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quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

Ave, Maria! Estrela Matutina



AVE, MARIA

– Ave, Maria! Estrela matutina,
Porta do céu, Jardim Fechado: ó pura,
E delicada e angélica menina!

Cheia de graça! Tímida brandura
Mais forte do que o sol e a neve linda
Que nem o sol derrete a arder na altura!

É contigo o Senhor. Ele há de, ainda,
– Pois foi castigo, – ser perdão também:
O Pai nos dá seu Filho… E a hora é vinda.

Bendita és tu, entre as mulheres. – Mãe:
Bendito o Fruto do teu ventre, agora,
E por todo o sempre, e por Jesus. Amém.

António Correia d’Oliveira


In Verbo Ser e Verbo Amar

quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

MARIA vai cuidar da nossa laguna...

Foto do meu arquivo


O Movimento de Amigos da Ria de Aveiro (MARIA) passou a ser, por escritura pública registada no cartório Notarial de Aveiro, uma associação sem fins lucrativos, com sede na Costa Nova do Prado. A escritura foi subscrita pelos três primeiros associados do núcleo inicial dos 70 associados-fundadores: Paulo Ramalheira, João Senos da Fonseca e Virgílio Monteiro. 
A Ria, com a sua beleza e magia, mas também com a sua riqueza, vai poder contar com um Movimento atento e conhecedor de tudo o que ela representa e deve merecer de todos nós: respeito, vigilância, fruição, divulgação e atenção às suas necessidades. Parabéns pela determinação do MARIA.

sábado, 21 de dezembro de 2019

A noiva de José é a Mãe de Jesus

Reflexão de Georgino Rocha 
para o Domingo IV do Advento


Maria e José são noivos. Têm um projecto de vida definido e estável, de amor mútuo fiel e definitivo. Sabiam o que pretendiam e observavam as normas que configuravam o seu estatuto na sociedade judaica. A sua opção pelo casamento era reconhecida oficialmente. Viviam o sonho feliz de constituir uma família. Apenas aguardavam o tempo de receber, segundo os ritos religiosos, as bênçãos de Deus, de celebrar, com os familiares e amigos, a festa do amor recíproco, de iniciar a vida em comum e a convivência na mesma casa. Que actualidade mantém este modo de viver o noivado, de fazer os esponsais, de se inserir na sociedade, de ser membro da comunidade religiosa e cristã! Que exemplo para os noivos de todos os tempos!
É neste projecto de vida que ocorre o “inesperado”. O enviado de Deus convida Maria para ser a Mãe de Seu filho. Esta fica perturbada e faz perguntas. Recebe respostas esclarecedoras que a levam a assentir. E entrega-se incondicionalmente a esta sublime missão. José, seu noivo, fica perplexo. Não sabe o que fazer. Sofre em silêncio o desconforto em que se encontra. Congemina saídas airosas e legais. Quer salvaguardar o mais possível a honra da sua noiva. A sua atitude é compensada num sonho em que o enviado de Deus lhe dá explicações de tudo. Mt 1, 18-24.

terça-feira, 18 de junho de 2019

"MARIA" e Porto de Aveiro juntos na defesa do território lagunar




Li hoje, no Newsletter do Porto de Aveiro, que vai haver colaboração de duas entidades ("MARIA" e Porto de Aveiro) para a proteção e defesa do território lagunar. Garante-se que os responsáveis pela área portuária têm «uma grande sensibilidade para alguns dos problemas que emergem em zonas interiores da Ria», estando, por isso, disponíveis para «trabalhar na qualificação de espaços que não têm actividade económica e que são, por isso, zonas de fruição pública». Estas informações foram prestadas pela presidente do Conselho de Administração do Porto de Aveiro, Fátima Alves, durante uma reunião solicitada pelo "MARIA" para apresentação de cumprimentos e para esclarecimento dos principais fundadores daquele Movimento.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

A Palavra de Deus faz-se Homem. É Jesus, o Filho de Maria

A verdade do Natal 


Georgino Rocha
 João, o discípulo amado, abre o seu Evangelho com uma narração, bela e profunda, que faz lembrar o relato da criação no livro de Génesis. Narração que mergulha no seio de Deus e contempla a vida de relação das três Pessoas divinas. Narração que designa a Segunda Pessoa por Verbo de Deus, Palavra de comunicação e vida, de sabedoria e graça, de amor familiar e proximidade humana. Palavra de acesso ao coração de Deus e de entrada na consciência de cada pessoa, santuário da sua habitação. Palavra de garantia da humanidade divina e da divinização humana; Palavra que nos faz filhos e irmãos. Desta fonte inesgotável brota a nossa comum relação fraterna e o respeito devido às demais criaturas.
Jesus, a Palavra de Deus é o filho de Maria. Nasce no tempo, tem uma família estável, convive com os vizinhos, reza com os pais, vai com eles à sinagoga, aprende um ofício de trabalho, e, chegada a altura, deixa a casa paterna para iniciar um novo estilo de vida: a de missionário itinerante.
João narra, de forma bela, o seu agir histórico, dando-lhe a força de sinais da novidade a revelar-se, da glória a brilhar na entrega por amor que desvenda a dignidade humana onde se espelha o rosto divino.
“Jesus, a Palavra de Deus é a luz que ilumina a consciência de todo o homem. Mas para onde nos conduzirá essa luz? A Bíblia toda afirma que Deus é amor e fidelidade. Levado pelo seu infinito amor e sendo fiel às suas promessas, Deus quis introduzir os homens onde eles nunca teriam pensado: partilhar a vida e a felicidade de Deus”, afirma em comentário a Bíblia Pastoral.
Deus quer, e deixa a resposta à pessoa humana livre de coações, aberta à verdade integral. Que alegria, podermos dar uma resposta positiva ao amor que nos ama e nos propõe a felicidade! Que risco, corremos ao dizer não e permanecer nessa atitude, ficando insensíveis à sua oferta e indiferentes ao bem dos outros, nossos irmãos em humanidade!

domingo, 24 de dezembro de 2017

Georgino Rocha — EM JESUS, DEUS FAZ-SE HUMANO. ACREDITA!



«Fazer Natal é mergulhar nesta maravilha, deixar-se banhar pela sua originalidade, imbuir-se da sua “magia e encanto”, cuidar da criança que há em nós, cultivar o sorriso na vida e a simplicidade educada na relação, ser, dentro do possível, discípulo~missionário de Jesus. Fazer Natal é reconfigurar as arcaicas imagens de Deus que povoam o nosso imaginário e, ainda, muitas orações litúrgicas e devoções populares.»



Definitivamente 

EM JESUS, DEUS FAZ-SE HUMANO. ACREDITA!


O evangelho de João, antes de apresentar os relatos da vida de Jesus, abre com um solene Prólogo, levando-nos em visita ao princípio de tudo. Faz-nos lembrar o artista/escritor que só narra a beleza do rio e das suas margens, da água fluente e do seu percurso, depois de nos levar à fonte para, aí, contemplar e saborear as origens de tanta abundância e frescura. Bela opção, a augurar um significativo texto com episódios emblemáticos da missão de Jesus e do seu alcance universal.
A fonte de tudo é Deus. Ele está no princípio, quer ser o protagonista no meio, caminhando connosco e com toda a criação, e acolher-nos no fim. Paulo lembra aos atenienses que n’Ele vivemos, nos movemos e existimos; como alguns dos vossos poetas disseram: «Somos da raça de Deus» (Act 17, 28).
O manancial de Deus manifesta a sua vida íntima a jorrar na criação do mundo e da biodiversidade, por força da sua Palavra, o seu Verbo, na superação do caos pela harmonia, das trevas pela luz, da solidão pela comunhão. A Palavra divina, sábia e fecunda, ergue-se em som vibrante que se repercute ao longo da história: ”Façamos o ser humano à nossa imagem e semelhança” e toma o rosto do masculino e do feminino, em atração de reciprocidade complementar.
Quando chega o momento aprazado por Deus, Ele que tinha falado de muitos modos e vezes, sobretudo pelos profetas, envia o seu Filho nascido de Maria, a jovem de Nazaré, a quem é dado o nome de Jesus. Decisão admirável, apelativa e reconfortante. Decisão arriscada, pois o ser humano, ao abrigo da liberdade, é capaz do melhor e do pior, como a história documenta abundantemente.
Deus faz-se humano em Jesus, recém-nascido. O espaço de encontro fica devidamente assinalado pela estrela de Belém. As circunstâncias envolventes o configuram e caracterizam. E do silêncio eloquente da gruta ergue-se o apelo/convite: Vinde e reconhecei a grandeza da pequenez, a humanidade do divino, a divindade do humano. Só em Jesus, vemos e conhecemos a Deus. Só em Jesus, vemos e conhecemos o homem. Que maravilha e encanto! “Da sua plenitude todos nós recebemos graça sobre graça”, refere o autor da narração, que afirma ao concluir: “A Deus, nunca ninguém O viu. O Filho Unigénito, que está no seio do Pai, é que O deu a conhecer”.
Quem pode imaginar maravilha tão desconcertante!? Deus despojado de tudo aquilo com que adornaram a sua aparição na história, assumindo a fragilidade de uma criança como título de glória, dependendo de cuidados vitais de proximidade imediata, sem outra dignidade que a do ser humano e dos direitos inalienáveis que lhe são reconhecidos. Quem pode imaginar a novidade, agora exposta, do caminho de realização pessoal e relacional, de êxito na vida e de sucesso na missão?! Deus para humanizar a sociedade e o mundo opta pelos sem poder nem riqueza, sem prestígio nem influência. E aposta na convivência e na comunhão com todos, no humano que há em cada pessoa.
O que podemos conhecer de Deus é o que brilha “no menino envolto em panos e deitado na manjedoura”, adianta Lucas numa expressão cheia de poesia e ternura. A grandeza de Deus é a humanidade deste recém-nascido. Deus torna-se homem como nós, “um da mesma massa que nós” no dizer de Santo Hipólito de Roma.
Ao agir assim, deixa perceber o que pretende: Que o homem, seguindo as pisadas do Filho Jesus Cristo, encontre Deus em plenitude. “Eis a maravilhosa permuta celebrada no Natal. A encarnação narra que tudo o que é humano, da conceção à morte da pessoa, é objecto da solicitude e do interesse de Deus, está envolvido pelo amor de Deus”. (L. Manicardi, (2017), Comentário à Liturgia dominical e festiva, Ano B, Paulinas, p. 36. E este autor prossegue: “A encarnação diz-nos que a vida de Jesus, no seu desenrolar quotidiano e humaníssimo, feito de encontros e de amizades, de serviço e de amor, de dedicação radical aos irmãos e de obediência ao Pai, ensina-nos a viver segundo Deus”.
Perante esta realidade sublime, brota espontânea a exclamação de São Gregório de Nazianzo: “Ó admirável comércio!”; comércio/permuta de dons que explicita, dizendo: “Aquele que enriquece os outros torna-se pobre. Aceita a pobreza de minha condição humana para que eu possa receber os tesouros de sua divindade. Aquele que possui tudo em plenitude, aniquila-se a si mesmo; despoja-se de sua glória por algum tempo, para que eu participe de sua plenitude”.
Fazer Natal é mergulhar nesta maravilha, deixar-se banhar pela sua originalidade, imbuir-se da sua “magia e encanto”, cuidar da criança que há em nós, cultivar o sorriso na vida e a simplicidade educada na relação, ser, dentro do possível, discípulo~missionário de Jesus. Fazer Natal é reconfigurar as arcaicas imagens de Deus que povoam o nosso imaginário e, ainda, muitas orações litúrgicas e devoções populares.
Dom António Moiteiro, na sua mensagem de Natal, realça uma dimensão consequente ao afirmar: “O amor desceu à terra. A caridade chegara ao coração dos homens, vinda do coração de Deus, para fazer a sua morada definitiva entre nós… Só a partir da humildade, da pobreza interior, da simplicidade de coração, se poderá estar preparado para descobrir na humanidade a divindade de Deus, que quis enraizar-se na história dos homens. Esta humildade é inspiração para todos os fiéis”.
Definivamente, em Jesus Deus faz-se humano. Acredita, admira, celebra e testemunha. Boas Festas!

Georgino Rocha

sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Georgino Rocha — De Maria, nasce Jesus, o Filho de Deus


Convite aceite

Deus bate à porta de um par de noivos, surpreende-os nos seus sonhos familiares e faz-lhes uma proposta aliciante, embora estranha e perturbadora. Quer dar início à nova fase do projecto que tem em curso desde a criação do mundo: repor a dignidade original do ser humano que, entretanto, tinha sido ferida pelo pecado, e abrir-lhe os horizontes de novidade insuspeitos.
Os noivos habitam em Nazaré, são gente humilde e honrada, vivem os esponsais e aguardam, em esperança confiante, a fase que se segue: habitar juntos. Ela é Maria e ele, José. Cada um, a seu modo, tem o coração posto no futuro que se avizinha. Ambos, sem dúvida, partilham a expectativa messiânica, como bons judeus, e aguardam a sua realização. Ambos são surpreendidos pelo convite do enviado de Deus que pretende a sua colaboração generosa e pede a aceitação correspondente. Maria vai ser a Mãe do Filho de Deus, o Emanuel, a quem será dado o nome de Jesus. José terá a missão de velar pela família e garantir o seu sustento, ser responsável legal, inserir na história que remonta a David a nova situação criada.
Lucas e Mateus, autores dos relatos destes episódios como eram vividos pelas comunidades a que dirigiam os seus escritos, mostram a reacção de perturbação e medo dos convidados. Em tons diferentes e propósitos diversos. Nem era para menos! Imagine cada um o sobressalto que teria se a “coisa” fosse consigo. O enviado de Deus dá explicações que reforçam a grandeza da missão que lhes vai ser confiada e o desejo intenso de que aceitem. O que vem a acontecer, felizmente. E deixa a claro o respeito pela liberdade humana, iluminada pela verdade descoberta e assumida.
O domingo, que celebramos hoje, traz-nos a figura de Maria, ficando a de José para outra vez. Vamos seguir os passos do texto proclamado. Está elaborado, em estilo claro e atraente, para ser um ensinamento sapiencial à maneira de memória agradecida pelo que aconteceu e não tanto para fazer um relato histórico, como agora se entende.
É encantador o modo como o Anjo se aproxima de Maria: “Tendo entrado onde ela estava”, diz o narrador. Que suavidade e delicadeza! Nada que se compare a visitas ou aparições temerosas como a alguns profetas ou mesmo a Saulo de Tarso. Parece que pede licença para lhe falar ou que quer identificar o espaço em que habita: uma casa de família, onde decorre a vida normal. Nada de esplendoroso como o Templo de Jerusalém onde acontece o anúncio a Zacarias de que ia ser pai de João. A escolha do Anjo é significativa e indicia o valor do quotidiano, da ocupação diária, do tempo, do corpo, da relação entre as pessoas, da interioridade pessoal e da consciência iluminada pela razão inteligente e pela fé esclarecida. E deixa-nos o convite a valorizar o nosso dia-a-dia, as tarefas chamadas rotinas, onde o amor discreto quer brilhar.
“Alegra-te, cheia de graça”, assim começa a saudação do anjo visitador. Dá-lhe um novo nome. Ela é Maria por registo familiar; agora é a cheia de graça por indicação divina; no fim do diálogo, vai ser a serva do Senhor por decisão pessoal. É sempre a mesma jovem, filha de Ana e de Joaquim, seus humildes pais.
“O Senhor está contigo”. Por isso, não temas. Serena. Escuta o que Deus sonha para a humanidade por meio de ti: O Filho do Altíssimo, o herdeiro das promessas a David, aquele que vai iniciar um reinado sem fim, esse nascerá de ti por acção do Espírito Santo. E Maria evolui interiormente: Da perturbação e perplexidade face ao anúncio, passa à pergunta de esclarecimento, ao assentimento e abandono confiante expresso na entrega incondicional: “Faça-se em mim segundo a tua palavra”.
Gabriel, o anjo visitador, faz memória de alguns feitos de Deus para libertar o coração de Maria da perturbação sentida. E ela escuta e atende. Esta atitude diz-nos que a fé em nós nasce da palavra, que há necessidade de conservar no coração o que vem da parte de Deus, que só a coerência de vida é resposta adequada ao seu acolhimento incondicional. Como seria bom cultivarmos o amor à Palavra de Deus que abre novos espaços à nossa vida!
Após receber o consentimento de Maria, a serva do Senhor, o anjo retirou-se. Como chegou, assim partiu. Sem mais recomendações, nem alaridos. Com plena confiança, deixa o precioso legado a germinar nas entranhas da que vai ser Mãe. Com plena liberdade. E responsabilidade, também. Que respeito e discrição! Aqui e agora, o silêncio de Deus mostra toda a sua fecundidade. E a sua transcendência toma o rosto sereno de uma criança prestes a nascer.

Georgino Rocha

sexta-feira, 19 de maio de 2017

Garantia de Jesus: Vou enviar-vos o Advogado defensor

Reflexão Georgino Rocha


Disse em Fátima o Papa Francisco: "Sob a proteção de Maria, sejamos, no mundo, sentinelas da madrugada que sabem contemplar o verdadeiro rosto de Jesus Salvador, aquele que brilha na Páscoa, e descobrir novamente o rosto jovem e belo da Igreja, que brilha quando é missionária, acolhedora, livre, fiel, pobre de meios e rica no amor”

Jesus está a fazer a sua despedida dos discípulos. Abre-lhes o coração e comunica os sentimentos mais profundos. Conhece bem a situação em que se encontram: tristeza e perturbação, desamparo e orfandade, inquietação e perplexidade. E consigna no seu testamento final: “Não vos deixarei órfãos. Rogarei ao Pai que vos enviará outro Paráclito para estar sempre convosco”. Promessa realizada com a vinda do Espírito Santo. Promessa que toma rosto humano em quem cultiva o amor de liberdade e observa os mandamentos com obediência filial. Promessa que encontra no acontecimento do Pentecostes a sua celebração sacramental e percorre os caminhos da história em tantas outras manifestações.

O discurso de despedida, hoje proclamado na liturgia, condensa o núcleo fundamental dõ mistério cristão: “Eu estou no Pai e vós estais em Mim e Eu em vós”. A comunhão nasce e manifesta-se na relação. A certeza do envio do Advogado consolador, o Espírito Santo, enraiza-se neste amor fontal. A confiança dos discípulos alicerça-se na Verdade que não pode mentir. O olhar de fé faz ver outras dimensões da realidade e brota da razão humana iluminada por Quem a habita, o Espírito Divino. O amor à vida sonha novas ousadias porque garante Jesus: “Eu vivo e vós vivereis”.

Que beleza de mensagem. Que densidade da realidade. Que maravilha de horizontes. Tudo a envolver-nos para saborearmos e agradecermos, celebrarmos e vivermos, irradiarmos e comunicarmos. Em cumplicidade responsável que nos faz viver uma alegria irradiante. Santa Teresa de Calcutá dizia às suas Irmãs da Caridade: “A alegria é para nós uma necessidade e uma força, até fisicamente. Aquelas irmãs que cultivam o espírito de alegria não sentem tanto o cansaço e estão sempre prontas a fazer o bem. Plena de alegria, uma irmã prega sem pregar. Uma irmã alegre é como um raio de sol do amor de Deus, a esperança de uma alegria eterna, a chama de um amor que queima”.

A promessa de Jesus alarga-se à missão dos discípulos. Ide e anunciai. Ide e curai. Ide e sede testemunhas da minha ressurreição. E, obedientes por amor, partem pelos caminhos do mundo. De temerosos, fazem-se audazes; de agarrados ao passado, abrem-se decididamente ao futuro; de sonhadores de poderes mundanos, tornam-se realistas empenhados no serviço humilde, de cuidadores de interesses pessoais, passam a generosos construtores de uma sociedade de todos, lançando as sementes de um mundo novo a surgir.

Não estão sós nesta aventura missionária. Têm consigo o Advogado defensor, o Espírito Santo, enviado por Jesus. Necessitam da sua luz para amar sempre a verdade e não se deixarem corromper; da sua consolação para aguentar os revezes da vida; da sua companhia para vencerem a solidão que esgota e esteriliza; da sua força, suave e firme, para enfrentar todos os poderes instalados e provocar fendas de novidade e de esperança para os esquecidos e marginalizados; da sua sabedoria, para valorizar tudo o que condiz com a dignidade humana e rejeitar toda a espécie de discriminação e de silenciamento imposto. Outrora como agora. Os cristãos, seguidores fiéis de Jesus ressuscitado, sentem a alegria do Evangelho a irradiar e a causar problemas na (des)ordem estabelecida e na Igreja “entrincheirada” nos seus redutos tradicionais que se vão esboroando progressivamente. Os cristãos, como os discípulos na manhã de Pentecostes, querem vibrar com a audácia do Espírito Santo que os impele para a praça pública a proclamar o amor que Deus nos tem e faz germinar a revolução da ternura em toda a humanidade.

Maria, a Mãe de Jesus e nossa Mãe é o exemplo perfeito de quem se deixa modelar por este Espírito, o escuta e acolhe, e se disponibiliza para servir com amor. O Papa Francisco na sua peregrinação a Fátima exortou-nos a que: “Sob a proteção de Maria, sejamos, no mundo, sentinelas da madrugada que sabem contemplar o verdadeiro rosto de Jesus Salvador, aquele que brilha na Páscoa, e descobrir novamente o rosto jovem e belo da Igreja, que brilha quando é missionária, acolhedora, livre, fiel, pobre de meios e rica no amor”.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Simplesmente Maria

Crónica de Maria Donzília Almeida


Quando cheguei à US tudo era novo para mim: os espaços, as pessoas, a natureza envolvente. A primeira pessoa com quem me cruzei, ocupava-se nas suas tarefas de horticultura ali, na Quintinha da Remelha. Com solicitude, deu-me as informações pretendidas e franqueou-me as portas do US…
Este nome evocava-me uma antiga instituição, vocacionada para o tratamento de toxicodependentes da Associação Le Patriarche, fundada em 1974, por Lucien Engelmajer.
As histórias de vida que ali se cruzaram, os dramas de jovens colhidos na teia das vicissitudes humanas, na sua luta contra a tirania das dependências, parecem ter deixado, aqui, um rasto de erosão. Um véu de decrepitude paira neste espaço, a começar nas palmeiras de braços caídos, que sucumbiram aos parasitas invasores.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

FAÇA-SE EM MIM SEGUNDO A TUA PALAVRA

Reflexão semanal de Georgino Rocha



     A disponibilidade de Maria é total, e incondicional a sua entrega. Após uma saudação que a felicita pela graça alcançada e um diálogo que lhe desvenda a densidade do futuro próximo, o seu “sim” é pleno e definitivo, alegre e confiante. Deus quere-a senhora e ela, por amor, faz-se escrava. Lc 1, 26-38. Ele enche sempre as mãos vazias e acolhedoras dos que confiam na sua promessa.
    
 O episódio tem lugar em Nazaré, aldeia da Galileia com uns cem habitantes. O protagonista é o anjo do Senhor que vem a casa de Joaquim e de Ana. A mensagem expressa-se no convite para ser mãe de Jesus, o Filho do Altíssimo. O ambiente deixa “respirar” simplicidade e o silêncio faz pressentir a sublimidade do acontecimento. O interlocutor é uma jovem virgem em estado singular: já não “pertence” à família por estar “comprometida” com José, nem ao esposo e seus familiares por ainda não terem celebrado publicamente a boda ritual. Tudo ocorre no espaço onde Maria se encontra, na vida fecunda do lar onde se cultivam as mais nobres tradições e forjam os grandes ideais: o amor de doação, a mútua ajuda na relação, a integridade na educação, a memória agradecida do passado, a esperança confiante no futuro, a leveza no perdão e a elevação na oração. Deus inclina-se para ela e para todos os que encontra disponíveis. 

sábado, 21 de dezembro de 2013

Deus fez-se humano

A NOIVA DE JOSÉ É A MÃE DE JESUS
Georgino Rocha

Maria e José são noivos. Têm um projecto de vida definido e estável, de amor mútuo fiel e definitivo. Sabiam o que pretendiam e observavam as normas que configuravam o seu estatuto na sociedade judaica. A sua opção pelo casamento era reconhecida oficialmente. Viviam o sonho feliz de constituir uma família. Apenas aguardavam o tempo de receber, segundo os ritos religiosos, as bênçãos de Deus, de celebrar com os familiares e amigos a festa do amor recíproco, de iniciar a vida em comum e a convivência na mesma casa. Que actualidade mantém este modo de viver o noivado, de fazer os esponsais, de se inserir na sociedade, de ser membro da comunidade religiosa e cristã!

domingo, 1 de janeiro de 2012

Reflexão para este domingo



MARIA, A MÃE DE JESUS, BÊNÇÃO DE DEUS
Georgino Rocha

Os pastores acorrem ao “portal de Belém”, o curral onde nasce Jesus, e encontram um cenário absolutamente normal para uma família “em trânsito”. Observam o recheio envolvente e o seu olhar concentra-se nas pessoas e nas atitudes. Condiz tudo com o que lhes havia sido anunciado pelo Anjo de Deus. Nada de prodígios nem raridades. Apenas, um Menino que é contemplado por Maria e por José, seus responsáveis directos. Então, abrem o coração e narram o que tinham ouvido e sentido. São notícias de encher a alma, de fazer ecoar por toda a terra. Lucas, anos mais tarde já depois da ressurreição de Jesus, põe por escrito e embeleza o texto e desvenda o sentido escondido no que havia acontecido.