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domingo, 12 de novembro de 2023

Releituras - As Praias de Portugal


Presentemente, ando, com gosto, a reler o que me vem à mão ou aos olhos. Fixo-me numa estante ou prateleira e saco um livro, muitas vezes à sorte. Ontem saíram dois: “As Praias de Portugal - Guia do Banhista e do Viajante” de Ramalho Ortigão (1876), e “Só” de António Nobre.
Ramalho Ortigão, num estilo fresco e bem afinado, referiu curiosidades interessantes das praias por onde passou. Contudo, ostracizou a nossa região, decerto por ver pouco entusiasmo. Incluiu de passagem, num capítulo (As praias obscuras), a nossa Costa Nova. Assim: “O Furadouro e a Costa Nova são frequentadas por algumas famílias de Aveiro e seus subúrbios.”
Entre as curiosidades para os nossos dias, refiro, em especial, os Tratamentos Marítimos, a Atmosfera, a Água do mar em bebida, o Banho, a Dieta, a Solidão, as Leituras, etc.
E por aqui me fico. O importante é que os meus amigos leiam.

domingo, 23 de julho de 2017

Aí o tens, boa amiga, o vasto, o poderoso Oceano! Procura conhecê-lo


Uma leitura para este tempo é ou pode ser Ramalho Ortigão. Um clássico porventura a cair no esquecimento. Dele não conhecia muito. Umas Farpas e textos de antologias. 
Graças à Editora Quetzal, estou a ler [2014] "As Praias de Portugal - Guia do Banhista e do Viajante", cuja primeira edição data de 1876. As nossas praias, Barra e Costa Nova, não lhe mereceram qualquer referência. Apenas diz que a Costa Nova era frequentada por algumas famílias de Aveiro e seus subúrbios. Nem o Algarve está no mapa. 
De qualquer forma, o leitor fica ao alcance de bons nacos de prosa e de informação variada. E não faltam curiosidades científicas, decerto já ultrapassadas. Já lá vão uns 150 anos. 
Deixo aqui um pedacinho dedicado às mulheres, que talvez possua um fundo de atualidade, com poesia para este tempo.
Boas férias para todos.




«Aí o tens, boa amiga, o vasto, o poderoso Oceano! Procura conhecê-lo. Ele será o teu melhor, o teu mais fiel amigo, o teu médico, o teu mestre, o namorado do teu espírito.
Tudo aquilo de que precisa o teu abatido organismo, a tua imaginação, o teu carácter, a tua alma, o mar possui para to dar.
Ele tem o fosfato de cal para os teus ossos, o iodo para os teus tecidos, o bromureto para os teus nervos, o grande calor vital para o teu sangue descorado e arrefecido.
Para as curiosidades do teu espírito ele tem as mais interessantes histórias, os mais engenhosos romances, os mais comoventes dramas, as mais prodigiosas legendas.
Para as fraquezas da tua imaginação, da tua sensibilidade, da tua ternura, tem finalmente a grande força austera, simples, tenaz, implacável, que na terra se não encontra senão dispersa, em pequenas parcelas, pelo que há de mais sublime e de mais culminante na humanidade: a alma dos heróis e o coração das mães; - força imensa, sobrenatural, inconsciente, de que o mar é viva imagem colectiva e portentosa.»

NOTA: Texto publicado no meu blogue há precisamente três anos. 

sábado, 6 de fevereiro de 2016

Nazaré sem ondas

Nem sombras 
de garrettmacnamaras 
à vista


Nossa Senhora da Nazaré
Ontem, a famosa Nazaré da ondas gigantes, que Garrett-McNamara tornou mundialmente conhecida no universo do surf, estava sem ondas. Mar chão em dia de sol, sem grande frio, com alguns turistas a visitar a praia do norte. Foi ali, à vista de muitos, que McNamara bateu o record numa onda de uns trinta metros, quase metade da altura do nosso farol, o mais alto de Portugal.
Já não visitava a Nazaré há décadas. Ontem tive o privilégio de a revisitar, completamente diferente da que morava na minha memória. Igual, lá estava, porém, a ermida de Nossa Senhora da Nazaré, se calhar “mãe” da nossa padroeira. Marcas do tempo a manter viva  a lenda de D. Fuas Roupinho.

Com a minha Lita lá no cimo

Diz Ramalho Ortigão, no seu livro “As Praias de Portugal — Guia do Banhista e do Viajante”, que a capelinha foi edificada em 1370 pelo rei D. Fernando. A imagem, lembra o escritor, é «de madeira pintada, tem palmo e meio [o palmo corresponde a  22 centímetros] de altura e dizem que foi trazida de Nazaré para Mérida, onde esteve algum tempo, e de Mérida para o lugar em que actualmente se acha». Como é natural, eu não podia deixar de a visitar, até porque se diz que de alguma forma estamos ligados àquela imagem.

Nazarena em festa

A Nazaré estava a viver antecipadamente a festa do Carnaval, havendo sinais disso pelas zonas mais turísticas. Por aqui e por ali as nazarenas exibiam as sete saias. Questionei uma sobre o motivo de em dia de trabalho andar com um traje tão antigo. Veio como resposta que nas festas é uso obrigatório e da tradição apresentarem-se assim, começando nas antevésperas. E a jovem, quando lhe pedi autorização para a fotografar, de imediato procurou a pose ideal.
A visita à Nazaré foi apenas de algumas horas, mas deu para perceber que em dia de ondas gigantes, decerto anunciadas com antecedência, não faltarão visitantes curiosos para apreciar o Garrett-Mcnamara ou candidatos a heróis como ele. Nesse ponto, tivemos azar. Ficará para a próxima.

Fernando Martins

terça-feira, 3 de novembro de 2015

O homem sem educação

«O homem sem educação, por mais alto que o coloquem, 
fica sempre um subalterno»

Ramalho Ortigão (1836-1915), escritor português

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

MAIS UMA VEZ NA FIGUEIRA DA FOZ



De novo na Figueira da Foz com a minha Lita, para cumprirmos a missão de avós. Com prazer, diga-se de passagem. Com infantário encerrado para férias e descanso do pessoal, é preciso ficar com o Dinis, não como guardas, mas como avós e, ainda, como educadores atentos e disponíveis para o ajudar a crescer, tanto física como mental e espiritualmente, indicando-lhe caminhos assentes em valores que fazem parte da nossa matriz.
O ar que por aqui se respira é muito semelhante ao da nossa Gafanha da Nazaré, com mar à vista, vento quanto baste para nos lembrar por vezes as habituais nortadas dos nossos lados, mas também com a luminosidade que nos torna mais alegres.
Reli agora algumas passagens do livro "As Praias de Portugal" de Ramalho Ortigão, recentemente reeditado e com data da primeira edição de 1876, debruçando-me sobre o que diz respeito à Figueira, e cujo retrato feito pelo escritor é bem diferente do que hoje podemos constatar, como é natural. Diz Ramalho que "O passeio predilecto dos banhistas é a Palheiros, pequena povoação de pescadores, a meio caminho de Buarcos, onde se recolhem as redes da sardinha". E acrescenta: "A população dos banhistas na Figueira consta de duas camadas diferentes. No fim de Setembro retiram-se as famílias de Coimbra e algumas de Lisboa, e sucedem-se as dos lavradores da Beira, que vêm para esta praia, depois das colheitas, repousar dos trabalhos do campo." Depois sublinha que "As primeiras destas duas camadas não parece serem muito particularmente simpáticas à população indígena".
Ramalho garante que a população fixa frequenta a Assembleia Figueirense, enquanto a flutuante frequenta a Assembleia Recreativa, não havendo hostilidade, "mas existe uma forte emulação provinciana, que se descarrega muitas vezes em pequenos episódios dignos de Dickens ou de Balzac".
Estas notas de Ramalho fizeram-me lembrar que nas nossas praias da Barra e da Costa Nova havia algo de inédito. Os bairradinos vinham para ares, mar e sol depois das vindimas. E quanto à frequência das praias, a Barra era mais frequentada pelas gentes de Aveiro e a Costa Nova pelas de Ílhavo. Da Assembleia da Barra lembro que estava mais aberta à alta sociedade de Aveiro.

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terça-feira, 22 de julho de 2014

O MAR E AS MULHERES

Uns conselhos de Ramalho Ortigão



Uma leitura para este tempo é ou pode ser Ramalho Ortigão. Um clássico porventura a cair no esquecimento. Dele não conhecia muito. Umas Farpas e textos de antologias. 
Graças à Editora Quetzal, estou a ler "As Praias de Portugal - Guia do Banhista e do Viajante", cuja primeira edição data de 1876. As nossas praias, Barra e Costa Nova, não lhe mereceram qualquer referência. Apenas diz que a Costa Nova era frequentada por algumas famílias de Aveiro e seus subúrbios. Nem o Algarve está no mapa. 
De qualquer forma, o leitor fica ao alcance de bons nacos de prosa e de informação variada. E não faltam curiosidades científicas, decerto já ultrapassadas. Já lá vão uns 150 anos. 
Deixo aqui um pedacinho dedicado às mulheres, que talvez possua um fundo de atualidade, com poesia para este tempo.
Boas férias para todos.


«Aí o tens, boa amiga, o vasto, o poderoso Oceano! Procura conhecê-lo. Ele será o teu melhor, o teu mais fiel amigo, o teu médico, o teu mestre, o namorado do teu espírito.
Tudo aquilo de que precisa o teu abatido organismo, a tua imaginação, o teu carácter, a tua alma, o mar possui para to dar.
Ele tem o fosfato de cal para os teus ossos, o iodo para os teus tecidos, o bromureto para os teus nervos, o grande calor vital para o teu sangue descorado e arrefecido.
Para as curiosidades do teu espírito ele tem as mais interessantes histórias, os mais engenhosos romances, os mais comoventes dramas, as mais prodigiosas legendas.
Para as fraquezas da tua imaginação, da tua sensibilidade, da tua ternura, tem finalmente a grande força austera, simples, tenaz, implacável, que na terra se não encontra senão dispersa, em pequenas parcelas, pelo que há de mais sublime e de mais culminante na humanidade: a alma dos heróis e o coração das mães; - força imensa, sobrenatural, inconsciente, de que o mar é viva imagem colectiva e portentosa.»

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