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quarta-feira, 7 de setembro de 2011

«Preciso da tua mão»





O que resta do Pai?

José Tolentino Mendonça

«O que resta do Pai?», pergunta-se o psicanalista Massimo Recalcati no seu oportuníssimo estudo sobre a paternidade na época pós-moderna. A preocupação que partilha com os leitores é esta: resta muito pouco. E para classificar os tempos que correm ele recupera uma expressão de Jacques Lacan: «a evaporação do pai». De facto, a nossa cultura tem praticado, com razões mas sem razão, uma demolição sistemática da figura do pai. O pai deixou de ser referência de valor para avaliarmos o sentido, para delinearmos a fronteira do bem e do mal, da vida e da morte. Vivemos muito mais uma suspeita permanente em relação ao que o pai representa ou mergulhados num luto obsidiante, promovendo o desencanto e a incerteza ao estatuto de novas formas de felicidade (e de ilusão). O que defende Recalcati é que a figura do pai precisa de ser recuperada.