quinta-feira, 5 de julho de 2012

Bancos descuram o domínio social


Habitação, pela análise social

Por Acácio Catarino,
no Correio do Vouga


A solução dos problemas da habitação das famílias impossibilitadas de honrarem os seus compromissos bancários implica a análise social de cada uma delas. Tais famílias são, em geral, «casos sociais» que requerem intervenções específicas. Perante eles, deparam-se três caminhos às instituições de crédito: ignorá-los; conceder as facilidades possíveis em cada caso; ou adotar orientações gerais em que a situação social destas famílias é assumida através de análise adequada.
No primeiro caminho, as famílias perdem as suas casas, com maior ou menor rapidez; no segundo, verifica-se alguma sensibilidade social, mas também uma preocupante incoerência de base, na medida em que não se recorre a instrumentos de análise social adequados; no terceiro, verificam-se, em simultâneo, a sensibilidade e a coerência.
Os bancos já realizam ou encomendam análises relativas a inúmeros domínios relacionados com as suas atividades, para tomarem decisões mais fundamentadas; utilizam pareceres relativos à construção civil, ao imobiliário, às obras públicas, à gestão empresarial, à energia, ao ambiente, à informática e à generalidade dos restantes sectores da atividade económica. Pelo contrário, vêm descurando o domínio social, como se ele não fosse revelante, não dispusesse de base científica e fosse irrelevante em termos de negócio bancário. Até esquecem que a análise social poderia abranger não só as famílias em dívida, por causa da compra de habitação, mas também outras situações; deve reconhecer-se que mesmo os problemas bancários de elevado número de empresários poderiam ser abrangidos.
Deve afirmar-se que a análise social não implicaria a descaracterização do sistema de crédito; pelo contrário, ele passaria a ter em conta mais variáveis e, eventualmente, poderia encontrar novas possibilidades de conciliar os seus interesses com os dos clientes.

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