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domingo, 27 de setembro de 2020

Deus onde está?

Crónica de Bento Domingues 
no PÚBLICO


Cristo não sacralizou a pobreza. Ao centrar o seu olhar e os seus cuidados 
nos marginalizados, abriu o caminho aos seus discípulos:
 fazei tudo para eliminar as periferias.

1. De Fátima a Meca ou a Jerusalém, o desconsolo é evidente em quem deseja e não consegue participar nas grandes celebrações da fé a que se estava habituado. As assembleias reduzidas, com observância rigorosa do novo ritual que impõe distâncias, uso obrigatório de máscara e um ritmo marcado de purificações das mãos, acentuam um clima de desconfiança mútua num cenário de catacumba.
Não é por causa de qualquer medida contra a liberdade religiosa, mas para defesa das ameaças de um vírus que não pergunta aos seus hóspedes se são crentes, agnósticos ou ateus.
A ciência tem-se mostrado muito lenta, como é normal, a encontrar remédios para o vencer e não surgem milagres disponíveis para a substituir. A oração intensa – nas suas inumeráveis formas – pode ajudar-nos a criar em nós um espírito de resistência e de esperança. Precisamos de abrir os olhos para todas as possibilidades de trabalhar por um mundo, onde a busca da justiça, banhada de sabedoria política dos cidadãos, se torne o nosso pão de cada dia. 

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Não haverá salvação?

Crónica de Frei Bento Domingues 
no PÚBLICO de domingo



«A devoção que retém as pessoas nas igrejas, nas sacristias, 
está a opor-se a um Jesus em viagem para as periferias sociais e culturais.
 Foi isto que o papa Francisco veio lembrar: só vale uma Igreja de saída!»


1. Por causa do texto do passado domingo, recebi um telefonema longo, tentando mostrar-me que já não existem deuses, homens ou mulheres que nos possam salvar. O mundo está irremediavelmente perdido. Os cristãos são os mais culpados pela enganosa ideia de salvação. Depois da derrota de Jesus de Nazaré, inventaram a fé na impossível ressurreição. Não havendo remédio contra a morte, só ela nos pode livrar do mal de existir.
Depois desta metafísica veio uma sumária lição sobre a responsabilidade europeia no actual desconcerto do mundo. No séc. XIX, a filha da civilização das Luzes cegou-se com o alargamento das suas zonas de dominação. Duas guerras mundiais, de horrorosos extermínios, tornaram a memória do século XX numa vergonha sem nome.
Das ruínas surgiu a ideia de construir uma Europa como nunca tinha existido. Num momento de lucidez, alguns dirigentes de partidos democratas-cristãos e sociais-democratas consentiram em criar as condições para a sua união. Não previram que os sucessores iriam desprezar as boas regras da cooperação e do funcionamento democrático das instituições. Com desníveis económicos tão acentuados e sem o desenvolvimento de uma cultura de diálogo intercultural — a partir da família, da escola e das relações de trabalho — os velhos demónios do nacionalismo populista voltaram a agitar-se.
Os eurocépticos passaram a queixar-se do casamento e a calcular as vantagens e inconvenientes de um divórcio. O outro europeu está a tornar-se um adversário e os acossados pela guerra e pela fome que lhe batem à porta são seleccionados conforme o contributo que possam representar para os seus interesses e necessidades.

sábado, 21 de março de 2015

Periferias, eleições e Portugal

Crónica de Anselmo Borges 
no DN de hoje


1. Deus ama o mundo: este é o núcleo da mensagem do Evangelho, o que significa que, ao contrário do que tem feito frequentemente, a condenação do mundo, concretamente, do mundo moderno, não pode constituir programa para a Igreja. Esta é a mensagem do Papa Francisco, que conquistou o coração das pessoas precisamente pelo amor. No meio deste nosso mundo perigoso e sem esperança, ele "constitui a única e a grande reserva moral global", escreveu o eurodeputado Paulo Rangel. Francisco é um pároco que entregou a vida aos que lhe foram confiados, que são todos. Um pároco universal. Nessa qualidade, acaba de dar uma entrevista, não a profissionais, mas a La Cárcova News, revista de um bairro pobre argentino. Deixo aí pontos essenciais.
Tem medo de fanáticos que o querem matar? "A vida está nas mãos de Deus." "Peço-lhe um único favor: que não me doa. Porque sou muito cobarde em relação à dor física."~