdo-mudo ocorre na região da Decápole, situada além Jordão, território independente, habitada por gente pagã. A missão para Jesus não tem fronteiras nem faz discriminações, não se limita a confirmar o que há de bom no homem, mas visa iniciar uma nova criação. Mc 7, 31-37.
Marcos localiza Jesus na região de Tiro ( costa do atual Líbano) e quer ir para a Galileia. Faz um caminho que passa por Sídon (ainda na costa do Líbano) e pela Decálope («Dez cidades», zona da atual Síria e parte da Jordânia). Caminho que indicia a intenção do evangelista de apresentar Jesus como o missionário do Pai que visita todos os territórios pagãos e, neles, todos os homens que estão à espera de salvação.
O episódio do surdo-mudo constitui uma expressiva mensagem, valiosa para todos os tempos, mas sobretudo para os nossos, tão profundamente marcados pela surdez e incomunicação generalizadas, na era em que torrentes de informação circulam sem limites de qualquer espécie.

sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Georgino Rocha — PERGUNTA CRUCIAL, RESPOSTA SUBLIME


O ser humano tende a fazer perguntas que saciem a sua curiosidade e fome de saber. É sinal dos limites da natureza finita e da aspiração infinita do seu espírito. Faz perguntas desde a mais tenra idade e sobre os mais diversos assuntos, chegando normalmente a interrogar-se sobre o sentido da vida, a identidade pessoal, a convivência em sociedade, o futuro após a morte, Deus, Jesus Cristo, Igreja, família.
Tem tendência a interrogar Deus, a pedir-lhe explicações dos seus actos, a julgá-lo no “tribunal da razão” pelas suas ausências e cumplicidades.
A pergunta do ser humano é um eco das perguntas que Deus lhe faz ao longo da história: Adão, onde estás? Caim, que fizeste do teu irmão? Povo meu, que te fiz eu? Responde-me – suplica por meio do profeta. E vós, quem dizeis que eu sou? – indaga Jesus aos seus discípulos.
Este modo de ser manifesta a relação mais profunda e o diálogo mais salutar que, naturalmente, se estabelece entre ambos: criatura e criador, ser carenciado e salvador, ser peregrino na história e senhor do tempo e da eternidade.
Deus dá sempre resposta à interrogação do ser humano, embora possa não seja a que este espera. Importa estar atento. O ser humano nem sempre responde às perguntas feitas por Deus à consciência pessoal e social. Daí, a necessidade de reconsiderar e de reorientar a atitude assumida, desfazendo o desvio e procurando a sintonia.
Jesus, fiel intérprete de Deus e do homem, entra na lógica da pergunta e da resposta. E, dirigindo-se aos discípulos, questiona-os algumas vezes, sobretudo quando pretende verificar o reconhecimento da sua identidade e da sua missão. Que dizem a meu respeito? E para vós quem sou eu? Perguntas feitas junto ao mar de Tiberíades e que têm repercussões universais, interpelação dirigida a um grupo e que se destina a toda a humanidade, ao longo dos tempos.

sexta-feira, 2 de junho de 2017

ABRE-TE AO ESPÍRITO QUE JESUS ENVIA

Reflexão de Georgino Rocha


Festa de Pentecostes

Jesus surpreende os discípulos trancados em casa por medo dos judeus. Encontra-os seguros, mas sem iniciativa nem esperança, paralisados. Alenta-os possivelmente a vaga recordação da promessa de regresso feita pelo Mestre, mas o drama da morte deitou tudo a perder. Serve-lhes de conforto a presença de Maria que permanece em oração confiante.
O apóstolo João começa a narrativa de hoje (Jo 20, 19-23) de forma auspiciosa: “Era a tarde do primeiro dia da semana”. Um novo presente está a germinar. O medo cede lugar à confiança. A casa à praça pública. O vazio à plenitude. A segurança à liberdade. O local ao universal. A culpa ao perdão. A retenção à missão. A transformação vai ser radical. Tudo isto e muito mais porque Jesus ressuscitado se apresenta no meio deles e os saúda de forma emblemática: “A paz esteja convosco”.

Que momento solene vivem os discípulos! A alegria inunda-lhes o coração. Os olhos contemplam o crucificado que ressuscitou e está ali presente. É Ele que lhes mostra as cicatrizes das mãos e do lado. É Ele que não os recrimina de nada, mas confia em cada um com renovada convicção. É Ele que lhes entrega o Espírito Santo como dom do Pai. É Ele que os envia em missão de paz e perdão até aos confins do mundo. Noutros encontros, Jesus indica mais facetas desta missão universal e garante que vai com eles percorrer os caminhos da vida.

O Papa Francisco convidou-nos, na segunda-feira passada, a dar resposta à pergunta: “Qual o lugar que o Espírito Santo tem em nossa vida: «Eu sou capaz de ouvi-lo? Eu sou capaz de pedir inspiração antes de tomar uma decisão ou dizer uma palavra ou fazer algo? Ou o meu coração está tranquilo, sem emoções, um coração fixo?». E prosseguiu: Se nós fizéssemos um eletrocardiograma espiritual, o resultado em muitos corações, seria linear, sem emoções. Também nos Evangelhos há essas pessoas, pensemos nos doutores da lei: acreditavam em Deus, todos sabiam os mandamentos, mas o coração estava fechado, parado, não se deixavam inquietar”. E nós?

A narração, além do realismo histórico possível, contém um símbolo de alcance permanente. Especialmente visível, no nosso tempo. Deparam-se, em contraste de provocação, o medo e a confiança, a segurança e a liberdade, a estagnação e a ousadia, o isolamento e a abertura, a exclusão dos sonhos e a inclusão de novas realidades. “O mundo chamado a pensar-se e a fazer-se de um modo novo, afirma José Losada em Homilética 2017/3, sente temor, pânico e insegurança pela complexidade do processo… Um olhar sereno ao nosso próprio interior, aos nossos espaços familiares, laborais, sociais, políticos, económicos, eclesiais, bastará para dar nome a centenas de temores… Um olhar compassivo descobrirá, imediatamente, os que estão fora, os que querem entrar e batem às portas fechadas, os que estariam dispostos a morrer para chegar até nós, mas a nossa segurança cruel não lhes permite e afoga-os no mar”.

Jesus, em consonância com o coração humano, quer outro mundo. Por isso, envia o seu Espírito aos discípulos, aos cristãos missionários. Juntos são arautos da verdade e do amor, da fortaleza e da liberdade, da igualdade e da fraternidade, da dignidade comum, do cuidado da criação e das criaturas, do desenvolvimento das capacidades humanas e das energias cósmicas. Juntos protagonizam a realização do projecto de Deus que persiste em construir a sua família integrando como filhos todos os seres humanos.

A festa do Pentecostes celebra esta maravilha inaudita. Com profunda tradição bíblica, reveste hoje o dinamismo da nova era messiânica que perdurará até ao fim dos tempos. Com particular incidência no presente, lança grandes desafios à Igreja actual e à consciência de quem deseja o bem integral da humanidade. Enunciam-se apenas alguns: falar as línguas do amor e da justiça; escutar cada ser humano no seu idioma peculiar: a sua dor e angústia, o seu desnorte e resignação; acolher a verdade, provenha de quem provier, e construir “pontes de união”; viver a comunhão no interior das suas comunidades a partir da diversidade de dons, funções e ministérios; estar atenta às fomes e sedes do mundo e contribuir, positivamente, para serem superadas; acompanhar com solicitude de mãe todos os que pretendem crescer na fé e, como discípulos fiéis, participar na assembleia dominical e na celebração da eucaristia.

Santa Teresa de Calcutá expressa, em oração singular, o sentido desta missão que a todos diz respeito. “As obras do amor são sempre obras de paz. Cada vez que partilhais o amor com outros, sentireis que a paz vos envolve a vós e a eles. E onde há paz, aí está Deus. É derramando a paz e a alegria nos corações que Deus toca a nossa vida e nos mostra o seu amor. Conduzi-me, Senhor, da morte à vida, do erro à verdade. Levai-me do desespero à esperança, do temor à confiança. Fazei-me passar do ódio ao amor, da guerra à paz. Fazei que a paz encha os corações, o nosso mundo, o nosso universo: Paz, paz, paz”. Festa de Pentecostes: Abre-te ao Espírito Santo que Jesus nos envia.

sábado, 10 de setembro de 2016

As dúvidas da santa da sarjeta

Crónica de Anselmo Borges 


1. Era assim que lhe chamavam: a "santa das sarjetas". Ela foi a encarnação da compaixão e da misericórdia, da generosidade pura, junto dos mais pobres, daqueles e daquelas junto de quem ninguém está, dos "não pessoas", dos que nem na morte têm alguém e, por isso, morrem como cães, na valeta da rua, da estrada e da vida. "Passei toda a minha vida num inferno, mas morro nos braços de um anjo do céu", foram as últimas palavras de um desses moribundos que ela acolhia.
Teresa de Calcutá foi canonizada pelo Papa Francisco no domingo passado, na presença de mais de cem mil pessoas. "Declaramos e definimos Santa a Beata Teresa de Calcutá e inscrevemo-la no Livro dos Santos, decretando que em toda a Igreja ela seja venerada entre os Santos." O povo há muito que sabia que ela é Santa: já era venerada por cristãos e também por hindus, muçulmanos, budistas...
E Francisco falou. "A Deus agrada toda a obra de misericórdia, porque no irmão que ajudamos reconhecemos o rosto de Deus que ninguém pode ver." "Sempre que nos inclinámos perante as necessidades dos irmãos, demos de comer e de beber a Jesus, vestimos, ajudámos e visitámos o Filho de Deus." "Não há alternativa à caridade: quem se coloca ao serviço dos irmãos é que ama a Deus, mesmo que não o saiba." E agradecendo a todos os voluntários: "Vós sois aqueles e aquelas que servem o Mestre e tornam visível o seu amor concreto para com cada pessoa." "Esta incansável trabalhadora da misericórdia nos ajude a compreender cada vez mais que o nosso único critério de acção é o amor gratuito, livre de toda a ideologia e derramado sobre todos, sem distinção de língua, cultura, raça ou religião."

sábado, 3 de setembro de 2016

Teresa de Calcutá: Livre para seguir Jesus

Reflexão de Georgino Rocha


As multidões porfiam em acompanhar Jesus. Certamente por diversas razões: ver o que fazia, curiosidade, pedir algum favor, pressentir que era chegada a hora de Deus libertar o seu povo, querer ouvir os seus ensinamentos, satisfazer os anseios do coração, seguir os seus passos. Uma diversidade que precisava de ser clarificada. Nem tudo serve para sintonizar com o projecto, a mensagem de salvação. E Jesus propõe-se fazê-lo. Não quer ninguém iludido, nem alimentar falsas esperanças. Define regras, estabelece critérios e condições. E respeitador da liberdade humana, como mais ninguém, adianta: “Quem quiser ser meu discípulo…”. Que maravilha: ser discípulo em liberdade. Que clareza de opção: priorizar o amor e, a partir dele, dar o justo valor a outros bens indispensáveis à vida. Que beleza de horizonte a abrir sentido às “coisas” de cada dia: deixar-se atrair pelo verdadeiro bem que brilha na doação incondicional de Jesus, na sua morte e ressurreição em Jerusalém. Na sua cruz florida!
Lucas, o evangelista narrador, indica três critérios de discernimento ou exigências básicas para seguir Jesus, para ser discípulo-cristão: os afectos do coração, o amor à vida, o apreço pelos bens materiais. E todos ao serviço do projecto de salvação que Jesus realiza em benefício da humanidade inteira. Não se pode ser cristão “a meias”. Há que optar, o que exige preferência por um bem e renúncia a outros. E Jesus é o Bem Maior.

quarta-feira, 4 de maio de 2016

Madre Teresa vai ser canonizada

A Madre Teresa vai ser canonizada em Roma. 
Não faria mais sentido em Calcutá?


«Em Portugal para dar uma conferência sobre a Madre Teresa, no Estoril, Brian Kolodiejchuk falou com a Renascença a quem descreveu uma mulher com excelente sentido de humor, mas que passou por momentos de grande sofrimento espiritual.»

Ler mais na RR

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Teresa de Calcutá ensina a rezar...

Uma oferta paradoxal




Teresa de Calcutá deixou-nos uma oração que retrata muito bem a sua fé e a sua disponibilidade para servir o Reino. Assim reza ela: “Senhor, quando tiver fome, manda-me alguém de mão estendida… Quando tiver frio, manda-me alguém para eu aquecer… Quando não tiver tempo, manda-me alguém para eu escutar… Quando me sentir desanimada, manda-me alguém para eu animar…” E continua sempre no mesmo tom…
A riqueza do amor aos outros cresce sempre a partir da nossa pobreza e da nossa capacidade de amar sem condições, nem lamúrias. Também foi assim com o Padre Américo e, lá mais para trás, com Francisco de Assis, João de Deus e tantos outros. É na fé que o paradoxo ganha sentido, o impossível se torna possível, Cristo se apresenta como Caminho livre e sedutor para a Igreja e para sociedade, a experiência cristã se manifesta na sua força contagiante. A história da salvação assim o diz.
Os santos não são senão cristãos que tomam Deus a sério. E a santidade, o ir mais além, é vocação e capacidade de todos, e não privilégio só de alguns.

António Marcelino,
Bispo Emérito de Aveiro

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