quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Um livro de Domingos Cardoso


Texto de Cardoso Ferreira, 
no Correio do Vouga


Pedras sem Tempo do Cemitério de Ílhavo



A apresentação do livro “Pedras sem Tempo do Cemitério de Ílhavo”, da autoria de Domingos Freire Cardoso, pela investigadora ilhavense Rita Marnoto, responsável pela área de Estudos Italianos da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, terá lugar no Hotel de Ílhavo, no próximo sábado, pelas 16 horas.
Foi no dia 1 de novembro de 2009, no decorrer da tradicional romagem ao cemitério do Dia de Todos os Santos, que Domingos Freire Cardoso teve a ideia de escrever um livro sobre o Cemitério de Ílhavo, um espaço “sobre o qual ninguém se debruçou para o estudar”. “O cemitério é um bem de todos e, como tal, precisa de ser estudado, preservado e entendido”, afirma o autor. O livro também surgiu como “uma homenagem aos antepassados que lá estão sepultados e também às pessoas que criaram o cemitério e contribuíram para o seu melhoramento”.
Até à grande epidemia de 1833, que vitimou milhares de pessoas em Portugal, as pessoas, principalmente as mais ricas e as do clero, eram enterradas dentro das igrejas, e as mais pobres nos adros das igrejas. No dia 21 de setembro de 1835, foi publicado um decreto que proibia o enterramento dentro das igrejas. Domingos Freire Cardoso sublinha que “grande parte do povo não compreendeu essa medida, importante, até sob o ponto de vista de higiene e saúde pública, medida que também foi mal explicada por alguns membros do clero, de que resultou a Revolta do Minho”.
No entanto, em Ílhavo, “o povo acatou muito bem essa medida. Em 4 de maio de 1836 deu-se início à construção do cemitério de Ílhavo e, no dia 4 de janeiro de 1839 ocorreu o primeiro enterramento no cemitério”. A rapidez com que a nova lei foi aceite em Ílhavo leva Domingos Freire Cardoso a admitir que “as pessoas que estavam à frente da Câmara de Ílhavo ou eram liberais ou simpatizantes do liberalismo”.
O livro apresenta uma resenha histórica da evolução do cemitério, desde a sua criação até ao presente, passando pelas ampliações e melhoramentos. De realçar a compilação dos excertos de todas as atas da Câmara Municipal de Ílhavo, da Câmara Municipal de Aveiro (durante alguns anos, Ílhavo integrou o concelho de Aveiro), da Junta da Paróquia e da Junta de Freguesia, alusivas ao Cemitério de Ílhavo.


Local de simbolismos e de sentimentos

“Símbolos e Sentimentos” é o título do grande capítulo que retrata o espaço físico do cemitério, com especial destaque para os ornamentos e pormenores (símbolos) dos jazigos que transmitem, de alguma forma, sentimentos comuns ao cidadão, de qualquer parte do país, perante temas como a morte, a saudade, o amor, a amizade e a esperança numa vida eterna para além da morte.
Com a colaboração fotográfica do arquiteto Luís Miguel Oliveira, Domingos Freire Cardoso dá a conhecer 125 “símbolos e sentimentos” que encontrou no espaço do cemitério e que foram possíveis de fotografar. Neste capítulo iconográfico, o autor pretende “mostrar e explicar o significado do que encontramos no cemitério, desde as flores até às cruzes, dos epitáfios até aos ornamentos dos jazigos, e também os sentimentos representados neste “lugar do sono”, como a morte, o amor, a memória, a saudade, a dor, a gratidão, entre outras simbologias que são transversais e comuns aos cemitérios portugueses”.
O livro, com 372 páginas e 308 fotografias (a preto e branco, de modo a enquadrar e dignificar o tema), é uma obra de peso mesmo (cerca de 1,2 quilos), com capa dura e sobrecapa. De realçar que se trata de uma edição de autor. O livro poderá ser solicitado a Domingos Freire Cardoso, através do telefone 234185375 ou do e-mail dfc1946@gmail.com.


PEDRAS SEM TEMPO DO CEMITÉRIO DE ÍLHAVO
Domingos Freire Cardoso
Ed. de Autor
372 páginas


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