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sexta-feira, 29 de julho de 2016

O que resta de religioso nesta sociedade "laica"

Reflexão de José Tolentino Mendonça




As nossas sociedades tornam-se fisicamente extenuantes para os indivíduos, e parece faltar um apoio para as difíceis questões que respiram em nós com maior frequência: «Porquê precisamente a mim?»; «Que fazer da minha vida quando tenho de decidir sozinho?»; «Para que serve viver, se temos de desaparecer sem deixar rasto?»

Relativizado o círculo confessional, a religião tornou-se um estimulante terreno inculto para a produção científica e cultural mais heterogénea. É um fenómeno aparentemente inexaurível de meditação no qual todos têm alguma coisa a dizer: sociólogos, antropólogos, pensadores de teoria política, romancistas...
Nos nossos dias vão adquirindo plausibilidade, aplicadas ao religioso, expressões que aos ouvidos de outros séculos pareceriam totalmente insólitas, como «restrição de campo», «reconfiguração», «deslocação para a esfera íntima», «mudança de papel social», «religião implícita», tudo expressões que dizem muito do processo epocal em que nos encontramos.

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segunda-feira, 31 de março de 2008

HOJE HOUVE BRONCA NA MISSA!


- Sabes, hoje, de manhã, fui à missa e houve uma bronca de todo o tamanho! – afirmou o meu colega e amigo Rodrigues, ao telefone, logo após me ter inteirado do estado de saúde da sua filha mais nova.
- Bronca? Como assim? – perguntei-lhe eu.
- O Padre deu cá uma descasca no pessoal, que nem imaginas! Foi na homilia! – respondeu-me e acrescentou o Rodrigues.
O Rodrigues, aveirense de nascimento, vive e trabalha, por conta própria, há anos a esta parte, perto de Braga.
Também lá, a vida é difícil e o encerramento de empresas de têxteis, calçado, confecções ou produtos electrónicos, tem colocado muita gente no desemprego, havendo situações dramáticas, a nível da sobrevivência diária de muitas famílias.
A Cáritas Diocesana, pelo que ele me disse, tem sido uma das instituições que mais anda no terreno, na busca das melhores soluções e ajudas para estes dramas humanos.
Mas, como tudo na vida, um pólo tem sempre o seu oposto, ou seja, há miséria, de um lado, não admirando que surja a riqueza no outro.
De há três anos para cá, o responsável paroquial tem procurado sensibilizar, sobretudo na Quaresma, aqueles a quem a fortuna sorriu, para terem em conta as dificuldades dos outros irmãos, serem solidários com eles e evitarem todo o tipo de ostentação, que acaba por ferir a dignidade de quem já está fragilizado na sua vida diária.
Esta ostentação surge, ainda com mais vigor, durante a Visita Pascal, e, parte dela, passa-se no interior de umas duas dezenas de moradias (“mais que luxuosas” no dizer do Rodrigues), que abrindo as portas ao anúncio do Ressuscitado, não dispensam, ano após ano, o requinte e os luxos exuberantes – que passam pelos carros, roupas e não só, durante o resto do ano.
Pelo que me disse o Rodrigues, as mesas são autênticas montras de tudo o que há de bom e do melhor, com as mais variadas e caras iguarias que se possam imaginar, em quantidades muito para além do bom senso e das necessidades dos seus proprietários. Fazem-se festas com convidados vindos de fora da freguesia.
Já na Páscoa passada, o pároco fez “ameaças” de que deixava de fazer a Visita Pascal nas casas que não soubessem receber, com respeito, dignidade e humildade, Aquele que deu a vida para nos salvar.
Como se costuma dizer, em bom português, parece que os avisos e os apelos paroquiais entraram por um ouvido e saíram logo pelo outro!
Haverá, aqui, uma provocação gratuita? Será que querem uma Igreja à sua medida e ao seu gosto? Será que desejam algum confronto? Será que desconhecem que Cristo se fez pobre por nós? (cf. 2 Cor 8,9).
Ainda que não seja um caso isolado, infelizmente, é uma das excepções à regra, mas que exige, a meu ver, medidas pastorais serenas, rápidas e firmes, capazes de fazer da paróquia – qualquer paróquia – aquilo que ela é em si mesmo: uma comunidade de fiéis, baptizados, que se reúnem e celebram a doutrina salvífica de Cristo, e praticam a caridade do Senhor em obras boas e fraternas (cf. CIC 2179).
Quanto à questão da “bronca”, na Eucaristia, tive que dizer ao Rodrigues que me parecia que o pároco não teria dado “bronca” nenhuma, durante a homilia.
- Se houve “bronca” – no sentido de censura ou repreensão evangélica (cf. Mc 16,14; 1,25; 8,33 ou Lc 9,55) – ela foi dada pelo próprio Cristo. – afirmei eu ao Rodrigues – que logo retorquiu: - Mas foi o Padre que falou! Percebendo que o meu Amigo estava confuso, e para ser o mais preciso e conciso, fui à estante buscar o livro “Missa”, do Cardeal Jean-Marie Lustiger, que se tornou participante no nosso diálogo telefónico.
Afinal, o Rodrigues, até aí, ainda não tinha entendido que, quando o celebrante entra na Assembleia de fiéis, Cristo se torna presente na sua pessoa (cf. pag. 48).
Agora, do que ele mais gostou de ouvir foi que a homilia “é verdadeiramente uma acção de Cristo que, pela boca do Padre, torna presente a sua Palavra” (cf. pag 95 e 96).
Decerto que vou ter novas oportunidades de falar com o Rodrigues e, quem sabe, se, até lá, numa outra Assembleia Eucarística, presidida por um qualquer sacerdote, não pode surgir uma outra “bronca evangélica”.
Como em tudo, também na vida da Igreja, o importante é que “aquele que tiver ouvidos, oiça” (cf. Mt 13,9).

Vítor Amorim

domingo, 30 de setembro de 2007

Obra do Apostolado do Mar

Stella Maris, na Gafanha da Nazaré
Buarcos: Homenagem ao pescador

Caramulo

STELLA MARIS DE AVEIRO ABRE-SE A NOVOS HORIZONTES

Em jeito de balanço, podemos dizer que a Obra do Apostolado do Mar (OAM) continuou, neste primeiro semestre de 2007, a procurar novos caminhos de intervenção do seu clube Stella Maris nas áreas da ria e portos de Aveiro, apostando, especialmente, nos campos social, cultural e religioso.
A direcção, presidida pelo diácono permanente Joaquim Simões, optou, nessa linha, por conhecer, junto de dirigentes nacionais da OAM, formas diversas de valorização dos marítimos e seus familiares, sobretudo os residentes na região aveirense. Assim, seis elementos dos corpos directivos participaram num retiro, em Fátima, onde foi sublinhado o valor da solidariedade entre as famílias ligadas ao mar.
Com o mesmo objectivo de estabelecer laços solidários entre os membros da direcção e amigos da OAM da Diocese de Aveiro, realizou-se uma visita a Buarcos, para uma troca de impressões com o Padre Carlos Noronha, director nacional da OAM, e seus colaboradores. Os visitantes reconheceram a importância de uma instituição como esta, inserida numa freguesia piscatória e atenta aos problemas da comunidade.
A comitiva aveirense rumou seguidamente para a Serra do Caramulo. Num enquadramento natural, paisagístico e demográfico bem diferente das terras da laguna aveirense, um amigo do Stella Maris de Aveiro ofereceu um lanche na povoação de Pedronhe, do qual resultou um convívio muito salutar.
Porque se torna urgente dar a conhecer os objectivos concretos da OAM, nomeadamente através do clube Stella Maris, a direcção promoveu, ainda neste semestre, a celebração do primeiro ano da tomada de posse dos novos dirigentes. O encontro congregou, para além do Bispo de Aveiro, D. António Francisco, outros responsáveis diocesanos ligados ao sector, autoridades civis, funcionários e seus familiares, bem como amigos do clube, sobretudo os que, em momentos difíceis, se dispõem a ajudar este serviço diocesano.
No sentido de busca de conhecimentos e de procura de experiências que possam levar a OAM de Aveiro a abrir-se a novos horizontes, a direcção participou, em Junho, no XXII Congresso Mundial do Apostolado do Mar, promovido pelo Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes. O Congresso decorreu em Gdynia, Polónia, e teve por tema “Em solidariedade com a Gente do Mar, testemunhos de esperança pela Palavra de Deus, a liturgia e a diaconia”.
F.M.