quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Grutas de Postojna

Crónica de Maria Donzília Almeida

Porta de entrada

Quando visitei as Grutas de Santo António e as Grutas de Alvados , em pleno Parque Natural da Serra de Aire e Candeeiros, na década de sessenta do século passado, fiquei verdadeiramente deslumbrada. Senti-me como Alice no País das Maravilhas num mundo fantástico, irreal e agradeci a Deus pelo dom de habitar um país encantado.
Nas minhas deambulações pelo mundo, na minha década de sessenta, encontrei algo semelhante num pequeno país, a Eslovénia, que integra as “Pérolas do Adriático”.
Ao longo de apenas cerca de 47km de costa, as suas praias são agradáveis e convidam ao desporto e à aventura, mas ao mesmo tempo à calma e ao descanso. As cidades de Piran, Koper, Izola e Portoroz, repousam junto às águas mornas do Adriático, o que só por si, justifica a grande afluência de turistas. São bonitas, acolhedoras e repletas de pontos de especial interesse, como salinas e falésias, o palácio Almerigogna, em Koper, a Igreja de São Jorge e a Praça Tartini em Piran, entre muitos outros. 
Uma das mais importantes atracões da Eslovénia, é a visita às suas magníficas grutas. Existem mais de sete mil no país, entre elas Krizna, cujos lagos de água límpida podem ser atravessados de barco, Skocjanske, um espectacular sistema de grutas declarado Património Mundial pela UNESCO em 1986.

Sala de Concertos

Postojna que nós visitámos, é o maior e mais conhecido sistema de grutas da Eslovénia. Atinge 20km de extensão, dos quais apenas 5km estão abertos ao público em geral, e a visita turística inclui até uma viagem de funicular dentro da própria gruta. 
Consideradas pelo grande escultor inglês Henry Moore (1898-1986) como "a maior exposição de esculturas feitas pela mãe natureza", as grutas de Postojna são o habitat do maior animal vertebrado que vive numa gruta: o Proteus anguinus, ou "homem-peixe", que tem este nome devido à ausência de pigmento na sua pele (não precisa dele, já que nunca se expõe ao sol) que faz com que esta seja semelhante à pele humana. 
Lá o vimos numa redoma de vidro, para assim poder ser bem apreciado. O interesse neste "homem-peixe", que pode atingir cerca de 30cm de comprimento e não tem olhos, deu origem a um novo ramo científico, a "espeleobiologia" que ainda hoje tem o seu "núcleo-duro" na Eslovénia. Digna de registo é ainda a extraordinária sala de concertos existente dentro da gruta de Postojna, com capacidade para 10.000 pessoas.
Passear neste espaço, é transportarmo-nos aos primórdios da nossa existência na terra. De registo, a forma caprichosa como a mãe natureza vai sedimentando o calcário nas estalactites e estalagmites, ou ainda em colunas, criando aquele ambiente mágico que envolve o visitante.

29.08.2012

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