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domingo, 3 de junho de 2012

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 293


PITADAS DE SAL – 23 




SAL NO CAMINHO 

Caríssima/o: 

Por associação de ideias pensaríamos naquelas figuras que a Bíblia nos diz terem-se transformado em estátuas de sal… As pessoas iam, de facto, a caminho… 
Mas a cena que gostaria de partilhar não é tão poética e arrepiante; pelo contrário, é plana, sem contornos fortes. 
Como sabemos, nas nossas casas havia pelo menos uma salgadeira (nas casas ricas, a diferença estava em haver uma para a carne e outra para o peixe…). Lá se arrumava a um canto escuro (por causa das moscas…). 
Enchia-se de sal fresco, branquinho, oferecido por marnoto amigo, a troco de uma ajuda nos trabalhos da marinha ou da lavoura de casa. Na época própria, com o aparecimento dos frios do inverno, faca ao porco que, depois de desmanchado, era metido no sal. Bem tenteado, servia de governo para todo o ano pois os ossos e o toucinho se partiriam e cortariam para temperar o caldo. 
Retirado o último pedaço de toucinho um tanto amarelo, na salgadeira apenas restava o sal… 
Entretanto, no curral, novo animal se cevava … 
Será que o sal ainda salga? Ou deixará estragar a carne?... 
Muitas vezes, corria-se o risco… 
Mas o mais aconselhável era fazer como quem podia: renovava, limpava a salgadeira e metia sal novo. 
E que fazia ao sal velho? 
Espalhava-o nos caminhos… Com a chuva e o peso dos carros que por lá passavam, o piso ficava duro e compacto… e não havia erva que aí nascesse. 

Manuel