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quarta-feira, 26 de julho de 2017

Júlio Cirino — Ilha Terceira – Carnaval

Melodia
Músicos
Pandeiros
Dança Pandeiro 

O Carnaval ocupa um lugar de destaque nas festividades da ilha Terceira. O “bailinho”, designação popular para uma representação teatral acompanhada por música, é o principal entretenimento no Entrudo. “As chamadas ‘Danças de Carnaval’, às quais assistem milhares de terceirenses, são o maior encontro de teatro popular em língua portuguesa que se faz em todo o mundo.” 
Os membros de cada “bailinho” criam o enredo, a música e a coreografia da peça. O traje também é da sua autoria. Estes grupos podem representar uma paróquia, uma casa do povo, uma sociedade filarmónica, uma instituição de solidariedade ou até um partido político. 
Existem várias categorias de danças e “bailinhos”. As “danças de espada”, as “danças de pandeiro” e os “bailinhos” masculinos, femininos ou mistos. 
O “bailinho” começa com uma cantiga acompanhada por tocadores de cordas e de instrumentos de sopro. Segue-se uma peça teatral sobre um tema escolhido e tudo termina com mais uma cantiga. Cada espectáculo tem a duração aproximada a 40 minutos. 
As Sociedades Filarmónicas, as Casas do Povo ou as Juntas de Freguesia, a abarrotar de gente entre o sábado gordo e a madrugada de quarta-feira de cinzas, são visitadas por mais de 60 “bailinhos” que apresentam os temas mais variados. Cada grupo, entre actores, músicos, dançarinos, autores, ensaiadores e costureiras conta com uns 50 elementos. Isto é, na ilha movimentam-se mais de 3.000 pessoas que, no palco, vão trazer alegria a quem assiste! 
Ninguém paga para assistir a estes espectáculos. Porém, os salões, para angariar fundos, possuem bares onde se podem comer bifanas, frango, chouriça e linguiça fritos, coscorões, arroz doce, filhoses, etc., que constituem a gastronomia própria da época. O vinho e a cerveja acompanham tais petiscos. 

Obs.: É pena que, como noutros assuntos, os ecos do Carnaval na Terceira não cheguem ao Continente. Dando o meu contributo para contrariar tal situação, convido-vos a assistir, pela internet, a dois “bailinhos” que retratam o que por aqui se passa no Carnaval. 
A quem estiver interessado, recomendo “Um Congresso da 3.ª idade - Bailinho do Posto Santo - Carnaval de 2015.” (por se ver melhor, aconselho a que abram a segunda janela da página). 
Através desta peça, de cariz humorístico, podemos ver certa rivalidade que existe entre a Terceira e S. Miguel por os micaelenses “terem a mania” que são da capital dos Açores. 
Está também aqui retratada a fama que os terceirenses têm de estar quase sempre em festa e por isso pouco trabalharem. No arquipélago até costuma dizer-se: “nos Açores há oito ilhas e um parque de diversões (a Terceira)”. 
Vão notar diferenças de sotaque, algo exageradas, entre a ilha Terceira, a de S. Miguel e de S. Jorge. Quem não estiver por dentro da realidade açoriana, poderá não compreender algumas “bocas regionais”, mas no fim ficará mais enriquecido pelo espectáculo a que acabou de assistir, para além de ficar a saber o que é um “bailinho”. 
O segundo tema que recomendo é o “Bailinho do Grupo de Amigos do Carnaval SFP dos Biscoitos – A vida de S. Norberto”. 
Aqui é retratada a vida de um solteirão chamado Norberto, pessoa simples que tem de tomar conta dos pais já idosos e doentes. Cansado da vida que levara, durante 27 anos, foi estudar para padre… 
A pronúncia utilizada nesta peça corresponde a algumas zonas da ilha. Realço que os excelentes actores provêm das mais variadas camadas sociais, podendo ser professores, carpinteiros, pedreiros, agricultores ou ter qualquer outra profissão. 

Todos os espectáculos que por cá se fazem são interpretados por amadores, mas que ensaiam como profissionais para não se saírem mal nos espectáculos em que vão participar.

quarta-feira, 28 de junho de 2017

Júlio Cirino: Ilha Terceira — Monte Brasil





O Monte Brasil é outro lugar histórico da Ilha Terceira. Por lá encontramos a ermida de Santo António, vários miradouros de onde se vislumbram paisagens deslumbrantes, a cratera de um vulcão, trilhos bem arranjados para as pessoas passearem, um pequeno jardim zoológico com aves multicores e alguns animais, o Pico das Cruzinhas e veados que, habituados às pessoas, nos saem ao caminho corricando com graça. Porém, o monumento mais importante do Monte Brasil é a Fortaleza de São João Batista, mandada edificar por Filipe II, de Espanha, em 1567. Servia para defender a cidade e o porto de Angra dos assaltos dos piratas que por aqui apareciam para pilhar.
Mais tarde, já no século XIX, Gungunhana veio deportado para esta Fortaleza. Ganhando a confiança das autoridades militares, e também da população, com o decorrer do tempo as medidas de segurança foram-se amenizando até Gungunhana poder passear livremente no Monte Brasil e depois na cidade. 
Em 1899, Gungunhana seria baptizado e crismado na Sé de Angra, apadrinhado pela alta sociedade angrense.

Angra do Heroísmo, 25 de Junho de 2017

Júlio Cirino


Fotos:

- Vista aérea de Angra, tendo por pano de fundo o Monte Brasil onde se vislumbram as casernas e a Igreja de S. João Baptista.

- Igreja de S. João Baptista, implantada no Regimento de Guarnição n.º1 dos Açores.

- Pico das Cruzinhas.

- Casa onde Gungunhana viveu.



quarta-feira, 21 de junho de 2017

ILHA TERCEIRA — FORTE DE S. SEBASTIÃO

Crónica de Júlio Cirino

Forte de S. Sebastião
Pousada no interior do Forte

Vacas no local onde se desenrolou a Batalha da Salga, tendo por pano de fundo os ilhéus das cabras 
O Forte de S. Sebastião está localizado no Porto de Pipas e começou a ser construído em meados do Séc. XVI. Dada a sua posição estratégica, foi cobiçado por corsários de várias nacionalidades: franceses, ingleses, argelinos e espanhóis. Por exemplo, em 1581, os terceirenses, ao serviço de D. António Prior do Crato, resistiram galhardamente às investidas da armada de Filipe II, na qual a metralha do Forte de S. Sebastião teve importância preponderante para a debandada da esquadra espanhola na Batalha da Salga. Na famosa carta de 1582, Ciprião de Figueiredo, corregedor dos Açores, mostra bem o pensar dessa gente: “antes morrer livres que em paz sujeitos”. Porém, em 1583, os espanhóis voltaram a investir, desta vez sob o comando de D. Álvaro de Bazan. Após uma luta ardorosa e sangrenta, conseguiram apossar-se da última parcela de território português. 
Mas não foi fácil! Apesar de os invasores já pisarem solo terceirense, numa tentativa extrema de se defenderem, as nossas tropas soltaram perto de 2.000 cabeças de gado o que complicou bastante a investida do inimigo. Foi uma carnificina para os homens, de ambos os lados, e para o gado! 
Em 1943, em plena II Guerra Mundial, as dependências do forte foram cedidas às tropas britânicas. Debaixo do túnel de acesso ao forte, existe uma placa com a seguinte inscrição:

 “Lápide comemorativa da chegada das Forças Britânicas em 8 de Outubro de 1943 de conformidade com as cláusulas de acordo Luso-Britânico, de Agosto de 1943, com o consentimento do Comandante Militar da Terceira brigadeiro João Tamágnini de Sousa Barbosa e o Comandante da Força, Vice-Marechal do Ar Geoffrey Bromet, onde estabeleceram o seu primeiro Quartel-General.” 

Em 2006, o forte foi requalificado em “Pousada Histórica”. Esta pousada está pintada de cor ocre, com as portas e janelas ornamentadas por aduelas brancas. No pátio existe uma pequena piscina, mesmo ao lado da pousada, e um vistoso restaurante no extremo oposto. 

Angra do Heroísmo, 7 de Julho de 2017

sexta-feira, 16 de junho de 2017

ILHA TERCEIRA — CAIS DE ANGRA

Crónica de Júlio Cirino 

Cais de Angra

Igreja da Misericórdia 

Vasco da Gama

O Cais de Angra do Heroísmo é um lugar histórico muito frequentado pelos turistas que visitam a ilha Terceira. Os barcos que por aqui aproam provêem das mais diversas nacionalidades.
No socalco superior do Cais existe a Igreja da Misericórdia, erigida no Séc. XVIII, ladeada pelo Pátio da Alfândega, onde se encontra uma estátua em honra de Vasco da Gama que por aqui passou para enterrar o seu irmão no regresso de uma viagem que fizeram à Índia:

Paulo da Gama hu dos capittães que
acompanharão no descobrimento da Índia Oriental
seu irmão o heróico Dom Vasco da Gama
no ano de 1497 e voltando no de 1449, faleceu o
dito Paulo da Gama na Ilha Terceira e jaz sepultado
nesta capella mór de São Francisco.

O Cais de Angra, agora tão calmo, no passado foi alvo das pilhagens dos piratas e corsários que tentavam apoderar-se das riquezas trazidas pelas naus que aqui aproavam vindas da África, da Índia e do Brasil.

Angra do Heroísmo, 15 de Junho de 2017

terça-feira, 2 de agosto de 2016

Tourada na Terceira... Todo o cuidado é pouco



Não… não fiquem para aí a pensar que se trata de uma tourada à espanhola ou à portuguesa, com touros de morte, na arena, ou bandarilhados, com sangue a espichar das feridas profundas provocadas pelas fartas afiadas. Trata-se de uma tourada ao jeito portuguesíssimo da ilha Terceira, nos Açores. A Terceira porque, ao que suponho, foi a terceira a ser descoberta pelos portugueses. E tem, naturalmente, as suas tradições. 
Conheço algumas histórias das touradas, à corda, que o meu filho João Paulo me descreveu quando lá esteve a trabalhar como professor. Mas desta vez a história veio do meu filho Pedro que, por tanto as ter ouvido do João Paulo, resolveu dar um salto de Ponta Delgada, em São Miguel, onde foi passar férias, para conhecer de perto a Terceira com as touradas, mas não só. E gostou, pelo que me diz.
Enviou-me há momentos duas fotos da tourada, vista por ele ao longe, à cautela. Quando lhe recomendei que não se pusesse a jeito, que as brincadeiras podem dar mau resultado, o meu Pedro garantiu-me que foi para uma zona onde havia segurança, tanto mais que lá se acoitavam também mulheres e crianças. O pessoal da corda, decerto, terá em conta isso mesmo. 
Disse-me que não faltava quem fizesse piruetas mesmo perto do touro e ousasse aproximar-se dele para o desafiar, mas pode haver falhas e feridos não têm faltado. 
De outros temas hei de falar mais tarde quando tiver dados curiosos. Uma coisa é certa: o Pedro anda encantado com o nível das festas de Praia da Vitória, com a riqueza de museus que visitou, com a alegria do povo que sabe viver as suas tradições com entusiasmo. Aproveita, Pedro, que a vida passa a grande velocidade, embora não acredites nisso.