Mostrar mensagens com a etiqueta Guilherme d'Oliveira Martins. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Guilherme d'Oliveira Martins. Mostrar todas as mensagens

terça-feira, 6 de junho de 2023

VIDA PARA VIVER!

Crónica de Guilherme d'Oliveira Martins 
no Diário de Notícias 

"Quando se diz que alguma coisa está velha seja gente, seja um pano, seja uma mesa, o que se refere é o tempo de serviço que ela durou. Temos a mania, que felizmente está acabando, que a vida se fez para trabalhar, que a vida se fez para prestar serviço e não que a vida se fez para viver"

Agostinho da Silva, saudoso amigo, considerou até ao fim que a paixão pela vida era necessária e suficiente para nos mantermos vivos, e assim com ele aconteceu. Lembro as amenas conversas na Travessa do Abarracamento de Peniche e o seu permanente e entusiástico interesse pelos temas mais diversos, da História à atualidade, da ciência à tecnologia. E repetia: "Quando se diz que alguma coisa está velha seja gente, seja um pano, seja uma mesa, o que se refere é o tempo de serviço que ela durou. Temos a mania, que felizmente está acabando, que a vida se fez para trabalhar, que a vida se fez para prestar serviço e não que a vida se fez para viver". E recordava que as pessoas são sobretudo educadas para o trabalho, e quando sentem que já não estão na idade de trabalho, começam a nada ter que fazer e o tempo livre inexoravelmente esmaga-nos. O meu amigo Eduardo Paz Ferreira acaba de publicar um pequeno livro bem elucidativo sobre este tema que merece leitura atenta. Intitulou-o Devo Fechar a Porta? discorrendo sobre os "tempos de idadismo e outros ismos" e sobre "o momento da reforma na sociedade da eterna juventude". E a resposta é claríssima: "Continuar sempre. Não dizer adeus".

quarta-feira, 8 de setembro de 2021

Daniel Faria - Um rosto que há de vir

"Quando lhe pediram um autorretrato, Daniel Faria escreveu que era "um rosto que há de vir". E assim será, para o leitor dos poemas. Acreditamos que na poesia portuguesa dos últimos 20 anos poucos tenham vindo à luz assim, com um impacto de pedra». Nesse testemunho recolhido no jornal Público. Um colega recorda: "O Daniel tinha sempre projetos fantásticos, queria ler as obras completas de Shakespeare... O Rilke, na tradução do Paulo Quintela, era fundamental para ele, como o Herberto. E depois Luiza Neto Jorge, Eugénio, Ramos Rosa, Sophia, Ruy Belo, Lorca. Foi com ele que conhecemos Drummond, Guimarães Rosa..." O poeta empenhou-se na ida de Eugénio de Andrade ao seminário. Foi um risco, mas o resultado foi muito bom: Daniel Faria "ficou exausto, havia oposições dentro do seminário, isso angustiou-o imenso. Depois correu muito bem, o Eugénio só não entrou na capela, lembro-me que se admirou por jogarmos futebol sem batina..." E Eugénio de Andrade resumiu essa inédita aventura como "uma tarde divertidíssima". (cf. Público, 14.6.2001). A memória de Daniel Faria foi-se consolidando com o andar do tempo. Mas o seu prematuro desaparecimento teve dois efeitos contraditórios: por um lado, atrasou o reconhecimento da importância da sua obra; e, por outro, permitiu que, finalmente, possamos encontrar a sua voz, como uma das mais significativas da contemporaneidade."

sábado, 10 de outubro de 2015

Guilherme d'Oliveira Martins vai para a Gulbenkian

 Guilherme d'Oliveira Martins


Confesso que nutro por Guilherme d'Oliveira Martins grande admiração, apesar de apenas uma vez ter trocado umas curtas impressões com ele, durante uma conferência que proferiu em Aveiro. A minha admiração vem da profunda cultura que ele possui e da postura cívica, política e intelectual que deixa transparecer no que pensa, escreve e diz. É um homem, realmente, de grande capacidade intelectual. Daí a admiração.
Fala com enorme facilidade de qualquer assunto, por mais complexo que seja, quer de natureza política, social, literária, religiosa, filosófica, histórica, artística e nem sei que mais. Dá gosto ouvi-lo.
Há anos, quando foi eleito o Papa Bento XVI, comentou na rádio o acontecimento, em cima da hora, abordando as várias facetas do então cardeal eleito para a cadeira de Pedro. E quando tem que se pronunciar sobre qualquer tema (livro, autor, artista, sábio, político, etc.), mostra à saciedade que está por dentro de tudo. Há anos, Eduardo Prado Coelho, escritor, crítico literário e cronista, enalteceu a espantosa cultura de Guilherme d'Oliveira Martins. 
Deixa agora o Tribunal de Contas, de que foi presidente, para ingressar na administração da Gulbenkian. E que poderemos esperar dele? Que consiga implementar ao máximo o contributo daquela fundação em tantas áreas, no sentido de a levar a todos os recantos do nosso país. A cultura não pode concentrar-se em Lisboa e Porto.

Ler mais aqui