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domingo, 31 de maio de 2020

A loucura mundana e o dom da sabedoria

Crónica de Bento Domingues no PÚBLICO

Já estou a prever o lamento tardio se as coisas correrem mal pela insensatez pessoal ou de grupo: o desconfinamento foi muito precipitado!

1. O título desta crónica foi-me imposto por algumas reacções a vários acontecimentos locais e globais – uns mais recentes e outros mais antigos – de consequências que não são fáceis de apagar.
O mais recente, a covid-19, obrigou muita gente a tornar-se monge trapista à força e outra a descer à cova de modo clandestino, sem poder despedir-se de familiares ou amigos.
Vivemos, agora, a febre de recuperar o exercício da liberdade que o medo, as leis e as normas de alguns Estados e Religiões condicionavam. Não falta quem receie que esta febre se transforme num libertário exercício de alguma estupidez ou acentue as dificuldades dos chamados “bairros sociais”, onde as condições de habitação e de circulação, que o trabalho exige, criem novos focos de expansão da pandemia. Pelos vistos, é menos arriscada uma viagem a Marte do que o percurso de um pobre para os seus locais de trabalho diário.
O primeiro-ministro formulou, no entanto, um princípio de sabedoria prática que mantém toda a sua pertinência: “O primeiro dever, de cada uma e de cada um de nós, é cuidar do próximo. É o de evitar que, por negligência, por desconhecimento, ponhamos em risco a saúde do outro.”

domingo, 29 de março de 2020

A SABEDORIA DE VIVER

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias

Num número especial de “Philosophie magazine” passa-se em revista as “sabedorias do mundo” e refere-se concretamente a Índia, a China, o Japão, as Américas e a África. Dele retirei alguns provérbios, contos, estórias..., que levam a pensar. Aliás, grandes pensadores europeus, como Schopenhauer e Heidegger, foram beber a essas sabedorias, sobretudo às sabedorias orientais, inspiração para a sua filosofia. 
Em tempos de imediatismo consumista e alarve, quando a banalidade impera e o prazer e o ter são corrosivamente tudo, é bom parar e ouvir, no silêncio, a voz da sabedoria e do sentido. É esse o propósito simples do que aí fica.

1. A sabedoria

“Um dia, um homem veio ver um sábio e perguntou-lhe: Mestre, que devo fazer para adquirir a sabedoria?” O sábio não respondeu. Tendo repetido várias vezes a pergunta sem resultado, o homem retirou-se. Mas regressou no dia seguinte e fez a mesma pergunta: “Mestre, que devo fazer para adquirir a sabedoria?” Não recebeu resposta. Veio de novo no terceiro dia: “Mestre, que devo fazer para adquirir a sabedoria?” Por fim, o sábio dirigiu-se a um lago e, entrando na água, pediu ao homem que o seguisse. Chegado a uma profundidade suficiente, agarrou-o pelos ombros e manteve-o debaixo da água, apesar dos esforços que ele fazia para se libertar. Ao cabo de uns instantes, o sábio largou-o e, quando o homem voltou, com grande dificuldade, a respirar, o sábio perguntou-lhe: “Diz-me, quando estavas metido dentro da água, qual era o teu maior desejo?” Sem hesitação, o jovem respondeu: “Ar! Ar! Precisava de ar!” – “Não terias preferido a riqueza, os prazeres, o poder, o amor? Não pensaste em nenhuma destas coisas?” – “Não, Mestre, eu precisava era de ar e só pensava nisso.” – “Pois bem, continuou o sábio, para adquirir a sabedoria, é preciso desejá-la tão intensamente como há pouco desejaste ar. É preciso lutar por ela, excluindo toda e qualquer outra ambição na vida. Ela deve ser a única aspiração, noite e dia. Se procurares a sabedoria com esse fervor, encontrá-la-ás um dia.” (Conto filosófico).

domingo, 23 de dezembro de 2018

A sabedoria que falta

Bento Domingues

 «Por que razão, havendo recursos, ciência e técnica para tornar a vida humana mais feliz, temos este mundo atolado em fomes, doenças, guerras horríveis e conflitos estúpidos?»

1. Deram a um miúdo de Nazaré, de há mais de dois mil anos, o nome Jesus. O pai chamava-se José, com a profissão de carpinteiro [1], e a mãe era Maria, dona de casa. Dizem que naquele contexto, era normal que o filho aprendesse a exercer a profissão do pai. Como viviam a sete km de uma grande cidade em construção, Sephoris, é provável que fosse aí que ambos tivessem mais oportunidades de trabalho [2].
Na exegese bíblica, por boas razões, os chamados Evangelhos da Infância são lidos como transposições das descobertas da vida adulta para os primeiros anos de uma criança.
Paulo, o primeiro escritor cristão, não se demorou em considerações sobre a infância e a adolescência de Jesus. A mesma coisa aconteceu com Marcos e com o Quarto Evangelho. Paulo disse apenas que Jesus era nascido de mulher, ainda sob a Lei mosaica [3]. João introduziu a sua narrativa com um hino muito belo, apontando para a pré-existência e a incarnação da Palavra primordial. Marcos apresenta-o já como adulto no movimento de João Baptista [4].
Não posso expor, aqui, as preocupações que presidiram à elaboração literária dos primeiros anos de Jesus e da sua genealogia. Mateus vê nesse menino o começo da realização simbólica da esperança do antigo Israel; o olhar de Lucas abre-se a toda a humanidade. Enquanto, para Paulo, o importante era não deixar o projecto de Jesus Cristo circunscrito ao chamado povo eleito, a astúcia de Lucas é ainda mais engenhosa: a mensagem de Jesus destina-se a todo o mundo porque ele incarna o sentido da história de toda a humanidade. Na figura simbólica de Adão tem antepassados em todos os povos.

sábado, 13 de fevereiro de 2016

Gerir a Liberdade com Sabedoria

Reflexão de Georgino Rocha

«Gerir a liberdade com ética, 
eis a sabedoria que vence 
toda a tentação desviante»

Seria tudo tão fácil. Pão com abundância, êxito garantido, missão cumprida. O episódio das tentações de Jesus, habilmente apresentado em diálogo por Lucãs, traz-nos uma mensagem sublime: a de ser livre nas opções de vida, a de ser fiel nas decisões tomadas, a de ser lúcido e consistente nas razões de suporte a tais atitudes.
— “Não és tu o filho de Deus”? aduz o tentador. — “Sim sou” responde Jesus. “E não estás cheio de fome?”. Há tanto tempo que não comes. —  “Sim estou”. Então mostra quem és, aproveita a tua condição de filho, liberta-te do sofrimento, transforma essas pedras em pão abundante. Come!
O projecto de Jesus tem outra dinâmica. Ser filho de Deus é viver a normalidade da existência, respeitar a natureza das coisas, sentir-se solidário com todos, sobretudo com os famintos, assumir a dureza das limitações como desafio a superar e a buscar novas realidades contidas na palavra de Deus.

sábado, 2 de janeiro de 2016

A sabedoria em três palavras

Crónica de Anselmo Borges 

É urgente fazer o elogio do silêncio, 
para ouvir a voz da consciência



1. Passada a alegria, talvez até a euforia, da passagem do ano velho para o novo ano, o que é facto é que estamos no ano novo de 2016. E, aqui chegados, nesta abertura do novo, do que nunca houve, pois é mesmo novo, inédito, pela primeira vez, talvez não seja mau reflectir um pouco

2. Fazer o quê no novo ano? Fazermo-nos, que é a única tarefa que temos na existência.
Ao contrário dos outros animais, os humanos vêm ao mundo por fazer. Nascemos prematuros. Daí, dizermos a nós próprios: ou a natureza foi madrasta para nós, pois nascemos sem garras para nos defendermos, sem pêlos para nos protegermos, por fazer, ou esta é a condição de possibilidade de sermos o que somos, fazendo-nos: seres humanos, tendo de receber e de fazer por cultura o que a natura nos não deu. Nascemos com uma abertura ilimitada de possibilidades, permitindo inovar, criar e inventar, e crescer, de tal modo que, se Platão, por exemplo, cá voltasse, encontraria os outros animais como os deixou, mas teria dificuldade em adaptar-se à nova sociedade que entretanto os humanos criaram. Cá está: tendo nascido por fazer, a nossa missão é, fazendo o que fazemos nas mais variadas funções e actividades, fazermo-nos a nós próprios, uns com os outros, evidentemente. E, no fim, o resultado será ou uma obra de arte ou uma porcaria (perdoe-se a dureza da palavra), a vergonha de nós.

sábado, 7 de novembro de 2015

A pessoa: ser em tensão

Crónica de Anselmo Borges no DN


Anselmo Borges
«A luz racional é afinal apenas 
uma ponta num imenso oceano 
inconsciente e também tenebroso»

Já não é sustentável uma concepção dualista do ser humano, à maneira de Platão ou Descartes: composto de alma e corpo, matéria e espírito. O homem é uma realidade unitária, para lá do dualismo e do materialismo. O jesuíta J. Mahoney, que já foi membro da Comissão Teológica Internacional, escreveu de modo feliz: "Não se deve considerar a alma humana, constitutiva da pessoa, como se fosse um espírito puro infundido a partir de fora num receptáculo biológico no instante da concepção, mas referir-se a ela mais apropriadamente entendendo-a como um brotar ou emergir a partir do interior do próprio material biológico dado pelos progenitores, genuínos originantes pela sua parte, sem necessidade de ter de recorrer a uma intervenção divina quase milagrosa, para a produção de uma nova realidade. Portanto, a afinidade que existe entre matéria e espírito permite-nos, e inclusivamente exige-nos, considerar o emergir da nova pessoa humana como um processo que leva tempo e requer um certo período de existência pré-pessoal como o umbral através do qual se dá a passagem a uma existência animada no sentido pleno da palavra."

sábado, 18 de abril de 2015

Reconhecer Jesus Ressuscitado

Reflexão de Georgino Rocha

Georgino Rocha

Os discípulos de Emaús, após terem reconhecido Jesus, partem apressados e cheios de alegria para a cidade, encontram o grupo dos apóstolos reunido e narram a experiência gratificante vivida durante a caminhada. É a primeira vez que estão todos em comunidade. É a primeira vez que o “partir do pão” surge como momento especial de reconhecimento do Ressuscitado. É a primeira vez que se evoca a releitura da Sagrada Escritura como critério para a compreensão da história e reposição da verdade,
O acesso à experiência da ressurreição de Jesus dá-se, segundo Inácio de Loyola, pelo reconhecimento dos seus “santíssimos efeitos”. São estes que constituem a “janela” do espírito humano iluminado pela fé. São estes que provocam o encontro feliz que abre o entendimento do crente e o leva a identificar o Senhor. São estes que alargam os horizontes e lançam em maior profundidade as razões da esperança pascal.

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

domingo, 15 de abril de 2012

BOA CAMPANHA

Li aqui

"Crie filhos em vez de herdeiros."
"Dinheiro só chama dinheiro, 
não chama para um cineminha, nem para tomar um sorvete." 
"Não deixe que o trabalho sobre sua mesa tampe a vista da janela." 
"Não é justo fazer declarações anuais ao Fisco 
e nenhuma para quem você ama." 
"Para cada almoço de negócios, faça um jantar à luz de velas." 
"Por que as semanas demoram tanto e os anos passam tão rapidinho?" 
"Quantas reuniões foram mesmo esta semana? Reúna os amigos." 
"Trabalhe, trabalhe, trabalhe. Mas não se esqueça, vírgulas significam pausas..." 
"...e quem sabe assim você seja promovido a melhor (amigo / pai / mãe / filho / filha / namorada / namorado / marido / esposa / irmão / irmã.. etc.) do mundo!" 

"Você pode dar uma festa sem dinheiro. Mas não sem amigos."

E para terminar:

"Não eduque seu filho para ser rico, eduque-o para ser feliz. 
Assim, ele saberá o valor das coisas e não o seu preço."


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quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

LIBERDADE, IGUALDADE E FRATERNIDADE SÃO VALORES INCONTESTÁVEIS

Um texto de José Mattoso

Sabedoria e fraternidade


Para quem tomar os três conceitos de Liberdade, Igualdade e Fraternidade em si mesmos, não pode deixar de os considerar como valores incontestáveis, seja para um cristão, seja para quem for. Por isso, o observador desprevenido acha estranho que a Igreja tenha levantado objeções à sua valorização. De facto, a Igreja, durante o longo pontificado do papa Pio IX, e, depois disso, durante muito tempo, não hesitou em condenar o liberalismo em geral e o liberalismo católico em particular. Foi preciso uma muito lenta maturação intelectual e doutrinal para que a vigilância censória do Vaticano atenuasse as suas desconfianças. Quanto à trilogia que os liberais apresentavam quase como um novo Evangelho, a apologética cristã do século XIX interpretava-a como pura hipocrisia: do seu ponto de vista, os liberais não queriam instaurar a igualdade e a fraternidade, mas destruir a Igreja.

Ler tudo aqui

domingo, 24 de julho de 2011

O Tesouro da Sabedoria




CHEIO DE ALEGRIA, AGARRA-SE AO TESOURO

Georgino Rocha

Atitude decidida e coerente, fruto de um coração inteligente e de uma vontade determinada. Atitude assumida com firmeza pelo homem que passa no campo e sente o seu olhar “golpeado” pelo brilho de um tesouro. Atitude emblemática de tantas outras que, ao longo dos dias, somos chamados a considerar e fazer nossas.
O homem da parábola concentra todas as energias na realização da maior aventura da sua vida: obter a preciosidade vislumbrada. Definida a meta dos seus desejos, reorganiza e reordena todas as suas rotinas, reelabora a sua escala de valores, redimensiona a distribuição do tempo. Nestas diligências, sente o seu ânimo transbordar de alegria e toma decisões arriscadas.
Por isso, prossegue sem demora o seu plano de acção: pôr a salvo o tesouro descoberto, desfazer-se dos bens a fim de conseguir a importância indispensável à compra, adquirir o campo onde está o achado. Em todo este processo, uma confiança revigorante galvaniza as suas forças anímicas e energias espirituais.