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quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Ria de Aveiro em dia de movimento






Ontem, num momento de cavaqueira com um amigo no parque de estacionamento do ferryboat, no Forte da Barra, presenciei o movimento febril de pescadores na laguna que nos separa de São Jacinto. Parecia uma corrida de barquinhos a motor, de um lado para o outro, decerto a arrastarem linhas com anzóis com isco na ponta. A distância não deu para saber se pescaram muito ou pouco, mas pelo número de barcos concentrados bem à vista de todos, posso imaginar que estariam em zona de pesca abundante, talvez pela serenidade das águas ou por tantas razões que eu não sei distinguir. Sei, pelo que tenho ouvido dizer, que a pesca tem muito que se lhe diga, nomeadamente em horas certas das marés. Importa, apesar disso, realçar o espetáculo dos barquinhos a motor num vaivém constante a velocidades aceleradas, muito longe de quem simplesmente passeia. 
Um porta-contentores e outros barcos de porte superior aos de pesca também encheram a paisagem lagunar para delícia dos que, como eu, vibram, nem sei bem porquê, com o espetáculo da nossa cantada Ria de Aveiro, a qualquer hora do dia. Espetadores não faltaram. 

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

O prazer da pesca na ria


É notório que não falta quem goste de pescar na ria, mesmo no centro, para saborear a maresia que invade todos os poros. Tempo livre bem aproveitado. E se as águas estão calmas e o sol brilha, então aproveitam-se todas as hipóteses de pescar pelo prazer de pescar, contemplando a natureza com toda a sua pureza. 
Paciência bem à prova como desafio permanente. Pica não pica, mais isco sobre isco e de quando em vez lá vem um robalo, grande ou pequeno, tanto faz, Nem tempo há para conversas. É preciso aproveitar a maré.

terça-feira, 12 de julho de 2016

“Os últimos marinheiros” — Um livro de Filipa Melo


Fotografia de Miguel Sobral Cardoso 
“Há três espécies de seres:
os vivos, os mortos 
e os que andam no mar.” 

Anacársis, 
filósofo cita

Acabei de ler um livrinho de Filipa Melo, com edição da Fundação Francisco Manuel dos Santos. Faz parte da coleção “Retratos da Fundação” e tem apenas 70 páginas, que se leem num fôlego. Trata-se de trabalho muito bem escrito, edição de bolso, que toca fundo na sensibilidade de quem carrega, como eu, no seu ADN, o mar e a pesca do bacalhau, mas também navios, mastros e velas, ondas, botes, redes, ausências, naufrágios, caldeiradas, partidas dolorosas e regressos felizes. 
Diz a autora na Introdução que, «Em Portugal, os homens do mar estão em vias de extinção ou quase», sendo eu sou testemunha disso. Vai já longe o tempo em que o Porto de Pesca de Aveiro era um viveiro de navios para todos os mares e para todas as pescas, com gentes da costa de Norte a Sul do país. A história é por demais conhecida e Filipa de Melo é clara e oportuna quando diz: «Inclinados perante a Europa, virámos as costas ao mar.» E acrescenta: «A atualidade do nosso imaginário mítico marítimo dissolve-se no desprezo coletivo pelo mar. Estendidos nas praias, vemos passar navios, ao longe, cada vez mais longe. O mar não existe nem sequer como conceito do poder da nação.»
A autora frisa, ainda na Introdução: «O que o leitor tem nas mãos é uma tentativa de retrato de alguns portugueses cuja principal fonte de sustento ainda é a navegação no mar».
E vamos ao livro que levou a autora a embarcar no navio de pesca de arrasto Neptuno, da praça da Figueira da Foz, em março de 2015. Jornalista experimentada e corajosa, usufruiu do prazer de sentir ao vivo o trabalho duro dos homens do mar. E da reportagem com que nos brindou ofereceu-nos, para nossa enlevo, ramalhetes poéticos que emprestaram cor e vida ao que ouviu e sentiu. 
Descobrimos apelidos que nos soam como familiares, a paixão e a fatalidade atraídas pelas ondas, o saber de experiência feito, a coragem e o respeito pela bravura do mar. Matias, Caçador, o nosso Santo André, o Museu Marítimo de Ílhavo, os canais da ria, a devoção dos marinheiros e oficiais na hora de arriar — “Seja louvado e adorado nosso Senhor Jesus Cristo”. E o bacalhau, sempre o fiel amigo presente, a pesca à linha, os veleiros, os navios a motor, os dóris (botes), o fim da pesca à linha em 1974 e a entrada dos arrastões. Mais nomes de gente nossa: O Mário Alberto Caçoilo, o Alberto Oliveira e Silva, o Arménio Pata entre outros.
Hora de um bom naco de poesia, de José Quitério, que eu sempre li, com inaudito prazer, nas páginas do EXPRESSO, dedicado ao bacalhau:

«Esquecendo a tortura que a todos infligiste na infância — ai, o malfadado óleo do teu fígado! — deram-te o aconchego das batatas, beliscaram-te com o grão, meteram-te entre fofos cobertores de farinha, coroaram-te com hortaliças, cebolas e ovos, como um rei. Segmentaram-te em bolinhos e até te pediram que fosses sonhos. Cozeram-te, grelharam-te, assaram-te, guisaram-te fritaram-te, albardaram-te, rechearam-te, arrozaram-te, exigiram-te consolos de consoadas, e só não te negaram três vezes porque, desalienado e simples como és, recusaste a dimensão divina.»

Acrescenta Filipa Melo: «No final, esqueceram-se da tortura de quem te pescou, durante tanto tempo, à custa de tanto sacrifício. Há quem diga que é preciso ir para o mar, para aprender a rezar. E tenha razão.»
A autora embarcou num dos navios da Portline, o porta-contentores Port Douro, e teve o privilégio de entrevistar Cristina Alves, «uma das duas primeiras mulheres a formarem-se em Pilotagem marítima, que lhe garantiu: «Ao fim das primeiras viagens, descobri que era mesmo o mar o que eu queria.» Fico-me por aqui, não sem antes recomendar: A nossa gente, que sente como poucos que o mar que sustenta também mata quando enlouquece, precisa de reavivar memórias. E este livrinho dá-nos um retrato muito fiel dos bravos homens do mar, que alguém um dia tratou por  lobos do mar. Aliás, a primeira citação deste trabalho de Filipa Melo reza como verdade expressiva: “Há três espécies de seres: os vivos, os mortos e os que andam no mar.” Anacársis.

Fernando Martins

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Regresso da Pesca


O regresso da pesca, na manhã de ontem, mostra a serenidade do pescador. De pé, sem ondas que o incomodem, o pescador olha quem o aprecia, à entrada da barra de Aveiro. Paredões e pedregulhos completam o enquadramento, com o azul da água salgada e o pequeno barco que volta da faina a sobressaírem. Agora vai ser a venda do peixe e o descanso, ao fim de uma noite de trabalho árduo.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

PESCA: vício para um milhão de portugueses

O PÚBLICO oline revela que a pesca é o vício de um milhão de portugueses. Diz que "Um em cada dez portugueses tem o vício da pesca. São um milhão os que, todos os anos, compram a respectiva licença para, no mar ou em água doce, faça sol ou caia chuva, darem satisfação a uma actividade que movimenta milhões de euros. O negócio, apesar da crise, floresce, ao ponto de existirem mais de 300 estabelecimentos especializados na venda de material. Há imprensa especializada e até se viaja para outros continentes na esperança de sentir a cana vergar com o peso recorde de um peixe". É obra.

Há tempos, passeando descontraidamente pelo paredão, na Praia da Barra, numa tarde calmosa, olhei para um pescador que ali estava, descontraído, de cana na mão, à espera que o peixe picasse. Parei. O pescador, talvez desejoso de meter conversa, vira-se para mim e pergunta: - Ó amigo, sabe quem é o padroeiro dos pescadores? Assim apanhado de surpresa, atirei: - Se calhar é o S. Pedro. Porquê? - indaguei. - É que eu vim do Porto de madrugada e ainda não pesquei nada. Ajude-me aí a rezar-lhe para eu chegar a casa com uns peixitos... Ri-me com vontade e lá o aconselhei a passar pelo supermercado, onde normalmente há peixe fresco. Afinal, o vício da pesca, que deve ser bom, tem destas coisas: pachorra que baste para estar de cana na mão, horas a fio, quantas vezes sem ver a cor do peixe. FM