quinta-feira, 25 de setembro de 2014

A SERPENTE E O PIRILAMPO

Crónica de Maria Donzília Almeida



Para aquela aula de Educação Cívica, foi selecionado o seguinte texto:
Conta a lenda que, uma vez, uma serpente começou a perseguir um pirilampo. Este fugia rapidamente, com medo da feroz predadora mas a serpente não desistia da perseguição. Fugiu um dia e ela não desistia; dois dias e nada. No terceiro dia, já sem forças, o pirilampo parou e disse à cobra: 
— Posso fazer-te três perguntas?
— Não costumo abrir esse precedente para ninguém, disse a cobra, mas já que te vou devorar podes perguntar.
— Pertenço à tua cadeia alimentar? perguntou o pirilampo.
— Não. Respondeu a cobra.
— Fiz-te algum mal? Redarguiu o pirilampo.
— Não. Respondeu novamente a cobra.
— Então, por que queres acabar comigo? Perguntou novamente o pirilampo.
— Porque não suporto ver-te brilhar... . Disse finalmente o ofídio.


Após uma leitura expressiva, seguiu-se um debate de ideias, o que era prática recorrente nestas e noutras aulas que integravam o currículo.
Com o objetivo de preparar as criancinhas para o exercício da cidadania, a metáfora subjacente a este texto daria o mote para se tratar de frente algumas questões que povoam o universo dos alunos. Dotados de aptidões e QIs diferentes, é por vezes difícil de gerir o sentimento de frustração que alguns alunos experimentam pela comparação dos seus resultados, com outros de colegas próximos mais esforçados e mais devotados à aprendizagem. 
O professor depara-se, na sua prática letiva, com alunos que têm dificuldade em aceitar a diferença, pelo que a tolerância e o respeito pelo outro são, por vezes, substituídos por um sentimento mesquinho de inveja. É preciso trabalhar estas questões, discuti-las em debate aberto e esclarecedor.
É muito importante que os nossos adolescentes cresçam e se desenvolvam interiorizando princípios e valores que lhes estruturarão a personalidade e farão deles dignos homens do amanhã.
Quando a educação para a cidadania falha, acontecem cenas burlescas como aquela a que se assistiu, há bem pouco tempo, em contexto familiar, de atropelo e violação dos mais elementares princípios de relações humanas. Alguém que não recebeu do berço essa educação e que provavelmente também não teve aulas de Educação Cívica, para lhe ensinar a suportar o “brilho” do seu próximo. A vida se encarregará de o fazer, da pior forma!
Como dizia um expert na matéria, “Não se nasce cidadão, aprende-se a sê-lo.”
Moral da história: “Se a sua estrela não brilha, não ofusque a dos outros”.

21.09.2014

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