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sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Dia Mundial da Saúde Mental

TEM QUE HAVER UMA FORÇA INTERIOR MUITO GRANDE...
O Dia Mundial da Saúde Mental, que hoje se comemora, permite-me recordar uma visita que fiz, há mais de 40 anos, à Casa de Saúde do Telhal, da Ordem Hospitaleira de São João de Deus. Foi uma experiência extraordinariamente enriquecedora, pois foi-me dada a oportunidade de conhecer de perto o trabalho ali feito com doentes mentais. O grupo foi recebido por um Irmão de São João de Deus, um homem que deixou tudo para trabalhar com pessoas muito doentes. E desse primeiro contacto ainda recordo o sorriso com que nos acolheu e a maneira simples como nos explicava todo o trabalho por eles realizado com aquelas pessoas. Havia doentes de todo o género, desde os apáticos aos violentos, desde jovens a idosos, desde os que se ocupavam de diversas tarefas aos que se recusavam a trabalhar, desde os indiferentes a tudo aos faladores. E para todos havia, da parte dos Irmãos de São João de Deus, uma atenção especial, por vezes redobrada, por necessidades compreensíveis. Vi ali, há tantos anos, que predominava uma pedagogia ocupacional. Uns trabalhavam na cozinha, outros na lavandaria, outros na rouparia, uns eram porteiros, alguns cuidavam dos jardins, outros ficavam simplesmente sentados a ver os que trabalhavam. E ainda recordo como um grupo coral, devidamente ensaiado, cantava melodias portuguesas, acompanhadas por instrumentos musicais que uns tantos dominavam. Num espaço amplo havia doentes violentos. Mas não cheguei a ver qualquer agressão. Uns Irmãos acompanhavam-nos com muita atenção e depressa agiam quando pressentiam agitação em qualquer dos doentes. Falo disto para enaltecer vocações raras, mas fundamentais. Estas vocações, de quem deixa tudo para trabalhar com doentes mentais, não têm explicação à luz das realidades comezinhas em que vivemos. Tem que haver uma força interior, superior, que impele pessoas para este trabalho dificílimo com doentes mentais. Para eles o meu aplauso e a minha muito grande admiração. Fernando Martins