segunda-feira, 31 de julho de 2017

Rua Maria Luz Rocha

Filhos de Dona Luz Facica (Falta o João Manuel, falecido)
Bisnetos de Dona Luz
Carlos Rocha, Fernando Caçoilo e Ascensão Ramos
Na sexta-feira, 28 de julho, a Câmara de Ílhavo “batizou” uma rua com o nome de “Maria da Luz Rocha (Luz Facica)”, em homenagem a uma cidadã de corpo inteiro, a quem a comunidade da Gafanha da Nazaré, e não só, muito deve, pelo que fez em prol de muitos feridos da vida. Trata-se da rua que dá acesso ao Intermarché e que, num futuro que se deseja rápido, faça a ligação à Rua D. Dinis.
Na altura, o presidente da autarquia ilhavense, Fernando Caçoilo, enalteceu o exemplo da homenageada, sublinhando que Dona Maria da Luz «tinha uma visão longa». «Um obrigado muito grande por aquilo que fez, por aquilo que nos legou e pelo exemplo que nos deu e que deve ser transmitido para toda a gente». Importa, referiu o autarca, que os vindouros se lembrem do trabalho que a Dona Luz Facica, «que todos acarinhámos», fez pelos mais desprotegidos. Ainda valorizou a sua «forma de ser e de estar na sociedade» e a «tranquilidade» que transparecia da sua vida no contacto com toda a gente. 
Carlos Rocha, presidente da Junta de Freguesia, adiantou-nos que a Dona Luz «viveu toda a vida não a pensar em si, mas nos outros, fundamentalmente naqueles que efetivamente mais precisavam». Disse que a Obra da Providência, a instituição que criou há mais de 60 anos, «surgiu para mulheres e raparigas escorraçadas, marginalizadas e maltratadas pela sociedade», mostrando nessa altura «uma visão e capacidade raras». 
À cerimónia assistiram muitos familiares e amigos que pela Dona Luz Facica nutriam uma admiração muita grande. E sua filha mais velha, Ascensão Ramos, em nome da família, agradeceu o gesto da Câmara de Ílhavo, frisando que sua mãe foi, realmente, «uma pessoa fora do comum em vários aspetos, tanto em iniciativas de grande vulto» como na forma como escutava e aconselhava quem a procurava. «Nenhum obstáculo que encontrou pelo caminho a fez parar». 
Ascensão Ramos fez questão de lembrar Dona Rosa Bela Vieira, mais conhecida por Belinha, companheira de sua mãe em diversas tarefas de bem-fazer, nomeadamente na Obra da Providência. Vivendo «como gémeas, sempre juntas, cada uma lutava de acordo com a sua maneira de ser». E acrescentou: «Planeavam os projetos e levavam-nos para a frente, porque estavam convencidas de que tinham essa missão; as duas, de uma fé enorme, sentiam que, para cumprir os desígnios da sua fé e os compromissos sociais, tinham de avançar, apesar das dificuldades».

F. M.

2 comentários:

  1. Fui de prepósito ver a rua que de agora em diante, homenageia D. Luz Facica! Confesso que fiquei desiludido, porque considero que uma MULHER TÃO GRANDE, não merecia ser homenageada com uma rua tão pequenina e tão escondida dos seus concidadãos!!!

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  2. É preciso acrescentar que a D.ª Maria da Luz iniciou tão precioso trabalho quando acabava de ficar viúva, tendo quatro filhos para criar.

    A sua vida não foi fácil. Algumas mulheres da Gafanha não viam com bons olhos o apoio que a D.ª Luz dava às desventuradas da sorte, quer elas fossem prostitutas, quer fossem mulheres que tinham sido violadas pelos próprios familiares (algumas vinham com os filhos nos braços) ou até mesmo as que tinham saído da prisão e não encontravam um lar que as acolhesse.
    A D.ª Luz quando questionada e repreendida por alguns gafanhões, limitava-se a dizer: "Mas eu hei-de fazer a vossa vontade ou a vontade de Deus?
    Teve alguns momentos de desânimo, é certo. Quem os não tem? Mas, mesmo assim, nunca virou a cara à luta. Esse é o seu grande exemplo...
    Obrigado, D.ª Maria da Luz Facica, pelo que nos ensinou...

    Júlio Cirino

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