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sábado, 18 de janeiro de 2014

Os Caleiros


O APELIDO CALEIRO, NA GAFANHA
Orquídea Ribau

O apelido “Caleiro” existe espalhado por vários pontos do País,e até, por força da emigração, por diversos pontos do globo. Ao pensarmos na sua génese, somos levados a deduzir que surgiu como alcunha para distinguir alguém que produzia ou vendia cal, e se lhe colou definitivamente, sendo transmitido aos seus descendentes já como apelido legal.
No fechado mundo gafanhão da transição do séc.XVIII para o séc.XIX, José Fernandes Filipe, um dos filhos de Filipe Fernandes, foi contemplado com essa alcunha, que deixou de herança aos seus filhos e netos de forma oficial.
Por ter tido oportunidade de analisar com alguma atenção o meio geográfico e ambiental em que estavam inseridos, e as actividades económicas a que se dedicavam os gafanhões dessa época, atrevo-me a colocar a hipótese de não ter sido o facto de vender ou produzir cal que deu tal nome a este indivíduo.
Os canais principais da ria eram — e ainda são — designados por “cale” a que se segue um nome diferenciador, como: “dos Frades”, “do Espinheiro”, “da Vila”. Esta última, por sinal, deu o nome à zona gafanhoa que servia, e que ficou “lugar da Cale da Vila”.
Esses irmãos Fernandes Filipe foram tradicionalmente homens da ria. Um deles foi piloto da barra, creio que desde a sua abertura, e transmitiu essa profissão aos filhos e netos. O nosso José Fernandes Filipe (Caleiro) pode ter-se profissionalizado no transporte fluvial através das cales, e ganho a alcunha de caleiro, que o distinguiria do irmão piloto, e dos outros que exerceriam outras actividades parecidas.
A considerar…

NOTA: Mais uma boa curiosidade da Orquídea Ribau para nos estimular a trabalhar nesta área tão interessante. Seria uma mais-valia se outros a seguissem. Eu prometo divulgar.
Em mãos e à espera de tempo para as reescrever, agora no computador, tenho curiosidades sobre alcunhas e apelidos das nossas gentes. Verão a luz do dia logo que possível.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Famílias tradicionais da Gafanha



Assento de óbito de António Ferreira
Fonte: A.D.A., S.Tiago de Vagos, Óbitos, Lv. nº 16, Fl .nº 11-verso.
Foto obtida sob autorização do A.D.A.


CURIOSIDADES À VOLTA DE ALGUNS NOMES
 DE FAMILIA TRADICIONAIS DA GAFANHA

Orquídea Ribau

Como em qualquer outro universo comunitário, alguns nomes de familia, ainda hoje utilizados na Gafanha, têm uma origem muito particular e um pouco à revelia das diferentes“normas” aplicadas ao longo do período compreendido entre a fixação dos primeiros habitantes, no final do séc. XVII, e o final do séc. XIX. Esses nomes adoptados adquiriram tal importância dentro da comunidade que fizeram mesmo desaparecer um ou mais apelidos familiares oficiais. Eis alguns exemplos:

SARDO – Surgiu como alcunha. António Ferreira, assim se chamava o visado, obteve o nome por ser de “cor sardo e cabelo avermelhado”, de acordo com o assento de óbito. Pertencia à família Ferreira, uma das primeiras a fixar-se definitivamente nas areias da “Gafenha” no virar do séc. XVII para o seguinte. Viveu durante a segunda metade do séc. XVIII, e deixou de herança o apelido da familia e a alcunha aos seus descendentes – FERREIRA SARDO. Nas ocasiões em que tinham que mencionar oficialmente a sua filiação, tais como baptismos ou casamentos, os seus filhos identificavam-no como António Ferreira Sardo.
No séc. XIX fixou-se na Gafanha um indivíduo da Murtosa, Mateus Fernandes Sardo, sem ligação aparente à família da Gafanha. Aqui deixou descendentes com esse apelido, que deverá ter uma origem diferente.
O referido António Ferreira Sardo teve um sobrinho, filho de seu irmão mais velho Joaquim Ferreira, de seu nome José Ferreira, a quem, ainda não descobri porquê, apelidaram de “fidalgo”, alcunha que também vingou e se transmitiu como apelido até aos nossos dias - José FERREIRA FIDALGO.