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domingo, 9 de abril de 2017

S. Jorge: Fajã da Caldeira de Santo Cristo







A Fajã da Caldeira de Santo Cristo merece sem dúvida o percurso de uma hora a pé por um caminho de terra batida que bordeja as encostas íngremes e verdejantes do Norte da Ilha de São Jorge. Vivem ali poucas famílias e a lagoa de água salobra produz as melhores e maiores amêijoas que jamais comi em toda a minha vida. 
Se há paraíso e se há sítio na terra onde se esteja próximo do céu, este é seguramente um desses locais. Não pelas amêijoas mas pela paz e desprendimento que o lugar oferece, protegido por uma imagem de Cristo que, segundo a lenda, se recusou a sair dali, provocando intempéries de cada vez que os homens tentavam tirá-la, por mar, do lugar que Ele escolheu!

Pedro Martins

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Quem era a serpente do Paraíso? (3)

Crónica de Anselmo Borges 


Ainda na continuação do livro de Ariel Álvarez, 
com a pergunta acima e mais 19 sobre a Bíblia. 

1. "Como é que Jesus fazia os seus milagres?" "Nenhum historiador sério duvida de que Jesus realizava obras prodigiosas." Fez coisas admiráveis a favor das pessoas, nas quais os seus seguidores viram o sinal de Deus. Mas não fez milagres no sentido estrito da palavra, isto é, suspendendo as leis da natureza. Crer neste tipo de milagres significa ou implica ateísmo, pois supõe-se que Deus está fora do mundo e, de vez em quando, vem dentro, a favor de uns e não de outros. Porque tudo é milagre - o milagre do ser e de se ser -, não há milagres.

Sobre os milagres, pense-se na observação, com lucidez cáustica, de Pascal, um dos maiores cristãos europeus de sempre. Quando um amigo chegou, com a roupa rota e cheio de feridas, contando o milagre que Deus acabava de fazer-lhe - "O cavalo resvalou por uma ravina, eu caí e, imagina, parei precisamente à beira do abismo" -, Pascal, pensativo, respondeu: "E a mim? Que milagre Deus me fez, porque nem sequer caí do cavalo!"

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Quem era a serpente do paraíso? (1)

Crónica de Anselmo Borges 



1. É claro que a fé não deriva da razão, à maneira da matemática ou da ciência, não sendo, portanto, demonstrável cientificamente. Mas também se deve tornar claro que a fé não pode agredir a razão, com a qual tem de dialogar, dando razões de si mesma. Há que distinguir entre saber e crer. Como dizia o médico e filósofo Pedro Laín Entralgo, o penúltimo é da ordem do saber, mas o último é da ordem da crença. Por isso, o crente não pode dizer que sabe que Deus existe e que há vida depois da morte, como o ateu não pode dizer que sabe que Deus não existe e que com a morte a pessoa acaba: o crente e o não crente não sabem, crêem, com razões. Neste contexto, Kant é inultrapassável, também quando escreveu que, apesar da sua majestade, a religião não está imune à crítica. Aliás, o Evangelho segundo São João inaugura-se dizendo: "No princípio, era o Logos", portanto, o Verbo, a Palavra, a Razão. E "foi pelo Logos que tudo foi criado", provindo daí, como sublinharam vários cientistas, que a criação, a natureza, é investigável, pois é racional. Uma religião que tem medo da razão, da investigação crítica, do confronto e diálogo com as ciências, não é humana nem presta verdadeiro culto a Deus, correndo o risco de um dogmatismo estéril e, no limite, ridículo. Como o não crente também não pode ser dogmático nem fundamentalista.