Mostrar mensagens com a etiqueta Guiné-Bissau. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Guiné-Bissau. Mostrar todas as mensagens

domingo, 1 de janeiro de 2017

Prémio para o historiador Armando Tavares da Silva

“A Presença Portuguesa na Guiné 
— História Política e Militar 
— 1878-1926” 



Os distinguidos com os prémios da Academia, com o Presidente Marcelo e quatro membros da Mesa

Armando Tavares da Silva
na hora do agradecimento


A Academia Portuguesa da História distinguiu Armando Tavares da Silva com o "Prémio Fundação Calouste Gulbenkian, História da Presença de Portugal no Mundo", pelo seu livro “A Presença Portuguesa na Guiné — História Política e Militar — 1878-1926”, fruto de um exaustivo e criterioso trabalho de investigação. A atribuição dos prémios da Academia teve lugar no passado dia 7 de Dezembro, em cerimónia presidida pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Congratulo-me com o facto porque Armando Tavares da Silva, professor catedrático aposentado da Universidade de Coimbra, brindou os portugueses com uma obra digna de registo e de apreciação, tanto mais que retrata para o presente e para a posteridade as relações entre os portugueses e os guineenses, durante o período da colonização, abordando questões bastante diversas,  entre 1878 e 1926.
O autor transporta para o presente histórias não contadas, figuras e factos que poderiam cair no esquecimento, personalidades portuguesas e guineenses marcantes e lutas pelo poder pouco claras, permitindo-nos ver hoje, de forma desassombrada, o que realmente se passou naquela colónia portuguesa, depois da separação administrativa do governo-geral em Cabo Verde. Está claro hoje que, com a administração portuguesa mais implantada no território, foi possível um desenvolvimento bastante notório naquele espaço  que viria a chamar-se Guiné-Bissau, após a independência. 
“A Presença Portuguesa na Guiné — História Política e Militar — 1878-1926”, o livro de Armando Tavares da Silva, sobre o qual teci algumas considerações neste meu blogue, mereceu, na minha modesta opinião, o prémio que lhe foi atribuído. E que este trabalho possa servir, então, de incentivo aos nossos historiadores, para que outros estudos e livros surjam, sempre na defesa da verdade e dos valores que enformam a nossa sociedade, que deu “novos mundos ao mundo”.
O autor é Doutor em Filosofia Natural (Engenharia Química) pela Universidade de Cambridge (Reino Unido), Membro da Ordem dos Engenheiros, Fellow da Cambridge Philosophical Society (Reino Unido), Sócio da Sociedade de Geografia de Lisboa, do Instituto Português de Heráldica  e da Sociedade Histórica  da Independência de Portugal. 
Os meus parabéns ao autor, Armando Tavares da Silva, que muito prezo.

Ler mais sobre o livro premiado aqui. 

Fernando Martins

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

GUINÉ — Uma investigação de Armando Tavares da Silva

“A Presença Portuguesa na Guiné 
— História Política e Militar 
— 1878-1926”






“A Presença Portuguesa na Guiné — História Política e Militar — 1878-1926” é um livro de Armando Tavares da Silva, que contou com apoios da Comissão Portuguesa de História Militar, Fundação Lusíada e Direcção de História e Cultura Militar. A edição é da responsabilidade de Caminhos Romanos e do próprio autor. Trata-se de uma obra de 970 páginas, acrescidas de muitos mapas elucidativos, com indispensáveis índices e anexos preciosos e esclarecedores. Edição de muito nível, com ilustrações e gravuras a condizer, página a página com notas de rodapé, o que traduz o empenho e o trabalho que o autor dedicou a este tema que interessa a todos os apaixonados pela nossa história, especialmente, neste caso concreto, pela Guiné, que foi colónia portuguesa.
Quem pega num livro com este peso percebe facilmente que não é um livro vulgar. De peso pelo elevado número de páginas, mas também pelo volume perfeitamente extraordinário dos elementos que o autor nos oferece, com bastantes anos de pesquisas, concatenando imensos acontecimentos que a grande maioria dos portugueses ignora em absoluto.
Confesso que ao debruçar-me sobre a obra fiquei impressionado com o que tinha e ainda tenho para ler, não como quem lê um romance, já que, capítulo a capítulo, num total de trinta e dois, há, inevitavelmente, muito que refletir, que estabelecer ligações, que apreciar fotografias, mapas e demais ilustrações, minuciosamente legendadas e com indicação das origens. 
Armando Tavares da Silva, Professor Catedrático aposentado da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, neto de oficial da Armada e de administrador colonial, encontrou decerto nestes seus antepassados motivações para abraçar, com paixão e entusiasmo, apesar da serenidade da sua voz e postura, este enormíssimo desafio. Aposentado desde 2002, não se quedou comodamente a ver passar o tempo. Desde essa altura, tem-se dedicado à investigação história, sendo sócio da Sociedade de Geografia de Lisboa, do Instituto Português de Heráldica e da Sociedade Histórica da Independência de Portugal. 
Em Agradecimentos, o autor manifesta o seu reconhecimento ao Arquivo Histórico Ultramarino e ao Instituto Geográfico do Exército, referindo o apoio recebido de diversas entidades oficiais e demais pessoas que, de uma forma ou outra, contribuíram para a edição desta obra que eu considero monumental, pela riqueza de pormenores e rigor histórico, tanto quanto me é dado ajuizar.
Em Palavras Prévias, Armando Tavares da Silva afirma que «São ainda desconhecidos no nosso País muitos aspectos do que foi a presença de Portugal nas terras da Guiné», realçando a «escassez de estudos sobre essa presença, dando a conhecer a acção governativa portuguesa e a história militar que lhe está associada». 
Adianta que «O presente trabalho tem por fim mostrar de forma objectiva, rigorosa e imparcial, um conjunto de acontecimentos ilustrando o que foi a governação da Guiné pelos portugueses, no decorrer do importante período em que foi sentida maior pressão para a ocupação efectiva do território, em que decorreram as negociações com a França para a sua delimitação e em que se concentraram, na quase totalidade, as chamadas operações de “pacificação”».
Ao garantir que não é objectivo desta obra «fazer a história da Guiné na multiplicidade de aspectos de que se reveste», Armando Tavares da Silva frisa o contributo da administração portuguesa, em especial nas áreas da justiça, educação, fomento e acção missionária e religiosa, «essenciais para o seu progresso». 
No Prefácio, assinado pelo Presidente da Academia de Marinha, Nuno Vieira Matias, lê-se: «A riqueza da extensa investigação dá-nos conta de muitos conflitos verificados, quer entre as etnias locais, quer entre estas e os portugueses, mas também refere inúmeros episódios de bom relacionamento que tivemos com os nativos. Daí se extrapola que a dificuldade de convívio tem sido uma constante, que chega até aos nossos dias.»
Nuno Vieira Matias adianta ainda que «estamos perante um livro que constitui, na verdade, uma notável obra de investigação histórica, produzida com grande rigor científico e que exemplifica bem o gigantesco esforço que um povo pouco numeroso, saído do extremo oeste da Europa, desenvolveu, pioneiramente, pelo mundo fora».
Fernando Martins

sexta-feira, 4 de março de 2011

Bispo emérito de Aveiro na Guiné-Bissau


Comemoração não é discurso e foguete não é festa


António Marcelino

Toda a gente teve coisas para contar sobre a independência da Guiné-Bissau, como pude constatar na recente visita ao país: perigos vividos, gente destruída, histórias de quartel, marcas de guerra… Os políticos ficaram-se por justificações, jogos diplomáticos, decisões inadiáveis… A independência era inevitável. Era um direito e há direitos que não prescrevem. Mesmo quando o poder os não quer reconhecer ou apenas os reconhece forçado. O tempo passado já permite comemorar de outra maneira, que é apreciar criticamente os resultados. Não há coragem para isso.
Por que é que na Guiné se sente a desconfiança, ou o medo, já nem sei? Porque grandes edifícios do poder colonial continuam em ruínas e abandonados nos melhores lugares de Bissau? Porque é que a cidade antiga de Bafatá, construída em lugar privilegiado, com gosto e arte, está ao abandono e apenas tem de cuidada a casa de Amílcar Cabral? Será que, ao longo de muitos anos, não fizemos nada, só guerra? Ou que o fizemos sem perspectivas, sem objectivos a ver com os locais na sua própria terra?
É tempo para avaliar, repensar e corrigir. A história ensina os caminhos do futuro, se provocar uma reflexão séria no presente.

Fonte: Correio do Vouga

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Na Guiné-Bissau, em missão de solidariedade


Ruínas de uma guerra e ódio destruidor
de uma liberdade não preparada

António Marcelino


Fui há poucos dias à Guiné-Bissau, em missão de solidariedade fraterna, depois de lá ter ido, já lá vão quase quarenta anos, numa difícil e perigosa missão pastoral. Então, era a guerra. Agora, a muita miséria à vista, onde ressalta o esforço heróico de abnegados reconstrutores, uns que aí vivem de há anos, outros que vão por um tempo, todos procurando dar prioridade ao essencial: a educação, a saúde, a reconciliação lenta de etnias e religiões, o acolhimento a um voluntariado preparado e generoso, a coragem de não desistir nunca ante o que faz falta, ainda que conseguido com dores e lentidão. Tudo aquilo que se vê com algum futuro é fruto da iniciativa possível, sobretudo das instituições religiosas, porque outra iniciativa, bem urgente, como a da criação de pequenas e médias empresas que garantam trabalho, não encontra garantias de sucesso, dada a falta de segurança, de apoio, de rumo, de esperança.