sábado, 8 de fevereiro de 2014

A FORÇA DO SAL, O BRILHO DA LUZ

Uma reflexão de Georgino Rocha



Jesus “lança mão” de duas parábolas muito acessíveis aos seus discípulos para desvendar de forma assertiva quem eles eram e, consequentemente, qual a missão que lhes seria confiada. Condensa deste modo o ensinamento maravilhoso das bem-aventuranças e traça o perfil de quem as vive. Previne quanto ao risco de desvirtuar a novidade que comportam e adverte quanto à “ sorte” esterilizante que advém da corrupção e do engano. Realça com notável satisfação a força do sal e o brilho da luz, símbolos qualificados dos discípulos e selo inconfundível do ser cristão ao longo dos tempos. Também, hoje!


O sal, antes de o ser, passa por várias fases. É fruto apreciado de um processo laborioso, sobretudo o sal marinho. Comporta um alto significado: na culinária, torna-se indispensável como tempero e sabor; na terapia constitui recurso apreciado, sobretudo em certas deficiências; nas artes, de todo tipo, surge como fonte de inspiração e referência para expressivas criações; nas culturas e nas religiões, alcança uma riqueza simbólic de grande brilho – a sabedoria das pessoas e dos povos, a integridade incorruptível do ser humano e da sociedade, a fidelidade à palavra dada, o valor durável do contrato celebrado. Neste contexto tem sentido falar-se de “aliança de sal” (Nm 18, 19). “Vós sois o sal da terra” – afirma Jesus, o Mestre da humanidade. Que “categoria” e responsabilidade! Esforcemo-nos por corresponder.

A luz, outro símbolo qualificado do ser humano e da novidade cristã, manifesta o seu brilho de modos diversos: do pirilampo aos potentes holofotes; das rústicas candeias aos refinados candeeiros, aos foguetes de luzes – encanto de muitos em arraiais de festas e de passagens de ano; da vela da celebração eucarística à lamparina do sacrário. Sempre a luz dissipa trevas (da escuridão, da ignorância, dos preconceitos, da aversão, do apagamento e da vil tristeza) e abre a horizontes de verdade, ao reconhecimento da beleza, ao apreço pelo humano que há em nós e precisa de ser cultivado, à fé cristã centrada na alegria de Jesus Cristo, o Senhor.

“Vós sois a luz do mundo” – diz o Mestre aos humildes discípulos, pobres aldeãos, de poucas letras, mas de grande coração. Que terão sentido perante a grandeza e o encanto da missão anunciada? Que sonhos itinerantes lhes terão ocorrido ao imaginar os caminhos por onde a vida os levaria?

Jesus mostra-lhes o realismo da missão a que são chamados. A força do sal e o brilho da luz coincidem com a prática de boas obras, com o viver pre-ocupado com a situação dos outros, com o entusiasmo de “sair” do círculo do seu bem-estar e dar preferência a quem está em necessidade, com a ousadia da fé que reconhece o rosto de Cristo na pessoa do pobre. Que realismo tão sadio e encorajante! É a marca da qualidade da nossa fidelidade cristã.

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