Mostrar mensagens com a etiqueta Austeridade. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Austeridade. Mostrar todas as mensagens

domingo, 11 de dezembro de 2016

Semeadores de mudança: poetas sociais (2)

Crónica de Frei Bento Domingues  

É preciso nascer de novo

1. A partir dos finais dos anos 60 do século passado, os militantes dos movimentos cristãos eram bombardeados com repetidas afirmações marxistas: a fé é a alienação da vida humana, a Igreja é o secular instrumento da alienação e os padres são os intelectuais orgânicos desse processo alienador.
A liturgia e a mística eram consideradas formas de fuga do mundo. Nesta perspectiva, a mística era rejeitada como expoente máximo do medo à realidade material, da fuga das responsabilidades sociais, da alienação na sua forma extrema. Era também recusada por ser uma mística de olhos fechados perante a história, sem ligação com as tarefas humanas[1].
Muitas atitudes e práticas religiosas, do passado e do presente, merecem bem esta crítica, mas diante do texto do domingo passado, e que desejo continuar hoje, essa crítica faz-nos sorrir. Não foram poucos os marxistas da época que se emburguesaram. Muitas pessoas da Igreja — e muitas que não se reconhecem em todas as suas expressões —, lideradas pelo Papa Francisco, vêem o mundo a partir dos excluídos e vivem em função da transformação da sociedade, como ficou claro no 3.º Encontro com os participantes dos Movimentos Populares.