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domingo, 12 de maio de 2019

Anselmo Borges: Papa Francisco, herético?

Anselmo Borges

«Alguém de boa-fé pode negar que Francisco se tem oposto permanente e veementemente ao aborto? Simplesmente, é necessário atender às pessoas e aos seus dramas. E a Igreja deve acolher e não excluir nem oprimir quem já sofre de mais. Por isso, Francisco concedeu a todos os padres o que antes estava reservado aos bispos: na confissão, o poder de absolver também esse pecado.»

1. Numa longa carta aberta de 20 páginas, publicada no LifeSiteNews em tempo de Páscoa, mais concretamente no dia 30 de Abril passado, um grupo de académicos, teólogos e padres católicos dirige-se ao colégio dos bispos da Igreja Católica invocando duas razões: acusar o Papa Francisco do "delito canónico de heresia" e requerer que os bispos façam o que é preciso para que ele renuncie publicamente a essas heresias ou se lhe aplique o estabelecido canonicamente, incluindo a remoção do cargo papal. E os bispos têm o dever de agir porque "a acumulação de danos causados pelas palavras e actos do Papa Francisco ao longo de anos foi causa de uma das piores crises da história da Igreja Católica."

2. Quais são essas heresias por palavras e actos?
Em síntese, Francisco é acusado de aceitar que católicos divorciados e recasados civilmente possam ser admitidos, em certas circunstâncias, à comunhão; acusado de não se opor de forma mais contundente ao aborto; acusado de, no diálogo ecuménico com os luteranos, manifestar acordo com Lutero em alguns pontos; acusado de acolher os LGBT; acusado de afirmar que a diversidade de religiões não só é permitida por Deus, mas querida; acusado de ter dado cobertura e mesmo ter promovido personalidades que também dão cobertura a estas heresias, aceitam a moralidade de actos homossexuais e/ou praticaram ou encobriram abusos sexuais de menores...
Como exemplo de quem, em vez de ser condenado, foi promovido aparece o arcebispo José Tolentino de Mendonça. Com estas palavras: "Em 2013, Mendonça louvou a teologia da irmã Teresa Forcades, que defende a moralidade de actos homossexuais, declara que o aborto é um direito e que afirmou que 'Jesus de Nazaré não codificou nem estabeleceu regras'. Francisco fê-lo arcebispo e chefe dos Arquivos Secretos do Vaticano. E também o escolheu para pregar o retiro quaresmal a ele e à Cúria em 2018."
Outro exemplo: O cardeal Maradiaga, para lá de outras heresias, afirmou que "dentro do Povo de Deus, não há uma classificação dual dos cristãos - laicado e clero, essencialmente diferentes - e que, para se falar correctamente, não se deveria falar de clero e laicado, mas de comunidade e ministérios (serviços)."

sábado, 25 de junho de 2016

As dez heresias do catolicismo actual (1)

Crónica de Anselmo Borges 


Heresia vem do grego háiresis, com o significado de parcialidade. Ora, pode acontecer que uma parcialidade se absolutize de tal modo que já não deixa espaço para elementos imprescindíveis da identidade cristã. É neste sentido que o jesuíta J.I. González Faus, um dos teólogos vivos mais sólidos e cristãos, escreveu um livro intenso com o título em epígrafe, para desmontar as dez heresias que inconscientemente foram tomando conta da teologia e da vida, arruinando a identidade cristã. Será o nosso guia também nas duas próximas semanas.

1. Primeira heresia: "Negação da verdadeira humanidade de Jesus." Como reconhecer em Jesus "uma psicologia humana como a nossa: sujeita ao erro e à ignorância ou à fraqueza, à angústia, ao medo ou à sensação de fracasso"? O problema está em que já se tem uma ideia prévia de Deus e estas características parecem incompatíveis com a dignidade divina. Mas qual é a consequência? Ao exigir que, em Jesus, Deus corresponda à imagem que temos dele, acabamos por impedir que Jesus revele efectivamente Deus. São Paulo, esse, percebeu, ao escrever que o Deus que anunciamos é "loucura para os sábios e escândalo para as pessoas religiosas". Afinal, a noção de dignidade divina deve ser concebida em consonância com a ideia humana ou a partir do exemplo de Jesus? "Eu, Senhor e Mestre, dei-vos o exemplo, lavando-vos os pés.".Jesus, de condição divina, escreve São Paulo, "apresentou-se como um entre outros", "sendo rico, fez-se pobre por nós, a fim de enriquecer-nos com a sua pobreza", mostrando que a verdade de Deus é o seu amor na autenticidade e fidelidade.