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segunda-feira, 4 de março de 2019

Anselmo Borges: Revolução copernicana na Igreja

Anselmo Borges
1. Foi uma verdadeira revolução copernicana. Com Copérnico, ficámos a saber que não é o Sol que gira à volta da Terra, é a Terra que gira à volta do Sol. Com a Cimeira no Vaticano, de 21 a 24 de Fevereiro passado, para se tomar consciência da monstruosidade da pedofilia na Igreja e pôr-lhe termo, convocada, num gesto inédito, corajoso e histórico, que se impunha, do Papa Francisco, ficámos a saber que, de agora em diante, o centro não continuará a ser ocupado pela Igreja enquanto instituição, mas pelas vítimas, que serão defendidas com toda a seriedade. 
No encerramento, perante os 190 participantes, entre os quais 114 Presidentes das Conferências Episcopais de todo o mundo, membros da Cúria, superiores e superioras gerais de ordens e congregações religiosas, peritos e alguns leigos, Francisco, num discurso histórico, muito bem elaborado e com dados arrepiantes sobre o abuso físico e psicológico de menores e adultos vulneráveis não só dentro da Igreja mas transversalmente na sociedade global, incluindo as famílias e outras instituições (nesta abrangência, as vítimas são muitos milhões), comprometeu-se a que a Igreja “não se cansará de fazer tudo o que é necessário para levar à justiça seja quem for que tenha cometido abusos de tipo sexual” e que nunca “tentará encobrir ou subestimar nenhum caso”. 
Perante o horror da pedofilia, afirmou que ela lhe fazia lembrar “a prática religiosa cruel, difundida no passado em algumas culturas, de oferecer seres humanos (muitas vezes crianças) como sacrifício às divindades nos ritos pagãos”. Perante a “monstruosidade da pedofilia” na Igreja, assegurou: “Quero reafirmar com clareza: se na Igreja se descobrir nem que seja um único caso (que representa em si mesmo uma monstruosidade), esse caso será enfrentado com a máxima seriedade”. Prova inequívoca disso foi, ainda antes da Cimeira, a redução ao estado laical do ex-cardeal norte-americano Theodore McCarrick, e, depois, no passado dia 26, a sanção imposta ao cardeal australiano George Pell, a terceira figura do topo da Igreja, ex-superministro das finanças do Vaticano, condenado por abuso sexual de menores: enquanto decorre o recurso nos tribunais, está suspenso e impedido de contactar, seja de que modo for, com menores. 

sábado, 17 de dezembro de 2016

A revolução de Francisco: "Sou amado, logo, existo"

Crónica de Anselmo Borges no Diário de Notícias




1. Na perspectiva grega, o decisivo é conhecer a essência, por exemplo, o que é Deus? Na perspectiva hebraica, no que a Deus se refere, a perspectiva é outra: o que é que acontece quando Deus está presente? Foi assim que João Baptista, na prisão, mandou discípulos perguntar a Jesus se era ele o Messias. Jesus não deu nenhuma resposta teórica. Deviam eles próprios descobrir a verdade a partir do que viam que estava a acontecer: "Ide contar a João o que estais a ver e a ouvir: os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos ficam limpos, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e aos pobres é anunciada a boa notícia." O Messias verdadeiro é aquele que está presente em nome de Deus a aliviar os tremendos sofrimentos das pessoas, a abrir horizontes de esperança para todos, sobretudo para os pobres e abandonados. Jesus está aí, libertando da opressão e da indignidade, anunciando e realizando um mundo novo de alegria e dignidade para todos. Ele é o enviado pelo Deus compassivo, que sara e cura as feridas e liberta a vida: "Sede misericordiosos como o vosso Pai celeste é misericordioso." Mais do que dogmas e doutrina, o decisivo no cristianismo é a prática libertadora.

A revolução de Francisco foi anunciada desde o início, ao proclamar que ninguém devia ter vergonha da ternura, sendo a missão da Igreja levar adiante o projecto de humanização que Jesus quer: "Vejo com clareza que do que a Igreja precisa é de capacidade para curar feridas. Devemos encarregar-nos das pessoas, acompanhando-as como o bom samaritano, que lava e limpa as feridas e consola", "caminhar com as pessoas na noite, saber dialogar e inclusive descer à sua noite e obscuridade sem nos perdermos".

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Feliz de quem não se escandaliza comigo

Reflexão de Georgino Rocha

A revolução da  ternura

Estranha afirmação de Jesus que faz parte da resposta dada aos enviados de João preocupados em saber se Ele era o Messias. Escandalizar-se com as suas atitudes e palavras, os seus gestos de cura e ensinamentos de libertação, atingia não apenas os dirigentes religiosos, mas o próprio João Baptista, o precursor. O escândalo seria fruto de algo surpreendente que contrastaria com tradições fundadas e expectativas criadas, com a mentalidade predominante alimentada em rituais de sinagoga e comentários de rua. De facto, segundo Mateus, o evangelista narrador, a surpresa é tão grande que provoca um diálogo clarificador e assertivo entre os enviados de João e o próprio Jesus. Mt 11, 2-11.
“És tu Aquele que há-de vir ou devemos esperar outro? é pergunta síntese do que se ouvia falar a respeito do comportamento de Jesus e de que os discípulos de João se fazem porta-vozes, pergunta suscitada pelas dúvidas e incertezas, pergunta que admite a correcção de desvios e comporta o desejo de alcançar a verdade. O contraste é interpelante: A misericórdia compassiva para com os infelizes da vida substitui a justiça “férrea” de João, o anúncio da boa nova da salvação ocupa o lugar do discurso “musculado” e ameaçador do precursor, a proximidade e o envolvimento na missão são como que o contraponto do refúgio no deserto e do isolamento na prisão. À imagem do Deus justiceiro sobrevém o rosto do Deus misericordioso. Contudo, Jesus reconhece a grandeza de João e faz um rasgado elogio. 

quinta-feira, 7 de março de 2013

Os militares estão preocupados...


Diz a Associação Nacional de Sargentos: "Todos os cenários estão em cima da mesa, da elaboração de uma simples exposição à presença na rua". E eu acrescento: Entre um cenário e outro não estará uma revolução? Haverá razões para matar a democracia? Penso que não!

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