quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Diabruras do Scott


Scott com a galinha
Olá, amigos!

Há muito tempo que não dou um ar da minha graça, o que poderá levar a pensar que ando adoentado, triste, cabisbaixo! Nada disso! Continuo de boa saúde e cheio de energia. Tenho disso para dar e vender, se alguém estivesse interessado em energia canina! Se ainda fosse eólica ou nuclear... aí outro galo cantaria!
Continuo a minha vidinha de cão mimado, cheio de mordomias da minha dona, que acha que me estraga com mimos! Será para se compensar pela perda do meu antecessor que segundo ouço dizer, era um verdadeiro gentleman e lhe deixou imensas saudades?
Dizem que morte de cão se cura com pêlo de ouro cão e a minha dona sempre atenta e fiel à sabedoria popular, cumpriu o aforismo.



Ela zanga-se um pouco comigo, nas minhas escavações arqueológicas, que minam o quintal todo, sem ainda ter encontrado vestígios de alguma civilização antiga. O que ela encontra, por vezes, são os brinquedos que me oferece para eu me entreter e descarregar as energias em excesso, mas que eu enterro, para me justificar perante ela, sobre os novos buracos que estão sempre a aparecer. 
As minhas correrias pelo quintal fora, junto à rede de vedação, também contribuem para que o terreno seja lavrado, sem necessidade de recorrer ao trator.
Sentia-me só e invejava os cães vadios que circulam livremente, na rua, desfrutando duma liberdade total, até que a minha dona numa antecipação do espírito natalício de fraternidade e convívio pacífico, (!?) resolveu dar-me companhia.
As galinhas que viviam, ali ao lado, do meu condomínio fechado, com apenas uma rede de permeio, vieram para junto de mim. A minha dona acalentava a esperança que estas duas classes zoológicas se entendessem e pudessem partilhar o mesmo espaço. Assim aconteceu, quando as minhas vizinhas de ar livre, foram colocadas junto de mim.
Contrariando alguma dúvida que subsistisse em relação ao nosso cordial entendimento, devo referir que para grande espanto da dona... nós, um mamífero e algumas aves, desfrutam do mesmo espaço, agora cheio de ervas.
Claro que esta ideia que parece peregrina, mas não é, traz água no bico! Eu corro muito no quintal, derrubo a erva... mas não a como! A minha dona com um espírito de exploração da mão de obra, ou melhor dizendo pata de obra barata, pôs as galinhas à minha beira, para que elas comam a erva e o quintal fique outra vez, lisinho!
Nos momentos que se seguiram à entrada das galinhas no meu território e para o demarcar bem, ainda corri um pouco atrás delas, por pura diversão, mas não as molestei! Há que respeitar o semelhante e muito mais as diferenças!
Recebi-as como convém a um cavalheiro e para lhes demonstrar a minha aculturação, comecei a comer milho, que a dona lá pusera! Só trinquei meia dúzia de bagos, o suficiente... que um dia qualquer, ainda nos sentamos todos à mesma mesa.
A minha dona tinha o feeling que eu seria um cachorro inofensivo, pois numa circunstância anterior, alguém atirara uma galinha morta para o meu espaço, poupando-se, assim, o trabalho de a enterrar, mas eu apenas a farejei! Não gostei da iguaria! Prefiro frango de churrasco, bem tostado e com piripiri! Gostos não se discutem!
Haverá sempre alguém que logo me irá caluniar, dizendo que... “Fraco é o cão a quem se dá o osso e o rejeita”!
Aqui é que se enganam! Quando a minha dona me dá ossos de frango, ou outros quaisquer, estaladiços, haviam de ver como me atiro a eles! Apenas, cumpro a ordem de me sentar, treinada pela dona e que eu interiorizei; é ver-me a roer o abençoado petisco. Mas... devo confessar que não tenho qualquer apetite por carne crua! Sorte a das galinhas que circulam, à vontade pelo quintal, na paz de Deus e dos anjos, para grande estupefação dos transeuntes!
Qualquer observador incauto poderá inferir que esta proeza, conseguida pela minha dona, será o prolongamento/consequência da sua prática/experiência em “domar feras”!

Mª Donzília Almeida

03.12.2013






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