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quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Um Presépio Japonês


Catedral de Santa Maria, Tóquio

Foto: guen-k

Um presépio japonês
 Guilherme d'Oliveira Martins

À Memória do João Bénard da Costa



Naquele dia de outono, Quioto estava na plenitude da sua beleza. O Pavilhão de Prata, o Ginkaku-ji, apagava-se diante da natureza pujante. Percebíamos que o importante não era o facto de a prata nunca ter sido colocada para tornar o edifício mais espetacular. Tudo se passava, afinal, como se apenas faltasse um espelho, pois o essencial era o jardim e a ordenação magnífica da natureza. E é a memória do xógum Yoshimasa, no distante século XIV, que está presente, a partir da recordação de seu avô, o qual num gesto de suprema audácia, cobriu de folha de ouro o surpreendente Kinkaku-ji… Ali, porém, naquele momento, mais do que a prata ou o ouro, estava a natureza em toda a sua intensidade. E talvez a ausência da prata pudesse ter sido um desígnio dos deuses, para que as árvores e as plantas pudessem tornar-se mais evidentes na sua magnitude. Era o tempo do momiji, em que a natureza culta, domada pelo ser humano, é dominada pelas folhas escarlate, como se fossem flores. Deambulámos pelos caminhos do jardim, contámos as suas pedras, deslumbrámo-nos com os musgos tratados, com as águas, com os lagos, com os jardins secos, com o saibro riscado ou a terra cuidadosamente penteada a representar ilhas, oceanos e os rios da vida. E caminhámos pela via dos mestres. Foi então que, naquela peregrinação singular, encontrámos em amena conversa, nesse caminho que nos leva a Namzen-ji, um monge budista e um clérigo cristão. Com surpresa, ouvimos o diálogo de quem se assumia ora como mestre ora como discípulo.

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sábado, 23 de maio de 2009

João Bénard da Costa: Esta vida não acabou aqui

Sabia tudo com paixão...
Sabia tudo com paixão. Acreditava que a criação humana era "uma forma de nos defendermos contra a morte". Acreditava em dar "testemunho do que vai durar contra o que parece que está para durar". Acreditava em convencer "quem eu quero que goste tanto como eu gosto" e, "se possível, goste como eu gosto". Escreveu num português vintage de frase lançada. Quando ele escrevia, acreditávamos que sabia tudo.
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sexta-feira, 22 de maio de 2009

O Belo, por João Bénard da Costa

Quando me sentei aqui e olhei à volta, pensei que estava numa situação paradoxal. Ou seja, vinha falar sobre o Belo, num sítio que nos impõe imediatamente o conceito de Beleza. Este é um lugar de beleza. Se podemos secundarizar a Sé de Lisboa em relação a outras grandes catedrais românicas anteriores ou da mesma época, se podemos e devemos recordar todas as destruições, modificações, restauros que sofreu durante os tempos, nenhuma dessas contingências ou comparações diminui a beleza deste espaço. E aqui começa a primeira pergunta ou o primeiro mistério. Porquê e a quê chamamos Belo? A segunda pergunta que podemos fazer, associada a essa, é porque é que, não só na religião católica mas em praticamente todas as religiões, os templos, os lugares de oração, são – ou foram – privilegiadamente lugares de Beleza? Isto acontece no Oriente, no Ocidente, no Japão, na China, na Grécia, no Egipto, etc. Porquê a imediata associação da Beleza a um lugar onde se vai não para admirar uma coisa bela, mas para rezar, para entrar em diálogo com o transcendente, qualquer que seja o nome ou a forma de que esse transcendente se reveste.
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quinta-feira, 21 de maio de 2009

Morreu João Bénard da Costa

Morreu João Bénard da Costa, li hoje na comunicação social. Um homem brilhante do cinema e da cultura em geral. Gostava de o ler e de o ouvir nos seus discursos bem elaborados, com o seu quê de poesia e de profundos conhecimentos da história e do mundo. Foi católico assumido. Depois, desiludido, passou ao grupo dos vencidos do catolicismo. Mas nem por isso deixou de abordar imensas facetas do cristianismo, sobretudo as ligadas às diversas artes. Falava e escrevia sobre cinema e sobre artes como poucos.
FM
O PÚBLICO diz assim:
Divulgador de cinema, director da Cinemateca Portuguesa desde 1991, Bénard da Costa nasceu a 7 de Fevereiro de 1935.
A Cinemateca Portuguesa anunciou em comunicado que o corpo do seu director, João Bénard da Costa, estará na Igreja de S. Sebastião da Pedreira, em Lisboa, ao final da tarde de hoje. Numa última homenagem ao cinéfilo que dirigiu a instituição desde 1991 (e que era membro da direcção desde 1980), a Cinemateca – que suspende hoje as suas sessões – vai projectar, em data e hora a anunciar, o filme da vida de Bénard: Johnny Guitar, de Nicholas Ray. Num inquérito de jornal em que lhe pediam para dizer qual o seu filme preferido, Bénard respondia: Johnny Guitar, de Nicholas Ray; porque era ele; porque era eu”.
“Os filmes da sua vida e o seu filme da vida não se distinguiam, e traziam sempre ecos afectivos, memórias culturais, reflexos dos debates que também viveu”, escreve a direcção da Cinemateca no comunicado. “João Bénard da Costa viu muitos filmes, todos os filmes, uma vida inteira de filmes, mas também via sempre filmes que mais ninguém via, porque neles descrevia o que lá estava e não estava, isto é, aquilo que não era aparente e óbvio antes de o lermos nos seus textos”.
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