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sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Georgino Rocha: Onde está o padre, meu irmão?


Esta pergunta é pertinente para todos, sobretudo para os cristãos. Sempre, especialmente nos períodos em que a realidade do clero se mostra em mudança tão acentuada. Sempre, mas mais ainda quando os sinais de alarme disparam um pouco por todo o lado.

O padre, pessoa com um perfil tão identificado na Igreja e na sociedade, vive em si as alegrias e as perplexidades da mudança de época que caracteriza a nossa civilização. Alegrias, resultantes dos novos contornos da missão pastoral na Igreja centrada em Jesus Cristo, o amigo dos pobres e dos silenciados, a quem é preciso restituir a voz da dignidade. Alegrias, polarizadas na comunhão dos padres no único presbitério da Igreja diocesana presidida pelo Bispo local e no seio das comunidades e movimentos que a configuram. Alegrias, vividas ao ritmo dos passos de humanização que se vão registando sempre que a relação solidária prevalece sobre o casulo do egoísmo.

A pergunta inicial tem sabor bíblico e surge no contexto em que o ciúme prevalece sobre o respeito pela diferença do outro, o convite do passeio é trespassado pelo desejo de desforra, o campo tem as cores do sangue derramado pelo crime praticado e clama por justiça. A referência que passa em “pano de fundo” é o episódio de Caim e Abel, episódio que vem a repetir-se em muitos outros passos da nossa história comum. Mais do que saber onde está, o autor narra traços de como está. E assim ilustra bem a situação do outro, meu irmão.

O programa diocesano de pastoral pretende alcançar esta objectivo. Sucedem-se iniciativas. Congregam-se pessoas. Apontam-se situações. Esboçam-se estados de ânimo. Tudo a querer convergir em conhecer melhor a realidade que se nos depara e na qual se encontra a voz do Espírito em gemidos inenarráveis. Sintonizar com esta voz e criar condições para que se liberte e diga o que tem para dizer à nossa Igreja, como outrora às comunidades da Ásia Menor, é serviço pastoral de relevo humanizante que evangeliza.

O padre, meu irmão, está envolvido neste dinamismo absorvente. O zelo de pastor solícito leva-o a reprogramar continuamente a sua agenda, a reexaminar a gestão do seu tempo, a reequacionar a escala de prioridades, a dialogar com colegas e leigos, a abrir-se à corresponsabilidade, a repartir tarefas que em si se foram concentrando, a cuidar das emoções e afectos, do mundo interior e espiritual, a confiar mais visivelmente no Espírito Santo que mantém aberto o tesouro dos seus dons para quem os queira receber e valorizar.

O padre, meu irmão, está sujeito às contingências de todos os seres humanos: surpresas de cada dia, energias a gastarem-se, idade a pesar progressivamente, cansaço a espreitar uma “entradinha” e a querer abrir a porta a outras situações preocupantes, recurso ao silêncio solitário e mais expedientes, assaltos de angústia depressiva. A revista “Família Cristã” vem dedicando a sua atenção a estes estados evolutivos em ordem a fazer atempadamente a indispensável prevenção e recuperação.

A saúde do padre não é apenas um bem pessoal. Como homem da comunidade, diz respeito também aos cristãos, paroquianos ou não. A gratificação como reconhecimento da doação feita pela felicidade dos outros constitui um suporte emocional de qualidade. A companhia, quando desejada, reconforta e estimula à superação. A relação de ajuda espiritual é sempre um arrimo de valor incalculável. A preocupação dos cristãos, sempre necessária, mostra a qualidade da fé no vínculo que os une e a firmeza da esperança que os irmana. Sempre, mas ainda mais nas épocas de encruzilhada pastoral em que que se misturam, frequentemente, critérios de sabor contrastante, e muitos fiéis cristãos afirmam a sua determinação subjectiva que pretendem fazer prevalecer na comunidade cristã. E o ricochete vai para o padre, o irmão mais próximo e rosto da instituição eclesial.

O magistério do Papa Francisco tem sido luminoso, a este propósito, e rasga horizontes de sã inquietude evangélica. Abre caminhos que, em sintonia com os nossos Bispos, somos convidados e percorrer. Aproveitemos a oportunidade aberta pelo programa pastoral 2017/2018.

Georgino Rocha

sábado, 7 de novembro de 2015

Papa lamenta padres e bispos «agarrados ao dinheiro»

Avareza (det.) | Pieter Bruegel, o Velho
«Também na Igreja há pessoas assim, que em vez de servir, de pensar nos outros», acabam por «se servir da Igreja: os arrivistas, os agarrados ao dinheiro. E quantos sacerdotes e bispos temos visto assim. É triste dizê-lo, não?», disse o papa. E disse mais: À «radicalidade do Evangelho, do chamamento de Jesus Cristo a servir, a estar ao serviço, de não se deter, de ir sempre mais além, esquecendo-se de si próprio», alguns respondem com a «comodidade do estatuto»: «Eu atingi um estatuto e vivo comodamente, sem honestidade, como aqueles fariseus de que fala Jesus, que passeavam nas praças, fazendo-se ver pelos outros».

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NOTA: Leio, frequentemente, elogios dirigidos ao Papa Francisco pelo seu testemunho de vida, pela sua coragem, pela sua determinação e capacidade de denúncia do que vai mal no mundo e na Igreja, que está, ou deve estar, no mesmo mundo. Mas se denuncia, também anuncia os caminhos do evangelho de Jesus Cristo. É, portanto, um grande profeta do nosso tempo. Também ouço, por aqui e por ali, que a Cúria Romana e uns "ortodoxos" (Sem ofender os nossos irmãos na fé das Igrejas Ortodoxas) ou radicais tradicionalistas, nostálgicos do passado, que os há por cada canto, estão atentos para, no silêncio dos manhosos, perturbar a coragem genuína do papa que veio do outro lado do mundo para purificar a Igreja de Cristo.