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sexta-feira, 23 de abril de 2021

Ruy Belo - A flor da solidão


Vivemos convivemos resistimos
cruzámo-nos nas ruas sob as árvores
fizemos porventura algum ruído
traçámos pelo ar tímidos gestos
e no entanto por que palavras dizer
que nosso era um coração solitário silencioso
silencioso profundamente silencioso
e afinal o nosso olhar olhava
como os olhos que olham nas florestas
No centro da cidade tumultuosa
no ângulo visível das múltiplas arestas
a flor da solidão crescia dia a dia mais viçosa
Nós tínhamos um nome para isto
mas o tempo dos homens impiedoso
matou-nos quem morria até aqui
E neste coração ambicioso
sozinho como um homem morre cristo
Que nome dar agora ao vazio
que mana irresistível como um rio?
Ele nasce engrossa e vai desaguar
e entre tantos gestos é um mar
Vivemos convivemos resistimos
sem bem saber que em tudo um pouco nós morremos

sábado, 27 de março de 2021

Fique em Casa


Não é preciso grande esforço para refletirmos sobre os confinamentos aconselhados pelos  meios de comunicação social, obrigados que fomos a ler nos cantos das televisões o aviso “Fique em Casa”. A realidade concreta da vida, os comunicados do Governo, os discursos e conversas do Presidente da República e das pessoas mais informadas mostram os dramas e medos que o mundo está a enfrentar. 
O perigo de contágio do Covid-19, estatisticamente mais fatal para pessoas idosas ou fisicamente mais débeis, não deixa dúvidas a ninguém de bom senso sobre a segurança que existe em nossas casas e a incerteza que podemos topar nos estabelecimentos e ajuntamentos ocasionais ou organizados,  por aqui e por ali, à revelia das decisões impostas pelos Governo, com o apoio da Assembleia da República e do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa.

terça-feira, 19 de janeiro de 2021

MMI - Aquário dos bacalhaus


Com a pandemia, tenho a convicção de que toda a natureza sofre as agruras da solidão. E os bacalhaus, no seu aquário, no Museu Marítimo de Ílhavo, não fugirão à regra.

sábado, 14 de novembro de 2020

O Papa Francisco confessa-se. 2

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias



1. Penso muitas vezes na solidão do Papa. Chega ao Vaticano, que não conhece por dentro, concretamente, a sua secular e gigantesca burocracia. Não tem mulher nem família com ele. E os amigos?! Sabe que os seus gestos, atitudes, discursos, homilias, tudo será escrutinado até ao mínimo pormenor. Vive e trabalha num palácio, guardas fazem-lhe continência ao passar. Aquele palácio é testemunha de muitas histórias, ao longo do tempo, tantas vezes nada, mesmo nada, edificantes, pelo contrário, revelando o pior da natureza humana e do poder, sobretudo quando absoluto. Dali também se transmitiu imensa esperança a milhões de pessoas em todo o mundo, e isso constitui mais uma preocupação: o que fizer vai influenciar um número incalculável de vidas. O Papa é um dos homens mais poderosos do mundo. No entanto, deve sentir-se tantas vezes só... Até sabe que, resignando, não é livre de escolher o lugar onde quer viver os últimos dias em tranquilidade. De facto, como ex-chefe de Estado, quem assume a responsabilidade da sua segurança? Pensei nisso quando recentemente o ex-Papa Bento XVI esteve na Alemanha para despedir-se do irmão em finais de vida e de como ruas ficaram encerradas, com soldados a guardar os telhados. É sabido que Paulo VI pensou em resignar e não ficaria no Vaticano, mandou preparar quartos num convento... Francisco, quando resignar, não quereria ficar no Vaticano, complicando a vida do sucessor, mas... 

sexta-feira, 8 de maio de 2020

SENHOR, MOSTRA-NOS O PAI!

Reflexão de Georgino Rocha 
para o Domingo V da Páscoa

«Não deixemos os idosos sozinhos, 
porque na solidão o coronavírus mata mais»

“Senhor, mostra-nos o Pai e isso nos basta”, pede Filipe a Jesus, após a ceia de despedida, na conversa subsequente em que intervêm outros apóstolos. Tomé abre também o coração, expõe o seu desnorte na compreensão do que o Mestre dizia e interroga-o directamente. Pedro mantém-se silencioso, possivelmente a “mastigar” a premonição que acabava de ouvir: “Antes que o galo cante me negarás três vezes”, ele que havia jurado fidelidade até à morte. Judas, o Iscariotes, levado pela intenção de entregar o Mestre, já havia deixado o grupo, que parece alarmado e confuso. E mais ficaria com o anúncio de Jesus de que os iria deixar a fim de lhes preparar um lugar. Jo 14, 1-12.
“A partida de Jesus, afirma Manicardi, é crise para a comunidade dos seus discípulos. E a perturbação do coração não respeita apenas à esfera emotiva e dos sentimentos, mas indica igualmente que a vontade e a capacidade de tomar decisões estão paralisadas, a inteligência e o discernimento turvos. Jesus, com as suas palavras, está a fazer da sua partida e do vazio que deixa uma ocasião de renascimento dos seus discípulos”. E o autor conclui: “Pedindo fé, instiga-os a transformar o medo da novidade e o terror do abandono em coragem de dar-se, apoiando-se no Senhor, prometendo que vai preparar um lugar para eles. Ele vive a sua partida em relação com quem fica, e mostra que não está a abandoná-los, mas a inaugurar uma nova fase, diferente, de relação com eles. A separação tem em vista um novo acolhimento (cf Jo 14, 2-3)”.

terça-feira, 25 de dezembro de 2018

Solidão natalícia



Neste mundo vandalizado pelo consumismo, deixamo-nos levar pela onda e atiramos para trás das costas a solidão de tantos. A imagem que publico já não fere ninguém, nem mesmo os que pregam a atenção aos que revivem isolados as memórias que são o único consolo de que se consideram donos absolutos. E no próximo Natal será diferente? Não acredito, mas gostaria de ter a coragem de criar um esquema que tornasse o Natal mais fraterno.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

A solidão e o Natal


“Talvez precisemos de abraçar a solidão de que facilmente fugimos, pois nela, e de uma maneira carregada de prodígio, acontece o Natal”

José Tolentino Mendonça 
na crónica "Que coisa são as nuvens"
da revista E do EXPRESSO

segunda-feira, 11 de junho de 2018

Solidão em plena Ria de Aveiro



À volta desta imagem, captada pela minha sensibilidade, podemos tecer as mais variadas considerações, porventura até contraditórias. Para mim, esta é a solidão em plena Ria de Aveiro, a laguna que nos envolve e encanta. 
O barquinho de cirandar pelas águas mansas para olhar a paisagem circundante, com casario a garantir a presença de populações laboriosas, não servirá para grandes aventuras, mas pode levar-nos a sonhar com umas voltinhas tranquilas ao ritmo das marés e dos nossos desejos. 
Boa semana para todos, agora que se anunciam, finalmente, temperaturas mais amenas e mais animadoras. 

Fernando Martins

domingo, 21 de maio de 2017

Abertura a Deus




«A abertura a Deus dá credibilidade amor. Acolher, escutar, compreender, perdoar, eleger e viver inspirado no Evangelho. Não colocar limites à Misericórdia. Haverá sempre momentos difíceis, necessitamos sempre de purificação. No fundo, prestar ainda mais atenção ao ser Pessoa entre tempos e espaços divididos. Solidão e comunhão em todas as relações.»

Pedro José 

Li aqui 

sexta-feira, 28 de abril de 2017

Rostos da Solidão na Fábrica das Ideias


Amanhã, 29, pelas 15h30, na Fábrica das Ideias (ex-Centro Cultural da Gafanha da Nazaré), vai abrir ao público uma exposição com tema inédito: “Rostos da Solidão”. Em nota da Câmara Municipal de Ílhavo, lê-se que esta mostra tem em consideração «o facto de o processo de envelhecimento e a solidão infelizmente se encontrarem muitas vezes associados». 
O fotógrafo convidado, Ricardo Lima, registou «momentos e sentimentos de solidão no mais íntimo reduto da vida das pessoas mais velhas do Município de Ílhavo», pelo que ouso alertar o nosso povo, ílhavos e gafanhões, para uma visita atenta. Estou certo de que ali há motivos mais do que suficientes para uma reflexão que nos leve à ação. É que, se é verdade que há solidões desejadas, também as haverá forçadas.

 Fonte: CMI
Foto: CMI

sábado, 21 de fevereiro de 2015

Solidão e ética do cuidado

Crónica de Anselmo Borges 
no DN

Anselmo Borges


Italo Calvino escreveu, em As Cidades Invisíveis: "A cidade de Leónia refaz-se a si própria cada dia que passa: todas as manhãs a população acorda no meio de lençóis frescos, lava-se com sabonetes acabados de tirar da embalagem, veste roupas novinhas em folha, extrai do mais aperfeiçoado frigorífico frascos e latas ainda intactos, ouvindo as últimas canções no último modelo do aparelho de rádio. Nos passeios, embrulhados em rígidos sacos de plástico, os restos da Leónia de ontem esperam o carro do lixo. Não só tubos de pasta dentífrica bem apertados, lâmpadas fundidas, jornais, contentores, restos de embalagens, mas também esquentadores, enciclopédias, pianos, serviços de porcelana: mais do que pelas coisas que dia-a-dia são fabricadas, vendidas, compradas, a opulência de Leónia mede-se pelas coisas que dia-a-dia se deitam fora para dar lugar às novas. De tal modo que há quem se interrogue se a verdadeira paixão de Leónia é realmente como dizem o gozar as coisas novas e diferentes, ou antes o rejeitar, o afastar de si, o limpar-se de uma constante impureza. A verdade é que os varredores são recebidos como anjos, e a sua tarefa de remover os restos da existência de ontem está rodeada de um respeito silencioso, como um ritual que inspira devoção, ou talvez porque uma vez deitadas fora já ninguém quer tornar a pensar nessas coisas."

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

A SOLIDÃO

«A solidão buscada é o lugar onde melhor aprendi a encontrar-me»

Nélida Piñon, escritora brasileira 
citada por José Tolentino Mendonça no livro 
"A mística do instante — O tempo e a promessa"

terça-feira, 22 de julho de 2014

SOLIDÃO E LIBERDADE

«Quem não ama a solidão, também não ama a liberdade: 
apenas quando se está só é que se está livre»

Arthur Schopenhauer, 
1788 - 1860


- Posted using BlogPress from my iPad

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Cegonhas na Murtosa



Pouco ou nada sei de aves migradoras ou sedentárias. Só sei que gosto de as ver no horizonte a desfrutar de paisagens a que raramente temos acesso. Estas cegonhas, dali, dos locais onde moram, quer chova quer faça sol, têm o privilégio de viver a solidão contemplativa, sem que alguém as incomode...

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

A morte e a morte

"Estamos todos bem servidos/ de solidão", escreve Alexandre O'Neill. Não de solidão sozinha; de multitudinária solidão sim, e essa "de manhã a recolhemos/ no saco, em lugar de pão". Porque, ao mesmo tempo que abandonamos os nossos velhos à pior e mais dolorosa das solidões, desaprendemos de estar sós connosco. A verdade é que a maior parte de nós não é boa companhia para si próprio. À nossa volta, nos locais de trabalho, na rua, quantas vezes na família, a humilhação tomou cada canto e esquina das nossas vidas, instalou-se nos comportamentos e nos corações, corroendo, como um cancro, a existência individual e social. Tememos ficar sós porque tememos aquilo que temos para nos dizer, e sentamo-nos diariamente diante da TV como quem fecha os olhos. Há uma novela de Cesare Zavattini cuja personagem planeia durante toda a vida dar uma merecida bofetada ao chefe e morre sufocada por esse desejo nunca consumado e pelo desprezo de si mesmo. Quantas vezes morreram por dentro, antes de se matarem, os polícias e GNR (este ano já são 14) que em Portugal regularmente se suicidam "com a arma de serviço"?
Manuel António Pina, no JN